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FKJ comanda orquestra de um homem só em apresentação repleta de grooves e experimentações

FKJ estreia no Brasil com direito a casa cheia; show aconteceu na Audio, em São Paulo

Acredito que muitas vezes um artista quando vem para o Brasil pela primeira vez não tem a menor ideia do que está prestes a vivenciar. Por mais talentoso que seja, por maior destaque significativo e elogios por seu trabalho, tocar no Brasil é sempre um marco.

Somos apaixonados, intensos, generosos e muito disso porque esperamos muito tempo para assistir. O Queremos! por sua vez é um projeto que transforma esses “pequenos sonhos” em realidade, muitas vezes apostando em artistas que daqui a alguns anos não será possível assistir num palco mediano.

Desta vez foi a vez do músico autodidata e multifacetado que vai do violão aos sintetizadores, passando por guitarra, baixo, bateria, saxofone, teclados e vocais, FKJ ter a oportunidade de vivenciar isso pela primeira vez. Vincent Fenton, popularmente conhecido como “French Kiwi Juice“, fez sua estreia no país na noite da quarta-feira (29) com direito a casa cheia.


FKJ debuta no Brasil em show realizado na Audio na noite da quarta-feira (29/11) – Foto Por: Rafael Chioccarello

FKJ experimenta grooves em noite de debut em terras brasileiras

Antes dele foi a vez do alagoano Bruno Berle, que também está escalado para o show no Rio de Janeiro, que acontece nessa quinta-feira (30) abrir. Foi possível ver como quem foi queria assistir a cada detalhe do show do músico francês. Feito uma sessão de Tiny Desk, o músico entra acanhado no palco da casa localizada na Barra Funda, poucos metros dali acontecia uma partida decisiva do campeonato brasileiro entre Palmeiras e América Mineiro, entre um olho no placar e outro na apresentação foi interessante como o show pode proporcionar diferentes experiências.

Com muito groove e malemolência, o show vai sendo construído feito uma parábola. O que ajuda em seu andamento, deixando mais fluído conforme seu desenrolar. Tem quem se deixe levar por sua própria onda levantando o braço e entrando na canção, quem tenta sentir as batidas equalizando e transformando em passos de dança improvisados e quem apenas fica tentando fotografar cada mentalmente cada detalhe.

Em cima do palco, Vincent uma hora pega sua guitarra, outrora vai para o piano, e vai criando, e recortando, suas colagens sonoras de forma bastante natural feito uma orquestra de um homem só. O controle que tem sobre seu set de instrumentos é algo que impressiona pois faz parecer tudo muito simples. Do seu manejo a linha criativa de arranjos. E não pense que fica robótico e que tem mil programações que ele faz ao mesmo tempo, muito pelo contrário. Usa da base e conforme sente que a música pede, encaixa um baixo, o fazendo de protagonista, ou uma linha do seu saxofone. Tudo depende de onde ele quer nos teletransportar dentro do campo da metafísica.

A experiência como centro da apresentação

Se as pessoas nos últimos tempos ouvem música pelo mood e pela energia que ela transmite, seja como ponto de equilíbrio, alegria ou para se sentir mais leve, ele proporciona diferentes experiências ao longo do show. Não deixa de ser orgânico em sua construção mas também se permite momentos mais fora do protocolo.

Sua apresentação tem momentos mais pops e outros mais de experimentação…mas tudo em equilíbrio e mostrando que tem completo domínio do roteiro que quer traçar. Basta ver em seus setlists como prepara um set mais ou menos padrão para shows solos, com algumas variações e outro para shows mais corridos em festivais. Ele que esteve recentemente no Primavera Fauna, no Chile, e por várias cidades dos EUA e México.

Seria, inclusive, interessante esse show num formato intimista, seja num CCSP, seja num Audibira, ou até mesmo em um Teatro como, por exemplo, o Sérgio Cardoso ou até mesmo o Centro da Terra. A verdade é que num palco redondo ou quadrangular, onde o público pudesse estar mais perto, a experiência experiência se transformaria em algo ainda mais inesquecível.

Os elementos visuais também tem parte significativa na experiência. Seu som afinal pede muito. Basta ver a rica mistura de ritmos que leva para os palcos. Versátil e dinâmico, FKJ passa pelo soul, jazz, R&B, neo soul, hip hop e música eletrônica, com certa facilidade. Os moods e climas entram nisso, das luzes cintilantes, passando por cenários de chuva ou de imersão no universo das parcerias. Os momentos em que o telão ao fundo é ligado criam toda uma ambiência e transportam o espectador para outra dimensão.

Seus materiais também contam com feats que ele faz questão de levar para a apresentação que dura em torno de 1:35h de duração. A surpresa foi justamente levar uma das participações para o palco durante o BIS. Um dos vários momentos de euforia e comoção por parte do público.



Mestre de Cerimônias

Sua versatilidade e cartas na manga faz o show ser uma experiência próxima de um palco aberto para a descoberta e faz uma viagem na linha do tempo da música. É até engraçado pensar como esse match faz sentido quando pensamos em Queremos! que já trouxe o Masego, artista que inclusive, colabora com FKJ no hit viral “Tadow“.

A verdade é que não é um show que ficamos esperando certa música tocar. Não me entenda mal, todos temos experiências únicas e memórias atreladas a certa música. Mas no sentido de ser tão bem conduzido. É como se você pudesse deixar, mesmo que por alguns minutos, o francês à vontade para contar a sua própria história. Tomando o lugar de Mestre de Cerimônias da noite.

Quando o show parece estar se encerrando ele sorri e levanta um dedo. Era o anúncio da última música, ao longo da sua execução, ele encaixa cada um dos elementos feito uma despedida de cada instrumento. Em um gesto de gentileza, Vincent aproveita para se despedir assinando até mesmo um vinil de um fã na grade.

Uma noite de quarta-feira digna da riqueza de eventos musical que a cidade propõe mas com um toque de curadoria refinada e até mesmo o quieto francês parece sair do palco entusiasmado pela recepção calorosa de uma noite bastante quente (onde sabe-se lá como ele aguentou manter seu paletó no corpo durante toda a performance).


FKJ em São Paulo teve direito até mesmo a feat no palco. – Foto Por: Rafael Chioccarello

FKJ ainda tem mais dois show no Brasil

Foi apenas a primeira parada do francês no Brasil, FKJ toca hoje no Rio de Janeiro e no sábado na capital gaúcha (saiba mais).
Saiba como garantir o seu ingresso no serviço abaixo.

Rio de Janeiro

Abertura: Bruno Berle
Data: quinta, 30 de novembro de 2023
Local: Circo Voador
Endereço:  Rua dos Arcos s/nº – Lapa
Abertura da casa: 20h
Show Bruno Berle: 20h40
Show FKJ: 22h
Classificação etária: 18 anos
Capacidade da casa: 2.000 pessoas
Valores dos ingressos: a partir de R$150
Venda online de ingressos no Eventim

Porto Alegre

Data: sábado, 2 de dezembro de 2023
Local: Opinião
Endereço:  Rua José do Patrocínio, 834 – Cidade Baixa
Abertura da casa: 18h30
Show FKJ: 20h
Classificação etária: 18 anos
Capacidade da casa: 2.000 pessoas
Valores dos ingressos: a partir de R$150
Venda online de ingressos no Sympla

This post was published on 30 de novembro de 2023 3:29 am

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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