Paula Cavalciuk revela os detalhes por trás das letras de “Pangeia”, seu segundo disco

 Paula Cavalciuk revela os detalhes por trás das letras de “Pangeia”, seu segundo disco

Paula Cavalciuk lança “Pangeia” – Foto Por: Lu Bortoline

Depois de 8 anos, em abril, a cantora e compositora Paula Cavalciuk lançou seu segundo álbum, Pangeia. Lembro até hoje quando a artista, natural de Sorocaba (SP), lançou seu álbum de estreia Morte & Vida (2016), explorando a MPB e referências do folk, entre outros ritmos tão brasileiros. Sua voz densa, sempre passa uma calma e transborda, tratando de temas muitas vezes tão delicados e pessoais, mas de uma forma que você se sente levado por uma gama ampla de sentimentos.

Ela chegou até mesmo a ser indicada para a APCA naquele ano. Lembro até mesmo do videoclipe para a faixa título, feito em stop-motion, ganhar prêmio internacional de videoclipes.

A história do Hits Perdidos se cruza com a da paulista naquele mesmo ano na coletânea O Pulso Ainda Pulsa, no qual 33 artistas independentes fizeram versões para clássicos dos Titãs. A versão de Paula para “Flores Pra Ela”, foi elogiadíssima por Sérgio Brito, que revelou que quando a compôs pensou em uma mulher cantando e que se sentiu abraçado pela versão. Não tem o que falar, o momento foi inesquecível.


Pangeia - Paula Cavalciuk - foto por Lu Bortoline
Paula CavalciukFoto Por: Lu Bortoline

E assim veio o novo disco, repleto de histórias e transformações na vida pessoal da artista. O material foi gravado entre Março e Abril de 2022, período em que a artista completava o último trimestre de gestação de sua filha. “Gravar grávida foi uma escolha estética. Um corpo com muito mais água e peso”, lembra ela.

O pop e o rock alternativo aparecem com mais protagonismo neste novo registro, mas sem perder sua leveza e raízes brasileiras. Até mesmo o jeito orgulhoso caipira, não fica de fora, a viola se faz presente.

Pangeia é o chão que pisamos e que todo ser vivo que já tenha visitado este planeta já pisou. Um apelo à terra, costurado às raízes caipiras”, explica Paula

Entre os contextos do disco, suas perspectivas sobre a intensidade de tudo que está a sua volta permeou o trabalho, desde a maternidade, a quarentena pandêmica, os problemas sociais das metrópoles e a ânsia por lançar um trabalho novo depois de tanto tempo.

Pangeia não só aponta críticas ao modo de vida da sociedade contemporânea – existem proposições artísticas e algumas perguntas que sugerem formulações coletivas, coisas que a arte faz com muita facilidade. O disco nos lembra da beleza através da canção, da voz, da viola. Um convite ao sonho: um sonhar possível. Afinal, não é de hoje que os passos da humanidade pisam este planeta”, sintetiza a artista


Paula Cavalciuk lança "Pangeia" - foto por Lu Bortoline
Paula Cavalciuk lança “Pangeia” – Foto Por: Lu Bortoline

Paula Cavalciuk “Pangeia”

O que posso dizer é que ouvindo o novo álbum da Paula, consegui sentir em pouco mais de meia hora de audição, um emaranhado de histórias, daquelas que ficamos curiosos por saber um pouco mais sobre os contextos de cada canção.

Conseguindo transitar e aprofundar sua capacidade de criar canções profundas, mas sem perder nas melodias sua capacidade de ser acessível e pop para ouvidos não tão exigentes. As referências que passam pelo bolero, pop, flamenco, rock, indie, MPB, folk, moda caipira, entre outros, deixam ainda mais intrigante a audição de um disco com o espírito cancioneiro.

Por isso chamamos a artista para fazer um faixa a faixa contando as nuances do lançamento repleto de histórias e bom humor. Agradecemos a Paula Cavalciuk pelo tempo e prosa desde já. Conheça um pouco mais sobre tudo que abrange Pangeia.

1) Pleno Mistério

“A inspiração desta música é o sonho. Na verdade, a temática do disco é a proposição, então o sonhar é uma ferramenta. Tem aquele sonho que a gente sonha de olhos fechados, difícil de contar pra alguém, sem que a palavra esconda algumas riquezas de detalhes experimentadas e tem aquele sonho que a gente sonha acordada, convoca mais gente, sonha junto, compartilha.

Na época em que escrevi esta música, começava no Brasil uma tomada de poder violenta, cheia de preconceitos, pressupostos. Daí eu pensei que esses poderosos que faziam mal uso de seus (podres) poderes, poderiam tomar um “salve” em sonho, acordar, cair na real, arrepender-se e mudar. “Sonho meu, sonho meeeeuuuu…”

2) Pangeia

“Essa ideia me acompanha desde a infância, quando ainda na escola rural, no Vale do Ribeira, fuçando os livros da sala, abri um livro de geografia e me deparei com o planeta Terra representado em uma ilustração com apenas um continente. Pangeia: toda a terra (do grego).

Isso fez tanto sentido, o chão que pisamos ter sido um só. Questões poéticas, filosóficas, éticas, estéticas e geopolíticas atravessam o tema, na minha cabeça a vida toda.

A perda dos meus pais me deixou sem um lugar simbólico para onde voltar, e, pensar o chão como apenas um, comum, tornava essa dor mais suportável, à medida que fazia cada vez menos sentido existir delimitações, fronteiras, escrituras, tratados, guerras, bombas jogadas em crianças, e tantas questões humanitárias em torno da posse da terra.

“Pangeia” tem uma exaltação à figura do caipira. Tem uns versos inspirados nas proposições do Tião Carreiro.

Veja, ao imaginar o chão se abrindo debaixo de nossos pés, como que a Pangeia abrindo mais um continente, à medida o caos se instaura, rachando o asfalto, derrubando muros, pontes, igrejas, edifícios imensos, rachando sistemas de fossas, caixas d`água, enfim, tudo que o homem insiste em controlar e fazer “reservas”, tudo isso desmorona, e/ou se esvai. E considerando que a superfície do planeta tem sua maior parte coberta por água, saber nadar e saber plantar, poderia trazer certa vantagem numa situação dessas. Numa retomada do planeta.

(Mais uma vez, parafraseando Dona Ivone Lara ”sonho meu, sonho meu…”)”

3) Queda-te 

“Este bolero deixa explícito o quanto a perda dos meus pais me afeta. Nela tem um gemido de dor “ai, que saudade da mãe, não quero chorar outra vez”.

Queda-te, a canção que muitos consideram bonita, foi escrita no pior momento da minha vida. Ela é bonita, de fato, e a beleza é intencional. Nesse caso, a beleza salva. Conversando com um amigo querido (que veio a falecer no dia em que entrei em estúdio para arranjar esta canção) notei nele um certo pesar, pela falta de grandes canções de amor. Na ocasião ele mostrou “Como vai você” do Antonio Marcos.

Eu vivia um momento lazarento, mesmo. Não tava nada bem no amor para a beleza de uma canção de amor me tocar. Mas tocou.
Queda-te saiu dessa inspiração. Compor essa música me salvou, pois nela eu conjurei um amanhã. Mesmo triste e ferida, eu cantei sobre um amor que pudesse adentrar a minha casa respeitosamente, sem quebrar sentimentos e objetos pessoais.

Posso dizer que cantar essa música me atraiu um amor do jeitinho que eu cantei (a começar pelo meu amor próprio). Aí a escolha de um bolero para embalar a canção é porque eu acho que boa parte da população mundial (mas principalmente) latino-americana, deve muito ao bolero. No momento em que toca um bolero, tudo fica mais bonito, muita coisa pode acontecer, inclusive a concepção humana. (risos)”

4) Deus Na Internet 

“Deus na Internet é uma crítica ao nosso modo de vida moderno, só que com inspiração na música caipira, no cururu, um ritmo com influência rítmica indígena e rimas em forma de desafio, tipo uma batalha de slam só que usando a viola como acompanhamento.

Na década de 50, aqui na minha cidade (Sorocaba), haviam eventos de desafio de cururu que atraíam mais de 10 mil pessoas ao Mercadão Municipal. Hoje em dia é muito difícil mobilizar esse tanto de gente para um show em Sorocaba, hein?! Só se for queridinho do agronegócio.”

5) Dança do Vento

“Dança do Vento é a música mais antiga do disco, achei digno ela abrir os trabalhos do Pangeia como um single.

Ela tem o som da viola caipira, e pra além da canção ter uma história emocionante com relação ao instrumento, ainda em sua composição, a importância da viola nesta canção, neste disco é gigantesca, é de onde brotam os conceitos mais sólidos deste disco que pretende falar sobre a terra (Pangeia= toda a terra, do grego). É a terra que ficou pra trás, a roça do caipira que migrou para o caos da cidade grande, sacrificando mais do que podia imaginar, se afastando da natureza, da mata, dos rios, da terra.

Os caminhos estéticos do disco são proposições de uma possível homenagem à música caipira, como raiz cultural. Uma visão mais agricultura familiar e menos agronegócio através da música, tentando manter a singeleza nossa de cada dia, que a gente corre o risco de perder a todo momento.

“Dança do vento” está presente neste disco e já esteve nas listas de repertórios de trabalhos lançados anteriormente, mas foi excluída em razão de ser a “menos a ver com o todo”.

Foi composta dois meses depois da morte do meu pai, e seis meses depois da morte da minha mãe (sim, eles faleceram com 4 meses de diferença).

Eu morava com a minha irmã em Sorocaba e estava sozinha em casa, na cozinha, tomando café da manhã, quando escutei a viola do meu pai sendo tocada na sala:

– Blém!
Um mi maior (E) em cebolão.

Pra se ter uma ideia, o nome da afinação é assim, porque faz a gente chorar. Igual quando a gente corta cebola. Cebolão.
Agora carcule escutar um “mi” cebolão vindo da sala, da viola que era do seu pai e você está sozinha em casa?!

Entrei na sala e era o vento soprando a cortina, de modo que a cortina dançava e batia na viola, cuja afinação cebolão em mi é aberta. Só precisa de uma mãozinha do vento pra fazer este encontro acontecer. Outro encontro que aconteceu, foi que a canção perdida me achou com um violão nas mãos.

Então, o que fiz foi sentar naquela sala arranhando uma balada em mi maior, até acontecer uma letra.
E aconteceu.”

6) Soledad

“Essa música eu compus no meu primeiro aniversário sem meus pais.

Sempre fiquei em crise, em aniversário, eu precisava fingir que não me importava, até chegar o dia em que percebi que me importava, ao não receber a primeira ligação do dia, que era da minha mãe e a mais desajeitada, que era do meu pai.

Resolvi desligar celular, redes sociais, peguei a guitarra e comecei a compor vários temas. Um atrás do outro. Uns 15 em uma manhã.

Na hora achei tudo genial, mas depois fui escutar e meio que só Soledad se salvou. Na verdade, mais uma vez, a música me salvou.”

7) Mamífera

“Mamífera foi um poeminha visual que eu escrevi sobre as ambiguidades de morte e vida entre a relação de mãe e filha. Guardei, tirei da gaveta, aí o Anderson quis musicar. Ele começou a tocar aquele violão lindo, eu comecei a cantar e saíram melodia e harmonia juntas.

A gente gravou voz e violão junto, a gente toca sempre só os dois. Ela não tem nem um minuto, mas diz tudo.

Compor em parceria sempre foi meio difícil pra mim, até trabalho em grupo, na escola, eu sempre dava um jeito de fazer sozinha. Na hora de criar eu acho difícil sugerir uma ideia em cima da ideia de outra pessoa e isso não soar desrespeitoso (estou aprendendo), mas depois dessa experiência de criar com o Anderson, senti ainda mais firmeza em nossa parceria.

Um mês depois de criarmos “Mamífera”, estávamos grávidos da Sara.”

8) Bem Idiota

“Escrevi “Bem Idiota” numa época em que a autossabotagem me afetava mais.

Hoje em dia, anos (de terapia) depois, criei ferramentas de identificação desses sintomas ainda no início, na raíz das ideias. Mas já foi bem difícil, já perdi muita coisa. Já me perdi muito, ao me atacar pura e simplesmente para não decepcionar os outros. Eu, hein?!”

9) Eu Gosto Tanto de Você

“Era aniversário do Anderson. Onze horas da noite, já. A gente nem tinha se visto naquele dia. Ele passou o dia longe, trabalhando pra caramba e eu estava sem grana pra lhe mandar entregar algo especial.

A saída foi tentar compor uma canção em sua homenagem.

Peguei a guitarra semi-acústica que ele me emprestou (e que eu jurava que iria estudar, mas só peguei na guitarra nesse dia) e saiu “Eu Gosto Tanto de Você”. Gravei no celular mesmo, mandei pra ele faltando 10 minutos pra meia-noite do dia seguinte. Era minha única chance de lhe dar um presente. Era ousado. Era arriscado. Mas ele gostou. Eu também. <3″

10) Caravana

“Compus “Caravana” com o Anderson, no dia em que chegou o bercinho da Sara em casa, com uns 6 meses de gestação. Ela homenageia o povo cigano, a escolha do nome Sara, é em homenagem à Santa Sara Khali, padroeira do povo cigano.

Povos que precisam se deslocar e carregam estigmas de estereótipos de povos estrangeiros em êxodo. É sobre exilados, refugiados, fugitivos de guerra. É uma homenagem ao MST, quando falo de fartura, devido à capacidade de tornar terras improdutivas em uma roça sem venenos pro mundo todo (Pangeia).

E também, quando eu falo de êxodo, me refiro ao êxodo rural, penso na péssima decisão que meu avô teve, ao deixar o sítio. Não me conformo com isso até hoje.

Acredito que essa escolha nos empurrou da música caipira, ao sertanejo universitário.”

11) Nhô João

“Esse disco está o tempo todo me localizando geograficamente na cidade de Sorocaba, interior paulista, Brasil.

Falar de Nhô João de Camargo, exaltar sua importância e relevância até hoje, mais de 80 anos após sua morte, é uma forma de tratar dos afetos mais bonitos que Sorocaba me trouxe. Ao invés de criticar o tempo todo as coisas grotescas que acontecem aqui (e na maioria das cidades do interior paulista), é uma forma de dar importância ao que realmente importa.

A história de Nhô João de Camargo é riquíssima, ele como homem preto, ex-escravizado, teve uma iluminação, um fenômeno espiritual que lhe convocava a uma missão: construir a Igreja do Nosso Senhor do Bonfim da Água Vermelha, nome do córrego que ladeia a capelinha centenária até os dias de hoje.

Ele construiu a capela e prestou atendimento fraterno até seus últimos dias de vida. Nhô João era considerado milagreiro, hoje é tido como santo. Vinha gente de fora da cidade, de fora do país para ser atendido por ele. Todos os dias a fila dobrava a esquina. Nhô João acordava cedo, atendia a partir das 6h da manhã em jejum, só com uns golinhos de café preto, até que a última pessoa da fila fosse atendida.

A dimensão histórica é rica, a dimensão espiritual infinita, mas a dimensão social da figura de Nhô João de Camargo é importantíssima, especialmente numa cidade de mentalidade tão classista e racista. Todas as igrejas construídas por movimentos negros foram derrubadas ao longo da história em Sorocaba, exceto a capela do Nhô João de Camargo, que resiste bravamente à especulação imobiliária, mesmo se localizando no metro quadrado mais caro da cidade.

Para conhecer melhor toda essa rica história, sugiro uma visita à Capela.”

12) Sorocaba

Mais uma vez, falo da cidade onde me localizo nessa Pangeia véia, só que dessa vez, sem pretensão alguma, com versinhos sem-vergonhas, soltos, ambíguos, engraçadinhos e que rimam.”


Pangeia - Paula Cavalciuk - foto por Lu Bortoline
Paula Cavalciuk revela faixa a faixa com exclusividade. – Foto Por: Lu Bortoline

Letras de Pangeia

Para complementar a experiência de absorver as faixas, trazemos também as letras de Pangeia, algo que no independente nem sempre tem espaço nos sites do segmento.

1) Pleno Mistério

Composição: Paula Cavalciuk

Caio, não caio nesse tão pleno mistério
Que fala aos olhos antes do seu despertar
A fala falha ao expressar a memória ou o sonho

Redescobrir, existir
Exige tempo, paciência
É que pra surtir efeito
Precisa presença
Mas pra quem ontem mesmo
Gritava intolerância
Acordou chorando igual criança

Caio, não caio nesse tão pleno mistério
Que fala aos olhos antes do seu desaguar
A fala falha ao expressar a memória ou o sonho

Redescobrir, existir
Exige tempo, sapiência
É que pra surtir efeito
Precisa presença
Mas pra quem ontem mesmo
Gritava intolerância
Acordou chorando igual criança
Caio, não caio nesse tão pleno mistério
Que fala aos olhos antes do seu desaguar
A fala falha ao expressar a memória ou o sonho

2) Pangeia 

Composição: Paula Cavalciuk

Ó, essa noite eu tive um sonho 

Que o asfalto se abria 

E o que era brecha ou então buraco 

Bem lá pra dentro me atraía 

A rachadura no asfalto

Com rapidez evoluía 

Embora eu não tivesse medo 

Algo de novo acontecia 

 

Quem já foi Pangeia 

Não tem medo de partir 

Quem plantou uma roça 

Não liga de pisar o barro 

Quem nadou em rio 

Não se arrisca em correnteza 

Quem já machucou suas raízes no asfalto

Sabe a dor e a delícia de ser do mato 

Mata atlântica, amazônica, tropical 

Quero que todo esse asfalto vire flor 

E que o mundo inteiro seja meu quintal 

Ó, essa noite eu tive um sonho 

3) Queda-te

Composição: Paula Cavalciuk

Hoje eu olhei de manhã 

Nossa planta não morreu 

Reguei e pus tomar sol 

E me pus tomar sol, também 

Eu também 

Sou fia de Deus 

Minha mãe me contou 

Eu já sei 

 

Ai, que saudade da mãe 

Não quero chorar outra vez 

Se eu dou corda pra minha tristeza 

Ela amarra um burro, vira rio, correnteza 

Calma! 

Não corra, é só saudade 

Nem se traduz 

 

E não mais importa 

Vou rimar com porta 

Que é pra você abrir 

DEVAGAR 

Que é pra você entrar 

E ficar, se quedar 

 

Queda-te aqui 

Queda-te aqui 

 

Sabendo tudo o que sabes 

Assobia igual sabiá 

Sanhaço, anu, curió 

Curioso, não sabe, pergunte 

Pare, é tão chato supor 

Mas isso cê já sabe 

Eu suponho 

 

E não mais importa 

Vou rimar com porta 

Que é pra você abrir DEVAGAR

Que é pra você entrar 

E ficar, se quedar 

Queda-te aqui (Nem ali, nem lá) 

Queda-te aqui (Venha aqui, venha cá) 

Queda-te aqui (Fica aqui, fica em casa) 

Queda-te aqui

4) Deus Na Internet

Composição: Paula Cavalciuk e Anderson Charnoski

 

Hoje eu inventei um deus 

Foi esse deus quem me deu 

Vontade de dizer ao mundo o quanto ele é bão 

Coragem de odiar a quem disser que não 

 

Hoje eu inventei um deus 

Foi esse deus quem me deu 

Preguiça de ser solidário na vida real 

Negócio é caridade em rede social 

 

Hoje eu inventei um deus 

Foi esse deus quem me deu 

Um líder que me diz que somos todos iguais 

Exceto negros, índios e transexuais 

Esse deus é onipresente 

Ele acha a gente em todo lugar 

No youtube, instagram, deep web 

Até na lanchonete o check-in vai checar 

Esse deus é porreta é potente 

Ele exclui e bloqueia o que eu quero negar 

Eu que julgo, que dito meu ritmo

Ao deus algoritmo 

Só falo amém

5) Dança do Vento 

Composição: Paula Cavalciuk
Ano da composição: Março/2012

Vento que tirou a flor pra dançar 

Me chamou também 

Vento que empurrou cortina na janela 

Me puxou tão bem 

 

Vento, moço 

Sopra tua vontade 

Conta em meu ouvido 

Seu segredo 

Me ensina a ser 

 

Brisa ou ventania 

Brisa, menina, filosofia 

Mãe-natureza me carrega no colo 

Mas não esqueça quem um dia foi filha 

 

Vento que soprou no dia 

Em que o rebento nasceu 

É o mesmo vento que soprou 

Quando ele sofreu, morreu 

 

Vento, moço 

Sopra tua vontade 

Conta em meu ouvido 

Seu segredo 

Me ensina a ser 

 

Brisa ou ventania 

Brisa, menina, filosofia 

Mãe-natureza me carrega no colo

Mas não esqueça quem um dia foi 

 

Brisa ou ventania 

Brisa, menina, filosofia 

Mãe-natureza me carrega no colo 

Mas não esqueça quem um dia foi filha

6) Soledad

Composição: Paula Cavalciuk

 

Três filhos tivera Dona Soledad 

Solidão, Tristeza e Saudade 

Três filhos tivera aquela doce beldade 

Solidão, Tristeza e Saudade 

Ó, Soledad Ó, Soledad 

 

Três filhos tivera Dona Soledad 

Solidão, Tristeza e Saudade 

Três filhos tivera aquela doce beldade 

Solidão, Tristeza e Saudade 

Ó, Soledad 

Ó, Soledad

7) Mamífera

Composição: Paula Cavalciuk e Anderson Charnoski

Fecundo 

Primeiro, segundo 

Terceiro, teu seio 

Pra alimentar o mundo 

Mamífera 

Minha máquina mortífera 

Morri no mesmo dia em que de ti 

Nasci

8) Bem Idiota

Composição: Paula Cavalciuk

Eu seria bem mais rico 

Escreveria um livro 

Orgulho garantido 

Não fosse idiota 

Ganharia Oscar, Grammy 

Festival de Cannes 

Vida em videogame 

Não fosse idiota 

 

Essa minha mania hippie 

De apostar no crime 

E desistir do topo 

Por achar medíocre 

Eu recuso todo dia 

A mesma fatia 

Talvez seja medo 

Ou pura hipocrisia 

 

Quando eu tinha a sua idade 

Eu pensa mais 

Só não fui capaz 

Eu fui bem idiota 

 

Hoje sou experiente

Estou bem passado 

Mas me querem al dent 

Por que são idiotas 

 

É que seu der tudo de mim 

Eu sei que vão pedir 

Aquilo que não é meu 

E que eu nunca quis 

 

Vão me perguntar por que 

E sem querer entender 

Só mesmo pra fazer um humilhante quiz 

 

Olha, cê nem perguntou 

Mas eu já respondi 

Deve ser por que eu sou assim 

Meio idiota 

 

Só não sei que tanto afeto 

Alguns sentem por mim 

Devem achar bonito 

Alguém assim 

Idiota 

Bem idiota

9) Eu Gosto Tanto de Você

Composição: Paula Cavalciuk

Eu gosto tanto de você

Que não consigo nem dizer 

Mas clichê 

Clichê eu sei ser 

Quer ver? 

 

Eu gosto tanto de você 

Que resolvi pagar pra ver 

Entrar nessa de amar 

Outra vez 

Pra valer 

 

E com você 

Dá pra ser 

Dá pra ver o amor brilhar 

Azul, verde, cinza, vermelho 

Colorir o mundo inteiro 

Com seu olhar 

Com seu amor verdadeiro 

 

Eu gosto tanto de você 

Que resolvi voltar a crer 

Em mim mesma, no amor 

Na beleza e valor 

Que eu tenho 

 

Com você

Dá pra ser 

Dá pra ver o amor brilhar 

Azul, verde, cinza, vermelho 

Colorir o mundo inteiro 

Com seu olhar 

Com seu amor verdadeiro

10) Caravana

Composição: Paula Cavalciuk e Anderson Charnoski
Data: Fevereiro/2022

Abra caminho, minha gente 

Pra nossa comitiva passar 

Peço licença, minha gente 

Pra nossa gente também se achegar 

Abra caminho, minha gente

Pra nossa caravana passar 

Peço licença, minha gente 

Pra nossa gente também se achegar 

 

Nossa chegança tem festa 

Onde chegamos tem música 

Comida boa e fartura, 

Alegria, partilha

 

Abra caminho, minha gente 

Pra nossa comitiva passar 

Peço licença, minha gente 

Pra nossa gente também se achegar 

Abra caminho, minha gente 

Pra nossa caravana passar 

Peço licença, minha gente 

Pra nossa gente também se achegar 

 

Nós viemos de tão longe 

A própria estrada nos moldou 

Se o amor mora aqui 

A nossa pátria é o amor 

 

Abra caminho, minha gente 

Pra nossa comitiva passar 

Peço licença, minha gente 

Pra nossa gente também se achegar 

Abra caminho, minha gente 

Pra nossa caravana passar 

Peço licença, minha gente 

Pra nossa gente também se achegar

11) Nhô João 

Composição: Paula Cavalciuk e Anderson Charnoski

Nhô João 

Nhô João 

É atotô Sua bênção 

Nhô João 

 

Nhô João 

Nhô João 

É atotô 

Saravá 

Nhô João 

 

A água rasga a terra vermeia 

E corre até o mar 

Nessa longa estrada de ferro e de fé 

Nhô João vai descarço, a pé 

Axé, Nhô João 

Até 

12) Sorocaba

Composição: Paula Cavalciuk

Sorocaba 

Sorocaba 

Sorocaba 

A coisa só termina depois que acaba

 

Sorocaba 

Sorocaba 

Sorocaba 

A coisa só termina depois que acaba


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