[Premiere] Andro Baudelaire celebra a guitarrada paraense em clipe solar para “Supersonic”

 [Premiere] Andro Baudelaire celebra a guitarrada paraense em clipe solar para “Supersonic”

A imprevisibilidade da arte criada por um músico faz com que ele continue a produzir. O mesmo acontece com todos que de certa forma trabalham com música.

Pergunte para o Steve Albini se ele teria interesse em trabalhar em um disco nos mesmos moldes do In Utero em 2018. Provavelmente a resposta seria não. Ele mesmo já comentou por diversas vezes que nega diversos convites para masterizar discos que queiram soar como o Nirvana.

Claro que ele gosta do que produziu mas não quer assinar algo que já fez. Certamente Albini poderia topar trabalhos como este mas o desafio, sim, este ainda é o motor que encoraja com que um engenheiro de som como ele: continue motivado a exercer a profissão.

Não é a toa que para trabalhar neste disco do Nirvana ele foi atrás de referências no rap. Um aprendizado que fez com que sua biblioteca aumentasse e sua visão sobre a música também.


ANDRO B
Andro Baudelaire. – Foto Por: Lobo Criativo

Andro Baudelaire é conhecido por fazer parte da banda de powerpop The Baudelaires. Esta que por sua vez tem referências de artistas como Beatles, Beach Boys, Kinks, Big Star, Posies e Nirvana. Chegando até em algumas músicas a soar experimental e alternativo como o shoegaze noventista.

Por este motivo até cheguei a incluir uma canção do grupo paraense em uma mega playlist do gênero. A banda inclusive no ano passado lançou seu quarto disco, Looking for the Big Star. Sempre em inglês com guitarras sessentistas e cheias de overdrive dos anos 90. O que de fato me deu essa percepção.

Até que em certa madrugada Andro resolveu brincar com um riff de guitarra. Mal ele sabia que isso o levaria a seguir um novo caminho criativo dentro de sua carreira artística. Aqueles riffs viriam a se tornar a música “Minha Primeira Guitarrada”, música que no disco teve feat. de Marisa Brito que outro dia mesmo teve videoclipe lançado no Hits Perdidos.

Fato é que a partir desta composição ele se animou a adentrar o universo da Guitarrada. Gênero musical instrumental brasileiro surgido no estado do Pará, oriundo da fusão do choro com o carimbó, cúmbia, merengue, mambo, bolero o movimento iê-iê-iê, entre outros. Tendo como principais referências artistas como Mestre Vieira, Aldo Sena e Carlos Marajó.

Saiba mais sobre a Guitarrada no interessante e profundo TCC de Pio Lobato (Ouça seu trabalho no Spotify) que teve como tema “Guitarrada – Um Gênero do Pará” (UFPA – 2001). Fica aqui o agradecimento também ao mestre e grande agitador cultural Edvaldo Souza, responsável pelo Música Paraense (também conhecido como Blue) por compartilhar conosco este rico material.

“Olha, o que eu to fazendo é pegar a guitarrada e colocar refrões pop em cima. Pra tentar fazer minha onda mesmo. Eu acho que é isso que tá rolando mas também digo que nada tem final certo.

Quando começamos a fazer uma música pode virar qualquer coisa. Quanto mais divertido e perigoso, melhor. Costumo dizer que o medo é minha bússola. Quando faço uma música e fico meio “caraca, será que vão gostar desse troço tá mto diferente estranho do meu normal” ai é a certeza que tamo no caminho certo.

Espero que um dia a guitarrada seja reconhecida da forma que merece. Essa porra é tipo uma tropicália que não foi tão divulgada assim. Como Mestre Vieira começou a desenvolver ela porque só sintonizava frequências caribenhas lá por Barcarena é simplesmente genial.”, conta Andro em entrevista exclusiva para o Hits Perdidos

Fato é que em abril deste ano Andro Baudelaire lançou seu terceiro disco solo, Amarelo Guitarrada. Este que teve apoio do Banco da Amazonia e parceria de artistas como Carlinhos Carneiro da banda gaúcha Bidê ou Balde, Marisa BritoCamila Honda.

O registro reúne 10 canções bastante solares e por muitas vezes calientes. Fundindo guitarrada ao powerpop. Uma conexão Belém-Califórnia.

Premiere “Supersonic” (05/07/2018)

Nesta quinta-feira (05/07) fazemos a PREMIERE do videoclipe para “Supersonic”. Faixa que além de abrir o segundo álbum do artista, deixa clara a transição sonora e seu processo natural de desconstrução para chegar neste som no trecho.

O trecho “Por muito tempo, tentei ser Califórnia / Foi muito tempo, para eu entender que aqui é que sou feliz”, inclusive deixa isso bastante claro. Ele quebra suas amarras e se atira nesta balada acalentada repleta de ritmos latinos.

Se nos The Baudelaires ele tem influências dos californianos, do Beach Boys, em “Supersonic” ele vai beber direto da fonte de Mestre Vieira, que nos deixou em fevereiro deste ano.

Esse poder de transição também de certa forma é representado no videoclipe. Visto que em seu roteiro mostra a representação do músico ainda jovem e hoje em dia. Através de takes dele indo ao barbeiro para aparar o bigode e tocando guitarrada em um barquinho. Leve como as coisas simples da vida.

O registro conta com direção geral, produção e roteiro de Andro Baudelaire. Christian Oliveira é o responsável pela direção de cena, captação e  também pelo roteiro. A direção de arte foi realizada por Luciene Rapacci e Jamile Freitas e a edição, montagem e finalização ficaram sob a responsabilidade de Luciene Rapacci.



Entrevista

[Hits Perdidos] Antes de mais nada eu gostaria que contasse mais sobre este novo voo solo. Como tem sido tanto no aspecto de transição de sonoridade, de trazer algo mais “caliente” do Pará, como nesta aventura tão mais “solta” em relação a uma banda com outros caras.

Andro Baudelaire: “Começou com uma brincadeira, um riff que me veio numa madrugada de onde surgiu a música “Minha primeira guitarrada” onde brinco justamente com o fato de estar fazendo algo completamente diferente do que fazia antes.

Ia fazer inclusive um clipe de outra música, mas ai uma parada da produção deu errado e acabou que fizemos o da “Minha primeira guitarrada” mesmo. No final das contas foi a melhor coisa, tive uma resposta boa do público e eu fiquei viciado no estilo. Tanto é que depois vim a gravar um disco quase que completamente de guitarrada.”

[Hits Perdidos] O disco leva em seu nome a guitarrada, tão importante para a história do Pará. Queria que contasse mais sobre o que gosta do estilo, sua importância e como Amarelo guitarrada dialoga com tudo isso.

Andro Baudelaire: “Olha, o que eu to fazendo é pegar a guitarrada e colocar refrões pop em cima. Pra tentar fazer minha onda mesmo. Eu acho que é isso que tá rolando mas também digo que nada tem final certo.

Quando começamos a fazer uma música pode virar qualquer coisa. Quanto mais divertido e perigoso, melhor. Costumo dizer que o medo é minha bússola. Quando faço uma música e fico meio “caraca, será que vão gostar desse troço tá mto diferente estranho do meu normal” ai é a certeza que tamo no caminho certo.

Espero que um dia a guitarrada seja reconhecida da forma que merece. Essa porra é tipo uma tropicália que não foi tão divulgada assim. Como Mestre Vieira começou a desenvolver ela porque só sintonizava frequências caribenhas lá por Barcarena é simplesmente genial.”

[Hits Perdidos] O registro também conta com algumas participações e até teve incentivo para ser gravado. Conta mais sobre isso e como funcionou.

Andro Baudelaire: “Tive o prazer de ter participações maravilhosas no disco. Carlinhos Carneiro da Bidê ou Balde, da qual sou fã, cantou em uma faixa. Marisa Brito que é minha parceira de composição cantou em outra.

Ainda fiz uma parceria com a Camila Honda o que tá rendendo demais. Ficamos amigos ela toca nos shows comigo também. Tive a sorte de ser patrocinado pelo Banco da Amazonia. Outra coisa inédita. Inscrevi o projeto e passei. Nem acreditei.”

[Hits Perdidos] Como foi para você a transição de compor em português. Foi algo inédito? Acredita que desta forma vai conseguir atingir um novo público? Como tem sido a resposta?

Andro Baudelaire: “Foi e não foi. Tinha umas composições de quando era adolescente mas sempre dei mais atenção pro inglês nas bandas Vinyl Laranja e The Baudelaires. Acho que a gente tem que se reinventar o tempo todo mesmo. Fazer o que da mais medo se isso der prazer. Vamo se reinventando mesmo sem nunca ser descoberto.”


Andro
O clipe conta com várias dancinhas. – Foto Por: Christian Oliveira

[Hits Perdidos] O clipe tem um roteiro leve e divertido, gostaria que contasse mais sobre como foi o processo e sua produção.

Andro Baudelaire: “Fiz o clipe com meu amigo Christian Oliveira, filmamos com calma no curso de um mês em dias bem espaçados. Depois passei as imagens pra Lu Rappaci fazer a edição e finalização. Acabou que virou algo meio poético atemporal. Eu mais novo juntando num mais velho. Um junção onírica que vai fazer a barba e toca guitarrada num barco.”

[Hits Perdidos] Quais os planos para o futuro e que artistas recomendaria para os leitores do Hits Perdidos?

Andro Baudelaire: “Os planos são gravar mais videoclipes e discos. Soltar uma live agora em agosto da música “Você é louca”. Continuar fazendo festas aqui. (Sexta feira tem a primeira edição da “Guitarragem” pra comemorar o lançamento do clipe.

Vou indicar os artistas paraenses que mencionei e o que vai tocar comigo na sexta feira. Ouçam: Camila Honda, Marisa Brito e Jack Nilson. Vai pelo Spotify que tudo que aparecer de referencia daqui do Pará de Belém é bom pra caralho.”

Guitarragem

No sexta Andro Baudelaire e sua banda se apresentam na festa Guitarragem em Belém (PA) em noite que também contará com show de Jack Nilson. A abertura da casa será às 19 horas com ingressos a R$10, à partir das 21 horas o valor sobe para R$20.


GUITARRAGEM

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