A história do Psychic Fair começa em 2013 em Pittsburg, uma cidadezinha de 20.000 habitantes no Kansas. O tédio é o maior fomentador de bandas como sabemos e com eles não foi diferente.

Demytrius de Pieri e Leonardo Sandi (BR), também guitarrista da Catavento, e James Collver e Taylor Munroe (EUA) trouxeram para seu caldeirão referências de shoegaze, pop psicodélico e um toque de post-rock. Eles ainda atrelaram o dilema de não pertencimento o que deixa tudo um tanto quanto despretensioso e de fácil assimilação.

Tendo iniciado os rascunhos do que seria o primeiro lançamento oficial do conjunto em 2015, agora ele chega ao mundo em Premiere no Hits Perdidos.


Leonardo Sandi e Demytrius de Pieri. – Foto Por: Tuany Areze

O projeto Psychic Fair, que um dia foi um quarteto formado em solo estado-unidense, hoje em dia é um duo formado pelos gaúchos Demytrius de Pieri e Leonardo Sandi Rech (também guitarrista da banda Catavento) com colaborações dos integrantes estadunidenses e de membros da Catavento.

Após lançar seu primeiro single, o viajante “Seatbelt”, o lyric video para “Pets” serviu como aperitivo para o que estava por vir em Hi and Bye.



Para a turnê do EP os norte-americanos James Colver e Taylor Munroe, que estiveram presentes nos primeiros dias da banda, vieram para shows no Brasil e Argentina. Já que atualmente Demytrius vive em Buenos Aires (ARG), Leonardo em Caxias do Sul (RS) e os outros em Chicago (EUA) e Taipei (Taiwan). Sendo assim uma banda global.

Psychic Fair – Hi and Bye (09/11/2018)

O EP de estreia do projeto está saindo pelo selo Honey Bomb Records, de Caxias do Sul (RS), com seis canções e frenéticos 25 minutos de duração. O álbum foi mixado por Demytrius de Pieri e Francisco Maffei, e teve masterização de Maffei. Já a arte de capas e singles são assinadas por Maria Júlia Corrêa.

O processo do disco ser lento segundo a banda ajudou com que ele ficasse repleto de detalhes, nostalgia e com uma mixagem que realmente os agradasse no final. O resultado desta viagem cósmica você confere agora.



Com baixo frenético, o EP começa com texturas lo-fi flertando com o Dream Pop e a neo-psicodelia. “Seatbelt” é flutuante, nos coloca à bordo de uma nave prestes a decolar em uma viagem nostálgica. Reverberando riffs, equalizando batidas e a caminho de um destino desconhecido.

Ela parece até um filme gravado em V8 rebobinando e a sensação de impaciência, e desolação, ficam mais claros conforme a canção vai entrando em órbita. Fãs de Beach House, The Cure e The Jesus And Mary Chain com certeza vão se deliciar com o single.

Já “Pets” se entrega ao shoegaze e post-rock, com muita dissonância, pedais, delays e poderia tranquilamente entrar na trilha sonora de Donnie Darko. É definitivamente uma canção para ouvir e deixar-se ser guiado para dentro de uma floresta escura, como o bosque de Twin Peaks. O destaque fica para o último minuto da canção onde os integrantes se aventuram a explorar os delays e efeitos da guitarra.

Talvez a mais nostálgica do curto EP seja mesmo a faixa título, “Hi and Bye”, que poderia ser definitivamente datada como da década de 90 e quem sabe sair em algum catálogo da Creation Records. A mistura entre acústico e elétrico lembra uma dos principais ícones desta geração, o RIDE, mas facilmente agradará a fãs de My Bloody Valentine e Mazzy Star.

Explorando ainda mais camadas temos a introspectiva “Meditation” que nos carrega pelos embalos da contemplação. Sua levada que flerta com o rock de garagem, e suas quebras propositais, vão cair como uma luva para quem se amarrar em Thee Oh Shees, Ty Segall e Khruangbin.

Mais densa e entrando cada vez mais nas profundezas temos “Clean Skin and Working Bones”, que navega pelo universo niilista dos sonhos. Para fechar o EP temos “Claws in Our Paws” que chega com uma levada mais leve e colorida. Um pop psicodélico garage hippie que tem cada vez mais ganho espaço dentro do revival noventista. A nave pousa e podemos voltar para a realidade do presente.



O primeiro EP do Psychic Fair, Hi and Bye, que está sendo lançado hoje pelo selo independente Honey Bomb Records, nos leva à bordo de uma nave espacial com destino ao nosso subconsciente mais profundo. Com lisergia, delays, pedais de distorção, a viagem cósmica é agradável para quem quer sair um pouco de sua órbita. Com referências no post-rock, pop psicodélico, shoegaze e post-punk, o registro capricha em detalhes e mesmo lo-fi conta com uma produção rebuscada.

This post was published on 9 de novembro de 2018 10:00 am

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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