Brasilienses da Muntchako e paulistas da Francisco, el Hombre lançam versões para clássicos da música brasileira
Releituras muitas vezes servem para apresentar para novas gerações clássicos do passado, em outros momentos é a sua atualidade que faz do resgate algo necessário. O interessante mesmo é quando acontece um esforço durante a reinterpretação de trazer em seu instrumental, versos ou ritmos um novo ângulo ou caminho para aquela canção.
“Pagode Russo” é um daqueles clássicos que já foi regravado inúmeras vezes, composta originalmente em 1946, a faixa ganhou uma releitura que vai beber de fontes diversas passando pelo afrobeat de Fela Kuti, a psicodelia, a pista de dança e o mestre Luiz Gonzaga. A canção, inclusive, é o segundo single revelado de FELA DUM GONZAGA, álbum previsto para 2023 (o primeiro foi “Waka Morena” – mistura de “Waka Waka”, de Fela Kuti, com “Vem Morena” de Luiz Gonzaga).
Para a releitura, os brasilienses não mediram esforços e excepcionalmente para a versão o trio virou um quinteto.
“O que seria um “pagode russo”? O que seria “coçar com dançaê”? O que seria o “parecia até um frevo, naquele cai e não cai”? Imagine tudo isso traduzido em vocabulário instrumental, acrescido de um banjo bizantino, uma flauta-pife sinuosa, uma sanfona rebelde, percussões indomadas, synths eletrônicos envenenados, e os graves do peso do beat pulsando num pseudo baião?, afirma Samuca que assina guitarra, synths, programações e a produção musical
Além dele complementam o trio Rodrigo Barata (bateria e beats) e Macaxeira Acioli (samples, beats e percussão), que para a faixa ainda teve a participação do sax barítono de Esdras Nogueira e a sanfona de Juninho Ferreira para o projeto.
A versão ganhou nuances eletrônicos sem perder o espírito seresteiro e ainda teve os adendos percussivos do afrobeat, o que fez a “Pagode Russo” ganhar ainda mais profundidade. Deixando os vocais em segundo plano para uma viagem psicodélica progressiva pronta para colorir uma pista de dança.
Já a Francisco, el Hombre foi atrás de lançar uma versão para “Apesar de Você” contextualizando para a semana das eleições. Com esperança pela mudança, após 4 anos de resistência que sempre reverberaram em suas composições, o grupo vislumbra a mudança e traduz isso de maneira prática em versão para clássico de Chico Buarque.
A canção composta em 1970, ainda em período de regime militar, em tempos de um governo que sauda este tempo, é daquelas que lamentamos a sua atualidade. E em semana decisiva eles conseguem enxergar uma luz no fim do túnel.
“É para dar um gás nessa reta final, falando desse amanhã que a gente já vê ali brilhando. Queremos que seja uma celebração e também um tributo a todos aqueles que não chegaram até aqui, mas que nos dão força para conseguir virar essa página da história”, reflete Mateo Piracés-Ugarte, que forma o conjunto ao lado de LAZÚLI, Helena Papini, Sebastianismos e Andrei Kozyreff.
A faixa ganhou além da versão, uma instrumental e outra A Capella, para chegar ainda em mais pessoas, como comenta o vocalista.
“Ele conseguiu esculpir o nosso arranjo de uma maneira minimalista, mas tendo o necessário para a música ter a cara da banda. No final, ela reflete a gente ao vivo: é brincalhona e feliz”, comenta Mateo sobre a faixa produzida por Felipe Vassão
É a segunda releitura que o grupo paulista faz da obra de Chico. A primeira foi “Roda Viva”, que integra a trilha-sonora de “A Fantástica Fábrica de Golpes” (The Coup d’État Factory)”.
Sobre o momento decisivo ele ainda reflete: “Essa reta final todo mundo tem que olhar para o trabalho de resiliência e resistência que rolou nos últimos anos para que agora pudéssemos virar a página. O amanhã está quase lá”.
E vocês, o que acharam destas releituras para clássicos da música brasileira?
This post was published on 25 de outubro de 2022 12:55 pm
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