As vezes me pego folheando o livro Magnéticos 90 escrito pelo Gabriel Thomaz (Autoramas) e pesquiso para saber o que aconteceu com cada um daqueles personagens descritos no livro. Afinal de contas a geração de rock dos anos 90 que trocava fitinhas K7 deixou um legado imensurável para o cenário independente.
Se nos 80 ainda o rock era pop, nos 90 ele voltou para sua realidade no país do carnaval, o subsolo. Criatividade, cara de pau, selos independentes, festivais indies, rede social (através de cartas)…. tudo isso se moldou neste período.
No livro do Yuri Hermuche, RCKRLL (2015), podemos ver a história se centralizar em São Paulo com grupos como Forgotten Boys, Biônica, Pin Ups e Thee Butchers’ Orchestra. Com ótimas histórias reunidas, no formato Please Kill Me tupiniquim, acredito que conversa bastante com o livro do Gabriel se abrirmos para o aspecto do D.I.Y. e momento histórico.
Um outro documentário muito bacana mostrando outra perspectiva daqueles mesmos anos é o Califórnia Brasileira que retrata o cenário hardcore de Santos entre 1991 e 1999. Dirigido por Wladmyr Cruz (Zonapunk), ele retrata bem o aspecto de como o cenário se alimentava muito além da grande mídia.
Outro registro importante para o rock nacional desta época foi o Cheguei Bem A Tempo de Ver o Palco Desabar (2013) escrito pelo jornalista Ricardo Alexandre que conta a história através de 50 causos do rock, cita o lendário festival Junta Tribo e mostra como o rock independente conseguiu arranjar seu espaço a duras penas.
Tantas voltas para dizer: se tem um cara que conseguiu transitar por várias bandas e se mantém ativo é Melvin Ribeiro. Ele que já passa dos 20 anos de trajetória e tem no currículo a participação nas bandas e projetos: Carbona, Los Hermanos, Autoramas, Wander Wildner, Hill Valleys, Driving Music, Lafayette e os Tremendões, Leela, Mustang, Barneys, Wacky Kids, Vital e os Bacharéis, Acabou La Tequila além de muitas outras.
Apesar de sereno e super tranquilo em relação a tudo isso, ele tem muitas histórias para contar. Desde sua passagem pelo Autoramas ele viu sua lista de shows da vida (sim, ele anota) chegar no 900 e se aproximar dos 1000. Um sonho antigo que tinha e que nasceu nos tempos de colégio onde fez seu primeiro e despretensioso primeiro show.
Em Outubro de 2016, o dia tão esperado chegou – e com gostinho especial. Até então, o músico que além de baixo, toca guitarra, não tinha feito parte de uma banda em que era de fato o frontman e com os mil chegando tão perto ele resolveu virar esse jogo. Feito Edmundo, Romário e Rivaldo ele bateu no peito e falou: deixa comigo.
Foi mais ou menos assim que nascia o Melvin & os Inoxidáveis, este que teve o prazer de escolher seu próprio dream team de amigos músicos para trabalhar junto. Mais do que isso, ele ainda teve a oportunidade de escolher grandes amigos para escrever as canções.
A banda conta em sua linha de frente com Rodrigo Barba (Los Hermanos) na bateria, gugabruno (Lasciva Lula) na guitarra e Marcelão de Sá no baixo, além dos teclados de Fabrizio Iorio na gravação.
No fim de fevereiro após um ano de estrada, o primeiro registro chegou ao mundo. Como disse até nas composições os amigos foram parte fundamental. “Mil Vezes Mais” foi escrita por gugabruno, é sobre o milésimo show e acabou ganhando clipe.
Já as outras foram feitas por amigos que contribuíram tocando ou escrevendo mas sem serem membros fixos da banda. Como é o caso do Homobono que cedeu duas composições: “Coração Zumbi” e a “Eu Cuido de Tudo”, Do Amor (Marcelo Callado e Gustavo Benjão compareceram com a titânica “Obrigado, Ringo”), além do cover da banda argentina El Mató a Un Polícia Motorizado (“Más o Menos Bien”).
Toda esta contextualização para contarmos que o EP não está sendo lançado sozinho – e por obra do destino. Em Maio chegará às lojas seu primeiro livro.
Até por isso a capa do disco tem uma boa história por trás.
“Eu estou fazendo o livro sobre os mil shows e resolvi ilustrar alguns capítulos. Originalmente, queria que a capa do disco fosse uma foto, mas bati uma bola com o pessoal que queria envolver nessa história e não chegamos a nada satisfatório.
Primeiro lançamento é muito complicado, acho que tem simbolismo demais. Daí, ao mandar as mp3 das mixagens para a banda, incluí como capa um desenho sobre o milésimo show, que tinha feito a partir de um still de um vídeo que tinha acabado de receber. A banda foi curtindo, e daí entreguei pro Rogerio Boechat (da Luva, e baterista do Hill Valleys) e pedi pra ele transformar o desenho em uma capa de verdade.
Curtimos muito o resultado, e ele ainda criou um logotipo que pra mim é o definitivo, de cara. Estou feliz que o disco tenha saído virtual com uma capa minha – quanto ao físico, não sei se vai ser ela também. Pode ser alguma outra ideia, ou pode ser que só saia em físico quanto tivemos outros EPs, como o OFF! fez.
Em clima de celebração o EP abre com “Mil Vezes Mais” que acredito que seria a única música possível para abrir este registro. Tamanha a ligação sentimental de Melvin com a marca dos mil gols (digo, shows).
A emoção com certeza é a mesma e todas essas presepadas, entre boas noites e furadas são lembradas na composição assinada por gugabruno. A casa de show Casa Matriz (Rio de Janeiro) é eternizada na faixa mas acredito que tantas outras – como o Hangar 110 – também tem um lugar especial no coração de Melvin.
A faixa é um powerpop chicletudo na mesma linha do Driving Music, projeto que ele também integra, e logo de cara já te convida para dançar. Assim como os agitos dessas andanças pelo país, sua energia é pulsante.
“Coração Zumbi” composta por Homobono já carrega sintetizadores à la technobrega em sua introdução feito um rock um tanto quanto clashiano que desemboca em um dancehall / dub que Buju Banton não reclamaria. Aquela conexão caliente entre Kingston e Pará com sotaque carioca.
A música fala sobre as algemas invisíveis do dia-a-dia, da rotina do trabalho e das vezes que queremos jogar tudo para o alto. O famoso Nervous Breakdown que o Black Flag tanto berra em suas músicas.
Só que ao invés de ser uma canção com um tom raivoso, a solução é quebrar isso de maneira leve e descontraída. Recurso esse que as bandas de ska punk americanas usam com certa frequência de maneira perspicaz.
Com um teclado intergaláctico a terceira faixa, “Eu Cuido de Tudo”, carrega mistério para falar de amor. De peito aberto a canção poderia fácil nos anos 90 ter sido tema de algum casal de Malhação. Leve feito um copo d’água com açúcar, ela soa como uma carta escrita a mão para conquistar “sua menina”.
O rock latino é muito negligenciado – ou tratado com desdém – por boa parte dos brasileiros e pela grande mídia em geral. Uma pena pois muitos hits acabam perdidos por aí.
Poderíamos por exemplo estar ouvindo nas rádios convencionais mais bandas argentinas, uruguaias, chilenas, peruanas, colombianas e gerando conexões e parcerias com os países hermanos. O mesmo vale para Portugal e países de língua portuguesa.
A falta de boas canções não é desculpa, por exemplo os Vespas Mandarinas foram buscar uma faixa dos uruguaios do El Cuarteto de Nos, já os Inoxidáveis foram atrás de regravar uma versão para “Más o Menos Bien” dos argentinos do Él Mató a un Policía Motorizado de La Plata.
Os cariocas deram uma nova cara para a canção que acertadamente acelerou um pouco, sua introdução é encurtada. Eles mantiveram ela em espanhol mas deram um clima mais próximo do pop/rock brasileiro dos anos 80. No fim sobra até espaço para uma singela homenagem ao Velvet Underground com citações a “I’m Waiting For The Man”
Marcelo Callado e Gustavo Benjão, Do Amor, são os compositores da Ode aos excluídos, “Obrigado, Ringo”. Ringo Starr apesar de ter sido condecorado recentemente pela coroa britânica como Sir, nunca foi unanimidade ou até mesmo colocado nos holofotes como um beatle importante.
Se os Beatles usavam o nome Ramone para se registrar em hotéis sem causar alarde a coincidência desse som ser bubblegum pode se dizer que soa quase como uma bela homenagem. 1:30 e nada mais! é tudo que eles precisam para saudar os excluídos, seja das panelinhas, das picuinhas ou perseguições (sem motivo).
O primeiro EP do Melvin & os Inoxidáveis cumpre bem o seu papel de entreter e em tempos de guerra (a céu aberto) nas redes sociais: soa como uma pausa para o café. Como o próprio Melvin diz, o registro não tem preocupação de fechar um conceito e percorrer por ele. Ele é feito de recortes, de ousadia em misturar temáticas e estilos musicais, deixando tudo bastante aberto.
O que contribui para que os músicos se sintam livres para criar melodias que os agradam. Entenderia completamente se cada música ganhar um videoclipe pois acredito que o que ligue elas mesmo é o apelo pop açucarado. Sendo assim, receitamos uma dose do disquinho para acalmar os ânimos depois de um longo – e exaustivo – dia de trabalho.
Para entender mais sobre a nova empreitada como frontman e saber mais detalhes sobre o EP e livro que está a caminho, conversei com o Melvin Ribeiro.
Vale a pena conferir o papo pois é cheio de curiosidades e alguns SPOILERS sobre o livro que será lançado em Maio.
[Hits Perdidos] Queria antes de mais nada saber como foi essa coincidência astral de debutar com a banda logo no seu show número 1000? Você descobriu como da façanha? Anota real / oficial todos os shows? Coleciona os flyers? Qual foi o seu primeiro show e quais os mais marcantes até aqui?
Melvin Ribeiro: “Está mais para ultimato que coincidência (risos).
Tinha algum tempo que eu via o milésimo show se aproximar (e aos 900 o Autoramas surgiu na minha vida e acelerou o processo). Queria fazer algo diferente, especial, e até algo que me complicasse… porque quando os jogadores estão chegando perto do milésimo, eles começam a travar um pouco, como foi com o Romario.
Em show não dá pra travar, ele vai acontecer. Daí resolvi colocar em prática uma promessa antiga de finalmente cantar e liderar uma banda. Não teria desafio maior. E tem sido ótimo, porque deu uma renovada na minha vida como músico, é muito instigante.
Eu anoto real/oficial! Nas minhas primeiras bandas, eu anotava no caderno, fazia posters imaginários de tour com todas as datas da gente num ano. Aí comecei o Carbona e a banda entrou num ritmo de 50 shows ao ano, as datas foram se acumulando… vi que podia ir longe, que algum dia poderia chegar no show mil. A lista ficou mais fácil de manter com google agenda, porque por mais que esquecesse da lista por um ano os shows ficavam registrados. Volta e meia atualizava.
O primeiro show não poderia ser outro: o sarau do meu colégio. Sendo destratado como só uma banda da oitava série poderia (risos).
Guardei muita coisa e recentemente scaneei e me livrei de muitos papéis. Minha pasta de flyers para o livro tem mais de 300 arquivos – juntei um terço da história toda, nada mal!
Agora, escrevendo o livro, repassando as memórias, vi que foram muitos e muitos shows marcantes. O Carbona num Porão do Rock mega-lotado, Hill Valleys no CBGB, fazer um show no Los Hermanos na época do Bloco do Eu Sozinho, Autoramas no Rock in Rio, encerrar a temporada do musical “Hedwig” com o John Cameron Mitchell em pessoa cantando com a gente, abrir o show do Weezer estreando no Acabou La Tequila, Lafayette e os Tremendões tocando com Erasmo Carlos, toda e qualquer vez que eu toquei no Hangar 110… muitas emoções, como diria Roberto Carlos!
[Hits Perdidos] Como surgiu esse nome projeto? Você disse que escolheu os membros a dedo, quais os critérios e passagens que o motivaram a dizer “esses são os caras”?
Melvin Ribeiro: “Essa banda é o meu dream team pessoal, eles foram os primeiros caras que pensei para uma banda ideal, e tive a sorte que todos toparam. O Barba não é só o baterista mais incrível e seguro que conheço, ele é também parceiro em muitos projetos (tocamos com Acabou La Tequila, Wander Wildner, Vital e os Bacharéis, e no lance “solo” dele tocando os discos do Hermanos na íntegra). Ele foi o primeiro a ouvir a ideia e sempre pilhou muito – foi quem inclusive atentou pro fato de estarmos prontos pra gravar.
O Marcelão foi meu professor de baixo e tocamos juntos na minha primeira banda. Ele é um guitarrista que passou a tocar baixo também, o que parece um desperdício para a maioria das pessoas, mas ele tem um jeito tão único de tocar baixo que precisava muito que ele viesse ocupar essa posição na banda. Pô, baixo comigo é coisa muito séria, né?
E o gugabruno eu acompanhei na carreira solo dele, e era muito fã do Lasciva Lula, um clássico do Rio de Janeiro que acabou tem uns dez anos. Ele é um guitarrista muito bom e muito discreto ao mesmo tempo, algo que nem todo mundo entende. É elegante pra caramba, sou mega fã do guga. Achei que misturando esses três eu chegaria num novo som, e é o que tem acontecido. Tá rolando uma química muito maneira, e estamos chegando num som bem nosso.
E não dá pra deixar de falar do Fabrizio! O Fabrizio Iorio é um monstro dos teclados, monstro mesmo! Tocamos junto no Hedwig e hoje em dia ele toca com o Baia, tem uma vida mega-atarefada, e não está no dia-a-dia dos Inoxidáveis. Mas fez o milésimo show, gravou em quase todas as músicas do disco e a ideia é tê-lo sempre por perto.”
[Hits Perdidos] Com passagens por bandas icônicas como Carbona, Autoramas, Los Hermanos, Wander Wildner e muitas muitas outras, o que motiva com que você não pense em parar de tocar?
Melvin Ribeiro: “O grande barato que descobri na vida foi tocar. Não me vejo sem fazer isso, nem ninguém à minha volta me vê de outro jeito. Seja defendendo uma banda que faço parte, seja quebrando o galho em outras… Isso sempre me fascinou e o fascínio não diminuiu nem um pouco ainda.
Dito isso, a história de cantar e ter uma banda (o nome Inoxidáveis veio na hora do show), trouxe uma renovada do tamanho que eu imaginei quando embarquei nessa. Além de ter a minha marca de um jeito mais forte, todos os desafios têm sido muito animadores: aprender a colocar a voz ao vivo, estar mais ainda no front, pensar em composições… tudo isso estendeu minha motivação por uns 100 anos!
Agora o disco saiu nas plataformas virtuais, eu fico acompanhando diariamente as estatísticas, divulgando… tudo é um prazer imenso! Ver o projeto nascer, acompanhar as reações, comemorar cada mini-vitória. E é algo que eu sei que posso levar pra sempre, mesmo que alguém se canse no meio da caminhada (esperamos que não!).”
[Hits Perdidos] Além do Guga, no EP temos composições do Homobono e Do Amor, além de participação de alguns deles nas faixas. Contem mais como rolou isso e o que queriam passar com elas?
Melvin Ribeiro: “Eu encarei cantar e tocar guitarra, ser frontman de uma banda, mas segui devagar no lado da composição, que é uma tradição que já trago do Carbona (só compus “Cosmicômica” em todos os anos de banda, e as outras três ou quatro parcerias com o Henrique foram ideias dele que eu ajudei a finalizar, fosse com pontes ou passagens instrumentais).
Precisava de um repertório para começar os Inoxidáveis, e da mesma forma que escolhi os músicos pra banda eu elegi meus compositores favoritos. Alguns ainda hão de comparecer nos próximos lançamentos (Renatinho Canastra, Henrique Carbona, Pinduca Prot(o), Kassin, Kaly), mas todos os outros já compareceram com composições a tempo da estreia.
Ao Guga encomendei uma música junto com o convite para a banda, e ele fez uma música tema para a ocasião, e o momento que recebi o e-mail dele com a música considero o marco zero da história toda, foi quando percebi que estava acontecendo e não tinha mais volta.
Do Homobono eu sou fã desde os anos 90, e fomos nos aproximando, já que eu estava em todos os shows. Ele segue na ativa, com um EP solo maravilhoso, e resolvi tentar a sorte. Ele me abriu a gaveta com as composições e tinham essas duas pérolas, “Coração Zumbi” e “Eu Cuido de Tudo”, em versões demo com o arranjo finalizado já. Era inacreditável! Ainda perguntei se podia pegar as duas ao invés de só uma, e ele foi muito generoso.
“Obrigado, Ringo” veio do Marcelo Callado e do Benjão, que são Do Amor e são companheiros de mil e uma histórias também – o Marcelinho desde o início do Tremendões, lá em 2003. Eu fiz uma lista secreta meio maluca de tipos de música que eu queria ter na banda, e uma era “punk rock à la Titãs” que é mais ou menos como enxergo a música. Caiu como uma luva!”
[Hits Perdidos] O registro ainda conta com um cover do El Mató a Un Polícia Motorizado (“Más o Menos Bien”). E dá para sentir ao longo do EP essa conexão com o rock latino, vocês acompanham a cena latina de rock? Porque acham que a conexão entre produtores e até mesmo entre as bandas por aqui ainda é tão tímida?
Melvin Ribeiro: “Eu acompanho desde que tinha uma banda de metal e excursionamos pela Argentina, com o Fun People abrindo em Buenos Aires, séculos antes do Nekro inventar o Boom Boom Kid.
A cena de lá me fascinou e passei a deixar o radar ligado. Eu adorava uma banda chamada Todos Tus Muertos, bem calcada em Mano Negra.
Com o Autoramas em a gente tocou numa escalação latino-americana inacreditável em Guadalajara, no México. Foi um grande reencontro, porque volta e meia fico sem atualizações.
As coisas evoluíram um pouquinho, mas sinto um certo desprezo do brasileiro em relação aos países vizinhos e também a Portugal – e todos esses lugares conhecem e admiram a música daqui com uma intensidade e conhecimento que dão um pouco de vergonha pela nossa ignorância.
Mas hoje em dia tem o Mapa Del Todos, especializado, assim como o El Mató eu assisti no Se Rasgum, que tem de tudo, e aos poucos esse bloqueio vai sendo superado. É uma pena, porque estamos deixando passar muita coisa. Se a minha gravação do El Mató servir para apresentar a banda a uma meia dúzia, já vai ter valido à pena.”
[Hits Perdidos] Em maio ainda vai sair seu primeiro livro, do que se trata? Quais tem sido as maiores dificuldades nesse processo em um território totalmente novo para você?
Melvin Ribeiro: “Eu passei anos prometendo outra estreia em livro, um romance musical, e a partir do momento que saiu no jornal foi ainda mais frustrante não conseguir terminar a história.
Então o processo de escrever esse livro sobre os mil shows foi muito mais suave. Porque ele não é pra ser uma biografia, muito menos uma biografia chata, de tiração de onda. Tem shows incríveis que fiz e que não tem muito a dizer a não ser “foi incrível”, e daí nem entra.
O livro é para contar de forma definitiva todas as histórias engraçadas e/ou surpreendentes que vivi e repeti diversas vezes. Sabe aquele clima de “pô, conta aquela do…?”? É meio isso.”
É o meu greatest hits de causos da estrada, junto com diários das tours (várias do Carbona, Autoramas, Dementia) e alguns capítulos dedicados a lugares que me marcaram (Hangar 110, Empório, CBGB).
Escrevi boa parte do livro no mês que seguiu a minha demissão, em longas jornadas, googlando informações extras sobre a época, re-ouvindo as bandas, e também usando um índice que fiz com os tais greatest hits. De lá para cá já foram mais 50 shows, muito mais histórias doidas, mas não vai entrar: esse agora é sobre os mil shows.
Ele está em fase de diagramação e tenho mostrado para algumas pessoas em volta – até agora, todos curtiram muito. Estou confiante.”
[Hits Perdidos] Vocês tem uma canção para o Ringo, talvez o Beatle mais “deixado de lado” pelos fãs. Queria que contassem mais sobre a faixa e sobre como receberam a notícia que agora ele é SIR pela coroa inglesa.
Melvin Ribeiro: “Essa letra é ótima, e na real é uma ode a todos os “deixado de lado”. Me identifico para caramba com a letra, até por ser alguém que sempre prestou uma atenção extra aos detalhes e a quem nadava contra a corrente.
Eu torço pelo Flamengo, e o Marcelo até achou que eu não fosse gostar por isso, mas canto com muita certeza “dependesse da TV, seria só Timão e Mengo”. Tem muito mais por aí. Vamos atrás!
A coroação dele pode (e deve) ser interpretada como um reconhecimento ao lado B, ao fiel escudeiro, a quem não está necessariamente na linha de frente. Obrigado, Ringo!”
[Hits Perdidos] O que mais ouviram durante a composição do EP que hoje em dia ouvem o registro e falam: “caraca tava ouvindo tanto que apareceu no registro”, e quais são as influências que vocês compartilham? E ainda pergunto, o que cada um gosta que o outro não suporta?
Melvin Ribeiro: “Eu passei as perguntas no grupo de whatsapp da banda (chamado “Melvin e os FrankSinatras”, porque um amigo bêbado não conseguia falar Inoxidáveis de jeito nenhum) e estou esperando as respostas até agora (risos).
Fiquei curioso com a pergunta, e não consegui pensar em nada que alguém já tenha admitido desgostar na banda. Mas lembrei que todos fizemos um show tocando o Alucinação do Belchior na íntegra (daí quem canta e toca violão é o Guga, eu vou pro baixo, Marcelão pra guitarra), e foi um momento bem feliz da gente.”
[Hits Perdidos] O que achei bastante interessante é ter um pouco de punk rock, um pouco de ska, rock latino, rock alternativo, brega e pop. A ideia era essa mesmo de fazer o resgate de várias coisas e ver até onde ia chegar? Qual a faixa cada um ficou mais satisfeito após todo o processo?
Melvin Ribeiro: “Curioso que não era. Esse primeiro lançamento é um apanhado do que tocamos nesse início de caminhada da banda, do que foi testado e aprovado em cima do palco. Eu dou muita importância à figura do álbum, do conceito, e não achei que seria o momento de gravar um. Faz mais sentido lançar esse EP, e no dia que for fazer um álbum tentar ter um conceito mais claro.
Dito isso, a seleção das músicas prestigiando as que mais nos agradaram, é uma alegre coincidência que tenha resultado num apanhado tão diverso de ritmos. Eu sempre achei que meu lance solo ia parecer Weezer e Pavement (o Marcelão achava que ia parecer Minutemen e Hüsker Dü), então foi uma surpresa pra mim também, e das boas. O legal é isso: deixar a banda solta, ir trabalhando em cada música, e ver no que dá. Confio muito neles.”
This post was published on 19 de abril de 2018 11:09 am
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