Aquele eterno sentimento jovem de caos, destruição, descontentamento e angústia (ainda) vive por trás de acordes sujos e berros ensurdecedores das bandas que revivem o espírito do grunge dos anos 90. O niilismo e a descrença por melhoras ainda é o combustível para tamanho barulho e distorções.

Quase 30 anos depois o espírito imortalizado no documentário 1991: The Year Punk Broke ainda tem uma legião de fiéis apreciadores que continua reverenciando caras como Bob Mould, Thurston Moore, Lou Barlow, Kurt Cobain, Chris Cornell e tantos outros heróis do rock alternativo.


A banda porto alegrense lança hoje seu primeiro videoclipe. – Foto: Divulgação

O som da novata banda gaúcha Filosofia Sônica vai por este caminho. Tendo lançado seu primeiro EP em meados de 2016 eles hoje fazem a Premiere do seu primeiro videoclipe no Hits Perdidos.

Em seu som eles dizem flertar com o grunge e o noise rock e isso é bem perceptível. Não é aquele som limpinho que clama por palmas e elogios da crítica, e sim um som barulhento, distorcido e com muito intensidade. Feito seus heróis: eles sabem bem com quem querem dialogar.

Para fechar o ciclo do primeiro EP, Filosofia Sônica, eles estão disponibilizando hoje o videoclipe para “Marca de Expressão”. Este que foi produzido por The Southern Crown e teve direção e montagem de Marcelo Acosta. Já o EP dos porto alegrenses foi produzido por Sandro Silveira.

Segundo a banda o clipe que conta com uma performance ao vivo raw e psicodélica, foi influenciado pelos trabalhos de Samuel Bayer, Jonas Mekas, Anton Corbijn e William Kentridge.



O caos, o desespero e a confusão mental da letra vão de encontro com o clipe simples e psicodélico que convergem com a linguagem da proposta musical do conjunto.

Alguns pensam que para um clipe ser efetivo é necessário um caminhão de dinheiro, mas muitas vezes ideias simples dialogam muito mais com o público que querem conversar. No grunge não ia ser diferente. Fãs de Nirvana e Mudhoney com certeza irão fazer um passeio no tempo e lembrar da velha e fúnebre Seattle após assistir ao vídeo.

Entrevista

[Hits Perdidos] Queria que comentassem sobre a percepção de vocês sobre o cenário local e tudo que vem colhendo com o lançamento do segundo EP.

Filosofia Sônica: “Tocamos mais fora da nossa cidade do que nela mesmo, em lugares vizinhos e cidades da região metropolitana de Porto Alegre e isso tem sido muito massa, toda a recepção desse pessoal e a parceria com bandas dessa região tem nos levado a muitos lugares diferentes. Somos uma banda relativamente nova e fomos acolhidos por vários outras mais antigas na cena local, e isso nos mostrou que a cena aqui é isso, quem chega pra somar se sente em casa, (risos).”

[Hits Perdidos] Inclusive o videoclipe vem para fechar esse ciclo. Gostaria que contassem mais sobre sua produção e das influências de Samuel Bayer, Jonas Mekas, Anton Corbijn e William Kentridge em seu processo de concepção. Como foram as gravações e inspirações?

Filosofia Sônica: “Exato. O clipe é pra encerrar o ciclo de aprendizado que foi esse EP. Desde o processo de pré-produção, que passamos com o Sandro Silveira nos agregando demais como banda, até agora se despedindo dele com esse video. O Marcelo captou bem toda essência que passamos pra ele e transformou nessa atmosfera muito louca, com referências dos clipes de Samuel Bayer e Anton Corbijn onde não necessariamente um clipe deve ter uma história (mas um roteiro simples), optamos por esse estilo também por ser o primeiro e queríamos apresentar a banda, digamos assim.

Ele trouxe outras influências de outros lados, como Jonas Mekas e William Kentridge, com uma pegada mais experimental e psicodélica, e achamos que isso tinha tudo a ver com o que queríamos.”


Eles tem planos de lançar em breve um novo EP. – Foto: Reprodução Youtube

[Hits Perdidos] Vocês também estão para lançar um novo material, quais mudanças já estão vendo que estão acontecendo que diferenciam do primeiro registro? E a pergunta que não quer calar: o que esperar do próximo EP?

Filosofia Sônica: “Acredito que esse EP soe um pouco mais cru e visceral. embora venha depois do segundo ele conta com sons mais antigos, onde esperamos eles amadurecerem um pouco mais, e agora com 2 guitarras, acreditamos ser a hora certa de gravar. Estamos gravando com Bolha (Mondo Calado) no Estudio Navarro, e ele saca bem essa vibe noventa noise e barulhenta que fazemos.”

[Hits Perdidos] Queria que contassem sobre a importância para vocês do rock produzido nos anos 90, já que flertam com grunge e shoegaze, acham que o momento que o rock está vivendo hoje em dia é similar a aquele começo de década? Quando digo isso, é dele estar mais afastado da mídia mas prestes a voltar para os holofotes? Ou apenas acham tudo isso uma grande bobagem?

Filosofia Sônica: “No nosso som está bem exposto que talvez não soaríamos dessa forma se não tivéssemos escutado Dinosaur Jr, Mudhoney, Sonic Youth, L7 entre outras pérolas dessa época. Acho que não tem nada a ver os dois momentos, naquela época existia espaço pra alguma sinceridade no mainstream, e hoje já vemos o caminho contrário, ou seja, as pessoas que buscam arte genuína são cada vez mais acolhidas pelo o underground.”

Playlist no Spotify



Confira também uma playlist montada pelo Hits Perdidos contando com mais de 150 bandas do rock alternativo brasileiro.

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This post was published on 27 de maio de 2018 7:00 pm

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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