[Premiere] Thrills & The Chase compõe trilha sonora para a noite do baixo Augusta
A noite pode ser observada de várias maneiras. Ela pode ser inspiradora, charmosa, elegante, robusta, reluzente e encantadora: se vista como um copo mais cheio do que vazio. Como pode ser um poço de desilusões, conflitos, relações frágeis, bebedeiras, descompasso e descontentamento: se vista como um copo mais vazio do que cheio.
Quando se tem 18 anos e está louco por liberdade – e muitas vezes esquecendo que isso traz também uma parcela de responsabilidade – o então projeto de adulto: chega na noite se sentindo um super herói, acha todas aquelas luzes das discotecas incríveis, aquelas pessoas que nunca viu na vida interessantes, aqueles drinks perfeitos, aquele ambiente o lugar onde quer de certa forma morar. É louco mas o tempo passa e esquecemos que todos passamos por esta fase com certo delírio e empolgação.
Imagine voltar para esta idade e se deparar com uma baixa augusta no auge dos clubes com o perfil rocker. Estamos falando do começo dos anos 2000, onde era possível entrar na Funhouse, assistir a um show do Forgotten Boys e ouvir nas discotecagens: MC5, T. Rex, Stooges, Hives, Bowie, Supergrass. De certa forma é este cenário boêmio das origens da banda que iremos falar hoje. Aliás vou pegar alguns trechos de um hit do Supergrass para ilustrar esse post.
“…We are young, we run green
Keep our teeth nice and clean
See our friends, see the sights
Feels alright” – Supergrass “Alright” (1995)
Mas como diria David Bowie: “Time may change me / But you can’t trace time”. É de uma hora para outra nós mudamos, os estabelecimentos mudam, a noite se transforma e aqueles corpinhos na flor da idade também começam a envelhecer.
Você começa a observar aquela tão incrível noite (do copo cheio) através de outra perspectiva. Você não é mais o garotão de 18 com um fantástico penteado, uma roupa descolada e um par de cigarros para compor o visual. O tempo passa e aquela pista de dança dá lugar para outros hits. Que muito provavelmente não te agradem tanto.
Se olharmos para o baixo augusta a 10 anos atrás poderemos ver por exemplo mudanças substanciais. O rock e o “perigo” deixaram de ser o combustível da rua, muitos clubes fecharam. Mais recentemente o Inferno, um dos mais tradicionais clubes da rua fechou as portas, o mesmo aconteceu pouco tempo antes com o Astronete e tantos outros.
O tempo não para. E aquela Augusta na mente de quem vai quebrando a cara com suas armadilhas começa a ser observada com outros olhos. De uma hora para outra o copo metade cheio começa a ser observado como metade vazio.
Em meio a tantas novas histórias e se deparando com uma nova geração de garotos e garotas de 18, você se sente de certa forma deslocado naquela loucura. Mas nem por isso deixa de frequentar, aprende mais uma vez na porrada a conviver com outras pessoas que tem outros backgrounds. Continua se jogando na noite. E assim chegamos a outro trecho da canção do Supergrass:
“…Are we like you?
I can’t be sure
Of the scene, as she turns
We are strange, in our worlds” – Supergrass “Alright” (1995)
O Thrills & The Chase surgiu em 2010 e conta em sua formação com Calvin Kilivitz (voz), Louis Daher (guitarra e voz), Zé Menezes (bateria e percussão), Guilherme Di Lascio (baixo) e Claudio Guidugli (teclado e vocais).
Desde então foram lançados os EPS: Introducing Thrills (And The Chase) (2012), Women, Fire and Dangerous Things (2014). Além de um single natalino (2013), as Naked Sessions, Vol. 1 (2016) e terem participado do Tributo O Pulso Ainda Pulsa (2016) com uma versão digna de Motown para o clássico “Diversão”.
O som bebe por diversas fontes do rock’n’roll não tendo problemas em misturar influências de outros gêneros musicais. Aliás isto eles fazem com tamanha elegância somando elementos – assim como os Rolling Stones – de blues, soul, funk, mod rock e dance music.
O primeiro álbum cheio é sempre um grande desafio. E eles mergulharam de cabeça nesta missão dando novos contextos e contornos para a obra. Para começar, a ideia inicial é no mínimo fora da curva e de certa forma um tanto quanto conceitual. Sem claro perder o charme e glamour da discografia do quinteto.
A ideia inicial era soar como uma trilha sonora para um filme que – ainda – não existe. A inspiração não poderia ser mais boêmia e rock’n’roll: a vida noturna. Com um close mais preciso na região do baixo Augusta.
Para isto eles foram atrás de elementos para compor a história como personagens que de certa forma tivessem aspectos, histórias e traços deste estilo de vida. Para quem já teve a oportunidade de presenciar a alguma apresentação do conjunto, facilmente compreenderá quão genuinamente a história se encaixa.
Os shows do Thrills são um tanto quanto performáticos, com sua cartola Calvin traz consigo uma forte presença de palco, onde baila e olha no olho do público. Encarnando ali várias gerações do rock, do proto-punk, glam rock, hard rock entre outros personagens consagrados do estilo.
Falando em glam e hard rock, o visual deles também é um tanto quanto elaborado. Sim, este é um ponto relevante se tratando de performance por mais que para muitas bandas este seja um tema secundário.
Sempre trajados de coletes e roupas que traduzem outros tempos, a estética consegue conversar com várias gerações de rockeiros e amantes da música. Sendo assim a narrativa alinhada e conceitual do disco se justifica em sua totalidade.
Original Monday Night Soundtrack
O disco começou a nascer em 2015, entre alguns materiais mais antigos nunca lançados até então e faixas inéditas. Foi todo um processo de composição, maturação e aperfeiçoamento. E de certa forma o som do Thrills & The Chase tem este glamour de soar autêntico. A maioria dos sons poderia ter saído a 10 anos atrás que mesmo assim fariam sentido da mesma forma que fazem em 2017.
Como sabemos bandas são como uma bela garrafa de Whiskey, quanto mais amadurecido, melhor. No caso das bandas mudaríamos o termo para “entrosada”, visto que nada como uma porrada de ensaios, diversas apresentações e algumas brigas – porque não? – para estabelecer uma conexão ainda mais forte no campo criativo.
As canções foram gravadas no Estúdio Costella, The Limbo Lounge e Studio UK entre setembro e dezembro de 2015. Quem assina a produção, engenharia de áudio e mixagem é Paulo Senoni (Estúdio Costella / Mundo Alto). Já a masterização foi feita no Estúdio El Rocha (São Paulo/SP) por Fernando Sanches.
Além disso o álbum contou com participações especiais que é sempre bacana ressaltar e citar o nome dos envolvidos: Diego Calderoni (trombone), Rodolfo Guilherme (trompete), Bruna Mariani (backing vocals), Marcelo Monteiro (saxofone), Rosi Sena (backing vocals), Paulo Senoni (backing vocals).
Para elaborar a arte da capa do álbum foi recrutado o artista Igor RAS. A imagem que a ilustra “Evangeline” é uma espécie de tributo à uma diva holywoodiana fictícia inspirada na Marilyn Monroe que cometeu suicídio. A musa inspiradora veio de uma história um tanto quanto peculiar da época das gravações:
Thrills & The Chase: “Em um dos estúdios nos quais gravamos o disco (o extinto The Limbo Lounge) havia uma gata sem nome que foi carinhosamente apelidada de Evangeline Cristina. A gata faleceu recentemente e esperamos sinceramente que o nome não tenha nada a ver com isso.”
Agora vamos abaixar as cortinas para que o espetáculo possa finalmente começar. Respeitável público, com vocês: Original Monday Night Soundtrack!
A primeira faixa, como a banda mesmo conta, fala sobre acordar às seis da tarde. Quem nunca passou pela situação de varar a noite adentro entre acontecimentos etílicos imprevisíveis e acordar somente a esta hora com aquele pesar de: perdi o dia. É um bom começo para mostrar a alusão as histórias da tão efervescente e agitada noite paulistana.
“Monday Night Confessions” tira a poeira de cima do piano assim como as canções de Jack White. A rotina de vivenciar os finais de semana como o ponto mais alto se evidencia. A sensação de acordar na segunda-feira querendo voltar para a badalação dos “inferninhos” e discotecas.
Aquele mesmo tom áspero dos trabalhos do Arctic Monkeys ao lado Josh Homme se evidencia pela alma setentista que flerta com outros estilos como o soul. A percussão na faixa é muito importante pois dá o tom de balada. E talvez seja algo intrínseco desta geração visto que o The Fratellis desde o Costello Music trás essa estética revival sem perder o espírito garageiro.
Não é muito difícil imaginar o cenário do personagem do disco em um clipe onde ele acorda de uma ressaca sem fim e suas memórias do fim de semana agitado vão vindo a tona aos poucos: na ordem inversa dos acontecimentos. Feito um Bon Vivant. Tá aí uma ideia para o roteiro de um futuro clipe.
Carregada sob um riff que ecoa na sua cabeça em sua introdução, “Ultraviolet Town” de certa forma fala sobre as embocadas da noite paulistana. Cheia de glamour, ela passeia pelo blues e através de camadas sonoras adiciona elementos como teclado típico do rocksteady, harmonias nos backin vocals e sing-a-longs que ajudam a criar ainda mais contornos e dramaticidade para a faixa.
Ela carrega uma sensação de nostalgia que canções de artistas como Elvis Costello fazem com maestria. Para quem não é muito familiarizado com a obra de Costello, ele é um estudioso e perfeccionista do mundo da música. Com interesses que vão do ska ao jazz, ele já fez de tudo em sua carreira como músico, cantor e produtor. E acredito que tanto o Mr. Costello como o Thrills & The Chase concordam em um ponto: a mistura de elementos de outros estilos podem sim agregar e transformar algo bom em algo muito melhor.
A canção fala sobre a cidade de São Paulo em sí, seu agito e sua perdição. Uma cidade com uma das noites mais extensas e famosas do mundo. A canção até para ajudar na compreensão do gringo que se aventurar a ouvir e compara com a ferveção da noite londrina. Já que citei Costello, o final apoteótico da faixa me lembrou – um pouco – uma masterpiece do artista o hit: “Radio Radio”.
O sentimento de nostalgia continua a reverberar em “Rogue Vogue” canção feita para cantar junto. Ela consegue unir dois mundos, o do hard rock e do glam rock. Tem um pouco da veia do Velvet Underground, uma porção de Bowie, a energia do soul e a potência do hard rock. Ao vivo a performance com certeza deve se destacar.
Após o primeiro solo, Calvin tem o momento para fazer sua performance apenas com o teclado de fundo, dando o tom confessional que uma faixa tão nostálgica pede. A canção consegue alternar bem entre o ponto de explosão e de introspecção.
Chegamos então a canção da menina dos olhos de ouro do Thrills. “Evangeline” como eles mesmos contaram logo acima é inspirada e faz uma espécie de tributo a uma das atrizes mais cultuadas da história do cinema: Marilyn Monroe.
Ela chega de mansinho e assim como o filme Some Like It Hot (Quanto Mais Quente Melhor) te conquista sem muita dificuldade. O lado mais selvagem e jovial de Marilyn é exaltado com se as características dos personagens que ela interpretou na carreira fossem somados sob o nome de Evangeline.
O ar de rock antigo mora em cada timbre da canção que tem artifícios até do cinema antigo como o estralar dos dedos acompanhado por um coral acappella. Algo resgatado do soul/funk que bebe dos corais da igreja e dos timbres rasgados de um “orgão” em fúria.
Como se não bastasse o final é encorpado por um bonito arranjo de metais envolvendo saxofones e trompetes que mostram que o soul e o jazz estão mais vivos do que nunca, obrigado.
Estes estilos que são o berço da funkeada “Monday Night Theme / Blue Room 307”. Essa canção de certa forma chega a me emocionar, poderia ser facilmente feita pela E-Street Band ou Charles Mingus. Tem dor, tem paixão, mas principalmente feeling. Algo um tanto doido pois me lembra os temas dos primeiros 007 ainda da época do Sean Connery.
O groovie te deixa dançando em uma pista de dança imaginária, você é teletransportado para New Orleans ou Chicago num piscar de olhos. A própria canção diz em sua última frase: “close my eyes / meet at the blue room / close my eyes / take me there with you”.
Já “A Modern Babylon” faz um close na região do baixo augusta e sua forte vida noturna que já começa no subir da plataforma (“a preacher at the line two platform”) e culmina nas paixões e perdições da noite. Aquele ambiente muitas vezes pesado, onde “baladeiros” e trabalhadores se encontram a cada esquina. Entre um porre de pinga, um trago de cigarro e uma barraquinha de cachorro quente de fim de rolê.
O dia amanhecendo, após uma longa noite o notívago se depara com o trabalhador indo para o trabalho. Aquele cenário das 5 da matina em que o entorpecido cidadão se depara com o contraste da vida fora dos clubes e bares. A desilusão de um coração tolo procurando romances e situações perfeitas muitas vezes nos lugares menos prováveis.
Assim chegamos a “Ballad Of The Underworld”, a primeira canção a ganhar um clipe oficial. Aliás este foi lançado em novembro especialmente para o show que marcou a volta aos palcos da banda: na Festa Gimme Danger. Aliás gravei dois vídeos naquele dia, desta canção e de “Diversão”, versão feita para o tributo O Pulso Ainda Pulsa.
Quando ouvi pela primeira vez “Ballad Of The Underworld” me identifiquei de uma forma acima da média. Não no meu momento atual que estou bem, obrigado. Mas em uma fase um tanto quando dark dos vinte e poucos anos em que ia para as baladas do baixo Augusta procurando respostas para problemas em bebedeiras, garotas e conversa fora.
Com o passar do tempo aquela rotina começa de certa forma a te entediar, você não quer mais saber quem é o DJ – quer mesmo é mandar ele para o inferno – não aguenta mais aquele mar de pessoas vazias entre outras jogando seus traumas da vida cotidiana nas noitadas do fim de semana. Entre uma briga de bar e uma noite potencialmente boa virar um pesadelo em 5 minutos.
Enfim a canção consegue transmitir todos esses sentimentos e conflitos que o álcool faz vocês enfrentar e se embebedar para aceitar aquela triste realidade. Já na parte instrumental ela tem a potência no groovy, te coloca na pista de dança para celebrar esse caos paulistano.
Aquela cara inchada de tanto beber, usar outras cositas, e tentar fechar a noite de maneira sublime. Afinal ninguém quer voltar para casa sozinho. De certa forma a faixa tem tudo para se tornar o hino da volta sozinho para casa após inúmeras tentativas de tentar inverter esse jogo. Assim como eles cantam fazendo um verdadeiro apelo para a Rainha da Noite: “Take me away / Take me home”.
Os teclados voltam a dividir espaço alá E-Street Band indo de encontro com vocais com a energia e o potencial “baladesco” do hard rock oitentista. O ponto alto fica para refrão “Night Is A House Of Cards” pela melodia que flerta com o lado mais Hellacopters/Stones – outras influências marcantes do som do Thrills.
Com um punch e uma guitarra na mão em ritmo de caça, “Curtains Like a Dress” chega de mansinho feito uma “balada do approach”. Afinal corações em chamas cruzam em fúria a rua mais famosa de São Paulo. É tão açucarada e fugaz feito as baladas dos Rolling Stones.
O disco não poderia ser fechado em outra maneira que não fosse uma bela canção para fechar os créditos do filme fictício. É com certeza um dos destaques do álbum e de certa maneira parece dialogar com “Queen Of Clubs”. E que caprichosa é “Sister Thriller”, ela é matadora eu diria, cheia de camadas e detalhes o vocal feminino deixa o clima ainda mais denso.
É como se todas influências, instrumentos e participações especiais tivessem um tema de “Poderoso Chefão” para fechar o disco da maneira mais adequada. Os metais dão uma energia ímpar que junto ao teclado e os riffs de guitarra encaixados aos poucos deixam a imersão ainda mais profunda na faixa.
São quase 7 minutos de camadas e ritmos que se completam a cada sequência de acordes. Tem drama, tem paixão, tem euforia, tem angústia e reflexão. É o gran finale de um disco que consegue transformar baladas em uma epopeia recheada de referências ocultas – muitas que não citei aqui mas que irão perceber. Talvez essa seja a mágica da música: conseguir transmitir em palavras, sentimentos e acordes milhares de formas de interpretar. E feito um jazz bluseiro o álbum se encerra e as curtinas se fecham.
É difícil escrever sobre o primeiro álbum do Thrills & The Chase. Exatamente por conta de que eles tem diversos universos com influências. Algumas até não aparecem tão claramente ao longo das 11 faixas mas sabemos do que eles são capazes só de observar a riqueza das melodias e do perfeccionismo no estúdio.
A maturação da banda é evidente em relação aos trabalhos anteriores. Que por sua vez já eram ótimos. A faixa “Damsel In Distress” – lá de 2012 – ainda é figura carimbada nas minhas playlists. Mas ver eles elaborando um conceito tão forte em Original Monday Night Soundtrack sem falhas de roteiro – me perdoem o trocadilho – faz com que a música esteja sempre em conexão com outras artes.
É evidente a conexão com a sétima arte e a adoração deles por esta indústria sem esquecer dos grandes intérpretes como é o caso de “Evangeline” que homenageia Marilyn Monroe. No disco eles conseguem criar atmosferas ímpares que fazem com que o álbum não seja apenas bom, mas sim: excelente.
É uma aula tanto da história do rock passando por outros estilos icônicos como o blues, o funk e o soul. Os metais, vocais, harmonias e ritmos se somam de maneira que provocam uma conexão instantânea com o ouvinte. É um disco para fechar os olhos e se jogar na noite do baixo Augusta: onde corações vorazes dividem espaço na pista de dança.
[Hits Perdidos] Quase 5 anos se passaram do primeiro disco e quase 3 do último EP. Como veem a evolução de vocês do começo da banda para este novo disco?
Calvin: “Me sinto mais inclinado a chamar o processo de “maturação” do que “evolução.” O nosso primeiro álbum, como no caso da maioria das bandas, é o final de um ciclo que começa na fundação e na composição das primeiras músicas. O Thrills começou como uma banda nova de uma dupla antiga, que já tinha gravado coisas antes, com uma proposta razoavelmente bem definida: fazer músicas que orbitam o rock & roll sem muito compromisso com a estética do estilo e buscando influência também em outros tipos de arte, tudo isso com uma certa elegância e perfeitamente cientes de que isso também é muito pretensioso.Os dois primeiros EPs dão o tom do álbum, tanto na parte sonora quanto visual. Acredito que quem gosta daqueles EPs definitivamente vai gostar dessas 9 músicas novas (e duas regravações). Quem não gostava provavelmente não será conquistado. Mas para não ignorar a pergunta sobre evolução, eu diria que no nosso caso a mesma está presente na produção, que é objetivamente melhor nas gravações mais recentes. Mas é claro, aprender com o processo não é mais que nossa obrigação. Vale citar que ainda temos o que aprender e melhorar, é claro. Explorar outras avenidas, etc. etc. Talvez mais pra frente, com outros discos lançados, seja possível perceber uma evolução musical e estética e se houver ouvintes que detectem isso, bem, seria maravilhoso.”
[Hits Perdidos] No ano passado vocês estiveram presentes no Tributo O Pulso Ainda Pulsa homenageando os Titãs. E regravaram a canção “Diversão” com uma levada Motown bebendo do funk. De certa forma até conversei em off com o Zé que disse que vocês estavam empolgados pois o novo disco receberia influências do funk, blues e do soul.
Quais artistas tiveram ouvindo que fizeram com que vocês adicionassem ainda mais elementos destes estilos ao som?
Calvin: “Vejamos… Charles Bradley, Diane Birch, Baby Huey, Paolo Nutini, e também os manjadões (Stevie Wonder, Marvin Gaye, Ray Charles, James Brown, etc.)”
[Hits Perdidos] Vocês lançaram o clipe de “Ballad Of The Underworld” em novembro e tem planos para lançar em breve um vídeo para outro single, “Queen of Clubs”. O que esperar desse clipe? E quais inspirações para a faixa que soa até mais que balada que “Ballad Of The Underworld”?
Calvin: “De imediato, gostaríamos que mais pessoas assistissem ao clipe de “Ballad of The Underworld”, então vamos investir mais na divulgação dele.
“Queen of Clubs” é parte da pseudonarrativa do disco e pinta um cenário de fim de noite/fim de balada. Já passou a noite em uma casa noturna se sentindo absolutamente inadequado? Talvez ali você tenha reparado em alguém que lhe parece um mistério, com quem você tentaria conversar se tivesse autoconfiança pra tanto, mas já são 5 da manhã e a Escola de Filosofia dos Espectadores de Netflix ensina que nada de bom acontece depois das 2. Acredito que muita gente também tenha essa relação ambígua com a vida noturna.O clipe foi filmado praticamente em conjunto com o primeiro e é uma produção um pouco mais modesta. O que posso dizer sobre o mesmo agora é que o Claudio foi encontrado, então podemos ficar tranquilos.Há um projeto um pouco mais ambicioso para o terceiro clipe, mas não sabemos dizer quando sai.”
[Hits Perdidos] Ao menos para mim o cenário perfeito para o disco seria algum clube de blues de Chicago. Pergunta um pouco menos convencional, se pudessem batizar um drink de “Thrills & The Chase” para acompanhar, o que levaria dentro?
Calvin: “Gostaria de pedir desculpas antecipadamente para qualquer mixologista que venha a ler essa entrevista.
Minha ideia para um drinque batizado com o nome da banda seria reproduzir uma variação do Long Island Ice Tea que aprendi a fazer quando fui bartender: em um copo alto com gelo, misture 10-15 ml de vodka, gin, rum, bourbon e tequila. Acrescente um splash de limão espremido e complete com Coca-Cola. Ou seja, o drink é uma mistura de clássicos com um toque azedo, envolta por algo inegavelmente pop. No final, é razoavelmente palatável. Você concorda que serve como metáfora para o Thrills?”
[Hits Perdidos] Como foi o processo de gravação?
Calvin: “O processo de produção e gravação do álbum tem duas faces. Uma é técnica e costuma ser terrivelmente convencional. Já a outra é artística e consiste em martelar dentro de uma forma pré-definida todos os elementos que levam alguém a querer se expressar dessa maneira em primeiro lugar: neurose, ego, pretensão, insatisfação, inquietação, e por aí vai.”
[Hits Perdidos] Quais os planos para 2017?
Calvin: “Sair de casa. Esse disco é uma criança que precisa conhecer outros lugares mas não tem dinheiro pra fazer intercâmbio. Também estamos compondo o próximo disco.”
[Hits Perdidos] Planejam algo especial para o show de lançamento que acontece no dia 11/02?
Calvin: “Haverá uma single homenagem ao George Michael, além de uma palestra sobre abstinência como o método contraceptivo ideal e um interlúdio de 20 minutos com uma rotina de stand-up comedy. O Mundo Alto será a banda convidada. Duas dessas informações são falsas.”
Playlist de lançamento Original Monday Night Soundtrack EXCLUSIVA para oHits Perdidos:
Para fechar o post pedimos para o Thrills & The Chase elaborar uma playlist Especial de lançamento com o seguinte questionamento:
Façam uma playlist sobre uma segunda-feira fora da curva. Visto que segunda-feira não é um dos dias favoritos dos baladeiros. E entorpecidos pelos drinks que eles acabaram de criar eles fizeram uma senhora playlist que vai de David Bowie a Charles Bradley!
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Thrills & The Chase
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1 Comment
Acabei de ouvir! Achei incrível!