Cat Vida no Episódio 2 da série "Como Gravar Um Disco de Sucesso - Foto: Reprodução Youtube
Como Gravar Um Disco de Sucesso? A pergunta é complexa e até mesmo irônica. Cansados dos clichês, e observando o que outras bandas que almejam o tal do sucesso se sujeitam para ter seus 15 minutos de fama (mais um pros comerciais), a Cat Vids resolver ligar o tico e o teco na hora de maquinar como iria divulgar seu novo compacto.
Enquanto Radicalíssimo não sai, eles tem divulgado, a cada sexta-feira, um novo episódio de uma saga atípica no Youtube. Os paulistas se juntaram a uma equipe coordenada pela diretora estreante Beatriz Paulussen e nomes da cena independente como Bruna Guimarães (Brvnks), Rogério Skylab, Karen Dió (Violet Soda) e Popoto Martins (Raça).
O primeiro episódio Dogsounds foi lançado na semana passada e abriu a temporada de lançamentos da Schwreables Records com direito a muitas confusões no melhor estilo sessão da tarde. Com um humor peculiar, repleto de piadas internas e inspirado em séries como The Office, a web série ilustra em sua trama, de forma muito bem humorada, empecilhos para chegar ao sucesso. A locação inclusive é o Estúdio Aurora, localizado em Pinheiros.
De uma forma perspicaz, os bastidores da gravação ganham ingredientes secretos para prender o clímax da odisséia de uma banda independente que passa pelos mais diversos – e exagerados – conflitos durante a gravação. Apesar do tom humorístico, a sátira acaba por si só revelando traços de um mercado competitivo e que na maioria dos casos traz consigo muita frustração.
Expectativas estas que são destiladas a cada episódio da saga da Cat Vids. A banda que na trama é representada pelos integrantes reais do grupo, Pedro Spadoni (vocal e guitarra), Paulo Senoni (guitarra), Aécio de Souza (bateria) e Tiago França (baixo), mostra de forma lúdica cenários comuns, e até mesmo bizarros, como por exemplo a competição entre novas bandas e procurar pêlo em ovo, como no segundo episódio da “Baqueta” que hoje lançamos em Premiere no Hits Perdidos.
Se no primeiro episódio Bruna Guimarães (Brvnks) participa ao lado da sua banda fictícia Dogsounds, no segundo quem aparece como convidado especial é Popoto Martins (Raça). Ele que é o grande responsável na escolha de qual baqueta irá salvar o dia de gravação. Carinhosamente apelidado “Mago das Baquetas”, Popoto conta mais sobre a aventura de participar do episódio.
“Fiquei muito feliz pelo convite! Não sou muito alto astral, acho que humor não é comigo (risos), mas valeu muito a pena, valorizo muito mais o papel de atores profissionais agora”, comenta Popoto.
Sobre o roteiro Pedro que teve a companhia de Beatriz Paulussen na elaboração dos roteiros comenta.
“Eu geralmente escrevo ou co-escrevo os roteiros desse tipo de material, para manter controle sobre sua concepção e manter a personalidade do projeto como um todo. Acabo fazendo isso com as artes também, com rascunhos e ideias.
Porém, na hora de produzir, deixo a liderança nas mãos dos meus amigos e parceiros para que coloquem sua personalidade ali também, e porque, afinal, eles são os especialistas nessas áreas adjacentes”, diz Pedro Spadoni, vocalista da Cat Vids.
Para não perder nenhum episódio você pode acompanhar os lançamentos no site da Cat Vids, onde tem um mapa com os conteúdos já lançados até agora. Você encontrará, por exemplo, os dois primeiros capítulos e o single ” Dress Code” -, além de um link para a lojinha e inscrição para o mailing da banda.
Conversamos com a Cat Vids e com a diretora Beatriz Paulussen para saber mais sobre os bastidores e rumos da série que a cada sexta-feira ganhará mais um episódio inédito no canal oficial da banda no Youtube.
Pep: “O primeiro EP se chama “Radical” porque essa é uma palavra que de fato resume o universo da banda, que é animado, divertido, e super irônico. O engraçado é que essa palavra de fato rege a consistência de tudo. Pra saber se algo está com a cara da Cat Vids, de uma composição a um flyer, a pergunta é sempre a mesma: isso tá radical? Se estiver, tá dentro (risos).”
Tiago: “Olha, pra falar a verdade eu acho que tá tudo bem radical sim e é isso aí que o Pedro falou… isso aí mesmo.”
Aecio: “Nosso som é “indie gostoso”.“
Pep: “Humm, preciso dividir essa resposta em duas (rs). Falando de concepção, eu tenho um jeito meio holístico de pensar em absolutamente tudo que faço, então com a banda é igual, afinal, a gente não pensa e consome música sem imagem, estilo de vida, contexto, né? Aí como eu to cada hora com uma coisa na cabeça, acabo usando a banda como vetor pra desaguar todo o tipo de expressão de personalidade também, e como eu particularmente gosto de entretenimento e ficção, acabo sempre levando as coisas pra esse caminho.
Em resumo, a banda tem seu universo em volta porque o consumo de cultura é, necessariamente, contextual, né? E eu não consigo ignorar e não considerar isso na concepção. Sobre entretenimento e divulgação, creio que seja uma expressão natural do projeto, já que ele tem isso na sua essência.
Se você estiver considerando o contexto em que sua obra se insere, a divulgação é uma das perninhas dele, então o pensamento de como ela vai alcançar as pessoas já nasce junto de tudo: o nome da banda, por exemplo, é uma brincadeira com um traço da nossa personalidade, mas ao mesmo tempo indica um universo de interesse e objetos sociais de compartilhamento. A divulgação tá intrínseca em tudo pq tudo já parte de um zeitgeist, de uma sugestão de diálogo, sabe?
Tiago: “Pra entender esse universo primeiro você tem que entender o site da Cat Vids (https://catvids.com.br/). Se não entender, nada tá tudo bem também, vamo ser amigo no Reddit?”
Pep: “Eu vejo esse disco como o primeiro da banda mesmo, em que dá pra enxergar a cara da Cat Vids e um pouco de cada um. O Radical era um experimento, tanto que ele aponta caminhos diferentes, tateia gêneros, enquanto o Radicalíssimo já é mais conciso, tem mais personalidade, mesmo que seja apoiado nas mesmas referências estéticas, de certa maneira.
Isso com certeza acontece porque o disco foi gravado depois de tocarmos muito ele ao vivo, praticamente inteiro, enquanto o EP eu gravei antes da banda ser montada, junto com o Paulinho. Ele também é mais sólido por ser em português. Fazer em português é foda… vc perde a muleta da referência gringa né, então tem que colocar sua cara ali à força (rs).”
Paulinho: “Pra mim a grande mudança foi mesmo o português nas letras. Mesmo com as referências musicais sendo, na maior parte, as mesmas do EP, cantar na nossa língua traz uma “camada” totalmente nova pras composições. Achei que o Pep soube traduzir muito bem o espírito da banda agora, até melhor do que nas músicas em inglês.
Tiago: “O EP era radical pra triste. Esse é radical pra feliz. É bem diferente sabe.“
Pep: “O roteiro foi escrito junto com a Bia, num vai e vem bem frenético. Eu tentei escrever de um jeito que transmitisse nosso universo, nosso tom de voz, nossas personalidades, mas que desse pra ser consumido por qualquer um. Acho que ele funciona melhor pra quem vive esse mundinho de bandas independentes, mas minha mãe achou engraçado, então deve ter funcionado (risos).
As participações foram feitas por amigos próximos mesmo, porque a gente queria fazer tudo com gente de banda, que tivesse essa mesma vibe. Não era pra ser algo sério, com atores, sabe?
Se fosse levado a sério demais ia perder a graça. Então algumas participações a gente já tinha definido antes de tudo mesmo, e outras surgiram com ideias de personagens. A Karen e a Bruna, por exemplo, já faziam parte da série desde sempre.”
Bia: “Foi realmente bem frenético! Escrevemos muita coisa, jogamos outras coisas fora, juntamos duas ideias de episódios em um só. Foram muitas reuniões, mas todo esse processo me ajudou muito a entender totalmente a vibe deles. Enquanto o Pedro colocava toda a essência da banda no roteiro, eu ajudava a padronizar a forma, as viradas e etc. No final, ele já tinha se transformado em um ótimo roteirista, e eu, já era praticamente da banda! (risos)
Tiago: “Como diria o filósofo Nietzsche “a vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.”
Ou seja, eu não lembro de muita coisa pois liamba (joga no google), mas sempre que assisto as cenas, dou boas risadas lembrando das coisas acontecendo kkk (liamba ajuda nessas risada também)”
Bia: “Eu fiquei muito animada com o convite! Foi muito legal o jeito que o Pedro e a banda confiaram em mim, afinal, nos conhecemos através do projeto. Eu sempre fui muito ligada à música, sempre tive muitos amigos de banda, então quando eu sentei pra conversar com o Cat Vids a conversa fluiu muito bem, e eu já estava dentro! (risos).
Sobre o processo, foi interessante como o projeto foi crescendo cada vez mais. Começamos com algumas ideias simples e de repente estávamos escrevendo uma briga épica de cachorro quente. A cada momento que o projeto crescia, íamos montando uma equipe com pessoas de confiança e que se identificaram de algum jeito com o projeto.
Com certeza a faculdade me ajudou a entender e colocar em prática toda a ideia. Principalmente por ter a liberdade de conversar com meus professores sobre minhas dificuldades. Toda vez que eu via meu professor de roteiro pelos corredores eu o puxava pra pedir alguma dica, por exemplo.
Acredito que a faculdade não tem o objetivo de moldar seus alunos numa linguagem cinematográfica específica, mas sim nos ajudar a encontrar nossa voz e a criarmos nosso próprio formato, através de técnicas e teorias muito pertinentes.”
Tiago: “A Bia foi a melhor chefe que eu já tive (me contrata de novo pfv).”
Aecio: “Ué, Tiago. Sua chefe não era a Alejandra?”
Tiago: “As duas foram as melhores (Alê me contrata também se der).”
Pep: “Olha, é rir pra não chorar, né. A inspiração da série é a vida real mesmo, e os clichês que existem em torno de banda. Quem convive com esse meio sabe que o que não falta é barreira e gente de nariz empinado, então, se você não se divertir no processo, só vai se frustrar, ficar com picuinha, conhecer gente interesseira. Por mais que sejam hipérboles, existem muitos paralelos com situações que acontecem mesmo nesse meio.
Em qualquer mercado é difícil de chamar atenção porque os meios de comunicação orgânicos e de baixo custo são super saturados, né?
O de música independente é mais ainda, porque tem menos palco. Acho que o assunto “divulgação” rende um longo papo só pra isso, mas basicamente trabalhamos com uma lógica de “MVPs” e de fragmentação de pautas. A questão é que se você não tiver esse processo internalizado no projeto, é difícil ter sustentabilidade, lembrando que o investimento é financeiro, emocional, físico, de tempo… então todo projeto tem que ter algum retorno, mesmo que equacionado com suas expectativas.”
Tiago: “Nosso nicho se leva muito a sério, tomara que essa série possa mostrar coisas que, por mais que pareçam idiotas, PODEM ACONTECER DE VERDADE. Vamo (sic) com calma galera (#pas).”
Pep: “A série me confirmou uma teoria de que se a gente tiver controle da história que estamos contando, conseguimos viabilizar produções com os recursos que tivermos na mão. Se a ideia é boa, dá pra ser criativo nas soluções.
Mas algumas coisas são difíceis e ponto. Atuar é foda, parabéns atores (!!). Foi ótimo ter desenvolvido os personagens a partir da personalidade de cada um, pois isso facilitou muito a atuação. Se fosse uma história mais descolada da banda, não sei se ia rolar não. Ah, e a gente ainda fez preparação de elenco com uma amiga minha (tks Kim!!), que ajudou demais a destravar. Deu um puta trabalho, mas foi importante estar bem preparado, porque na hora do set não dá pra inventar muita moda, senão simplesmente não dá tempo, as coisas não saem.
O divertido é que o jeito que a gente interage na vida real é bem parecido como o que acontece na série, tanto que muita piada ali saiu de improviso. Sei lá, é que nem gravar disco, é cansativo mas é super divertido. Performar é divertido, né? Afinal, somos uma banda.
Sobre o bônus, eu não aguento mais olhar pra material de edição, então vou repassar essa questão pro Carlo (editor) e pra Bia: podemos? (rs)
Bia: “Como foi meu primeiro trabalho como diretora, eu aprendi demais. Já estive em alguns sets exercendo outras funções, então sabia como seria o ritmo. Mas ter uma equipe de filmagem inteira olhando pra mim e perguntando: “e aí? O que faremos nessa cena? Como resolvemos esse problema em cinco minutos?” É uma sensação muito louca, eu tive muito frio na barriga.
E no final tudo deu muito certo porque a equipe que juntamos era incrível, rolou muita parceria e foi tudo muito divertido. Sobre erros de gravação, temos um monte (rs). Não sei, talvez a gente possa montar um clipe? (risos)”
Tiago: “Basicamente me filmaram falando as coisas que eu já tava falando. Uma coisa que me ajudou muito, foi quando eu pedi autorização pra me inspirar em grandes atores como Tony Ramos e Antonio Fagundes, no começo a kim e a Bia desconfiaram, mas depois elas deixaram (mais ou menos).”
Pedro Spadoni
Beatriz Paulussen
Beatriz Paulussen – Diretora
Katherine Katritsis – 1ª Assistente de Direção
Kim Ising – Preparadora de Elenco
Ana Camargo – Continuísta
Gabriel de Magalhães – Diretor de Fotografia
Pedro Moreno – Assistente de Fotografia
Pedro Goés – Assistente de Fotografia
Gabriela Cavalcante – Assistente de Fotografia
Afonso Cavalcante – Assistente de Fotografia
Lud Lower – Making of
Bruno Berton – Making of
Victor Morelli – Diretor de Arte
Paula Nogueira – Assistente de Arte
Isabella de Castro – Figurinista
Victória Periotto – Figurinista
Mariana Feliziani – Maquiadora
Marcelo Faria – Designer
Miguel Monori – Diretor de Produção
Afonso Cavalcante – Diretor de Produção
Flávio Verçosa – Assistente de Produção
Giovanna Castellari – Assistente de Produção
Carlo Giovani – Diretor de Som
Flavio Tambascia – Microfonista
Carlo Giovani – Montador
Aécio de Souza – Mixagem de Som
Mariana Câmara – Colorista e foto still
Pedro Spadoni
Tiago França
Aecio de Souza
Paulo Senoni
Francisco Rocha
Popoto Martins
This post was published on 19 de junho de 2020 11:15 am
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