[Premiere] O equilíbrio e a insegurança da vida a dois são retratados no novo clipe do WRY

 [Premiere] O equilíbrio e a insegurança da vida a dois são retratados no novo clipe do WRY

Não há nada mais inexplicável que o poder do amor. De como nos transforma, como nos fortalece, como nos faz seguir em frente independente das dificuldades e obstáculos que tenhamos que ultrapassar. Muitas vezes 1 + 1 = 2 e não conseguimos mais distinguir onde começa um e onde acaba o outro.

Começa de repente e quando (mal) percebemos estamos unidos. Um elo que vai além do pensar, agir e manifestar. Ele mora nos pequenos detalhes, nas pequenas curvas, nos pequenos acertos e erros. Não pede passagem apenas nos fortalece e faz com que o que era apenas o sonho de um acabe se tornando o sonho do outro.

Entorpecidos muitas vezes queremos conquistar o mundo e dizer a todos como viver tudo aquilo é maravilhoso. Claro que essa relação de paixão gera uma dependência e só do fato de pensar na possibilidade de não estar mais perto já cria toda uma agonia sem fim.

O videoclipe que iremos fazer a PREMIERE hoje fala tanto do equilíbrio de uma relação como também sobre o pesadelo de sonhar com a possibilidade de não estar mais junto.


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WRY de Sorocaba (SP) lança hoje o terceiro clipe de uma “tríade do sonho”. – Foto Por: Fabricio Vianna

O WRY tem uma vasta história e importância dentro do underground brasileiro. Tendo iniciado sua trajetória em 1994, a banda é uma das percursoras do shoegaze no Brasil tendo lançado seu álbum mais recente, Whales, Sharks and Dreams, em 2016.

Parte de sua história foi construída também na Inglaterra. A banda residiu em Londres onde teve a oportunidade de tocar ao lado de bandas como Joy Formidable, The Cribs, ASH, The Subways e Connan Mockasin. Tendo vindo esporadicamente para o Brasil, em 2009 retornaram ao país e no ano seguinte decidiram encerrar suas atividades.

Em 2014 para celebrar os 20 anos de banda eles fizeram uma turnê de reunião que acabou rendendo frutos. Tendo realizado shows históricos e participado de festivais como o cultuado Primavera Sound, de Barcelona (ES). Na edição de 2015 que também contou com fortes nomes no line up como The Black Keys, Alt-J, Ride, Caribou e Patti Smith. Eles em sua bagagem também acumulam uma turnê européia.

A banda atualmente conta em sua formação com Mario Bross (vocal, guitarra e sintetizador), Luciano Marcelo (backing vocal e guitarra), William Leonotti (backing vocal e baixo) e Ítalo Ribeiro (backing vocal, bateria e samplers) e tem planos de em breve entrar em seu novíssimo estúdio para gravar seu próximo disco.

Trilogia da Cama

Enquanto isso eles prepararam três canções que ganharam uma série de três vídeos autointitulada como Trilogia da Cama”. Assim como boa parte da discografia da banda, o sonho ainda é um dos motes. No ano passado foram disponibilizados os vídeos para “She’s Falling” e “Life’s Like a Dream, ambos tendo boa repercussão no Spotify. Os singles também marcaram a estreia da parceria da banda com o selo carioca Deck.

Premiere “Under Your Skin”

Nesta sexta-feira (29) temos a honra de fazer a PREMIERE do single – e videoclipe – de “Under Your Skin”. A faixa é a terceira da “Trilogia da Cama” e tem todo um apelo sentimental. Feito “unha e carne” fala sobre o amor, parceria, confiança e até mesmo do medo de acordar e não ter mais ao lado sua amada.

O clipe dirigido, roteirizado e produzido por João Antunes e Fabiana Santa da Beat Arte e Filmes, mostra Mario e sua esposa, Simone Nolé, vivendo dentro de um sonho. Cada um em um ambiente. Bross parece estar dentro de uma sala de um museu, parte do tempo deitado em uma cama “sonhando”. Já Simone está em outra sala e com fones de ouvido – e de certa forma incomunicável. Mesmo que distantes, o videoclipe da a ideia de que eles estão conectados mesmo a distância.

A imersão no plano dos sonhos também se dá na cena em que a banda está tocando em um local escuro e com luzes azuladas piscando. Deixando claro o medo e introspecção de todo sentimento envolvido. O medo de se distanciar. De forma leve e sublime o vídeo se encerra com Mario desabando em um sono profundo.

Já a faixa foi produzida por João Antunes e Mario Bross, gravada por João Antunes, Lu Marcello e Mario Bross e mixada e masterizada por João Antunes.

“”Under Your Skin”, é como se fosse uma canção de amor, e a garota que está no clipe é minha mulher, estamos juntos há 22 anos; a Simone é a garota dos meus sonhos, aquela que eu inventava até superstição pra conseguir conquistar, sabe. Mesmo sem tanto detalhe você consegue entender, né?”, relata Mario Bross, vocalista do WRY



O curta dialoga com a letra que mostra o equilíbrio e a insegurança da vida a dois. O clipe teve a maior parte das locações gravadas no MACS – Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba.


Ouça a faixa no Spotify



Entrevista

[Hits Perdidos] Vocês ficaram envolvidos na construção de um estúdio próprio nos últimos meses. Gostaria que contassem mais sobre isso, era um sonho antigo? O que acha que vão ganhar com este investimento?

Mario Bross: “Na verdade, ao longo do anos sempre tivemos nosso próprio estúdio, no primeiro disco já montamos um de ensaio aqui em Sorocaba, depois em Londres tivemos um que construímos na garagem da nossa casa e de lá saiu o EP Whales and Sharks, que tem Sister, (e o ConnanMockasin já ensaiou lá!); e depois alugamos um estúdio pronto, que era só nosso (The Joy Formidable já ensaiou lá também, pois a gente alugava para uma banda ou outra), foi nesse que gravamos She Science, que tem “Dois Corações e o Sol”, e o EP Deeper in a Dream além de outros dois singles.

O estúdio que estamos fazendo agora é mais profissional, vamos usá-lo de forma mais ativa com outros artistas também e usar pra fazer sessions e outras coisas. É um sonho antigo de querer ter um grande, que pudesse nos dar mais possibilidades.

Nesse estúdio além de produções, teremos salas para outras atividades relacionadas a produção musical ou artística. Acho que vamos ganhar um monte de banda legal com nossa produção, e quem sabe até um selo!”

[Hits Perdidos] As três músicas que até agora foram lançadas neste período de 6 meses não estarão no registro, correto? Gostaria de saber da relação delas entre si, tanto nas letras como nos videoclipes.

Mario Bross: “Não estarão mesmo. Pro disco novo, já temos 10 canções pré-produzidas, que não vemos a hora de começar a gravar em definitivo!

Sobre os três singles, o que eu posso dizer é que tem cama nos três videos; tem sempre algo a ver com sonho, ou dormir, ou insônia. Em “She’s falling”, estou sonhando com a volta ao Brasil (essa música foi escrita ainda em Londres), na “Life is like a Dream”, tá na título, e em “Under Your Skin”, é como se fosse uma canção de amor, e a garota que está no clipe é minha mulher, estamos juntos há 22 anos; a Simone é a garota dos meus sonhos, aquela que eu inventava até superstição pra conseguir conquistar, sabe. Mesmo sem tanto detalhe você consegue entender, né? Mas já prometo que o novo álbum será o primeiro do WRY sem a palavra sonho, sem cama, sem dormir e sem insônia. (risos)”


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O novo single é uma canção de amor. – Foto Por: João Antunes

[Hits Perdidos] O WRY já tem uma estrada significativa e de respeito dentro do universo shoegazer brasileiro. Nos últimos lançamentos vocês vem até mesclando isto com outros estilos. Queria que comentassem sobre a evolução sonora da banda e como enxergam a atual cena de shoegaze do país.

Mario Bross: “Olha na verdade eu considero 100% shoegaze o ep Whales and Sharks, EP Deeper in a Dream e o álbum She Science. Tudo que lançamos sempre tem um pouco de britpop, de dreampop.

Se pegar pra ouvir os três primeiros, vai perceber isso, a gente sempre mesclou os subgêneros do rock alternativo nas nossas músicas. O cenário shoegazer do Brasil tem bandas que curto bastante, até fiz uma playlist que tem algumas delas. Meus destaques vão para Justine Never Knew The Rules e Oxy.”

[Hits Perdidos] A letra de “Under Your Skin” mostra o equilíbrio e a insegurança da vida a dois. Queria que contassem mais sobre a escolha da temática e como ela dialoga com nossos tempos.

Mario Bross: “Essa música foi feita em pouco mais de 3 horas, o Luciano veio com uma harmonia e uma melodia, e a gente construiu a partir dai. Peguei a ideia dele, dei uma direção, e no estúdio, juntos, fizemos o restante. Todos contribuíram, e a bateria veio no dia que gravamos.

Algumas palavras já tinham, mas me apropriei da ideia, e conectei a letra na minha relação. “Under your Skin” é como se fosse “unha e carne”, e é o que sou com minha esposa. Estamos entrelaçados, principalmente hoje em dia.

A insegurança aparece no refrão quando digo “when i open my eyes, will you be there?”, não imagino a vida sem ela. Lógico que pra mim cada frase ali significa muitas outras coisas, mas para cada um que ouvir, e curtir, pode se identificar a seu modo. Esse tipo de letra dialoga com qualquer tempo, né? É atemporal, no nível pessoal.”

[Hits Perdidos] Comentem sobre como ter vivido em Londres e tocado com todas estas importantes bandas do cenário indie agregou para vocês. Além disso, no processo de pesquisa quais discos tem chamado mais a atenção de vocês?

Mario Bross: “Ter vivido em Londres foi um sonho (risos) realizado. Já não bastasse isso, a gente acabou se envolvendo com bandas como The Subways e The Joy Formidable; e conhecido ídolos como o My Bloody Valentine. (Você sabia que o MBV foi num show do WRY, e o Kevin Shields se inspirou em uma música nossa? Estórias pra #TBT’s da vida).

Olha, viver numa cidade como Londres intensamente como vivemos fez da gente muito mais profissionais, em vários sentidos, não só na banda. É um cidade-alvo, todo mundo está lá e as vagas para qualquer coisa são mega disputadas. Dá pra imaginar a briga né?!

Ultimamente a gente tem ouvido bastante JOAN, Alvvays, Toro y Moi, DIIV, Real Estate, BORNS, The War on Drugs, Lorde, Small Black, The Horrors, Temples, Unknown Mortal Orchestra, Courtney Barnett, Beach House, Porches, Wild Nothing, POND, RIDE, entre outras coisas.”

[Hits Perdidos] Em relação ao modo de consumo da música, como observaram a transição da venda de CDS para o streaming? Tem valido a pena investir no formato digital como divulgação no quesito retorno financeiro? Vocês no Spotify inclusive tem alcançado bons números, o que pensam sobre tudo isso?

Mario Bross: “Retorno financeiro para banda de rock alternativo que canta em inglês no Brasil não existe, se alguém te falar o contrário, eu acho que está mentindo. Brasil é o pais do sertanejo e do axé, rock aqui é marginal.

Inclusive artistas conhecidos de rock, voltaram pro underground. A gente vende bastante CD, camiseta e vinil em shows, é legal, mas não é nada, se comparar com outras estilos populares. Sobre digital, eu recebo todo mês uns trocados pelas músicas que tocam em streaming, acho massa receber, apesar de não muito. pelo menos funciona um pouco o lance de direitos autorais. Dos singles novos, que teve bastante repercussão, principalmente “Life is like a Dream”, ainda não recebi os extratos, mas acho que vai ser legal também.”


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[Hits Perdidos] Depois de tanto tempo na estrada e fomentando a cena independente, qual acredita que seja o maior legado do WRY e de vocês para as próximas gerações e o que mais os motiva a seguir em frente?

Mario Bross: “Que a gente não espera as coisas acontecerem, a gente vai atrás, foi assim com WRY, foi assim com Londres, com o bar Asteroid, a volta do Circadélica e vai ser assim com as outras coisas que ainda vamos fazer.

O que nos faz seguir em frente é a música em si, sem sombras de dúvidas. O fato de poder fazer um pequeno pedaço de arte que é a track gravada, isso para mim é algo extraordinário. Para você ter uma ideia, nos últimos dois anos, entramos em escola, aprender música, no sentido profissional mesmo, de ler partitura, ter noção de tudo o que a gente pudesse, e isso abriu nossa cabeça. Esse single novo é um fruto disso.”

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