Hi Hat Girls lança podcast para exaltar a atuação das mulheres na música

A iniciativa Hi Hat Girls surgiu em 2012 como uma revista digital sobre mulheres bateristas, feita por mulheres bateristas. E até 2016 foi assim. Até que elas começaram a ministrar “Oficinas de Bateria para Garotas”.

O projeto foi ganhando relevância e extensão. Tendo já sido realizado 7 diferentes cidades do país. O reconhecimento do projeto social veio em premiações, por instituições como a Comissão de Cultura da ALERJ, British Council, Oi Futuro e Instituto Ekloos.

A Estreia do Podcast do Hi Hat Girls

Nesta segunda, 16/03, a iniciativa Hi Hat Girls lançará seu mais novo projeto: o Hi Hat Girls Podcast. Todo mês, mulheres bateristas e dos bastidores da música terão uma conversa descontraída e sincera sobre viver de música no Brasil, entre outros assuntos.
A intenção é, segundo as idealizadoras, ser o podcast que exalta a atuação das mulheres que fazem a cadeia da música girar, e que, mesmo imprescindíveis, por vezes passam desapercebidas pelos bastidores.

Hi Hat Girls Podcast – Episódio #1 com as produtoras fonográficas e técnica de som Rebeca Montanha e Tamires Pistoresi, do GAL

Entrevista Hi Hat Girls

Conversamos com Julie Sousa, idealizadora e uma das articuladoras, da iniciativa Hi Hat Girls. Ela comentou, em entrevista exclusiva, mais sobre a novidade, a trajetórias, mulheres que inspiram e histórias emocionantes envolvendo o projeto.

Como surgiu a ideia do Hi Hat Girls e como o projeto foi se transformando ao longo dos anos?

Julie Sousa (Hi Hat Girls): “Primeiramente, eu agradeço o espaço para falar do projeto da minha vida, que é a Hi Hat Girls.

A ideia surgiu lá por volta de 2010, 2011. Nessa época eu estava muito incomodada com o fato de ser sempre a única mulher baterista dos festivais que eu tocava com a minha banda de Metal, na época. Ou no máximo havia apenas mais uma, em um line up enorme. A recorrência disso me fez querer fazer alguma coisa pra mudar, ou tentar pelo menos, essa realidade.

Foi então que eu fiz um post no facebook perguntando às bateristas que estavam na minha rede se queriam construir juntas uma revista digital sobre mulheres bateristas. E assim surgiu a Hi Hat Girls Magazine, em 2012, como revista online, gratuita e produzida voluntariamente por uma rede de bateristas espalhadas pelo país.

A gente publicou a revista até 2016, quando percebi que poderíamos avançar mais em direção às meninas e mulheres que gostariam de se tornarem bateristas, pra que não achassem que é algo muito distante, inalcançável. Foi então que começamos os primeiros eventos offline, nossos encontros de mulheres bateristas em São Paulo e no Rio.”

Os Workshops

“Eram workshops com mulheres bateristas, focado na apresentação de seus trabalhos enquanto musicistas profissionais. Foram os primeiros eventos com esses recortes tão marcados (mulheres bateristas) nestes estados.

A procura foi enorme, e em determinado momento do evento a gente disponibilizou a bateria para as meninas do público tentarem tirar algum som. Foi uma catarse. Foi lindo, todas amaram, inclusive a gente.

A partir daí, escrevemos outro projeto, que viria a ser as nossas Oficinas de Bateria para Garotas, que começou aqui no Rio, no espaço Motim, em seguida São Paulo e hoje já acontece em 7 diferentes cidades do país.

Tudo foi bem orgânico, a procura das meninas e mulheres interessadas em aprender a tocar bateria é que serviu de motor pra gente avançar. Isso é lindo demais e temos um orgulho enorme disso!”


Oficina de Bateria do Hi Hat Girls. – Foto: Acervo Pessoal

Contem um pouco mais sobre os planos para o podcast.

Julie Sousa (Hi Hat Girls): “Lá em 2012 a gente começou os trabalhos, e começamos como mídia e produção de conteúdo. Nosso intuito agora em 2020 é, além de continuar oferecendo as Oficinas de Bateria para Garotas, voltarmos a ser produtoras de conteúdo, só que agora de podcast, e sempre trazendo mulheres bateristas ou dos bastidores da música em geral, que geralmente não têm um destaque na cadeia da música, mas que são imprescindíveis.

A proposta é que seja uma conversa descontraída e bem sincera sobre viver de música no Brasil, em diferentes frentes. Estamos bem animadas, porque o resultado ficou excelente!

O projeto conquistou reconhecimento de entidades com o passar do tempo, além de realizar oficinas de bateria e participar de feiras.

Como enxergam que o projeto tem ajudado meninas a se interessar por uma área onde infelizmente ainda existe muito preconceito, e em sua maioria, é dominado por homens?

Julie Sousa (Hi Hat Girls): “A gente tem acompanhado as participantes, seja pelo grupo que temos no facebook e whatsapp, seja pela própria procura delas pra nos contar sobre o que andam fazendo e tal.

Recebemos inúmeras mensagens pedindo indicação de professoras de bateria, dizendo que querem continuar estudando o instrumento, outras já nos mandam flyers dos shows de suas bandas, formadas após as oficinas. É muito incrível e apaixonante pra gente ter esse retorno delas. É saber que estamos no caminho certo!”

Já tiveram histórias e relatos emocionantes envolvendo o trabalho? Se sim quais mais marcaram?

Julie Sousa (Hi Hat Girls): “Ah, muitos! Esse ano vamos pra 4 anos só de Oficinas, fora os outros 4 de revista. Uma das que mais me marcaram foi uma moça que no final da oficina disse que tinha ficado muitos meses em coma, mas que conseguiu sair dessa situação e prometeu a si mesma que daquele momento em diante faria tudo que sempre quis fazer, e que não teve oportunidade. Uma dessas coisas era tocar bateria. Foi muito emocionante.

Outra foi a de uma moça que levou o par de baquetas do seu pai, que havia falecido, e queria ter a oportunidade de tocar pela primeira vez em homenagem ao seu pai.
Outra foi uma moça que queria muito tocar desde sempre, tinha um namorado baterista, mas que não a incentivava, porque segundo ele, não era um instrumento para ela. Muito emocionadas, todas têm em comum a fala de que se sentem seguras de contar suas histórias e por que é tão importante pra elas estarem ali, participando dessa atividade que pode parecer simples, mas mexe, de alguma forma, lá dentro delas.”

Projetos como Girls Rock Camp, Women’s Music Event, Sêla, Efusiva, Hérnia de Discos, PWR Records e inúmeras musicistas, e bandas, tem ganho destaque ao longo dos últimos anos. Quais mulheres dos bastidores da música mais tem inspirado vocês?

Julie Sousa (Hi Hat Girls): “Fico feliz demais com todas essas iniciativas surgindo e se consolidando. Acho incrível mesmo, ainda mais em tempos sombrios como os atuais. Sou grata por viver no mesmo ambiente que essas maravilhosas!

Tenho muitas mulheres inspiradoras para citar, mas fica aqui meu carinho para a Lilian Carmona, a primeira mulher baterista a se profissionalizar no instrumento, no Brasil.

Lilian é uma referência para todas nós que viemos após ela. Sou muito fã e feliz por ter tido a honra de conhecê-la pessoalmente em 2019, durante a quebra de recorde de maior número de bateristas tocando em crescendo, em São Paulo.”

Lançamento do Hi Hat Girls Podcast

O lançamento acontece hoje em todas as plataformas de podcast.

Podcast

Demais plataformas

This post was published on 16 de março de 2020 8:29 am

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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