Entre paisagens sonoras, Carla Boregas lança sua estreia solo “Pena Ao Mar”

 Entre paisagens sonoras, Carla Boregas lança sua estreia solo “Pena Ao Mar”

Carla Boregas lança o disco solo “Pena Ao Mar” via iDEAL Recordings. – Foto: Divulgação

Uma das musicistas mais interessantes nos últimos tempos no Brasil vem estendendo seu leque de sonoridades, experimentações e camadas sonoras. Carla Boregas, também é integrante das bandas Rakta, Fronte Violeta, é colaboradora de projetos com o multi instrumentista M.Takara e de diversas instalações sonoras pelo mundo, também faz trilhas sonoras como a belíssima trilha do projeto Ponto Firme para a SPFW n51, e agora lança seu disco solo de estreia Pena Ao Mar pelo selo português Ideal Recordings.


Carla Boregas lança álbum Pena ao Mar via iDEAL Recordings - Foto: Divulgação
Carla Boregas lança seu álbum solo, Pena Ao Mar, pelo selo português Ideal Recordings. – Foto: Divulgação

Carla Boregas Pena Ao Mar

Limitado a 300 cópias em vinil, o debut álbum de Carla Boregas foi composto, mixado e produzido por ela mesma, com arte de Philip Marshall. O conceito parece trazer uma profunda meditação pessoal sobre seu amor ao oceano. Podemos notar que essa paixão por forças da natureza também se manifestam em seu projeto com M.Takara nos álbuns Linha D’Água e Grande Massa D’Água sempre trazendo aspectos diferentes, frescos e interessantes.

Mas voltando ao debut solo, se tratam de ambientações e experimentações sonoras criadas a partir de sintetizadores analógicos e digitais, explorando o field recording e o drone. O projeto teve início na pandemia com a criação de um curioso instrumento de sopro na intenção de ser tocado coletivamente. Avaliando os riscos de um instrumento de sopro coletivo nesses tempos pandêmicos, o projeto tomou outros rumos, desenvolvendo uma alternativa sintética com vocais em camadas para sugerir instrumentos de sopro que funcionam perfeitamente em riqueza sonora e desafiadora que caíram como uma luva em seu disco solo.

A faixa-título faz uso de arpejos analógicos, muito usados por artistas como Floating Points e Nils Frahm, que se movimentam e te puxam, como a força do mar e do vento. Você está preso, mas você se move. A atmosfera do álbum é criada a partir dessas forças da natureza, a meditação e o caos.

O conceito se mantém em todo o álbum, mas sempre trazendo diferentes abordagens e sonoridades, como o uso de drones na faixa “Grafia do invisível” – o vento está aqui de novo, com outro timbre e com outro ritmo.

A faixa favorita deste que vos escreve é “Sopro”, das mais profundas e intrigantes vocalizações cortadas em silabas, soando quase percussivas emitem uma mensagem que o ouvinte tentará desvendar a todo custo. Essas camadas vocais imersivas te empurram pra dentro do mar com os sintetizadores e um piano elétrico arrepiantes criando uma ambiência digna de filme de terror. Você já mergulhou no mar e tentou ouvir seus sons?

“Pena Ao Mar” não perde em nada para grandes artistas da eletrônica e ambient music mundial, como Lucrecia Dalt ou Julianna Barwick, pelo contrário – Carla está lapidando seu lugar ao sol como artista solo.


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