Em busca da positividade vocalista do Carbona grava seu primeiro EP solo

Ouvir falar sobre o Carbona em 2015 é algo que te desperta um certo sentimento de nostalgia. Ao lembrar de tantos shows que a banda carioca fez no Hangar 110 e quantas histórias eles colecionam.

Formada em 1998 por três amigos – Henrique Badke (Vocal e Guitarra), Melvin (Baixo) e Pedro Roberto (Bateria) – a banda faz um som fincado no punkrock/bubblegum de bandas como Ramones, The Queers, Magaivers, Masked Intruder e Screeching Weasel. Após 10 anos de banda, o guitarrista Bjorn entrou no grupo com o intuito de deixar o som cada vez mais fiel aos discos.

Algumas canções ficaram marcadas na memória de qualquer fã de punkrock nacional.




Particularmente eu cheguei a ouvir tanto o disco Apuros em Cingapura (2006) que só de apertar o play eu já lembro de todas as músicas de côr. Pois é, o som do Carbona sempre teve essa marca: ser chiclete e ficar na sua cabeça



Desse disquinho, “Lunático” chegou a ganhar videoclipe oficial.



Mas calma! a banda continua na ativa e já tem em sua história 9 álbuns gravados – sendo 5 em inglês e 4 em português – particularmente eu prefiro o material em português mas o punch, três acordes e a levada sempre fizeram parte da história do Carbona.

Hoje vamos falar de um EP que acabou de sair do forno: Espaço Ciferal (2015), primeiro lançamento solo de Henrique Badke, vocalista do Carbona.



Nele Badke, larga um pouco o peso das guitarras e seus power chords e se arrisca em um projeto onde ancora um violão. Em sua sonoridade ele mistura rock, folk e o pop. A simplicidade marcante em ambos projetos é um elo entre o projeto solo e a banda.

Nesse projeto Badke procurou tirar as composições da gaveta, dando uma atenção especial as letras. O universo que rege o álbum é o urbano, o da correria do dia-a-dia, seja no ônibus, na fila da padaria, indo buscar as crianças na escola etc.

Sobre as letras e melodia ele conta:

“As melodias grudentas, os poucos acordes, está tudo lá por que é assim a única forma que eu sei fazer. Na verdade, não tive preocupação em me diferenciar ou me aproximar do que fazia. Estas músicas nascem nas horas em que fico tocando violão no meu quarto. E elas nasceram por uma vontade genuína de fazer música. Se eu não as gravasse, elas existiriam do mesmo jeito” explica Badke.



Victor Stephan foi o artista responsável pelo projeto gráfico do EP, e disse que tem referências a Green Day, Muzzarellas e Black Sabbath. Sobre as artes, Badke comenta:

“Quando penso minhas músicas em imagens mentais, vejo muito as coisas na forma em que ele ilustra o mundo”.

Cris Caffarelli e Melvin Ribeiro também participam de “Espaço Ciferal” que vê o EP como uma oportunidade de trabalhar com amigos.

Espaço Ciferal (2015) conta com quatro canções “Bom Dia”, “Escafandro”, “Fotomontagem” e “O Monstro Que Você Criou”. Badke contou ainda um pouco das histórias por trás de cada faixa, confira:



“Eu tenho uma atividade matinal de levar meu filho na creche. E eu percebi que as vezes o dia já começa meio tenso, meio pesado. Algumas pessoas parecem ter dificuldade ou de dar ou de retribuir um Bom Dia. E ao mesmo tempo na rotina da cidade você acaba cruzando com as mesmas pessoas todos os dias nos mesmos lugares. Então é um mate sempre no mesmo lugar com a mesma atendente, com o mesmo morador de rua, com a mesma peruana que vende artesanato, e isso vai gerando vida. Então para mim o bom dia parece um grande exercício de positividade.”



“Bom “Escafandro” fala sobre um recurso que eu utilizo pra dar conta dessa correria, desse ir e vir na cidade. São dois elementos que eu não saiu de casa sem. Um é o óculos escuro, o outro é o headphone. Andar pela cidade ouvindo um som se tornou um grande hobby. Eu acho que também ajuda a transitar com mais leveza.”



“Fotomontagem” é uma das músicas que eu acho que mais se aproxima as temáticas do Carbona. Eu acho que é uma música que fala de amor, fala de discos voadores. Então uma série de coisas que a gente gosta.



“O Monstro Que Você Criou” eu acho que fala um pouco sobre esse mundo que a gente tá herdando das nossas próprias decisões e escolhas. Né? Eu acho que agora a gente tá tendo que pagar o preço e parece que a gente criou um monstrinho. Cabe a gente agora arrumar uma forma de lidar com isso e criar ali uma coisa melhor.”

Espaço Cifereal (2015) foi gravado no Estudio Z, no Rio de Janeiro, por Stanley Zveig, produzido por Badke e Cristina Caffarelli. Você pode ouví-lo inteiro no site da Heart Bleed Blue Records.

Confira também o making of com entrevista dos envolvidos no projeto que teve seu lançamento no último dia 23/10.



Site Oficial
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This post was published on 25 de outubro de 2015 9:46 pm

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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