Story Of The Year reflete sobre 20 anos de estrada entre música, amizade e paternidade

 Story Of The Year reflete sobre 20 anos de estrada entre música, amizade e paternidade

Story Of The Year retorna ao Brasil após 12 anos. – Foto Por: Ryan Russell

Após 12 anos o Story Of The Year retorna ao Brasil para celebrar seus 20 anos de carreira. A volta do quarteto de St. Louis que mistura elementos de rock alternativo com post-hardcore vem justamente na programação da I Wanna Be Tour. Após passar por Curitiba (23/08), Rio de Janeiro (27/08), eles se apresentam no sideshow na capital paulista nesta sexta (29) ao lado do Yellowcard e Neck Deep e no I Wanna Be Tour São Paulo que acontece no Allianz Parque no sábado (30).

O álbum de estreia, Page Avenue (2003), talvez seja o grande marco comercial do grupo, que vendeu mais de um milhão de cópias e apresentou hinos como “Until the Day I Die” e “Anthem of Our Dying Day”. O disco mais recente, Tear Me to Pieces, produzido por Colin Brittain (atual baterista do Linkin Park, que já compôs e produziu nomes como Papa Roach, A Day to Remember, 5 Seconds of Summer e Dashboard Confessional).

Pudemos conversar com exclusividade com Dan Marsala, vocalista do Story Of The Year, que no papo pôde falar mais sobre sua admiração, o amor por ser pai, andar de skate e punk rock. Ele ainda fala sobre a relação de amizade que move a banda além dos negócios e curiosidades da produção do novo disco.


Story Of The Year no Brasil - Photo By Ryan Russell
Story Of The Year retorna ao Brasil após 12 anos. – Foto Por: Ryan Russell

Entrevista: Dan Marsala (Story Of The Year)

Faz 12 anos desde a última vez que o Story Of The Year veio ao Brasil. Hoje você está na metade dessa turnê brasileira da banda, tendo tocado em Curitiba e no Rio de Janeiro e restando dois shows em São Paulo. Como tem sido essa experiência até agora?

Dan Marsala: “É incrível estar de volta. Faz muito tempo, eu não sei o que aconteceu. Mas é estranho, eu acabei de lembrar disso quando você disse doze anos. A última vez que estivemos aqui foi justamente durante o aniversário de um ano do meu filho.

Eu perdi o primeiro aniversário dele, porque estava aqui tocando com a banda. Ele acabou de fazer 13 anos, foi na mesma época do ano. Um pensamento meio aleatório, mas eu nunca vou esquecer da última vez que estivemos aqui por isso também. Mas é incrível estar de volta, os shows têm sido excelentes até agora. É muito divertido, o público nos ama e nós amamos eles de volta. Eu não sei por que demorou tanto, não devemos demorar tanto tempo para voltar.”

Eu estava no show de Curitiba e ele foi selvagem. O mosh das pessoas levantando poeira na Pedreira Paulo Leminski foi um absurdo, também estava muito quente.

Dan Marsala: “Eu estava falando justamente isso esses dias, aquele show foi incrível, mas estava meio difícil de cantar porque tinha muita poeira no ar, então a minha voz estava falhando um pouco. Mas foi de fato muito divertido!”

Como parte da I Wanna Be Tour, que outras bandas você estava animado para assistir?

Dan Marsala: “É uma escalação incrível! Eu falei isso várias vezes já, mas os caras do Yellowcard são grandes amigos nossos, nós os amamos muito. Nós excursionamos juntos o tempo todo, então é muito legal ver nossos amigos em outros países. Nós fizemos a Austrália juntos, a Europa juntos, os Estados Unidos juntos e então é divertido fazer o Brasil juntos também.

Eu também amo o Good Charlotte, eles são incríveis. Nós também nos conhecemos há bastante tempo. Os caras do Fall Out Boy nós também já encontramos em alguns lugares ao longo dos anos. A nossa banda é um pouco mais pesada que as outras bandas do line-up, então não conhecemos muitas delas, mas tem sido divertido conhecer pessoas diferentes e tocar para públicos diferentes do nosso. Esses festivais são divertidos, por isso, você consegue ver vários amigos antigos e conhecer muita gente nova também enquanto tocamos música, é incrível.”

Page Avenue (2003) é um dos discos mais icônicos da sua geração e tem envelhecido muito bem. Como é sua relação com essas músicas após mais de duas décadas?

Dan Marsala: “Sim. John Feldman, do Goldfinger, fez esse disco conosco. Ele era um produtor tão bom, tão à frente do seu tempo, que a maneira que ele fez esse disco soar era muito avançada para 2003. Eu também acho que ele soa muito bem hoje em dia, 22 anos depois. É estranho cantar músicas que compusemos há tanto tempo, quando compusemos essas músicas tínhamos 19 ou 20 anos.

Hoje nós estamos na casa dos 40. Eu ainda amo essas músicas, mas hoje elas têm significados completamente diferentes, sabe? Eu fico até me perguntando “o que é que eu quis dizer com isso lá atrás?”. É legal revisitar essas músicas e achar novos significados. É uma experiência completamente diferente, reviver isso.

Claro que várias dessas músicas nós tocamos o tempo todo, mas fizemos uma turnê tocando o disco inteiro no aniversário de 20 anos, até aquelas que nós não tocamos tão frequentemente. É esquisito reviver o momento exato que escrevemos um disco. Cada disco retrata um momento específico da nossa carreira, com sentimentos muito diferentes atrelados a eles. Mas o Page Avenue tem todas as coisas boas nele. Nós éramos jovens, tínhamos muita energia. Ainda amamos tudo nesse disco.”

Seu último disco foi Tear Me to Pieces (2023). Como tem sido a recepção a ele após dois anos?

Dan Marsala: Nós entramos no estúdio tentando propositalmente capturar a energia e a jovialidade de Page Avenue. Nosso produtor Colin Brittain é muito bom em analisar as ideias e cortar as gorduras, tentando fazer o disco soar mais enérgico, tentando capturar o sentimento correto do que deveríamos estar fazendo. Eu acho que isso aparece bem no disco e tem se conectado muito bem com as pessoas.

É provavelmente a melhor reação a qualquer lançamento nosso desde Page Avenue. Tem performado muito bem nas plataformas de streaming. É muito bom lançar coisas depois de mais de 20 anos de carreira com as quais as pessoas se relacionam tal qual antigamente. A parte legal é que nos unimos novamente com o mesmo produtor e acabamos de terminar um novo disco também. Estamos tentando continuar nesse mesmo caminho. Se não está quebrado, não conserte, sabe? Então temos um disco que é um bom sucessor de Tear Me to Pieces. Estamos animados para nos mantermos ocupados e seguir em frente.”

elaborar um pouco mais sobre a relação de vocês com o Colin Brittain. Ele recentemente se juntou ao Linkin Park como baterista e quando eu ouvi o Tear Me to Pieces em comparação com o material novo deles, eu vi que realmente fazia muito sentido essa parceria. Tem esse toque de metalcore moderno que ele entende muito bem. Como foi o processo de trabalho com ele? Também demorou bastante tempo entre esse disco e o anterior, não é mesmo?

Dan Marsala: “Eu acho que levou uns sete anos entre Wolves e Tear Me to Pieces. Mas teve o tempo da pandemia no meio também, então estivemos trabalhando muito antes do lançamento, ele só demorou bastante mesmo para ficar pronto. Apesar disso, o processo foi incrível. Colin é um compositor tão bom e entende muito de produção também.

Foi a primeira vez que co-escrevemos o disco com alguém. Então nós entramos em uma sala e trabalhamos nas ideias, as reescrevemos várias vezes, enquanto ele estava sempre muito presente e foi muito fácil trabalhar com ele. Nos ajudou muito a levar nosso som de volta a onde ele deveria estar.

E é engraçado, nós não sabíamos muito sobre o que estava acontecendo, mas naquele tempo ele estava trabalhando nas composições com o Mike Shinoda. De vez em quando ele falava que estava se encontrando com o Mike e nós perguntávamos “o que é que vocês estão fazendo, cara?”. Ele desconversava, chegou até a desmarcar algumas sessões conosco e falava que não podia entrar muito em detalhes. Só dizia que “algo grande está acontecendo, mas eu não posso falar muito sobre”.

Então um dia nós falamos “Ah, você agora está no Linkin Park”. Ele respondeu: “Sim, eu estou. Não contem para ninguém!”, e foi isso. Ficamos muito felizes por ele, ele é um baterista incrível também. Nós também conhecemos esses caras há bastante tempo, nós fizemos uma turnê com eles em 2004. É ótimo para eles e ótimo para nós também!”

Story Of the Year é uma banda que não teve muitas trocas de formação ao longo do tempo. Os membros atuais são os membros originais da banda, com alguns tendo saído por um tempo, mas voltado depois. Para você qual o segredo da longevidade da banda?

Dan Marsala: “Sim, os quatro membros atuais da banda são os membros originais. Nós éramos um quarteto inicialmente, daí adicionamos um segundo guitarrista que mudou em alguns momentos, tendo o Philip Sneed ficado por bastante tempo. Daí por algum tempo nosso baixista Adam Russell saiu da banda porque ele não queria mais sair em turnês, foi todo um processo. Mas quando o Phil saiu nós falamos com o Adam e pedimos para que ele voltasse, tinha que ser os quatro membros originais novamente.

Então sempre funcionou muito bem, principalmente porque somos do mesmo lugar, de St. Louis. Nós éramos amigos, andávamos de skate juntos. Era menos sobre a música e mais sobre estar com seus amigos, a música sempre foi secundária. Eu tocava bateria no início, quando decidimos montar a banda. Eu acho que essa amizade sempre foi tão forte quanto a música e isso nos mantém animados e nos faz seguir em frente. Não é só uma relação de trabalho, não são só negócios. Essa é a nossa vida e vamos seguir fazendo isso com as mesmas pessoas para sempre. Temos muita sorte nesse sentido.”

Você falou de skate, quais são seus outros interesses além da música?

Dan Marsala: “Eu sempre gostei muito de skate, mas eu tenho 44 anos agora, então é bem mais difícil. Meu filho tem 13 anos e ele também curtia muito por um tempo, nós andávamos de skate o tempo todo. Mas eu estou feliz que ele não tem feito isso tanto nos últimos tempos porque me machuca muito hoje em dia (risos).

Mas eu ainda amo tudo relacionado ao skate, é incrível. Punk Rock e o skate andam de mãos dadas, com certeza. São minhas duas coisas favoritas. Além disso, eu gosto muito de beber álcool, mas isso não é um bom hobby (risos). Falando sério, eu tenho dois filhos e uma esposa, eu estou muito envolvido em treinos de futebol e todas essas coisas divertidas da paternidade quando estou em casa. Ser pai é o meu hobby, normalmente. É tudo que eu tenho feito além de tocar.”

Você está bem na metade da turnê brasileira, que mensagem você tem para os fãs de São Paulo, que verão os shows a seguir?

Dan Marsala: “Peço desculpas por demorar tanto. Agora que estamos aqui, tem sido incrível!

Estamos nos divertindo muito. Tivemos vários dias de folga, então pudemos aproveitar bem as cidades. Amamos este país, o público é incrível, os shows são incríveis.

Eu ouvi que São Paulo vai ser o melhor de todos, estamos muito animados para isso. É bom que vocês atendam, São Paulo! Estamos animados de tocar mais duas vezes e esperamos voltar em um ou dois anos novamente, não esperar outros 12 anos!”

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