Paula Cavalciuk revela os detalhes por trás das letras de “Pangeia”, seu segundo disco
Depois de 8 anos, em abril, a cantora e compositora Paula Cavalciuk lançou seu segundo álbum, Pangeia. Lembro até hoje quando a artista, natural de Sorocaba (SP), lançou seu álbum de estreia Morte & Vida (2016), explorando a MPB e referências do folk, entre outros ritmos tão brasileiros. Sua voz densa, sempre passa uma calma e transborda, tratando de temas muitas vezes tão delicados e pessoais, mas de uma forma que você se sente levado por uma gama ampla de sentimentos.
Ela chegou até mesmo a ser indicada para a APCA naquele ano. Lembro até mesmo do videoclipe para a faixa título, feito em stop-motion, ganhar prêmio internacional de videoclipes.
A história do Hits Perdidos se cruza com a da paulista naquele mesmo ano na coletânea O Pulso Ainda Pulsa, no qual 33 artistas independentes fizeram versões para clássicos dos Titãs. A versão de Paula para “Flores Pra Ela”, foi elogiadíssima por Sérgio Brito, que revelou que quando a compôs pensou em uma mulher cantando e que se sentiu abraçado pela versão. Não tem o que falar, o momento foi inesquecível.
E assim veio o novo disco, repleto de histórias e transformações na vida pessoal da artista. O material foi gravado entre Março e Abril de 2022, período em que a artista completava o último trimestre de gestação de sua filha. “Gravar grávida foi uma escolha estética. Um corpo com muito mais água e peso”, lembra ela.
O pop e o rock alternativo aparecem com mais protagonismo neste novo registro, mas sem perder sua leveza e raízes brasileiras. Até mesmo o jeito orgulhoso caipira, não fica de fora, a viola se faz presente.
“Pangeia é o chão que pisamos e que todo ser vivo que já tenha visitado este planeta já pisou. Um apelo à terra, costurado às raízes caipiras”, explica Paula
Entre os contextos do disco, suas perspectivas sobre a intensidade de tudo que está a sua volta permeou o trabalho, desde a maternidade, a quarentena pandêmica, os problemas sociais das metrópoles e a ânsia por lançar um trabalho novo depois de tanto tempo.
“Pangeia não só aponta críticas ao modo de vida da sociedade contemporânea – existem proposições artísticas e algumas perguntas que sugerem formulações coletivas, coisas que a arte faz com muita facilidade. O disco nos lembra da beleza através da canção, da voz, da viola. Um convite ao sonho: um sonhar possível. Afinal, não é de hoje que os passos da humanidade pisam este planeta”, sintetiza a artista
Paula Cavalciuk “Pangeia”
O que posso dizer é que ouvindo o novo álbum da Paula, consegui sentir em pouco mais de meia hora de audição, um emaranhado de histórias, daquelas que ficamos curiosos por saber um pouco mais sobre os contextos de cada canção.
Conseguindo transitar e aprofundar sua capacidade de criar canções profundas, mas sem perder nas melodias sua capacidade de ser acessível e pop para ouvidos não tão exigentes. As referências que passam pelo bolero, pop, flamenco, rock, indie, MPB, folk, moda caipira, entre outros, deixam ainda mais intrigante a audição de um disco com o espírito cancioneiro.
Por isso chamamos a artista para fazer um faixa a faixa contando as nuances do lançamento repleto de histórias e bom humor. Agradecemos a Paula Cavalciuk pelo tempo e prosa desde já. Conheça um pouco mais sobre tudo que abrange Pangeia.
1) Pleno Mistério
“A inspiração desta música é o sonho. Na verdade, a temática do disco é a proposição, então o sonhar é uma ferramenta. Tem aquele sonho que a gente sonha de olhos fechados, difícil de contar pra alguém, sem que a palavra esconda algumas riquezas de detalhes experimentadas e tem aquele sonho que a gente sonha acordada, convoca mais gente, sonha junto, compartilha.
Na época em que escrevi esta música, começava no Brasil uma tomada de poder violenta, cheia de preconceitos, pressupostos. Daí eu pensei que esses poderosos que faziam mal uso de seus (podres) poderes, poderiam tomar um “salve” em sonho, acordar, cair na real, arrepender-se e mudar. “Sonho meu, sonho meeeeuuuu…”
2) Pangeia
“Essa ideia me acompanha desde a infância, quando ainda na escola rural, no Vale do Ribeira, fuçando os livros da sala, abri um livro de geografia e me deparei com o planeta Terra representado em uma ilustração com apenas um continente. Pangeia: toda a terra (do grego).
Isso fez tanto sentido, o chão que pisamos ter sido um só. Questões poéticas, filosóficas, éticas, estéticas e geopolíticas atravessam o tema, na minha cabeça a vida toda.
A perda dos meus pais me deixou sem um lugar simbólico para onde voltar, e, pensar o chão como apenas um, comum, tornava essa dor mais suportável, à medida que fazia cada vez menos sentido existir delimitações, fronteiras, escrituras, tratados, guerras, bombas jogadas em crianças, e tantas questões humanitárias em torno da posse da terra.
“Pangeia” tem uma exaltação à figura do caipira. Tem uns versos inspirados nas proposições do Tião Carreiro.
Veja, ao imaginar o chão se abrindo debaixo de nossos pés, como que a Pangeia abrindo mais um continente, à medida o caos se instaura, rachando o asfalto, derrubando muros, pontes, igrejas, edifícios imensos, rachando sistemas de fossas, caixas d`água, enfim, tudo que o homem insiste em controlar e fazer “reservas”, tudo isso desmorona, e/ou se esvai. E considerando que a superfície do planeta tem sua maior parte coberta por água, saber nadar e saber plantar, poderia trazer certa vantagem numa situação dessas. Numa retomada do planeta.
(Mais uma vez, parafraseando Dona Ivone Lara ”sonho meu, sonho meu…”)”
3) Queda-te
“Este bolero deixa explícito o quanto a perda dos meus pais me afeta. Nela tem um gemido de dor “ai, que saudade da mãe, não quero chorar outra vez”.
Queda-te, a canção que muitos consideram bonita, foi escrita no pior momento da minha vida. Ela é bonita, de fato, e a beleza é intencional. Nesse caso, a beleza salva. Conversando com um amigo querido (que veio a falecer no dia em que entrei em estúdio para arranjar esta canção) notei nele um certo pesar, pela falta de grandes canções de amor. Na ocasião ele mostrou “Como vai você” do Antonio Marcos.
Eu vivia um momento lazarento, mesmo. Não tava nada bem no amor para a beleza de uma canção de amor me tocar. Mas tocou.
Queda-te saiu dessa inspiração. Compor essa música me salvou, pois nela eu conjurei um amanhã. Mesmo triste e ferida, eu cantei sobre um amor que pudesse adentrar a minha casa respeitosamente, sem quebrar sentimentos e objetos pessoais.
Posso dizer que cantar essa música me atraiu um amor do jeitinho que eu cantei (a começar pelo meu amor próprio). Aí a escolha de um bolero para embalar a canção é porque eu acho que boa parte da população mundial (mas principalmente) latino-americana, deve muito ao bolero. No momento em que toca um bolero, tudo fica mais bonito, muita coisa pode acontecer, inclusive a concepção humana. (risos)”
4) Deus Na Internet
“Deus na Internet é uma crítica ao nosso modo de vida moderno, só que com inspiração na música caipira, no cururu, um ritmo com influência rítmica indígena e rimas em forma de desafio, tipo uma batalha de slam só que usando a viola como acompanhamento.
Na década de 50, aqui na minha cidade (Sorocaba), haviam eventos de desafio de cururu que atraíam mais de 10 mil pessoas ao Mercadão Municipal. Hoje em dia é muito difícil mobilizar esse tanto de gente para um show em Sorocaba, hein?! Só se for queridinho do agronegócio.”
5) Dança do Vento
“Dança do Vento é a música mais antiga do disco, achei digno ela abrir os trabalhos do Pangeia como um single.
Ela tem o som da viola caipira, e pra além da canção ter uma história emocionante com relação ao instrumento, ainda em sua composição, a importância da viola nesta canção, neste disco é gigantesca, é de onde brotam os conceitos mais sólidos deste disco que pretende falar sobre a terra (Pangeia= toda a terra, do grego). É a terra que ficou pra trás, a roça do caipira que migrou para o caos da cidade grande, sacrificando mais do que podia imaginar, se afastando da natureza, da mata, dos rios, da terra.
Os caminhos estéticos do disco são proposições de uma possível homenagem à música caipira, como raiz cultural. Uma visão mais agricultura familiar e menos agronegócio através da música, tentando manter a singeleza nossa de cada dia, que a gente corre o risco de perder a todo momento.
“Dança do vento” está presente neste disco e já esteve nas listas de repertórios de trabalhos lançados anteriormente, mas foi excluída em razão de ser a “menos a ver com o todo”.
Foi composta dois meses depois da morte do meu pai, e seis meses depois da morte da minha mãe (sim, eles faleceram com 4 meses de diferença).
Eu morava com a minha irmã em Sorocaba e estava sozinha em casa, na cozinha, tomando café da manhã, quando escutei a viola do meu pai sendo tocada na sala:
– Blém!
Um mi maior (E) em cebolão.
Pra se ter uma ideia, o nome da afinação é assim, porque faz a gente chorar. Igual quando a gente corta cebola. Cebolão.
Agora carcule escutar um “mi” cebolão vindo da sala, da viola que era do seu pai e você está sozinha em casa?!
Entrei na sala e era o vento soprando a cortina, de modo que a cortina dançava e batia na viola, cuja afinação cebolão em mi é aberta. Só precisa de uma mãozinha do vento pra fazer este encontro acontecer. Outro encontro que aconteceu, foi que a canção perdida me achou com um violão nas mãos.
Então, o que fiz foi sentar naquela sala arranhando uma balada em mi maior, até acontecer uma letra.
E aconteceu.”
6) Soledad
“Essa música eu compus no meu primeiro aniversário sem meus pais.
Sempre fiquei em crise, em aniversário, eu precisava fingir que não me importava, até chegar o dia em que percebi que me importava, ao não receber a primeira ligação do dia, que era da minha mãe e a mais desajeitada, que era do meu pai.
Resolvi desligar celular, redes sociais, peguei a guitarra e comecei a compor vários temas. Um atrás do outro. Uns 15 em uma manhã.
Na hora achei tudo genial, mas depois fui escutar e meio que só Soledad se salvou. Na verdade, mais uma vez, a música me salvou.”
7) Mamífera
“Mamífera foi um poeminha visual que eu escrevi sobre as ambiguidades de morte e vida entre a relação de mãe e filha. Guardei, tirei da gaveta, aí o Anderson quis musicar. Ele começou a tocar aquele violão lindo, eu comecei a cantar e saíram melodia e harmonia juntas.
A gente gravou voz e violão junto, a gente toca sempre só os dois. Ela não tem nem um minuto, mas diz tudo.
Compor em parceria sempre foi meio difícil pra mim, até trabalho em grupo, na escola, eu sempre dava um jeito de fazer sozinha. Na hora de criar eu acho difícil sugerir uma ideia em cima da ideia de outra pessoa e isso não soar desrespeitoso (estou aprendendo), mas depois dessa experiência de criar com o Anderson, senti ainda mais firmeza em nossa parceria.
Um mês depois de criarmos “Mamífera”, estávamos grávidos da Sara.”
8) Bem Idiota
“Escrevi “Bem Idiota” numa época em que a autossabotagem me afetava mais.
Hoje em dia, anos (de terapia) depois, criei ferramentas de identificação desses sintomas ainda no início, na raíz das ideias. Mas já foi bem difícil, já perdi muita coisa. Já me perdi muito, ao me atacar pura e simplesmente para não decepcionar os outros. Eu, hein?!”
9) Eu Gosto Tanto de Você
“Era aniversário do Anderson. Onze horas da noite, já. A gente nem tinha se visto naquele dia. Ele passou o dia longe, trabalhando pra caramba e eu estava sem grana pra lhe mandar entregar algo especial.
A saída foi tentar compor uma canção em sua homenagem.
Peguei a guitarra semi-acústica que ele me emprestou (e que eu jurava que iria estudar, mas só peguei na guitarra nesse dia) e saiu “Eu Gosto Tanto de Você”. Gravei no celular mesmo, mandei pra ele faltando 10 minutos pra meia-noite do dia seguinte. Era minha única chance de lhe dar um presente. Era ousado. Era arriscado. Mas ele gostou. Eu também. <3″
10) Caravana
“Compus “Caravana” com o Anderson, no dia em que chegou o bercinho da Sara em casa, com uns 6 meses de gestação. Ela homenageia o povo cigano, a escolha do nome Sara, é em homenagem à Santa Sara Khali, padroeira do povo cigano.
Povos que precisam se deslocar e carregam estigmas de estereótipos de povos estrangeiros em êxodo. É sobre exilados, refugiados, fugitivos de guerra. É uma homenagem ao MST, quando falo de fartura, devido à capacidade de tornar terras improdutivas em uma roça sem venenos pro mundo todo (Pangeia).
E também, quando eu falo de êxodo, me refiro ao êxodo rural, penso na péssima decisão que meu avô teve, ao deixar o sítio. Não me conformo com isso até hoje.
Acredito que essa escolha nos empurrou da música caipira, ao sertanejo universitário.”
11) Nhô João
“Esse disco está o tempo todo me localizando geograficamente na cidade de Sorocaba, interior paulista, Brasil.
Falar de Nhô João de Camargo, exaltar sua importância e relevância até hoje, mais de 80 anos após sua morte, é uma forma de tratar dos afetos mais bonitos que Sorocaba me trouxe. Ao invés de criticar o tempo todo as coisas grotescas que acontecem aqui (e na maioria das cidades do interior paulista), é uma forma de dar importância ao que realmente importa.
A história de Nhô João de Camargo é riquíssima, ele como homem preto, ex-escravizado, teve uma iluminação, um fenômeno espiritual que lhe convocava a uma missão: construir a Igreja do Nosso Senhor do Bonfim da Água Vermelha, nome do córrego que ladeia a capelinha centenária até os dias de hoje.
Ele construiu a capela e prestou atendimento fraterno até seus últimos dias de vida. Nhô João era considerado milagreiro, hoje é tido como santo. Vinha gente de fora da cidade, de fora do país para ser atendido por ele. Todos os dias a fila dobrava a esquina. Nhô João acordava cedo, atendia a partir das 6h da manhã em jejum, só com uns golinhos de café preto, até que a última pessoa da fila fosse atendida.
A dimensão histórica é rica, a dimensão espiritual infinita, mas a dimensão social da figura de Nhô João de Camargo é importantíssima, especialmente numa cidade de mentalidade tão classista e racista. Todas as igrejas construídas por movimentos negros foram derrubadas ao longo da história em Sorocaba, exceto a capela do Nhô João de Camargo, que resiste bravamente à especulação imobiliária, mesmo se localizando no metro quadrado mais caro da cidade.
Para conhecer melhor toda essa rica história, sugiro uma visita à Capela.”
12) Sorocaba
“Mais uma vez, falo da cidade onde me localizo nessa Pangeia véia, só que dessa vez, sem pretensão alguma, com versinhos sem-vergonhas, soltos, ambíguos, engraçadinhos e que rimam.”
Letras de Pangeia
Para complementar a experiência de absorver as faixas, trazemos também as letras de Pangeia, algo que no independente nem sempre tem espaço nos sites do segmento.
1) Pleno Mistério
Composição: Paula Cavalciuk
Caio, não caio nesse tão pleno mistério
Que fala aos olhos antes do seu despertar
A fala falha ao expressar a memória ou o sonho
Redescobrir, existir
Exige tempo, paciência
É que pra surtir efeito
Precisa presença
Mas pra quem ontem mesmo
Gritava intolerância
Acordou chorando igual criança
Caio, não caio nesse tão pleno mistério
Que fala aos olhos antes do seu desaguar
A fala falha ao expressar a memória ou o sonho
Redescobrir, existir
Exige tempo, sapiência
É que pra surtir efeito
Precisa presença
Mas pra quem ontem mesmo
Gritava intolerância
Acordou chorando igual criança
Caio, não caio nesse tão pleno mistério
Que fala aos olhos antes do seu desaguar
A fala falha ao expressar a memória ou o sonho
2) Pangeia
Composição: Paula Cavalciuk
Ó, essa noite eu tive um sonho
Que o asfalto se abria
E o que era brecha ou então buraco
Bem lá pra dentro me atraía
A rachadura no asfalto
Com rapidez evoluía
Embora eu não tivesse medo
Algo de novo acontecia
Quem já foi Pangeia
Não tem medo de partir
Quem plantou uma roça
Não liga de pisar o barro
Quem nadou em rio
Não se arrisca em correnteza
Quem já machucou suas raízes no asfalto
Sabe a dor e a delícia de ser do mato
Mata atlântica, amazônica, tropical
Quero que todo esse asfalto vire flor
E que o mundo inteiro seja meu quintal
Ó, essa noite eu tive um sonho
3) Queda-te
Composição: Paula Cavalciuk
Hoje eu olhei de manhã
Nossa planta não morreu
Reguei e pus tomar sol
E me pus tomar sol, também
Eu também
Sou fia de Deus
Minha mãe me contou
Eu já sei
Ai, que saudade da mãe
Não quero chorar outra vez
Se eu dou corda pra minha tristeza
Ela amarra um burro, vira rio, correnteza
Calma!
Não corra, é só saudade
Nem se traduz
E não mais importa
Vou rimar com porta
Que é pra você abrir
DEVAGAR
Que é pra você entrar
E ficar, se quedar
Queda-te aqui
Queda-te aqui
Sabendo tudo o que sabes
Assobia igual sabiá
Sanhaço, anu, curió
Curioso, não sabe, pergunte
Pare, é tão chato supor
Mas isso cê já sabe
Eu suponho
E não mais importa
Vou rimar com porta
Que é pra você abrir DEVAGAR
Que é pra você entrar
E ficar, se quedar
Queda-te aqui (Nem ali, nem lá)
Queda-te aqui (Venha aqui, venha cá)
Queda-te aqui (Fica aqui, fica em casa)
Queda-te aqui
4) Deus Na Internet
Composição: Paula Cavalciuk e Anderson Charnoski
Hoje eu inventei um deus
Foi esse deus quem me deu
Vontade de dizer ao mundo o quanto ele é bão
Coragem de odiar a quem disser que não
Hoje eu inventei um deus
Foi esse deus quem me deu
Preguiça de ser solidário na vida real
Negócio é caridade em rede social
Hoje eu inventei um deus
Foi esse deus quem me deu
Um líder que me diz que somos todos iguais
Exceto negros, índios e transexuais
Esse deus é onipresente
Ele acha a gente em todo lugar
No youtube, instagram, deep web
Até na lanchonete o check-in vai checar
Esse deus é porreta é potente
Ele exclui e bloqueia o que eu quero negar
Eu que julgo, que dito meu ritmo
Ao deus algoritmo
Só falo amém
5) Dança do Vento
Composição: Paula Cavalciuk
Ano da composição: Março/2012
Vento que tirou a flor pra dançar
Me chamou também
Vento que empurrou cortina na janela
Me puxou tão bem
Vento, moço
Sopra tua vontade
Conta em meu ouvido
Seu segredo
Me ensina a ser
Brisa ou ventania
Brisa, menina, filosofia
Mãe-natureza me carrega no colo
Mas não esqueça quem um dia foi filha
Vento que soprou no dia
Em que o rebento nasceu
É o mesmo vento que soprou
Quando ele sofreu, morreu
Vento, moço
Sopra tua vontade
Conta em meu ouvido
Seu segredo
Me ensina a ser
Brisa ou ventania
Brisa, menina, filosofia
Mãe-natureza me carrega no colo
Mas não esqueça quem um dia foi
Brisa ou ventania
Brisa, menina, filosofia
Mãe-natureza me carrega no colo
Mas não esqueça quem um dia foi filha
6) Soledad
Composição: Paula Cavalciuk
Três filhos tivera Dona Soledad
Solidão, Tristeza e Saudade
Três filhos tivera aquela doce beldade
Solidão, Tristeza e Saudade
Ó, Soledad Ó, Soledad
Três filhos tivera Dona Soledad
Solidão, Tristeza e Saudade
Três filhos tivera aquela doce beldade
Solidão, Tristeza e Saudade
Ó, Soledad
Ó, Soledad
7) Mamífera
Composição: Paula Cavalciuk e Anderson Charnoski
Fecundo
Primeiro, segundo
Terceiro, teu seio
Pra alimentar o mundo
Mamífera
Minha máquina mortífera
Morri no mesmo dia em que de ti
Nasci
8) Bem Idiota
Composição: Paula Cavalciuk
Eu seria bem mais rico
Escreveria um livro
Orgulho garantido
Não fosse idiota
Ganharia Oscar, Grammy
Festival de Cannes
Vida em videogame
Não fosse idiota
Essa minha mania hippie
De apostar no crime
E desistir do topo
Por achar medíocre
Eu recuso todo dia
A mesma fatia
Talvez seja medo
Ou pura hipocrisia
Quando eu tinha a sua idade
Eu pensa mais
Só não fui capaz
Eu fui bem idiota
Hoje sou experiente
Estou bem passado
Mas me querem al dent
Por que são idiotas
É que seu der tudo de mim
Eu sei que vão pedir
Aquilo que não é meu
E que eu nunca quis
Vão me perguntar por que
E sem querer entender
Só mesmo pra fazer um humilhante quiz
Olha, cê nem perguntou
Mas eu já respondi
Deve ser por que eu sou assim
Meio idiota
Só não sei que tanto afeto
Alguns sentem por mim
Devem achar bonito
Alguém assim
Idiota
Bem idiota
9) Eu Gosto Tanto de Você
Composição: Paula Cavalciuk
Eu gosto tanto de você
Que não consigo nem dizer
Mas clichê
Clichê eu sei ser
Quer ver?
Eu gosto tanto de você
Que resolvi pagar pra ver
Entrar nessa de amar
Outra vez
Pra valer
E com você
Dá pra ser
Dá pra ver o amor brilhar
Azul, verde, cinza, vermelho
Colorir o mundo inteiro
Com seu olhar
Com seu amor verdadeiro
Eu gosto tanto de você
Que resolvi voltar a crer
Em mim mesma, no amor
Na beleza e valor
Que eu tenho
Com você
Dá pra ser
Dá pra ver o amor brilhar
Azul, verde, cinza, vermelho
Colorir o mundo inteiro
Com seu olhar
Com seu amor verdadeiro
10) Caravana
Composição: Paula Cavalciuk e Anderson Charnoski
Data: Fevereiro/2022
Abra caminho, minha gente
Pra nossa comitiva passar
Peço licença, minha gente
Pra nossa gente também se achegar
Abra caminho, minha gente
Pra nossa caravana passar
Peço licença, minha gente
Pra nossa gente também se achegar
Nossa chegança tem festa
Onde chegamos tem música
Comida boa e fartura,
Alegria, partilha
Abra caminho, minha gente
Pra nossa comitiva passar
Peço licença, minha gente
Pra nossa gente também se achegar
Abra caminho, minha gente
Pra nossa caravana passar
Peço licença, minha gente
Pra nossa gente também se achegar
Nós viemos de tão longe
A própria estrada nos moldou
Se o amor mora aqui
A nossa pátria é o amor
Abra caminho, minha gente
Pra nossa comitiva passar
Peço licença, minha gente
Pra nossa gente também se achegar
Abra caminho, minha gente
Pra nossa caravana passar
Peço licença, minha gente
Pra nossa gente também se achegar
11) Nhô João
Composição: Paula Cavalciuk e Anderson Charnoski
Nhô João
Nhô João
É atotô Sua bênção
Nhô João
Nhô João
Nhô João
É atotô
Saravá
Nhô João
A água rasga a terra vermeia
E corre até o mar
Nessa longa estrada de ferro e de fé
Nhô João vai descarço, a pé
Axé, Nhô João
Até
12) Sorocaba
Composição: Paula Cavalciuk
Sorocaba
Sorocaba
Sorocaba
A coisa só termina depois que acaba
Sorocaba
Sorocaba
Sorocaba
A coisa só termina depois que acaba