Inspirada em Mac Demarco e Wavves: Nova geração se aventura pelas ondas da psicodelia
As vésperas da segunda edição do Balaclava Fest – realizada no próximo dia 21 – que terá como headliner, Mac Demarco, fui apresentado a uma banda em que creio que cairá no gosto dos fãs do estrangeiro.
Ele que desta vez faz sua segunda passagem pelo país, após a vinda para uma série de shows SOLD OUT em março do ano passado
Sobre o viral PLEASE COME TO BRASIL! Mac Demarco disse em entrevista para o Portal IG na época dos show no SESC Belenzinho:
“…Temos vendido bastante ingresso, mas acho que o Brasil foi o lugar onde os ingressos esgotaram mais rápido. O que é muito curioso, porque estou tão longe de casa. A galera estava há bastante tempo escrevendo para eu vir ao Brasil. Agora que vim, mudaram os pedidos. Agora é: ‘Venha para a Rússia’.”
A banda em questão é a Franky Flowers, grupo formado por adolescentes de incríveis 17 anos de idade. Sim, esse fato choca pois apenas faz com que pensemos que no berço tinha guitarras instaladas e o Walkie Talkie para saber se estava tudo bem com as crianças devia ecoar riffs distorcidos de guitarra.
Talentosos desde cedo, eles fazem um som que te remete ao som dos contemporâneos e mais experientes Wavves e tem um Q do falso despretencionismo de Mac Demarco.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=EdHcsozCLMo]
O grupo formado em Los Angeles, CA por Franky, Abe, Carlos e Ellington lançou seu primeiro single ainda no fim de 2013, bem rock psicodélico na pegada shoegaze introspectiva e com relapsos de Rock Espacial.
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Mas a banda ainda iria evoluir bastante em seu primeiro EP, Blue Eyes (2014), lançado no fim do ano passado. Mantendo o mesmo estilo mas evoluindo em questão de ambientação, guitarradas e hipnotismo sonoro.
“As You Are” já começa com aquela vibe lisérgica de uma tarde na praia alá Wavves. O lo-fi se encaixa com o psycho-space-surf rock, algo que bandas californianas sempre acabam nadando nas correntezas.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=MMfPpEXaAVE]
“Blue Eyes” faixa que leva o título do EP é uma balada romântica, lenta e contemplativa. Talvez fruto de uma viagem de LSD e se afundar numa paixão fruto de uma dilatação ocular dos olhos azuis da pretendente. O futuro dirá se o Franky Flowers é uma grande aposta ou apenas fruto de uma onda californiana.
“Fell In Love” foi o primeiro single escolhido para ganhar videoclipe – como puderam ver logo acima – parece um hit perdido dos anos 80, com beats no mesmo ritmo e vibe praieira com distorções. Um palpite é que eles piram em Beach Boys e em bandas atuais que incrementaram a influência do surf rock em seu som.
“Mashed Potato Baby”, é mais introspectiva, abusa do shoegaze e das letras irônicas alá Mac Demarco. Ela é tem uma vibe meio deserto e tem seu ápice no solo de guitarra psicodélico. Uma canção para viajar sem rumo ciom destino a outras galáxias.
Já “Hollow” é minha faixa favorita no disquinho, talvez pela pegada Kurt Vile vindo de encontro ao Beach House. A dose de loucura da música que mais uma vez te remete a uma bad trip de LSD ou mescalina. Os anos 70 estão muito presentes nesse som, que tem características bastante pops e estrutura mais trabalhada. Consigo até imaginar as luzes piscando e os círculos de luz vindo em minha direção.
A canção escolhida para fechar o EP é “The Bay”, canção que fala sobre a cidade deles, Los Angeles. E o mais legal é como a música progride e ganha força, aos poucos os elementos de psicodelia vão entrando enquanto a música vai ganhando peso. Chegando ao seu ponto mais alto com um solo alá Guitar Hero todo abelhudo e denso, que te transporta para outra dimensão.
Um EP bastante honesto que impressiona pela pouca idade e talento dos integrantes que tem certa facilidade para abstrair e ir de encontro a outros planetas em sua viagem cósmica e transcendental.
Durante a minha pesquisa e sem fugir muito do mesmo universo, e das ondas marítimas me deparei com um duo com um tremendo potencial, a Surf Curse de Reno, NE.
Eles mesmo se definem como: dois caras que curtem pizza, música, filmes e eles mesmos. Geração Portlandia/Tumblr? Talvez, porém eles fazem um som envolvente com um quê de FIDLAR porém mais puxado para o Surf Rock.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=kFVmAgHOsPI]
Com uma DEMO, um disco e um EP o duo se destaca pela aparente diversão que passa nas gravações de estúdio, o que só leva a acharmos que os shows devam ser bastante energéticos e cheios de vibrações positivas. Com músicas que debocham da realidade, falam de bebedeiras e a vida jovem, o grupo tem conquistado fãs.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=iahbF06dymc]
O que noto é que a sonoridade tem sido mais importante do que as letras, que por muitas vezes – e pela idade dos integrantes – soam como diários pessoais de adolescentes.
Outra banda que eles vem sendo comparados é o Bass Drum Of Death, pela similaridade da voz do vocalista. A garagem e o surf rock como influência de toda uma geração tem sido bastante comum nos EUA de uns 3 anos para cá: mas no meio de milhões de bandas, algumas sempre merecem destaque.
Uma outra banda que eu destacaria que contrasta nesse quesito desta nova cena musical é a ACID GHOST. O som é bem mais denso e perfeccionista. Você percebe que cada detalhe é especialmente encaixado para te dar a sensação que eles querem a cada faixa. O lado menos caótico do Wavves se mistura Beach Coast, Allah-Las e te remete a excelente Beach Fossils – as três últimas inclusive já vieram para shows no Brasil.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=jF-gvYJS3Iw]
O duo de San Francisco, CA é composto pelos amigos Ace Barcelon e Mikey Mendoza e segundo eles é fruto dos sonhos da cabeça inventiva de Ace. Eles já possuem um EP (Ghosts And Rotten Love – Abril/2015), e um disco lançado (Vacation – Julho/2015). E tem engatilhado o novo disco com previsão de lançamento para o próximo dia 26/11 – que você confere na íntegra logo abaixo.
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Porém o single que me fez procurar saber mais sobre eles foi exatamente o primeiro single lançado: a grudenta e empolgante “All Alone”
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O incremento da sonoridade deles é misturar a psicodelia elementos do post-punk e seu universo dark e sombrio. Em “I Don’t Need” isso fica bem explícito.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=1WqVd3G0-NA]
Para finalizar nossa viagem sabática através do mundo do rock psicodelico/surfista gravado em lo-fi chegamos a última banda do dia, a TrunkWeed. Eu falo para vocês, essas bandas tem tudo nome de tumblr bombado.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=oXEi98vJfac]
O TrunkWeed é formado por Brady Kelly (Guitarra/Vocais), Jack O’Connell (Bateria) e Tucker Neil (Baixo/Vocais) e vem direto de Maryland, localizada no nordeste dos EUA.
Pois é, todas essas bandas soam tão californianas mas não se engane, estamos em 2015 e todos tem acesso a internet. Não há mais distâncias para influências serem adquiridas em tempo real.
[bandcamp width=450 height=787 album=3165670203 size=large bgcol=ffffff linkcol=0687f5]
A banda é relativamente nova, lançou sua Demo em Junho do ano passado. O grupo não se leva muito a sério e brinca com o fato deles não serem surfistas e serem ligados ao universo desse tipo de som. Bom, não precisa falar muito: com este nome de banda deu para entender qual é a praia deles.
Após observar essa cena podemos perceber que mesmo tendo características na sonoridade do som consolidado por bandas californianas ao longo dos anos: os grupos desta fusão de gêneros estão pipocando em tudo que é canto dos EUA.
Como dito antes: o poder do Tumblr, o amor por drogas, pizza e YOLO são o combustível perfeito – muitas vezes -para bandas interessantes no melhor estilo NETFLIX AND CHILL se formarem.
2 Comments
Essas bandas são maravilhosas.
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