Conhecido pelo trabalho ao lado da Mineiros da Lua, o músico mineiro Haroldo Bontempo lançou há um mês seu segundo álbum de estúdio em carreira solo. Diferente do rock experimental do grupo, ele explora conexões com a MPB, o choro, a bossa nova em canções bastante pessoais inspiradas em seu convívio com familiares e vivências na cidade. O material que conta com participações de Mariana Cavanellas, Lucca Noacco, a banda capixaba Chorou Bebel, a rapper Nabru e Vinicius Mendes Rodrigues foi lançado pelo selo yb music.
“Nesse disco eu quis ir na linha contrária do meu primeiro, ‘Músicas para Travessia’, que é bem minimalista e íntimo. Nesse novo álbum, quis explorar bem os arranjos e fazer músicas bem robustas!
Para isso contei com ajuda de amigos e fiz amigos novos. Também é um aprofundamento nos meus estudos em música brasileira! Tem bastante de chorinho, samba, além da bossa nova que tenho mais intimidade. Cheguei até explorar uns ritmos nordestinos e sertanejos”, relembra Haroldo.
Entre influências ele cita nomes diversos da nossa MPB como Chico Buarque, Cícero, Cartola, Nara Leão e Ana Frango Elétrico. O músico faz show de lançamento nesta quarta-feira (15/06) ao lado de Jards Macalé e João Donato na’Autêntica.
Com exclusividade para o Hits Perdidos, Haroldo Bontempo preparou um faixa a faixa comentando nuances do seu segundo álbum de estúdio.
Essa letra demandou muito pouco da minha criatividade (risos), tudo ali aconteceu mesmo, do jeitinho que eu falei. Achei legal e quis gravar a música por ter essa abordagem diferente em relação a rejeição… Não tem sofrimento, tem compreensão… Acho até importante termos músicas assim, que propõe esse olhar menos dramatizado sobre os foras (embora ao longo do álbum eu dramatizei uns foras tbm (risos).
Eu gosto muito de metalinguagem… “Pirraça” segue a mesma linha de “Na Casa do Jornalista“, do meu primeiro álbum, que é uma música sobre fazer música. A do primeiro álbum tinha o foco ali nas músicas sentimentais, no rock triste, “Pirraça” tem o foco na música de fossa (mesmo sendo um sambinha animado). Cara é até estranho, pois até poucos anos atrás eu não conseguia escrever sobre amor (paixão, desilusão, qualquer coisa ao redor mesmo), mas virou uma chave em algum momento… Doidera.
Da letra dessa eu só fiz o “ai meu deus, que que eu fui fazer?” e passei muito tempo pensando sobre a culpa, sobre termos poucas obras (principalmente musicais) sobre a culpa, perguntei pro Elias Sadala (que também é do Mineiros da Lua) se ele tinha algum poema sobre, e ele tinha! Aí usei.
Tem aquela clássica d’O Terno que fala sobre né, mas eu quis passar o sentimento mesmo, instrumental fechado, tenso e inquietante. Fiquei especialmente satisfeito com o teclado que fiz nela, trouxe uma vibe bem The Doors que eu não tava esperando ter no álbum.
Essa ai tem um lugar especial, é uma música de protesto mas bem subliminar… Me inspirei muito nas canções da ditadura, no que diz respeito a letra. O instrumental por sua vez foi bem inspirado no Tom Jobim, meu ídolo mor <3.
Foi bem satisfatório gravar essa música. É uma música do uruguaio Juan Wauters (da Captured Tracks), que eu adoro… Gosto do álbum todo (La Onda de Juan Pablo) que inclusive foi lançado num aniversário meu. Eu gosto demais do jeito que aborda o cotidiano, adoro músicas assim, de cotidiano, acho que isso caracteriza verdadeiramente uma música popular.
Quando ela vai, quando ela vem
Essa foi meu jazz brazuca (risos). Quis explorar dois sentimentos bem explicitamente, dois contrapontos né, a melancolia e o êxtase. O verso é uma caída quase cromática, bem arrastada mas que estoura num refrão agitado em acordes maiores. Quando tava pronta pensei nesse nome que tem tudo a ver, né? Estamos fazendo um clipe pra essa, quero fazer uma brincadeira com esse “ela” do título sendo a chuva!
Mais um jazz, dessa vez a lá clube da esquina! Especialmente Toninha Horta, que é uma mega referência pro Lucca Noacco, que compôs a música. Ele compôs e eu fui ouvindo a melodia e escutando as palavras, a letra é bem simples mas bem certeira, encaixou tão bem com a melodia que quase não precisou de rima.
Essa música e a seguinte acho que são as mais experimentais do disco. Em “Menino Espuleta” eu juntei muita coisa, tem uns ritmos nordestinos na bateria e percussões, tem um violão bem de um samba agitado, uma ponte bem João Donato das ideias, até uma atuaçãozinha e uns “yeah yeah yeah”s.
É um hino às viagens de ônibus pelo interior. A música toda gira em torno das cerimônias de acordar cedo, ir pra rodoviária, sentar na janela e ficar vendo aquela paisagem que se repete, e se repete, e se repete.
Muita gente amou essa música e eu realmente não tava contando com isso. Não tava contando por quê eu fiz essa música com um sentimento muito direcionado aos meus sobrinhos (é quase uma música de ninar, né), não pensei que ia rebater em outras pessoas.
O sentimento, além da alegria que eu sinto com eles e por eles, é de liberdade… Eu cresci numa família interiorana e com uns limites meio impostos (do tipo, foi muito difícil o pessoal me levar a serio como músico e afins), ai nessa música eu gravei todos os instrumentos, tudo. Pra tentar passar pra criançada que eles podem ser o que eles quiserem, que mesmo que um dia eles sejam xingados, humilhados por querem seguir um caminho tal, a força tá sempre dentro deles, e eles podem seguir o caminho que quiserem, fazer musicas lindas, realizar seus sonhos.
Na véspera de feriado, na quarta-feira (15/6), João Donato e Jards Macalé lançam o disco Síntese do lance, eleito um dos melhores álbuns nacionais de 2021 pelo Hits Perdidos, com show n’Autêntica. A noite será aberta pelo Haroldo Bontempo, que vai apresentar o segundo álbum de sua carreira solo.
Local: A Autêntica
Dara: 15/06 – 20h
Ingressos: R$ 140,00 (inteira) e R$ 70,00 (meia – entrada social)
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This post was published on 14 de junho de 2022 10:28 am
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