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Scracho celebra reunião no Mita Festival 2023: “É muito gostoso ver que a gente tá conseguindo realmente manter essa chama acesa!”

Quem cresceu nos anos 2000 teve um dia muito feliz no domingo (28), segundo dia de Festival Mita no Rio de Janeiro. Dois grandes nomes da música daquela época se apresentaram: Scracho e Nx Zero.

Celebrando quase 20 anos de carreira, o Scracho reuniu diversos hits na setlist e fez todo mundo voltar no tempo, com certeza. E se a gente sente saudade, é claro que eles também sentem. Embora tenham entrado em hiato há um certo tempo, a banda realizou alguns shows para matar a saudade no ano passado. Ainda assim, não foi suficiente, é claro.

Para Caio, vocalista e baixista da banda, é interessante para eles fazer esse encontro mais uma vez.

“É muito gostoso pra mim ver que a gente tá conseguindo realmente manter essa chama acesa. Por mais que às vezes a brasa fique menorzinha, a gente consegue reacender ela e a fogueira acende. Então é muito bonito esse movimento de trazer essa energia, de trazer essa alegria e a gente poder se reacender. É sempre muito lindo!”.

Com os 20 anos de carreira batendo na porta, a banda parece não perceber que o tempo passou ou o quanto ainda são relevantes:

“A gente tava ensaiando e o dono do estúdio falou: “Cara, não é toda banda que tem 20 anos assim. E que faz show 20 anos depois.” E a gente falou: “Não, mas a gente parou, né? A gente meio que não tá na ativa.” Ele falou: “Tá sim, vocês estão aqui fazendo show!”.

É claro que o tempo passou, inclusive para os fãs que os acompanhavam e cresceram junto com a banda. Essa passagem de tempo fica clara para os integrantes quando reconhecem algum rosto no meio da plateia. E é obvio que a sensação não poderia ser outra a não ser nostálgica e ao mesmo tempo de um grande susto, fazendo com que o grupo se sinta parte da vida e crescimento dos fãs.

“Muitas vezes eu vejo as carinhas que eu lembro, a carinha de um menininho curtindo, de uma menina curtindo… E hoje em dia tem um maluco barbado com a namorada às vezes do lado, às vezes com o filho, assim, sabe? Então é muito legal! A gente já pôde ver isso nos últimos shows, a gente fez um encontro de seis shows no ano passado e a gente já conseguiu ver esse movimento de uma galera que, realmente, como muito bem disse, cresceu com a gente. Então a gente viu essa pessoa meio que moldando o caráter, a pessoa fazendo amigos dentro dos nossos shows. Os amigos juntos, se abraçando, se emocionando juntos. É um sentimento muito lindo.”, pontua Caio.


Scracho no MITA RJFoto Por: @arielmartini

Sendo professor, ele comenta que sempre traz em suas aulas que o poder está na comunidade. E complementa:

“O poder é o grupo, o poder é a egrégora que você faz. E a gente consegue ver que rola essa egrégora por causa da gente. Eu me sinto muito inspirado, honrado e feliz. isso pra mim é a coisa que eu acho mais linda. Ver que se formaram relações, amizades, relacionamentos duradouros, filhos, companheiros e tudo mais. É muito lindo!”

Falando sobre o poder da comunidade e de se juntar a quem se gosta, a banda colocou isso a prova, ao trazer Maurício Baia, amigo de longa data e que os inspirou muito no começo da carreira, para fazer uma participação no show, que contou com a música “Tu”, de autoria do cantor e o cover de “Ai que saudade d’ocê”, um clássico da música brasileira e que conseguiu unir muito bem tanto o som do Scracho quanto de Baia.

O cantor contou que conheceu ouviu falar da banda pela primeira vez por conta do tecladista Pedro Augusto, que tocava com ambos e comentou que eles eram muito seus fãs. E que estavam o convidando para uma participação no primeiro DVD da banda (MTV Apresenta). E relembra a primeira impressão que teve:

“O Scracho já era uma banda muito maior que eu, digamos assim. Como é que esses caras são meus fãs? Um lugar completamente tomado por um público completamente beatlemaníaco, scrachomaníaco… Rádio Mix… E quando eu fui lá, a minha percepção naquele momento foi um hit atrás do outro, com um público muito fiel desde o começo cantando tudo e desde então, eu tive a banda como algo grande pra ficar maior. E foi o que aconteceu.



E conta sobre a sensação de dividir o palco com seus antigos admiradores:

“Então assim, pra mim, eu tô aqui dando risada a toa, porque é uma delícia. Eu já tô praticamente com saudade desse reencontro. E o próximo reencontro nosso, eu vou fazer questão de ser eu quem vou promover.”

Do ponto de vista do Scracho, Diego Miranda, vocalista e guitarrista da banda, relembra os momentos em que ia aos shows de Baia no Circo Voador em sua adolescência e sobre o poder da música em promover esses encontros:

“Você vê, a música tem esse poder. Por exemplo, aqui tem esse momento de consagração dessa unidade Scracho + Baia. Quando eu tinha os meus 15, 16 anos, tava lá vendo shows do Baia como fã e falando: Cara, eu acho que eu posso ter uma banda! Porque esse cara tá levando uma galera pra ver show.” E hoje a gente está aqui, parceiros, já de alguns anos, então essa comunidade que o Caio fala tá também pra gente, não é só pro público.”

Um setlist recheado de hits e homenagens a clássicos da música brasileira com certeza não é fácil de montar, ainda mais considerando ser um show de festival. A banda trouxe músicas dos três discos que fizeram o público muito feliz, além de homenagens aos Novos Baianos com “A Menina Dança” e a Rita Lee, com “Mania de Você”. Gabriel comentou sobre esse processo de escolha:

“Como é show de festival, a gente tinha 1h de palco, é um show um pouco menor do que a gente fez ano passado, por exemplo, no Circo. Então a gente precisou concentrar dentro dessas 15 músicas, tentar contar toda a história da banda. Pegamos músicas do primeiro, segundo e terceiro disco. A música em comum com o Baia, obviamente já estava dentro desde o início da ideia. E essas outras músicas, a gente escolheu uma música do Baia, “Tu”, que é uma música que nós quatro da banda adoramos.

E aí a gente tocou “Que saudade d’ocê”, que a gente achou que era uma música que tinha uma intercessão com o Baia também, que é uma música que a gente já tocou algumas vezes nos nossos shows e tal, tem gravação dela no Youtube também. É uma música que a gente acha que tem a ver com o Scracho, tem a ver com o Baia. E a homenagem à Rita Lee também dispensa comentários, né? Uma tentativa de homenagear uma pessoa enorme.”

Quando perguntados quais músicas não poderiam faltar em um show, responderam em uníssono: “Morena”!

Com um festival com tantas atrações diferentes entre si, eles dizem que se pudessem escolher uma para fazer uma participação no show, seria Nx Zero e Jorge Ben Jor.

Como uma banda gente como a gente, o Scracho finalizou seu show deixando o que quase sempre deixa: um gostinho de quero mais e saudade nos fãs. E até quem não era, com certeza cantou todas as músicas, porque, querendo ou não, elas fizeram parte da adolescência de muita gente. É uma banda parte da gente, mesmo que não se perceba e faz a gente se sentir parte de uma comunidade, como eles bem disseram durante a entrevista.

This post was published on 12 de junho de 2023 10:00 am

Sarah Azevedo

Publicitária, mas com alma de jornalista. Sempre gostei de umas bandas com nomes esquisitos, mas sempre gostei muito mais de falar sobre elas.

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