Timidamente o rock psicodélico brasileiro da as caras no cenário underground paulistano. Foi antes do show do Boogarins, no Cine Joia em São Paulo que assisti pela primeira vez a apresentação da banda Applegate composta por Gil Mosolino (voz e guitarra), Rafael Penna (baixo e trompete), Vinicius Gouveia (guitarra) e Lucca Acquaviva (bateria).
O grupo abriu para a banda de goiana que celebrava 10 anos do disco As Plantas que Curam (2013), álbum que ganhou o gosto do público indie na última década.
No entanto, apesar das bandas serem de gêneros parecidos, a Applegate me fisgou por outras particularidades. Depois do show, ouvi por completo o disco Movimentos Regulares (2019), álbum que, em uma era em que o mercado valoriza cada vez mais o lançamento de singles, traz um conceito bem definido e completo.
O disco foi produzido por Carlos Bechet, que ao ouvir “Natural” se interessou pela banda. A maior parte das músicas foi composta por Gil vocalista do grupo; “É só ‘Gil’ mesmo, porque minha mãe gostava muito do Gilberto Gil” disse ele ao se apresentar.
“Quando o Bechet nos chamou ele perguntou se já tínhamos um álbum lançado, e claro, eu ‘meti o louco’ disse que tínhamos muitas músicas lançadas, mas na verdade a banda não tinha nem baixista”, comenta.
A banda então era formada apenas por além de Gil, Vinícius e Pedro Lacerda (ex-baterista), quando Rafael Penna, entrou no grupo. Penna acompanhava a Applegate para trabalhar com audiovisual e aprendeu a tocar baixo para gravar o disco; “foi a prova de fogo logo que entrei na banda” disse ele.
De forma psicodélica, pézinho no rock progressivo e um pouco de metal, o disco contesta a vida cotidiana. Segundo Gil, que na época trabalhava com TI, a Applegate e a criação do álbum se tornou um refúgio da sua rotina:
“Esse álbum tem uma crítica ao sistema como um todo (…) a capa do álbum é justamente um prédio empresarial de São Paulo, porque aquilo é uma fábrica de pessoas, de proletariado. Antes eu só queria criticar o sistema e quando olho para Movimentos Regulares hoje, vejo como ele é uma contestação a mediocridade da vida cotidiana.”
E entre críticas ao capitalismo e infelicidade com o trabalho atual, o vocalista decidiu trazer da forma mais crua o retrato do cotidiano para o disco. O vocalista andou pelo centro de São Paulo para captar sons ambientes e usar como colagem nas músicas.
Entre algumas delas, vale destacar a “Conversas II” com falas do filme O que é isso companheiro (1997, Bruno Barreto), que rebate os tempos duros da Ditadura. Movimentos Regulares é um disco muito bem pensado e refinado, feito para ouvir como uma única música.
“A primeira música do álbum se junta com a última”, destaca Gil que completa: “então você pode ouvir o disco por inteiro em looping. Ele nunca acaba, é justamente o que ele crítica”
Antes da banda, Gil começou tocando Death Metal mas nunca deixou de explorar outras nuances. Conforme o grupo foi se formando, o que inclui o ex-integrante Pedro Lacerda, atual baterista da Glue Trip, a identidade da banda foi definida como “rock indie psicodélico”.
“A banda ainda tem muitos elementos do metal” disse ele, no entanto o vocalista aproveita para cutucar também o público: “Quando eu tocava na minha banda de Death metal, costumávamos nos apresentar em uma casa de show especifica, tempo depois descobrimos que esse lugar fazia shows para neonazistas, nunca mais quis tocar la.”
Gil confessa que ainda ouve Death Metal, mas que é importante que bandas do gênero se posicionem políticamente.
“A cena do metal brasileiro e muito boa, mas também é triste. É importante bandas se posicionarem porque infelizmente existe uma parte da cena que é bolsonarista, mas a gente ignora isso e ouve outras bandas boas.”
A Applegate é uma banda de ‘garagem’ e não me entendam mal pelo termo, uso de forma literal. Domingo passado, 16/04, fui convidada a assistir o ensaio da banda na casa de alguém na Vila Madalena.
Entre acordos, desacordos, cerveja e maconha, os meninos preparavam o set para se apresentar na Casa Rockambole no próximo sábado, 22, em São Paulo. O show marca a chegada da nova música “Technicolor”.
A faixa já foi lançada anteriormente, os meninos criaram uma espécie de “financiamento coletivo” onde os fãs da banda podem pagar um valor mínimo para baixar a música exclusivamente. “Nossa questão com música no streaming é questão de pagamento e a gente resolveu isso fazendo do nosso jeito. Vender a música”, explica Gil.
“Foram 45 pessoas que apoiaram até agora, mas o retorno tá sento maior do que colocar a música direto no streaming; pra lucrar o que a gente lucrou com esse financiamento, precisaríamos de 250 mil plays no Spotify”, completa Luca Acquaviva.
As críticas as plataformas de streaming não vem apenas de artistas independentes. Taylor Swift, por exemplo, chegou a retirar suas músicas do catálogo do Spotify em 2014 pelo argumento de que o canal não “recompensa os músicos devidamente.”
Assim, Gil demonstra que a insatisfação com o streaming é ainda mais dura com artistas independentes, sobretudo, brasileiros.
“O Streaming é uma criação nossa como consumidores também. Eles acabaram com a pirataria. Nossa questão é que a gente como artista adoraria que no Brasil existissem politicas publicas que cuidassem da nossa classe artística e que fizesse o streaming escutar a classe trabalhadora que somos nós”, finaliza Gil.
O show da Applegate na Casa Rockambole está sendo organizada pela Porta Maldita e além da banda, também se apresentam a banda Guaribas e a cantora Zi. Os ingressos estão disponíveis no site do Sympla (garanta já o seu clicando aqui)
Casa Rockambole
Endereço: Rua Belmiro Braga, 119 – Pinheiros – São Paulo (SP)
Quando: sábado, 22/04
Ingressos: Sympla (entre R$ 40,00 e R$ 80,00)
Área de Fumantes e Acesso para pessoas com deficiência.
Aceita: cartões de crédito, débito e pix.
Horários:
19h00 – Abertura da casa
19h00 – Dj Set
21h00 – Show: ZI VASCONCELLOS
22h00 – Show: GUARIBAS
23h00 – Show: APPLEGATE
00h00 – DJ Set
01h00 – Encerramento
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This post was published on 19 de abril de 2023 8:12 pm
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