Angélica Duarte lança seu segundo álbum de estúdio, "TOSKA". - Foto Por: Elisa Maciel
A Nova MPB trará conteúdos em micro-resenhas do que de melhor tem acontecido na música brasileira. Singles, discos e novidades com o radar antenado do Hits Perdidos ganham o palco em um post informativo que acompanha sempre uma playlist!
A música brasileira em permanente reinvenção.
“Nova MPB” olha para artistas que transformam a tradição em novidade, misturando gêneros, territórios e experiências pessoais em obras que falam diretamente ao nosso tempo. Aqui cabe desde o samba torto até o folk psicodélico, passando por eletrônica, afrobeats, indie ou funk. Porque MPB é muito mais do que um estilo – e não parou na década de 70.
Pedro Emílio lançou o primeiro single inédito após o álbum Enquanto os Distraídos Amam, lançado em maio, e um dos destaques do ano segundo a nossa curadoria. Em sua sonoridade ouvimos ecos do funk dos anos 80 e do merengue, ele mesmo aponta referências de artistas como Earth, Wind & Fire, Tania Maria, Snarky Puppy e Ed Motta. A faixa foi produzida por Matheus Stiirmer e composta por Pedro em parceria com Fabiano Ribeiro e Davi Mohallem, colaboradores de longa data do músico.
“Eu cheguei com o arranjo e a harmonia praticamente prontos. O ritmo já estava todo no violão e, no estúdio, a gente deu vida com os outros instrumentos. Foi um processo muito natural fazer essa música, parece que ela meio que nasceu pronta, com essa cara mais dançante e cheia de energia de banda”, relembra Pedro Emílio em material enviado à imprensa.
A carga afetiva também faz parte do lançamento que conta com áudios da avó de Pedro, nos quais ela comenta sobre uma foto do neto nas redes sociais: “É um detalhe muito especial pra mim. Esses áudios trazem uma memória afetiva e deixam a música ainda mais humana”, frisa o músico.
Leve, pop, cintilante, com tom confessional, requinte nos timbres e arranjos, fazem dela uma canção solar, reverberante e intensa. Daquelas para cantar no pé do ouvido daquela pessoa que você gosta.
Mata-Leão, a cada dia, fica mais próximo! É o que a carioca Lorena Moura mandou avisar com a chegada de “Quis”, um dos carros-chefes do vindouro álbum de estreia que chegará ao mundo pela Cavaca Records. A faixa feita em parceria com Luca Fustagno agrega a MPB da artista, referências do pop psicodélico, jazz e da funk music.
“Essa recebeu uma atenção especial por entrar num corpo de trabalho que já existia. A essa altura, já tínhamos gravado quase tudo das outras. A gente chamou o Guilherme Lírio pra levantar essa e, coincidentemente, gravar a guitarra de ‘Carinho’ também. Foi nesse dia que nasceu o tema instrumental de ‘Quis‘, que de cara me derreteu”, conta Lorena sobre a última composição a entrar no disco que antes da sua entrada tinha como destino desembocar em um EP.
Sentada no Boteco da Elise, Lorena tem um encontro com ela mesma e põe em perspectiva os altos e baixos de um pós-relacionamento que, de triângulo amoroso, virou divisão de bens. A letra deriva de uma prosa poética que Maria Santos enviou para Lorena, sugerindo que ela musicasse. No texto, a poeta narra um triângulo amoroso através da desapropriação de itens de conforto e domesticidade, como lençóis, roupas de cama e sofá.
“O texto ficou comigo por um tempinho até que a vontade e inspiração viessem. Fiz a primeira parte da música e o refrão com as ideias do texto, trocando algumas coisas de lugar e repetindo outras. Mas fiquei sentindo que precisava de uma segunda parte e chamei o Luca”, explica Lorena.
“Minha ideia era que, além dos bens materiais, o assalto deveria ser ainda mais completo. São tomadas coisas que o eu-lírico nem gostaria de ter (a culpa, a fama), lhe é roubado qualquer senso de ingerência e todos os seus recursos. É contra isso que se rebela.”, relembra Luca Fustagno.
A faixa ganhou um videoclipe dirigido pelo cineasta Lorenço Moura, irmão de Lorena, co-estrelado por Cely Soarez, avó de Lorena e Lorenço, e sua melhor amiga, Eni Almada Mendes. Produção foi gravada com Paulo Emmery (baixo, synths e ganzá), Antonio Fischer-Band (Rhodes, synths, casiotone e coro), Carol Maia e Janine Price (backings e coro), Guilherme Lírio (guitarras) e Estevan Barbosa (bateria).
A narrativa audiovisual dá mais dramaticidade para todo contexto envolvido na faixa, com direito a cores vívidas, desabafo na mesa de bar e toda espuma do chopp que escorreu. Sua letra se contrapõe com o swing cadenciado e groovado do instrumental refinado feito para mergulhar ainda mais nos cenários elaborados da composição. Vai ficar difícil não cantarolar junto “quis levar as cordas do meu violão”.
Craques na arte de conectar ritmos, entre o regional e o moderno, a banda Trabalho Manuais Espaciais no último single que antecede o álbum faz um mix de forró, maracatu, afrobeat, groove e psicodelia. “Harapan” com produção de Duda Raupp estará presente em Ponto de Curva, previsto para novembro.
“O nome Harapan significa ‘esperança’ em malaio. Encontrei esse nome procurando traduções da palavra em outras línguas, e quando vi e ouvi Harapan, achei uma sonoridade bonita e condizente com o significado que buscava”, explica o saxofonista Tomás Piccinni que fez o primeiro esboço da faixa a partir de um improviso.
Essa mistura envolvente que aproxima um país de dimensões continentais através da mistura chega como um aconchego para quem escuta. Sua energia solar é daquelas capazes de servir de trilha para dias que precisamos mesmo de uma motivação a mais para enfrentar os desafios da rotina.
Martin é a aposta do selo Rockambole e apresenta o segundo single que estará presente em seu debut como artista solo. Aparece entre suas referências, o pop e o soul de artistas como Tim Maia, Marcos Valle, Curtis Mayfield e Lulu Santos. A faixa nasceu com linhas de guitarra de Victor Kroner, tendo Francisco Nogueira, no baixo, Gabriel Eubank na bateria, Gabriel Quirino nos teclados e Audryn Souza nos sopros.
“Sempre quis trazer essa sonoridade dos anos 70/80 para hoje, com uma nova cara. Fico muito feliz com o resultado e animado para apresentar essa faixa ao vivo.
Foi uma das primeiras músicas que fiz pro álbum, queria que ela trouxesse esse sentimento de imersão num amor feliz. Uma letra alegre com um arranjo animado, para dançar mesmo”, conta Martin sobre a faixa que teve a ajuda do amigo e antigo companheiro de banda Joaquim.
Esse desejo de fazer um pop leve, dançante que guiou todo norte da composição embriagada em paixão. Atmosfera oitentista, daquelas que nos acostumamos de ouvir em trilhas de novelas e na programação vespertina das rádios FM, ganha contornos e grooves nostálgicos e cores pastéis.
O soul, groove e o funk, claro, não iam ficar de fora da rádio da Funk Como Le Gusta, que homenageia nomes como Tim Maia, Gerson King Combo, Elza Soares, Jorge Ben Jor, Sandra de Sá, Wilson Simonal e Banda Black Rio em sua nova faixa. A track feita para embalar as festas tem participação especial de Lino Krizz, colaborador de longa data do grupo.
“Essa parceria com o Lino já é um namoro antigo. Além de ser um convidado frequente nos nossos shows, ele é um expert quando se trata de funk e soul music. Estamos realizando um sonho em dividir uma faixa com ele”, explica Renato Galozzi, integrante da banda.
Sua linha de baixo logo na introdução não deixa mentir: todos são bem-vindos no baile. Com essa energia contagiante, referências do estilo, como uma caixa de vinis sendo manuseada, são reverenciados com citações em seus versos. Emulando o espírito das famosas “festas black” com direito a turntables, passinhos e boas vibrações.
Faixa mais popular nas plataformas digitais de TRANSES (2023, leia resenha), “Cores De Oxum”, da cantora, baterista e produtora ÀIYÉ ganha uma produção audiovisual inspirada na série Álbuns de Desesquecimentos da artista Mayara Ferrão, que recria com IA retratos de casais pretos e indígenas invisibilizados pela história.
“Evidenciar os afetos, desejos e sonhos de corpos pretos e LGBTQIA+, por uma ótica de liberdade, é em si revolucionário”, conta ÀIYÉ sobre o trabalho de Ferrão que completa: “Esse clipe é um registro para o futuro, pra que existam referências e memórias de outras formas de amor, amores que sempre existiram, mas por muito tempo foram invisíveis.”
Após os EPs Manifesto e Grão da Escuta, Bel Medula apresenta o álbum Fermentação, apostando no minimalismo da voz, piano e poucos elementos para passar sua mensagem. O disco é o terceiro ato deste projeto que finaliza o ciclo com outro álbum programado para 2026. Poesia, improviso, texturas, silêncios, cordas e intensidade fazem parte da sua narrativa focada no poder da palavra, harmonias, detalhes e experimentalismo.
A produção foi compartilhada entre Bel, Diogo Brochman e Luciano Zanatta (LucZan), parceiro frequente da artista.
“Unir nossas sensibilidades em favor daqueles momentos de estúdio, sabendo que a base dos sons viria deles e que seriam imutáveis, foi o cerne desse processo de produção. Não é como se não houvesse nenhum senso crítico – não é um ‘vale tudo’, é mais sobre tentar escutar a “aura” do momento.
E isso pode ser encarado inclusive do ponto de vista da engenharia de som, pois requer que todos estejam escutando a si e aos outros bem e confortáveis no seu instrumento”, comenta o produtor e engenheiro de som Diogo Brochman.
Após quatro anos, a paulistana radicada no Rio de Janeiro, Angélica Duarte, apresenta TOSKA, sucessor de Hoje Tem (2021). Rock, eletrônica, pop, new wave, indie, rap e música brasileira acabam ecoando ao longo das suas 10 faixas em um disco em que ela assume a produção e a direção musical. Ela experimenta sem perder o bom humor e traz crônicas do dia-a-dia para a narrativa do segundo disco de estúdio.
No disco, o banal do cotidiano se funde com o internetês. A literatura feminista, a teatralidade, o raso de algumas relações interpessoais e os dilemas millennials ganham peso. As ironias se contrapõe à melancolia e as dancinhas fora do ritmo e texturas de hits que ecoaram ao longo da sua formação musical, ganham corpo no escopo das referências e easter eggs que o trabalho esconde em suas minúcias.
“Dolores en mi pechos” recai aos ouvidos como hits de artistas contemporâneas como Rosalía e Nathy Peluso para falar sobre algo inerente ao universo feminino, a TPM. “Gostuesso” parece até mesmo dialogar com essa explosão do pop/eletrônico hispânico que a cada dia quebra barreiras linguísticas em mercados anglo-saxões.
Quem gostou de TRUQUE (2023), da Clarice Falcão, provavelmente irá se divertir com a proposta artística e fusão de elementos eletrônicos presentes em TOSKA. A própria crise dos 30, em uma sociedade em que nesta idade pressupõe que sua vida financeira, amorosa e familiar estejam resolvidas, ganha um desabafo pontual bem millennial na cirúrgica “Sua mãe só quer seu bem”. Um disco para te tirar da rotina, mesmo que ela seja sua maior artimanha para rir, chorar e, porque não? talvez dançar.
Chico Chico apresenta o álbum Let It Burn – Deixa Arder (DeckDisc) com direito a 20 faixas, 1h15 de duração, referências que fazem a ponte entre Brasil e Estados Unidos, passando pela música brasileira, gospel, blues, milonga, americana e uma série de participações especiais.
Entre elas, bandoneon de Richard Scofano, em “Lugarzinho”, Josyara nos vocais e nos violões, Marcos Suzano na percussão e Carlos Malta em “Parabelo da Existência” , Ritinha, em “Rita e Luísa”. Já o parceiro de longa data, João Mantuano, no qual já lançou disco em conjunto, lá em 2021, aparece em “Canção de Ninar” que tem o piano como protagonista.
“Tanto Pra Dizer”, primeiro single a ser revelado, tem clima de romance que aparece até mesmo na capa do single: uma foto de Chico beijando sua namorada Luisa Arraes, para quem ele dedica a música. Chico Chico além de cantar toca seu violão e tem a companhia de Guto Wirtti (baixo), Kadu Motta (guitarra), Pedro Fonseca (rhodes) e Thiaguinho Silva (bateria). Pedro, que já havia produzido o disco anterior, Estopim, é o produtor dessa faixa e do novo álbum. Usando a voz como instrumento em alguns momentos, ele tenta traduzir o balanço do mar como a força de uma paixão. A declaração de amor musicada traz consigo toda vulnerabilidade de se permitir viver isso.
Em companhia de uma mega banda composta por Fernando Nunes (baixo), Walter Villaça (guitarra), Pedro Fonseca (piano e hammond), Felipe Ventura (arranjo de cordas, violino e viola), Daniel Silva (violoncelo), Marlon Sette (arranjo de sopros e trombone), Diogo Gomes (trompete), Jorge Continentino (sax barítono) e João Vianna (bateria), Chico Chico apresentou previamente também o terceiro single romântico “Tempo de Louças” no qual além de cantar toca violão.
Com aura rock’n’roll, carregada de esperança, a balada romântica tem potencial de agradar até mesmo fãs de Cazuza. Em sua composição, pega elementos do dia a dia a dois e transforma essas pequenas situações em algo delicioso de se viver… já que está ao lado de quem se ama. “Eu sonhei com essa música, acordei e corri para compor para não perder o fio da meada. É uma música que fala sobre amor, assim como ‘Tanto Pra Dizer’”, revelou o músico durante o lançamento.
Essa toada de mistura rítmica, experimentação, reverância ao passado mas tendo o presente como norte e foco na riqueza dos arranjos, se fazem presente no material que não tem medo de arriscar e ressoa em alguns momentos como Chico Chico e sua Big Band. Algo que contrapõe ao minimalismo das suas habituais apresentações. Tendo espaço também para canções mais intimistas com produção mais introspectiva e metáforas, como por exemplo em “A Felicidade”. A fuga da zona de conforto sendo um dos pilares… o que engrandece a produção justamente por sua ousadia.
“Esse é um disco muito diverso, então cada música que o Chico me apresentava eu tinha uma ideia bem distinta de arranjo e busquei ser fiel a cada gênero, usando instrumentações apropriadas para cada um deles” – comentou o produtor Pedro Fonseca durante o lançamento no release.
Versões para “Vila do Sossego” (Zé Ramalho), “Girl From the North Country” (Bob Dylan) e “Four and Twenty” (Stephen Stills), lançada por Crosby, Stills, Nash & Young, também compõem o repertório de composições presentes no material.
Natural de Caruaru (PE) e criado em Santa Cruz do Capibaribe, Phylipe Nunes Araujo apresenta seu álbum de estreia com colaborações com artistas contemporâneos nordestinos como Bruno Berle, Batata Boy, alici e Nyron Higor, explorando a estética minimalista do folk. Referências como The Beatles e Nick Drake, aliadas a ritmos como bossa nova, maracatu, baião e forró acabam ecoando no horizonte. O disco sai pelo selo Far Out Recordings.
A literatura de cordel, o convívio com violeiros e repentistas ajudaram a moldar sua forma de compor partindo do princípio da simplicidade, o que de fato acaba se refletindo nas composições do curto álbum de pouco mais de 20 minutos de duração. “Temperim” é daqueles que mais mira nas origens em um dueto com alici repleto de referências do DNA cancioneiro do sertão.
“Ainda é Verão”, por sua vez, traz os cenários em que cresceu como plano de fundo com direito a violão simples e intensidade no canto, entre a poesia e sentimentos que vêm de dentro. Paixões, arranjos delicados e melodias de refino estético colocam a atenção do ouvinte na universalidade das composições.
“Sempre tento escrever as coisas da forma mais simples possível. Acredito que a beleza deve ser facilmente compreendida. Se eu puder facilitar o caminho para a mensagem, não há razão para não fazê-lo. Aprendi isso com a poesia tradicional daqui: é mais bonito se todos entenderem”, comenta o músico em material enviado à imprensa.
This post was published on 29 de outubro de 2025 8:00 am
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