Nick Souza se conecta ainda mais com o Brasil e declara amor ao funk carioca

 Nick Souza se conecta ainda mais com o Brasil e declara amor ao funk carioca

Nick Souza – Foto Por: Danyal Barden

Nick Souza é um artista canadense mas que carrega em sua árvore genealógica DNA brasileiro. Filho de pais brasileiros ele desde cedo buscou a profissionalização no mercado, tendo a oportunidade de cursar música na Western University e Fanshawe College em Londres, Ontário, Canadá. Souza teve a companhia do produtor e engenheiro Dan Brodbeck, indicado ao Grammy e vencedor do Juno Award, e com ele pode aperfeiçoar ainda mais suas habilidades como produtor, compositor e engenheiro de mixagem e masterização.

Sua carreira se confunde com sua vida universitária, afinal de contas seu primeiro single e EP, “All The Way” e Souza Szn, Vol.1 respectivamente, lançados em 2019, vieram justamente deste período da vida. Tendo se apresentado em clubes de Ontario como Modrn Night Club, Mod Club, Mustang Lounge e The Wave, e podendo contribuir na produção de novos nomes da música de Toronto como Kafayé, Jonah Zed e Fleedoe.

Seu estilo de fazer música pop passa por estilos como Hip-Hop, R&B, ritmos caribenhos e até mesmo recentemente o tão brasileiro funk carioca. Se destacando em 2020 no Beat Series, uma competição de música para lusófonos da zona de Toronto promovida pela MDC Media Group, no qual venceu 12 concorrentes e foi premiado com $5,000 e um contrato de gravação de álbum.

Foi desta forma que em novembro de 2021 ele se preparou para debute na label com o single “Light Show” – e de quebra abocanhou outro prêmio: Melhor Performance Rap/Hip-Hop nos Prêmios Internacionais da Música Portuguesa de 2022.

Dando início aos lançamentos de 2023 ele apresentou recentemente o single “No One” no qual se conecta ainda mais com as raízes brasileiras incorporando os beats frenéticos do funk carioca ao seu R&B. Referência que num país marcado por imigrantes contribuírem na cultura local ganhou ainda mais força ao longo da sua carreira, já tendo explorado influências de chill funk (em “Baile”) e as festas latinas (“Perreo”), como também fazendo pontes em seu som com diferentes ritmos e propostas musicais, trazendo elementos de estilos como o Dancehall. O lançamento chega via MDC Music.

Sua conexão com o país não para por aí, além de ter viajado ao Brasil recentemente para estreitar relacionamento com artistas locais e o mercado nacional, o músico também aproveitou para observar mais de perto sobre a produção musical brasileira. Algo que conversamos com maior profundidade em bate papo com o Hits Perdidos!


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Nick Souza Foto Por: Danyal Barden

Entrevista: Nick Souza

Conversamos com Nick Souza para saber mais sobre sua trajetória e as pontes que o conectam com o Brasil.

Você teve a oportunidade de estudar música na Western University e Fanshawe College em Londres, Ontário, como sente que isso afetou e influenciou sua forma de pensar a música e ter domínio sobre todos os processos? Como você se comporta na hora de entrar no estúdio, começa pensando nos beats, melodia ou letra?

Nick Souza: “Acho que estudar me ajudou muito a entender as coisas que os hits têm em comum em termos de elementos de produção, estrutura de verso e refrão. Porém também me ensinou que realmente não tem regra com música. A gente pode fazer o que quiser se faz a gente sentir algo que a gente gosta. Também me ajudou a ser bem específico com o que eu quero em termos de mixagem, masterização e produção. Toda vez que entro no estúdio, eu entro com a mentalidade de experimentação. Normalmente, eu começo com a base do beat com uma melodia que eu tiro no teclado.”

Aliás, o Canadá é um país culturalmente muito plural com muitos imigrantes e locais onde trocas de culturas e arte acabam sendo ricas. Isso faz parte de sua pesquisa por música urbana, R&B, hip hop entre outros gêneros? Como enxerga o momento da música pop hoje em dia, principalmente o emergente, o novo e o desconhecido?

Nick Souza: “Eu acho que a música que sai da minha cidade, de Toronto, sempre tem uma influência de outro país. Normalmente acaba caindo dentro do mundo de Hip-Hop ou R&B ou Dance mas tem vários outros elementos envolvidos que têm raízes em países pelo mundo inteiro. Uma grande influência é o gênero afrobeats que incorpora ritmos da Nigéria, Gana, Senegal e vários outros países africanos juntamente com Dancehall, que é um ritmo Jamaicano.

Eu pego muita influência desses gêneros, mas eu também tenho a intenção de jogar os ritmos Brasileiros na mistura. Acho que a nossa música consegue atingir algo que as outras não conseguem. Também acho que hoje em dia o gênero pop está mais diverso do que nunca. A gente pode chamar um rap do Drake de pop tanto quanto uma melodia do Harry Styles – e os dois são capazes de chegar ao topo das paradas. Eu acho que no futuro devido à globalização, tecnologia e outras forças sociológicas a música pop vai ser mais diversa ainda, com músicas incorporando várias línguas e ritmos do mundo todo – não somente norte-americanos.”

Sua relação com o Brasil vem desde cedo por conta da família, mas como surgiu o interesse por estudar com profundidade a música periférica brasileira, o funk e todo universo eletrônico tão genuinamente brasileiro? O que mais gosta sobre o tema e como vê a evolução do estilo?

Nick Souza: “Eu peguei esse interesse pelo Funk através dos meus primos, que viviam me mostrando coisas que saíam quando eu ia pro Brasil ver a minha família. Devido a isso eu comecei a me aprofundar mais e trazer as referências que os meus primos me deram de volta pro Canadá.

Eu sempre mostro músicas Brasileiras pros meus amigos – tanto o Funk quanto Samba, Bossa Nova, Pagode e vários outros – e entre os meus amigos Canadenses é quase unânime, o ritmo mais marcante na opinião deles é o Funk. Isso reafirmou o meu interesse pelo funk e também reafirmou o meu desejo de experimentar com esses ritmos e ver o que acontece quando eu misturo eles com outros ritmos que me influenciam.

O que eu gosto do Funk é a energia dançante e climática que ele traz, é algo que você não consegue achar em outro tipo de música. Acho que o gênero vai evoluir de uma forma parecida com o jeito que o Hip-Hop está evoluindo de alguns anos pra cá. Introduzindo influências de outras músicas e estilos pra dar um revigoramento e uma perspectiva nova.”



A parte da construção, a fusão de gêneros e referências, inclusive, são os pilares do que conhecemos como funk carioca, o que mais te fascina quando pesquisa sobre os subgêneros e estilos? Quais artistas tem mais se interessado dentro deste contexto e porque?

Nick Souza: “Nesse lançamento mais recente com certeza o Funk Carioca é a influência que sobressai. Na época que eu escrevi essa música estava ouvindo muito Kevin o Chris que é um astro conhecido no mundo inteiro. Ele é uma grande influência pra mim porque ele também faz muitas produções de várias músicas dele, e ele é pra mim um grande pioneiro do Funk de 150bpm nesses últimos anos.

Eu também sou muito fã do Funk Mineiro e artistas como DJ Wesley Gonzaga, MC Tairon, DJ Vilão e vários outros, e um estilo que estou incorporando muito no meu trabalho ultimamente é o Funk Mandelão de São Paulo, o Rave Funk, e Funk mais tipo love song. Gosto muito do Dj GBR, Dj Leo da 17, Mc Livinho, DONATTO e vários outros.”

Aliás, você veio para o Brasil recentemente justamente para capitanear novas parcerias, estando por aqui, o que mais te chamou a atenção? Como notou o intercâmbio de ideias, a abertura para isso e o lado orgânico? Podemos ter surpresas em relação a isso?

Nick Souza: “O que mais me chamou atenção aqui no Brasil foi como as pessoas são boas em colaboração. As pessoas estão afim de testar qualquer ideia e experimentar com várias coisas diferentes. A leveza do povo Brasileiro é um grande fator nessa facilidade. Nesse meu tempo no Brasil plantei várias sementes, agora é só aguar elas pra ver oque acontece.”

Outro dia você postou que não queria ser rotulado por nacionalidade ou a versão brasileira/canadense de outro artista. Como tem sido para você trabalhar sua identidade e ver seu lugar em um mercado tão competitivo?

Nick Souza: “Se estabelecer com uma identidade nova é sempre difícil. Eu sou uma pessoa que anda na linha entre ser gringo e ser Brasileiro. Pro povo Norte Americano, eu sou Brasileiro, pro Brasileiro, sou gringo – e essa dinâmica e algo que ainda não é tão conhecida, mais é uma dinâmica que traz visão e perspectiva interessante, única, e visionária. Quero ser autêntico e verdadeiro com o jeito que me apresento e a minha história, então eu não tenho problema em passar pelas dificuldades necessárias pra começar a familiarizar o público mundial com essa identidade. Não vou tentar me modificar pra encaixar em um personagem ou uma narrativa que o publico já tem conhecimento e familiaridade porque isso não é autêntico a pessoa que eu sou, e o que não é autêntico não dura.


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