Duo paulistano Angeloose apresenta o EP de estreia “Bordeaux-Carmin”
Uma das maiores alegrias enquanto jornalista cultural é a oportunidade de conhecer o trabalho de novos artistas antes mesmo deles lançarem seu primeiro EP. Este é o caso do duo paulistano composto por Delliri e Viktor, Angeloose. A proposta da sonoridade do novo projeto é eletrônica mas se engana quem pensa que para por aí.
O indie alternativo eletrônico do Boards of Canada e as estranhezas do Radiohead vão de encontro, segundo os próprios integrantes, de Chico Buarque e Djavan, trazendo possibilidades sonoras capazes de abraçar o synth-pop, o samba e a MPB. Tudo isso com um apelo R&B nos vocais, interessante, não é mesmo?
A princípio ao ler a descrição do som a combinação não é das mais fáceis de assimilar mas ao ouvir e observar a construção das canções, acaba ficando algo mais palpável. A base eletrônica com efeito nas vozes criam texturas e camadas que levam o som do duo em direção ao pop. As composições falam sobre o lado sombrio do ser humano, entre as frustrações, a solidão, a fraqueza e o limbo entre tudo isso.
O duo relata que este primeiro trabalho a ser revelado é fruto do amadurecimento musical, e intelectual, dos últimos anos e já adianta que tem um disco em fase de produção. Eles até descrevem o som de maneira bastante calcada no universo dos sintetizadores: do synthpop ao synthwave ao synthsamba.
A faixa que abre o Bordeaux-Carmin, “Relapsos” vai agradar aos fãs de Washed Out pela linha minimalista, já os vocais groovados de Delliri nos remetem aos curitibanos da Tuyo. Deslizando na própria órbita e com abrindo caminho para se perder nos próprios anseios, “Gigante” é meio cáustica e lo-fi feito o som do Chromatics.
“Tu” é um dos destaques deste primeiro lançamento justamente por sua imersão e experimentação, tem toda uma levada de vinheta para abertura de programa de televisão – e quem viu Portlandia sabe o que estou dizendo. Uma boa faixa para abrir os shows, possivelmente.
“Correria” vai buscar no drum & bass a base de percussão em uma letra sobre as pequenas batalhas diárias, entre vitórias e derrotas, felicidades e frustrações. É uma ode a correria e a persistência de viver cada dia independente de qualquer barreira que ouse cruzar pelo caminho.
Trazendo a brasilidade para o primeiro plano “Sambinha” condensa o que eles apelidaram de Synthsamba, misturando os sintetizadores aos batuques eletrônicos para discorrer os futuros possíveis de quem luta por seu lugar ao sol. Quem fecha é “Pólvora” que versa sobre a intensidade das relações e a combustão que tudo isso envolve. A linha tênue entre a perdição e o conforto do abrigo.
Agora é esperar pelos próximos passos da Angeloose.
This post was published on 13 de maio de 2022 10:00 am
Da última vez que pude assistir Lila Ramani (guitarra e vocal), Bri Aronow (sintetizadores, teclados…
The Vaccines é daquelas bandas que dispensa qualquer tipo de apresentação. Mas também daquelas que…
Demorou, é bem verdade mas finalmente o Joyce Manor vem ao Brasil pela primeira vez.…
Programado para o fim de semana dos dia 9 e 10 de novembro, o Balaclava…
Supervão evoca a geração nostalgia para uma pistinha indie 30+ Às vezes a gente esquece…
A artista carioca repaginou "John Riley", canção de amor do século XVII Após lançar seu…
This website uses cookies.