[Premiere] “Caralhinhos Voadores” e a fragilidade masculina são expostos no novo single do Combover
Poucos cabelos, um punhado de acordes e humor ácido. Esse é o espírito caricato do trio de “rock pauleira” Combover que após dois anos equilibrando o copo de Negroni, enquanto cambalheia noites adentro, nos apresenta seu mais novo single.
Após algumas mudanças de formação a trupe comandada por Don Carlón (Scheizecaster/voz), Jello Garcia (baixo/voz) e Tito Trujillo (batera) continua a aliar distorções, fanfarronices, podridão e deboche em suas ousadas composições.
Mais para lá do que para cá, eles preparam uma série de novos singles para apresentar nos próximos meses. Eles que curiosamente se denominam como:
“Uma legítima banda de “no-hair metal” que segue à risca a cartilha sexo, drogas e roquenrou aprendida por osmose em doses cavalares de Sexta Sexy, Cheech & Chong, Beavis & Butthead, The Big Lebowski, Fear and Loathing in Las Vegas, Hermes & Renato entre outras (drogas pesadas).”.
Caralhinhos Voadores, o single
Aliando o bom humor a uma crítica que nunca deixa de ser atual, o trio apresenta hoje em Premiere no Hits Perdidos o rockeiro e impetuoso single “Flying Cocks”. Este que chega como uma marretada e debocha da sociedade falocêntrica.
De maneira bem caricata a banda questiona entre outras palavras: “Por que pessoas do sexo masculino precisam se afirmar desenhando pênis na paredes dos banheiros?”
A fragilidade do homem heterossexual é exposta de maneira tão escrachada que conseguimos até imaginar ela sendo tocada em bares sujos dos anos 70 por sujeitos trajando calças de couro coladas, com peitos cabeludos amostra e desfilando cabeleiras no melhor estilo Valderrama.
A canção já começa com o resgate de uma clássica fala do ator Lima Duarte no filme Os Sete Gatinhos (1980), dirigido por Neville d’Almeida e com roteiro baseado na obra de Nelson Rodrigues, o que deixa logo nos primeiros segundos o clima mais descontraído.
A música entra em ebulição com o vocal canastrão de Don Carlón que comanda a valsa às avessas. Conforme ela vai ganhando corpo, sua letra em clima de deboche entra em ecstasy para criticar justamente a figura do macho man.
Os vocais meio Lemmy Kilmister com gritinhos desafinados à la Twisted Sister deixam a crítica ainda mais hilária.
O single é um lançamento Aurora Discos, novo selo do Estúdio Aurora, tem distribuição da tratore e apenas inicia uma série de lançamentos programados. Ainda neste ano, o grupo participa de um tributo aos 20 anos dos Autoramas, com lançamento previsto para dezembro. Outro single está programado para o início de 2019 e um disco para o final do primeiro semestre.
Bate-Bola / Jogo Rápido
Sem papas na língua, e evocando Marília Gabriela, conversamos com Don Carlón para saber mais sobre suas peripécias.
Don Carlón: “Vou sempre no mais barato do cardápio. Na hora, nunca me arrependo. Pelo menos não até o dia seguinte…”
– Um FILME
Don Carlón: ” ‘Idiocracy’, do Mike Judge (criador do Beavis & Butthead). Diz muito a respeito dos nossos tempos atuais e é a maior influência cultural do Combover. Mas confesso que fiquei em dúvida entre ‘Histórias que Nossas Babás Não Contavam’, um clássico nas madrugadas de domingo para segunda no SBT nos anos 90, e ‘Porky’s’.
– Um SHOW
Don Carlón: “Sempre fui muito fã do ‘Show de Calouros’. Pedro de Lara, Flor e Sônia Lima formaram meu caráter.”
– Um Erro Fatal
Don Carlón: “Não sei… Sigo vivo até hoje…”
– Seu Maior Defeito…
Don Carlón: “Acho que é insistir em fazer rock’n’roll no século 21. Mas, como diz o grande poeta Cumpadi Washington, ‘pau que nasce torto, nunca se endireita’.”
– Ser macho é….
Don Carlón: “Uma vergonha.”