[Premiere] Duo dançante de garage rock, The Tropical Riders lança seu 1º clipe

 [Premiere] Duo dançante de garage rock, The Tropical Riders lança seu 1º clipe

O caminho mais comum de uma banda em seu início geralmente se pauta pelo ritmo intenso de ensaios com o objetivo de encontrar qual sonoridade irá de fato funcionar.

Não adianta, as vezes acontece de chegar no estúdio com uma proposta sonora em mente, com uma série de referências, e rascunhos debaixo do braço, e aquilo simplesmente…..não encaixar com aquelas pessoas.

Passando por essa fase preliminar, o entrosamento faz com que os primeiro riffs vão saindo e com que de fato as primeiras linhas vão se consolidando. Para resumir um pouco, muitas bandas focam em gravar sua Demo ou primeiro EP e depois veem o que vai acontecer. Essa, definitivamente, não foi a sequência de fatos da trajetória do duo paulista garageiro The Tropical Riders.

Primeiro pelo nome que nos passa uma ideia de brasilidades, quentura e até mesmo algo eletrônico. Muito pelo contrário, o som da banda faz uma panela garageira que também traz elementos do stoner rock, rock alternativo, blues e porque não dizer: do pop. Sim, é daí que vem o approach “Tropical”

O duo composto por Guilherme Gale (vocal/guitarra) e Leo Possani (bateria) foi formado em 2016 mas só agora nos apresenta seu primeiro EP, Tapes from the Deep Sea. Como bons rockeiros eles não se importam muito com o que vão rotular e o EP é reflexo disso pois as músicas puxam para diversas temáticas e experimentações.


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The Tropical Riders lança hoje em Premiere no Hits Perdidos seu primeiro clipe. – Foto: Divulgação

The Tropical Riders – Tapes from the Deep Sea (17/08/2018)

Lançado em agosto, o registro conta com muitas facetas e pode funcionar tranquilamente tanto em uma pista de dança como em um set de uma festa rock. A maior prova disso fica por conta da construção das canções que sabem fazer uma ponte bastante peculiar entre o pesado, o dançante e o reverberante.



“Monophobia” faixa que abre o EP como os próprios integrantes dizem “fala sobre o medo de ficar sozinho, de não encontrar ninguém como você e de como você pode se sujeitar a qualquer coisa pra que isso aconteça.”

A explosão de duos como Royal Blood vai de encontro com vocais irônicos como os do Rammstein mas ao mesmo tempo sua batida progride para algo que bandas como Franz Ferdinand e Kaiser Chiefs fariam. Ou seja dançante, esquizofrênico e com direito a um mergulho de cabeça nos anos 2000.

Já “Dress to Distress” tem uma sequência debochada rítmica que parece até algo que Bloodhound Gang e o The Darkness faria de maneira tranquilamente. E por isso diverte e irá agradar a quem gostar de algo mais debochado.

Quem começa acelerada e reverberante feito um rock futurista é “Pisco Dancer” que ao meu ver poderia tranquilamente tocar em rádios rock – e ainda iam achar que é de alguma banda estrangeira.

As referências dos anos 80 são exaltadas e contrastam com o rock mais cru. Pisco para quem nunca tomou, é uma espécie de “pinga” de nossos países vizinhos, então imagine por onde vai a canção e se entregue as pistas de dança. Tem espaço para xaveco furado, bebida sendo despejada no chão e muitos “alcooltecimentos”.

“Déjà Vu” já brinca com o lado circense, ironias, clichês do rock e tem as memórias equalizando em outra frequência. Com espaço para “firulas”, experimentação e tensão no ar.

Já entrando na parte final do EP, que conta com 21 minutos de duração, “Dead + Gone”, chega carregando a influência de Ty Segall mas sem perder o senso de humor, doses calibradas de stoner rock, pedais derretendo e claro, solos de guitarra.

Mas quem tem a responsabilidade de fechar o disco é “Karma Is a Beach”. Esta que ao meu ver combina o lado Jack White, Cake, country e blues. Sendo interessante justamente por sair da zona de conforto que o EP estava percorrendo.

O EP, Tapes from the Deep Sea, diverte justamente por ter essa característica de soar leve e debochado na maior parte do tempo e além disso ainda experimenta várias referências distintas que deixam o ouvinte querendo saber mais quais serão os próximos passo do duo. Mas eu prometi para vocês Premiere do videoclipe e é isto que vocês terão!

The Tropical Riders “Monophobia” (03/09/2018)

Produzido pela Pantera Filmes e sendo lançado pelo Hits Perdidos hoje, o clipe mostra os integrantes como duas criaturas isoladas, mutantes, distantes e únicas. Segundo o vocalista Guilherme Gale o objetivo principal do vídeo foi alcançado:

“Acho que capta bastante a nossa essência e não poderíamos ter ficado mais felizes com o resultado.”, conta o guitarrista



Entrevista

[Hits Perdidos] Vocês criaram a banda em 2016 e no último ano começaram a maturar a ideia que culminaria a ser o lançamento do primeiro EP. Geralmente as bandas fazem o oposto. Como isso aconteceu e como acreditam que isso ajudou no amadurecimento das composições?

Guilherme Gale: “Eu e o Leo tocamos juntos até 2015 em uma outra banda. Quando começamos a ter a ideia de tocarmos juntos novamente, como um duo, já em 2016, estabelecemos algumas metas. A primeira era que não nos apressaríamos em nenhum sentido, sempre focando em qualidade, já que em várias etapas das nossas vidas nós acabamos nos apressando em lançamentos e ficando insatisfeitos. A outra meta era que sempre tocaríamos um som que nos deixasse felizes e realizados.

Acho que isso foi o fundamental pra que não tivéssemos aquela “pressa” em mostrar nosso som logo de cara. A maior vantagem é que pudemos ver nossas músicas nascerem, se desenvolverem e amadurecerem antes mesmo que pudéssemos mostrá-las ao público, pois ficamos quase 2 anos tocando elas e fazendo ajustes.”

[Hits Perdidos] Vocês afirmam que o som de vocês é um “caldeirão do Garage Rock”, quais ingredientes (de referências tanto na parte sonora como na estética) vão nele?

Guilherme Gale: “Eu digo isso porque eu nunca paro de procurar influências e novas ideias. Eu tenho algumas bandas e artistas que são pilares na minha vida musical e sempre busco inspiração lá quando me sinto confuso, como Queens of the Stone Age, Jack White, Slaves, Ty Segall, etc.

Mas também gosto de ver shows locais e procurar a mesma motivação que vejo em mim em outras pessoas, além de poder ser impactado pela pegada e criatividade deles, e já considero alguns desses caras como pilares também, como Sky DownHuey, Macaco Bong. Quanto à parte estética, não nos influenciamos por nenhum desses caras especificamente, ficamos mais ao nosso gosto pessoal.

[Hits Perdidos] Quais as temáticas que o primeiro registro dialoga? E porque escolheram elas?

Guilherme Gale: “Apesar de termos Tropical no nome, qualquer pessoa que ouve nosso som sabe que ele não é exatamente tropical. A ideia casa justamente com a questão da temática, a gente busca uma ironia nesse sentido.

Quando você olha um duo brasileiro se chamando “The Tropical Riders”, a última coisa que vai imaginar é alguém tocando um som baseado em stoner rock e garage rock. E ao mesmo tempo, eu gosto de buscar uma veia pop como compositor, gosto de buscar sonoridades diferentes e tentar torná-las harmônicas dentro das minhas ideias. Essa foi uma temática auto imposta que funcionou e funciona muito bem, pois estamos bem adaptados e curtindo bastante essa ideia de tentar ‘tropicalizar’ um som mais cru.


Paulista
A banda fez vários pequenos shows antes de gravar seu EP para testar e moldar suas composições. – Foto: Divulgação

[Hits Perdidos] Como foi o processo de concepção do clipe para “Monophobia”? Qual ideia vocês e o diretor queriam transmitir?

Guilherme Gale: “Quando terminamos de gravar o EP começamos a pensar em qual música usaríamos no nosso primeiro clipe. Apesar de termos músicas mais pops, como “Pisco Dancer” ou “Karma is a Beach”, achamos que “Monophobia” passava exatamente o que nosso som era, cru, pesado, e ainda assim com uma ‘estranheza’ no ar, algo “pesado que flutua”.

Quando tivemos nossa primeira conversa com o pessoal da Pantera Filmes, eles captaram na hora essa ideia e começaram a construir o seu conceito em cima dela. Inicialmente o clipe teria uma história, mas achamos que no final, como a música é muito direta, o melhor seria fazermos algo direto também. “Monophobia” fala sobre o medo de ficar sozinho, de não encontrar ninguém como você e de como você pode se sujeitar a qualquer coisa pra que isso aconteça.

O clipe nos mostra como duas criaturas isoladas, mutantes, distantes e únicas. Acho que capta bastante a nossa essência e não poderíamos ter ficado mais felizes com o resultado.”

[Hits Perdidos] Vocês pretendem lançar um mini doc e também já preparar novas canções para os próximos meses. Sinto que conteúdo não vai faltar. Como lidam com isto dentro do planejamento de vocês? A ideia é sempre ter algo novo para mostrar?

Guilherme Gale: “O mini doc foi um registro de total imersão dentro do nosso ambiente de gravação. Nosso grande amigo, João Vitor Grassi, foi responsável por grande parte das imagens, enquanto outro camarada, Pedro Diaz, fez a produção.

Foi algo que fluiu naturalmente e captou de forma bem realista como somos dentro do estúdio, um momento de bastante intimidade nosso com nosso produtor nesse trabalho, o mestre Thiago Zanolli.

As músicas surgem de forma natural durante ensaios e encontros, é algo que não planejamos muito, tanto é que durante a gravação do EP fizemos mais 6 músicas novas que já planejamos tocar ao vivo mesmo antes de gravarmos tudo para um próximo trabalho.

A maior dificuldade do planejamento é ter tudo numa qualidade bacana para compartilhar, já que somos uma banda nova e não temos ainda tanto material registrado. Mas da nossa parte, todos podem ficar tranquilos, a gente nunca se aquieta e nunca se conforma, então sempre estaremos soltando coisas novas.”

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