Sou uma fã emocionada quando o assunto é Blur, e confesso que as expectativas estavam enormes para o novo lançamento, The Ballad Of Darren. A banda não lançava praticamente nada novo desde 2015. Com a nostalgia inundando minha mente, estava preparada para um álbum que mais uma vez mudaria minha maneira de ver o mundo. Enquanto ouvia as faixas, me vi dividida entre minha adoração pela banda e a quebra da expectativa.
Uma banda de quase 35 anos realmente não deve nada para mim, nem a ninguém, mas esse álbum mantém aquela essência distinta do Blur, com os vocais inconfundíveis de Damon Albarn nos levando através de cada música. A capacidade da banda de criar melodias e ganchos viciantes ainda é evidente, e evoca uma sensação de conforto que só eles podem oferecer. Foi como reencontrar velhos amigos após anos de separação e, por isso, fiquei bem grata.
Fiquei com a sensação de que os caras da banda passaram um tempo com o Kevin Parker, do Tame Impala, pelo nível de experimentação e distorção que tem nesse álbum novo. Para mim, The Ballad Of Darren é uma fusão de brilho melódico e lirismo introspectivo.
Com certeza a banda está num estágio mais maduro (e, de certa forma, desencanado) de suas carreiras, mas agora lançando um olhar melancólico sobre suas glórias passadas, ao mesmo tempo em que avança musicalmente.
O álbum começa de forma graciosa com a faixa de abertura, “The Ballad,” uma canção de amor dedicada a Darren “Smoggy” Evans, o guarda-costas de longa data do Blur. O carinho entre a banda e Evans é visível nos versos, e a canção estabelece uma conexão sincera entre eles e seu passado.
É fato que a empolgação do Britpop não está presente, mas isso deu espaço ao introspectivo. Me encontrei durante todo o disco no mesmo mundo em que fico quando escuto “Tender“, a faixa de abertura do álbum 13 lá de 1999.
Em “St. Charles Square” a banda mergulha em suas raízes mais jovens e presta as primeiras homenagens à David Bowie, enquanto “Barbaric” entrega uma mistura de ruídos suaves e grooves envolventes, nesta pegada bem melancólica que envolve todo o disco.
Os arranjos orquestrais em “Russian Strings” dão a sensação de certa influência que as criações mais recentes de Alex Turner, devem ter causado no Damon Albarn, que inclusive demonstrou admiração pelo trabalho do Arctic Monkeys publicamente.
No centro do álbum, tem o single “The Narcissist,” que é uma reflexão profunda sobre a fama e o olhar para a escuridão. Albarn está lá fazendo o que sabe fazer e, de repente, surge uma reviravolta emocional que eleva ainda mais a intensidade da música.
O violão de abertura de “The Heights” lembra, de novo Bowie, mas foi neste momento que eu senti a mãozinha do Kevin Parker no disco. Entre algumas camadas de distorção, Albarn parece iniciar o fim da jornada.
The Ballad of Darren é um álbum bastante introspectivo, como uma viagem ao coração de Damon. O Blur se afasta um pouco do êxtase do Britpop e se mostra real, maduro, velhos melancólicos que ainda sabem muito bem o que fazem. Apesar disso, não deixa de ter a essência da banda, em cada faixa é gritante da onde vieram e onde estão. Só não sei onde querem chegar, mas esse lugar que acharam é bastante bonito.
Queria dedicar esse texto para meu pai que me mostrou Blur e mudou minha vida desde então.
Produzido por James Ford (Depeche Mode, Mark Ronson, Arctic Monkeys, HAIM, Gorillaz, Florence + The Machine, FOALS, Jessie Ware, Mystery Jets) e gravado no Studio 13, em Londres e Devon, “The Ballad of Darren” é o nono álbum de estúdio da banda, o primeiro desde o topo das paradas The Magic Whip em 2015, com capa apresentando uma imagem do fotógrafo britânico Martin Parr CBE.
This post was published on 27 de julho de 2023 9:03 am
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