Fogo Caminha Comigo faz da falta de esperança um ponto de fuga
Fogo Caminha Comigo. O nome nos leva diretamente para Twin Peaks mas a poesia de Kafka passa pelo seu caminho e dá as coordenadas. A série foi lançada em 1990 e o som da banda nos leva justamente para aquele período do rock alternativo.
Entre as influências eles citam Mineral, Built to Spill, Dinosaur Jr. e Modest Mouse e exatamente um ano após sua primeira faísca, o álbum é lançado. Do Paraná para o mundo, o grupo conta com Rawph que já tem uma trajetória dentro do cenário alternativo local.
Após uma série de encontros que a vida proporciona, ele se juntou a Richardyson Marafon, Rômulo Dea e Julio Donato.
O fio embrionário do fim dos anos 80 que desabrochou no começo dos 90 acaba fazendo parte de uma cozinha que flerta com o Emo 90’ s, Grunge, Post-Rock e Shoegaze. Irá agradar a fãs de Seaweed, Sonic Youth, American Football, Sugar e Cap’n Jazz.
O Lamentoso cair de pétalas dança dentro da primavera de minha cabeça
Com este nome todo rebuscado que até me lembra um pouco a “Valsa das Águas Vivas” do Dance Of Days, a inspiração vem justamente da literatura. Mais precisamente da obra de Franz Kafka. O título vem de uma passagem presente em Cartas a Milena.
Segundo o grupo paranaense, “Rege a linha tênue entre a posse e ausência de esperanças, amor e dor no mesmo trajeto, sonhos e pesadelos na mesma direção”. Algo um tanto quando emo e filosófico ao mesmo tempo. Feito sua proposta sonora.
O registro tem um tom nostálgico e parece flutuar entre memórias, mesmo que com pouco teor de esperança. Entre sonhos, perdas e temores. O lo-fi e o som rasgado também nos remetem as fitinhas demo noventistas. O que sobressai na estética dos clipe, como o recém-lançado “2015.”
As Gravações
O registro foi gravado ao vivo no Estúdio Sabine, em Curitiba (PR) em junho deste ano. Este que foi produzido, captado, mixado e masterizado por Michael Wilseque. Júlia Roos colabora com vocais na canção ‘nenonena’.
O lançamento está sendo feito em parceria entre os selos Nap Nap Records e Dinamite Records. Já a capa é assinada por Nicole Gonçalves.
Conversamos com a banda para entender mais sobre os primeiros dias, o momento e suas referências. Confira!
O Antes
“Antes da Fogo, havia o Rawph; a banda surgiu através dele, isso entre 2015, 2016. Alguns posts em grupos de “forme sua banda”, uma mente inquieta e ansiosa que acabou encontrando o Richardyson afim de ensaiar algumas composições e discutir referências.”
A Conexão
“Após lançamento do EP do Rawph, Romulo que já era seu amigo, entrou como baterista nos shows com o Rawph e participou das primeiras composições que viriam entrar em nosso novo álbum. Ficamos tocando nesse power trio por 1 ano, quando apareceu Júlio Donato, amigo de longa data de Richardyson e que entrou assumindo os baixos (e Richardyson foi para as guitarras).”
As Origens
“É difícil dizer um tronco que a Fogo se baseia, porque, é exatamente isso que a Fogo é, um não pertencer, uma ausência de sólido. E sequer há uma homogeneidade entre a banda, há um se completar.”
A Sonoridade
“A banda vai desde o cosmopolita ao eremita, flerta com o noise, o grunge, o emo e o dream pop. Percebe-se, aliás, pelos temas literários nas músicas. É o acordar e não se ver no espelho. Sobreviver a si mesmo, feito escuridão e rutilância; saber que não há palavra nova a ser dita, percebendo-se mudo perante ao mundo.”