[Premiere] Em clipe introspectivo e niilista, Varney questiona a razão de nossa existência
A forma com que cada um encara os dilemas e problemas da vida é bastante particular por si só. Qualquer espécie de julgamento acaba ficando pequeno e deveríamos respeitar mais a forma com que cada um lida com suas próprias dores.
Pois muitas vezes não temos nem 1% do conhecimento sobre todas as lutas internas pela qual aquele indivíduo que está do nosso lado passa. Questão de respeito, empatia e solidariedade mas mais do que isso: questão de humanidade.
Esse aspecto da interpretação e de como lidamos com o vazio é retratado na faixa “Saudade” da banda Varney de Campos dos Goytacazes (RJ). Esta que encerra a divulgação de seu álbum, Fantasma, lançado no fim do ano passado.
Também foi a última canção a ser escrita pelos fluminenses que sentiram que faltava algo para fechar o ciclo do disco que tem inspirações no poema “Tabacaria” do escritor português Fernando Pessoa sob um dos seus heterônimos, Álvaro de Campos. O niilismo é o ponto de fuga da obra que clama pelo melhor aproveitamento do tempo.
“Do nano ao macro, tentamos mostrar que somos partes pequenas demais na história do todo, que nada importa tanto na verdade. E se nada importa, o que vale é aproveitar ao máximo o que temos”, conta Thiago Corrêa, cantor, compositor, guitarrista e criador do projeto
A Carga Emocional
Impossível não comentar sobre a carga emocional que o clipe de “Saudade” carrega. Já que em detalhes consegue transparecer passagens bastantes pessoais dos integrantes. Como por exemplo contar com imagens escondidas da cirurgia para a retirada de um câncer de um dos integrantes. Estas que estão imortalizadas no curta metragem.
O fechamento de um ciclo, a ressignificação da arte e a proposta audiovisual de narrar todo esse drama do vazio acabam deixando todo esse sentimento de não pertencer ainda mais vibrante. Entre a dor da solidão e a plenitude de estar bem consigo mesmo.
O Clipe
“‘Saudade’ foi a última canção escrita para o álbum. Depois de todas as músicas estarem praticamente mixadas, sentíamos que faltava uma música de despedida e um fechamento adequado para o tema do disco. Gostamos muito dela e achamos que tem uma forte carga emotiva, contextualiza a questão do niilismo e deixa dúbia a ideia do vazio e como isso é observado em cada pessoa”, conclui Thiago.
As mudanças e transições da vida são contrastadas na letra que fala sobre a saudade, sobre quem era e todo esse vazio existencial que acaba devorando um pouco de si. Tudo isso através de um ângulo bastante niilista, questionando a própria existência e as motivações para viver.
O videoclipe deixa o espectador angustiado e confuso em seu começo justamente pelas imagens turvas e pela procura por querer identificar o que se passa. A partir de certo ponto, tudo começa a ficar mais claro e imagens da cirurgia, partes do corpo dos integrantes e a banda tocando surgem na tela.
Introspecção, sentimento e questionamento atuam como forças motrizes do roteiro nebuloso e dramático da produção audiovisual. O vídeo foi dirigido por Felipe Fernandes e tem a produção geral assinada por Thiago Corrêa, Érica Siqueira e Felipe. A BL – Publicidade e Propaganda é produtora responsável pelo clipe.