Cães de Prata - Foto Por: Lucas Marques
A poesia e a introspecção são universos correlatos tendo a reflexão como um dos seus satélites. Na música sua densidade não pode ser medida, entretanto pode ser sentida através dos acordes suaves, arranjos delicados e harmonias que nos passam a sensação de transcendência. Parte dessa luta pela sobrevivência no dia-a-dia está bem contemplada no EP fitas p/ o terceiro filme, debut do projeto alagoano Cães de Prata.
O registro é mais um lançamento do selo Máquina Voadora que teve por aqui elencado na nossa lista de Melhores do Ano de 2019 o álbum do Milkshakes. E no qual já falamos por aqui da azul azul.
As referências a primeira vista são audaciosas mas dão o norte e preparam o ouvinte para o material que estão prestes a conhecer, são nomes como Ava Rocha, Wilco e Sharon van Etten. Os arranjos das cordas, a amplitude dos vocais e a atmosfera acabam sendo marcas do lançamento que traz até mesmo referências, ambiências e curvas do post-rock.
Mateus Borges lidera o projeto mas tem a companhia de João Gomes e Igor Cavalcante (ambos da azul azul), Ivana Fontes e Thomas Schaeffer Bernardes (Os Fugitivos). No texto de apresentação o músico ainda comenta sobre a contribuição de Thiago Mata.
“As seis canções desse primeiro lançamento da “cães de prata” alinham acontecimentos das forças esquisitas para quando não se resta mundo ao mundo: as leituras de tarô feitas no metrô, as mães dos continentes ainda não descobertos, e os amigos em plena autodestruição.
Dos gatilhos para elas, a insuficiência de uma banda que nunca existiu de verdade, e a leitura do texto “à ditadura do movimento”, de Igor Cavalcante, publicado na zine populacho #1.”, relembra Mateus Borges
O músico anteriormente integrou a banda Pacamã que apesar de não ter conquistado grande reconhecimento, deu fruto a uma série de novos projetos artísticos. Como Os Fugitivos, azul azul e agora Cães de Prata.
Além das referências já citadas é possível lembrar de artistas como Bill Callahan e Ben Gibbard, este último conhecido por seu trabalho ao lado do Death Cab for Cutie, em uma rápida audição do EP que conta com 6 faixas. Outras referências que o músico aponta além de Wilco e Ava Rocha são as influências de Alice Coutinho e de Romulo Fróes (Metá Metá).
A atmosfera e a habilidade com o instrumento são os grandes pilares e destaques do lançamento que nos transporta para um universo etéreo.
A faixa título não deixa por menos e conduz feito uma valsa de um homem só contemplando o horizonte, suas memórias e a infinitude do universo. Já “Manifesto” procura através de narrativas do cotidiano enxergar a beleza e as fragilidades do que chamamos de vida. Os metais dão uma sensação de profundidade e sua atmosfera lembra até mesmo a energia e falsa calmaria de Bon Iver. O tempo parece cercar feito um lobo preste a dar o bote…e desta forma a canção se esvai no além.
“Lama e Cal” irá agradar a fãs de Sigur Rós e Kings Of Convenience e talvez seja uma das mais poéticas e cheias de simbologia dentro do EP. A passagem da vida como manifesto de alguém preocupado com o futuro. Com as sua carga de incertezas, e inseguranças, de atos que censuram a liberdade de se expressar e de coexistir.
“Taipei 1996” viaja pelo mundo através suas lindas e místicas paisagens. Quebrando todo clima de tensão, mostrando que a vida também pode ser bela e feita de momentos de solitude. “Páramo” é credita a Karen Pimentel, autora do texto de “páramo”, já Ivana Fontes faz dueto na canção. Elementos de trip-hop aparecem dentro da construção e ambiência da faixa.
Quem encerra o EP é justamente “Cópia Perfeita (A Ditadura do Movimento)” que beira a nostalgia e a efemeridade das situações, momentos e coisas da vida. Destila sonhos, medos, expectativas e desilusões. Trazendo também para a superfície um lado místico enquanto mostra o caminhar.
Explicitando a beleza do caminho e não apenas comemorando a chegada. Os passos incertos, os aclives, as subidas e a queda livre. Tudo em perfeito compasso e sincronia. Uma sensação similar da que eu tive ao ouvir “First day of my life” do Bright Eyes.
O EP de estreia do Cães de Prata, de Maceió (AL), é uma pequena colcha de retalhos e carrega diversas reflexões filosoficas. Seja ela sobre a efemeridade da vida, seus conflitos, compassos e pequenas vitórias. Como também se atenta ao medo pelas incertezas do futuro e as graves consequências dos nossos atos.
É belo e cheio de ambiências chegando a lembrar obras de artistas como Ben Gibbard, Wilco, Bon Iver, Bright Eyes, Sharon van Etten e Bill Callahan. Um lançamento Máquina Voadora Label mesmo selo do Milkshakes e azul azul.
O EP do Cães de Prata teve mixagem e Masterização por Thomas Schaeffer. Produção e arranjos por Thomas Schaeffer; engenharia de áudio por Thiago Mata; produzido, gravado, mixado e masterizado nos estúdios da Maná Records, em Maceió/AL. Lançado pela Máquina Voadora Label.
This post was published on 18 de fevereiro de 2020 12:27 pm
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