Internacional

Atlântico Negro, Capítulo 1: a origem afro americana da canção “Tainted Love”

Atlântico Negro é uma série de edições em imagem e vídeo onde eu DJ Will da Leste conto de maneira livre a relação entre musicalidades africanas e afro diaspóricas e o mundo pop ou underground. Nesse primeiro capítulo falo da relação entre o Pós Punk inglês e o fenômeno “Northern Soul”, a partir da música “Tainted Love” de Glória Jones.

Você já deve ter ouvido essa música, certo? Em alguma festa “Retrô anos 1980”? Tanto Soft Cell quanto Marilyn Manson e o Sepultura (Ouça) possuem versões dela.



As Origens de “Tainted Love”

As três bandas em comum fizeram um cover de uma canção Afro Americana essa daqui:



Trata-se da canção “Tainted Love” composta por Ed Cobb (ex-Four Preps), mas, gravada por Glória Jones em 1964. Mas, como será que o grupo inglês soube exatamente dessa canção? Provável que devido ao movimento “Northern Soul” responsável por popularizar canções norte americanas em clubes e por consequência nas rádios. Entre as músicas de destaque do fenômeno estava “Tainted Love”.



“Northern Soul” foi um fenômeno sócio cultural de dança, festas, pesquisa e difusão na Inglaterra dos anos 1970 de sonoridades Afro Americanas da Soul Music produzidas nos anos 1960 por gravadoras e selos regionais como “Golden World (Detroit) ou Mirwood (Los Angeles).



Não existiu um selo “Northern Soul” esse era o nome que DJ´s e vendedores de discos davam as prateleiras que se concentravam nesses gêneros facilitando a compra e claro tematizando as festas já que não havia interesse em sonoridades da Motown.




Mas, foi graças a garimpagem de DJ’s, público e vendedores de discos que as sonoridades alternativas e até underground’s Afro Americanas dos anos 1960 se tornaram populares entre trabalhadores ingleses e posteriormente no cinema e nas rádios influenciando outros gêneros musicais.

This post was published on 1 de fevereiro de 2023 10:04 am

Willians Santos

Willians Santos é doutorando em ciências sociais pela Unicamp, professor da rede pública do Estado de São Paulo, ator e curador musical do projeto "Conexão Jamaifrica" (musicalidades africanas, diáspora, jamaicana e northern soul), também, integra a equipe do "Fronteiras Cruzadas" e o projeto "Conexão Diáspora: arte e política sem fronteiras". Possui publicações em mídia nacional e internacional sobre os temas da diáspora africana, imigração, refúgio, anti racismo e direitos humanos, e música.

Posts Recentes

Ente embarca em um sonho lúcido no experimental “Voltarei a Ser Parte de Tudo”

Em nosso radar desde o ano passado, o quarteto carioca Ente apresentou, no começo de…

22 de abril de 2025

Canções inéditas da peça “Avenida Paulista, da Consolação ao Paraíso” viram álbum de vanguarda

Com produção musical de Maria Beraldo, e lançamento pelo selo RISCO, o disco com as…

18 de abril de 2025

Tindersticks faz show impecável em São Paulo e afaga os fãs brasileiros, 30 anos depois

Na estreia da produtora de shows Latina Shows, a banda britânica Tindersticks fez uma apresentação…

17 de abril de 2025

Romaria Discos e Amigues do Vinil apostam no mercado de discos de vinil no Brasil

A paixão por colecionar vinis virou negócio para o carioca Nicholas Lopes (30), fundador da…

17 de abril de 2025

perdido homenageia seu grande amigo em videoclipe para “cachorro pequeno”

"cachorro pequeno" ganha videoclipe produzido pelo próprio perdido No fim de março, Marcelo Perdido, que…

16 de abril de 2025

Terno Rei amadurece e mira em canções no 5° álbum “Nenhuma Estrela”

O Terno Rei tem uma das trajetórias mais heroicas do independente brasileiro. Formado em 2010,…

15 de abril de 2025

This website uses cookies.