“Só Pago o Que Me Cabe” ganha clipe com crítica ao padrão da moda em trap poético do Rap Plus Size

Rap Plus Size lança clipe para “Só Pago o Que Me Cabe”

Quando se pensa em moda automaticamente vem em nossa mente desfiles de mulheres magérrimas, em sua maioria brancas, com maquiagens e “carões” apáticos, performances blasés e usando roupas, tecidos e peças que ditam muito da tendência dos lançamentos de roupas no setor de vestuário popular.

Embora, ao acompanhar lançamentos e temporadas de desfiles internacionais muitas pessoas achem que esses mercados não influenciam nas criações do Brasil, percebe-se que tanto há influência como também uma grande pressão do mercado de moda para com os corpos e principalmente os corpos das mulheres.

Em contraponto cresce cada vez mais o número de jornalistas, especialistas, psicólogos, nutricionistas e pesquisadores sociais que pautam a gordofobia e a pressão estética que adoece cotidianamente a mente de crianças, jovens e adultos que possuem corpos fora do padrão dito como “belo” pelo mercado e pela mídia.

Jornalistas como Jéssica Balbino e profissionais de beleza como Magô Tonhon , influencers ativistas como Jess Ipolito, Luana Carvalho e Alexandra Gurgel que vem ao longo dos últimos anos construindo auto-estima, educação e difusão de informações que desestigmatizam os corpos gordos e corpos fora de padrão destituindo a farsa de que há preocupação de saúde quando na verdade criminalizam-se e demonizam esses corpos dentro da nossa sociedade.

Um dos grupos musicais que vem trazendo pautas a respeito de corpos dissidentes de forma criativa, reflexiva e denunciativa é o duo Rap Plus Size, composto por Sara Donato e Jupi77er.


Rap Plus SizeFoto Por: Raquel Pfutzenreuter

“Só Pago o Que Me Cabe”

Essa semana a dupla lançou o clipe do single Só pago o que me cabe fazendo uma excelente sonoridade e letras importantes.

Em parceria com a UZZN records e produção musical de Rentz Beats, a faixa questiona os padrões de beleza e a gordofobia na indústria da moda e deixa exposto que há um mercado para o plus size, além de novos criadores, costureiros, modelistas e designers focados em propor criações de vestuário mais descentralizados e que podem atender às necessidades de corpos e consumidores totalmente excluído.

Esse som fala sobre a indústria da moda e o quanto ela afeta pessoas gordas. Nós temos dinheiro para pagar roupas que nos vestem bem e vamos pagar por roupas que nos servem, não para essas grifes que não têm nossos tamanhos,  explica Jupi77er.

Entrevista: Rap Plus Size

Pude fazer uma breve entrevista com o duo sobre o trabalho e alguns assuntos, confira.

Como tem sido produzir musica durante a pandemia? Houve algo que surpreendeu nesses processos de criação remota?

Rap Plus Size: “Bom, foi diferente, ainda mais porque morávamos juntos e durante a pandemia nos mudamos, cada um foi pra uma casa com sues companheires, então o processo de criação tem sido a distância mesmo, mas tem sido bom e produtivo. Felizmente fechamos uma parceria muito legal com a UZZN Records que tem assinado a produção do EP Revoada, do qual estamos trabalhando no momento, para lançar ainda esse semestre.

O que mais foi difícil, foi realizar shows sem nosso publico, aprender a fazer streaming de live por redes de transmissão ao vivo na marra, e viver com a incerteza de quando isso vai passar, para que voltemos aos palcos e pro calor do nosso publico. Por enquanto estamos nos virando como dá! 

Qual instrumento e métodos vocês tem usado para se comunicar com seu público?

Rap Plus Size: “As redes sociais com certeza tem sido as nossas maiores aliadas para manter contato com o nosso publico, ao mesmo tempo tem sido nossa maior inimiga, pois Sara perdeu uma conta no instagram com mais de 16 mil seguidores e o Jupitter segue sendo boicotado na mesma rede quando posta sobre seu corpo. De qualquer modo, é um jeito de falar com o pessoal, até mesmo apresentar lives e tudo mais. É o jeito que temos conseguido acessar e passar nossa mensagem.”

A música “Só Pago o Que Me Cabe” faz uma excelente crítica ao mercado da moda. Se vocês pudessem falar diretamente com uma pessoa desse mercado de alta costura, o que diriam?

Rap Plus Size: “Diríamos exatamente o que dissemos na música. Vocês não querem vender pra gente pois são gordofóbicos? Não tem problema, a gente compra com quem quer vender, e faz o que nos serve, de um jeito que nos enxergamos nos seus produtos. É assim que o capitalismo funciona? Então é assim que a gente joga.”

Quais perspectivas de vocês para os shows pós pandemia? Se pudessem prever como seria?

Rap Plus Size: “Muita raba sendo jogada pro ar, muita alegria e aglomeração. Do jeito que a gente gosta, com muita energia e emoção. Ai ai, que saudade viu?”

Rap Plus Size “Só Pago o Que Me Cabe”



Ficha Técnica do clipe

Produção Fonográfica: UZZN
Direção de Fotografia e Iluminação: Diogo Martins
Direção Geral, Montagem, Cor e Efeitos Especiais: Laura MC
Produção Geral e Executiva: Mariama Ferrari – BigHead Produções
Stylist: Van Nobre
Ass. Produção: DJ Tayan
Fotografia Still: Iza Guedes
Fotografia Still: Raquel Pfutzenreuter
Maquiagem: Moniara Barbosa
Elenco: Jupi77er, Sara Donato, Cinthia Cristiny, Moniara Barbosa, Juju ZL, Lu Big Queen, Keenzao.

This post was published on 25 de fevereiro de 2021 2:00 am

Cris Rangel

Poeta, arte educadora e multiartista. Produtora cultural há 21 anos, indignada e sincericida por natureza. Gosta de abraços demorados e é aficcionada por música e toda arte que subverte ao óbvio. Ama brincar, rir de si mesma, inventar coisas e fazer planos mirabolantes para os amigos que admira. Tem mania de dividir conhecimento sobre o setor fonográfico e novidades. Diretora Criativa da Lyra das Artes. A&R do selo Lyra Noise. TDAH polivalente. A verdadeira Lôca do Play.

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