Tagua Tagua sobre lançar o EP acústico “Todo Tempo”: “Gosto de coisas que desafiam, que me tiram da zona de conforto”

 Tagua Tagua sobre lançar o EP acústico “Todo Tempo”: “Gosto de coisas que desafiam, que me tiram da zona de conforto”

Felipe Puperi – Foto Por: Lucas Mooluscos

Felipe Puperi lança “Todo Tempo” e revela um lado ainda mais intimista das suas composições 

Felipe Puperi, já vem fazendo uma carreira consistente, enumerando bons discos solo que flertam com o que chamamos de pop psicodélico. O gaúcho, sob a alcunha de Tagua Tagua, que lançou Tanto no ano passado em parceria com selos do exterior, agora apresenta um EP com versões acústicas.

Com 6 faixas, o repertório de Todo Tempo contempla canções de seus dois discos, Inteiro Metade (2020) e Tanto (2023). Respectivamente “4AM”, “Inteiro Metade” e “2016”, do disco de estreia, e “Barcelona”, “Tanto” e “Colors” do segundo disco.

“Foi um desafio e também uma grande alegria fazer este EP acústico. Ao mesmo tempo que não sabia como as músicas se comportariam neste formato, descobri outras formas e caminhos que me trouxeram uma nova visão sobre as canções.”, comenta Felipe


Tagua Tagua - Todo Tempo Live por Lucas Mooluscos - Fundo Laranja
Projeto acústico chega acompanhado de live session intimista – Foto Por: Lucas Mooluscos

A Live Session para Todo Tempo

Para complementar o conceito da experiência de “desconstruir as músicas” com arranjos acústicos, o músico lança em Première no Hits Perdidos, nesta quinta-feira (23/05), acompanhado do EP, uma live minimalista, com luzes, bastante atmosférica. A produção audiovisual tem direção de Lucas Mooluscos.



A Turnê

O novo formato também chega acompanhado de uma turnê para apresentar as faixas repaginadas. Os ingressos já estão a venda aqui.

  • Curitiba (22.06)
  • Belo Horizonte (28.06)
  • Rio de Janeiro (03.07)
  • Porto Alegre (12.07)
  • Brasília (20.07)
  • São Paulo (16.08)

Entrevista Felipe Puperi (Tagua Tagua)

Conversamos com Felipe para saber mais sobre este novo lançamento do Tagua Tagua, turnê, sua opinião sobre os desdobramentos do mercado da música independente e o que está por vir.

De onde veio a vontade de regravar as músicas? E quais acredita que foram as mais desafiadoras de rearranjar, visto que você pensou elas como banda…

Felipe Puperi: “Eu tinha essa vontade há um tempo, de fazer as coisas de uma forma mais minimalista, com menos elementos e privilegiando as canções. É algo que me desafia, pois sempre usei muito os arranjos e as mil possibilidades de instrumentações nos meus álbuns. Gosto de coisas que desafiam, que me tiram da zona de conforto.

Pra alguns músicos isso é o mais comum, pegar o violão e tocar a canção, pois pra mim é o oposto, o mais comum é produzir, pirar nos timbres, nas formas, nas camadas. Todas as músicas foram um pouco desafiadoras, mas “4am” foi a que mais me preocupava, pois acho que ela tem uma característica muito presente na bateria, no estilo do beat. No fim gostei da nova forma que ela ganhou, não à toa virou um single.”

Como observa essa oportunidade de certa forma “requentar” o catálogo? Embora muito usado em grandes artistas, sinto que no independente é algo pouco aproveitado, como observa essas possibilidades, desde ter a chance de apresentar canções sob outra perspectiva para o público (seja nova ou antigo) como também outras possibilidades de monetizar sua música com sincronização e afins…

Felipe Puperi: “Na verdade, eu nem sei muito bem essa resposta, pois como você bem observou no cenário independente a gente acaba sempre pensando em fazer coisas novas, criar linguagens diferentes, caminhos inusitados.

Pela primeira vez me peguei numa situação onde não fazia sentido seguir rodando com o mesmo show e a mesma turnê ao mesmo tempo que não fazia sentido lançar um disco novo. Toquei o meu último álbum em todos os cantos possíveis em 2023, de Porto Alegre a Belém do Pará, na Europa, nos Estados Unidos, portanto queria algo diferente pra esse ano. Acho que um disco ganha maturidade e relevância com o tempo, talvez essas músicas revisitadas ajudem isso a acontecer.”


Tagua Tagua - Todo Tempo Live por Lucas Mooluscos
Felipe PuperiFoto Por: Lucas Mooluscos

Aliás, você já pode colocar suas músicas em videogame e até mesmo lançar no exterior por selo espanhol. Como sente que estas experiências agregaram e fizeram com que o som ganhasse ainda mais lastro?

Felipe Puperi: “Foi meio natural isso, mas também fruto de muito trabalho. A música no jogo FIFA20 me levou até contatos que eu não tinha, a partir disso tive suporte do selo Costa Futuro pra lançar o meu primeiro álbum – Inteiro Metade – mesmo com uma pandemia na frente. Apostaram em mim e eu neles, foi uma troca justa.

Esse lançamento teve uma visibilidade bem legal e acabou proporcionando que eu lançasse meu segundo álbum – Tanto – por outro selo (americano), chamado Wonderwheel. A coisa vai crescendo à medida que você tem mais parceiros e mais gente que acredita na sua música. Claro que não é tão simples, tem várias pessoas por aí que vão pirar no seu som tanto quanto você, mas é preciso achar essas pessoas e conseguir conectar. Isso leva tempo e requer um esforço grande.”

E o projeto audiovisual, como foi o processo de encontrar a estética que queria? Você já chegou a fazer outros projetos nesse sentido… foi mais fácil?

Felipe Puperi: “Antes de começar como Tagua Tagua eu trabalhei bastante pro cinema, fiz trilhas sonoras de muitos filmes e séries. Isso me aproximou desse universo e da ideia de fazer uns vídeos que trouxessem narrativas e ideias, não apenas panos de fundo pra música. Acho que no decorrer desses anos que Tagua Tagua foi acontecendo eu fui encontrando uma identidade visual também, algo além dos vídeos, que hoje consigo dizer que é bem próprio.

Isso rolou tanto nas artes gráficas, como nos lyric videos e nos materiais que vendemos na loja. Creio que isso aconteceu muito pelo meu encontro com meu amigo designer João Lauro Fonte, criador de grande parte das artes.

Nesse lançamento, optei por ter uma Session como material audiovisual ao invés de clipes, algo parecido com o que rolou no Inteiro Metade, que por ter sido lançado na pandemia teve esse recurso. Achei que era legal as pessoas verem a gente tocando ali, de uma forma mais crua, mais clean também. Quis trazer esse realismo.”

O que mais se comenta no mundo todo é como esta mais custoso excursionar com projetos independentes. Muitas vezes a realidade é que médios e grandes festivais acabam custeando as idas, enquanto casas menores sofrem (assim como os cachês diminuem para o artista). A pequena turnê nesse formato mais enxuto acha que ajudará na circulação?

Felipe Puperi: “Inicialmente, achei que reduzir a banda pudesse ajudar, mas agora botando no papel percebo que viajo com quase o mesmo número de pessoas e dá no mesmo (risos). Talvez eu não saiba fazer a coisa simples, não sei. Eu quero que meu show seja um espetáculo de qualquer forma, então quero que a iluminadora que eu gosto viaje comigo, que o técnico de som que me conhece esteja lá pra garantir que tudo dê certo e o produtor também pra organizar.

É muito osso fazer o corre independente, é pra quem tem muita disposição. Vejo artistas com 10x mais público que eu reclamando que não tem dinheiro e que não aguentam mais fazer e não ter resultado… é meio assustador, mas eu vou encontrando meus mecanismos pra conseguir um pouco aqui, um pouco ali, ajuda desse lado, verba daquele outro, e vou fazendo a coisa girar. Acho que sou meio obcecado com isso também, meio persistente demais, daí a coisa acontece de uma forma ou de outra.

Sei que faz pouco tempo desde “Tanto”, mas já tem ideias para um novo material de inéditas?

Felipe Puperi: “Sim, estou trabalhando num álbum novo, que pretendo lançar em 2025, ali quando o “Tanto” estiver fazendo uns 2 anos do seu lançamento.”

Ficha Técnica

Música

Produção: Felipe Puperi
Gravação de violões e vozes: Felipe Puperi
Mixagem: Tiago Abrahão
Masterização: Brian Lucey
Capa: João Lauro Fonte

Vídeo

Produtora: Mooluscos Filmes
Direção e Edição: Mooluscos
Direção de fotografia e Câmera B: Pedro Saviolli
Operação de Steadicam: Lara
Foquista: Victor Gnomo
Direção de arte e Styling: Ana Mori
Acervo: Galpão Gaúcho e Pelé
Produção executiva: Pedro Saviolli e Mooluscos
Light design e VJ: Bruna Isumavut
Animação e projeções: Caio Campos
Estúdio: Rancho 40
Locadora: 22 Locações
Voz e violão: Felipe Puperi (Tagua Tagua)
Violão e backing vocal: Allen Alencar
Operador de áudio: Rafael Gonzalez

error: O conteúdo está protegido!!