“Pense, fale, compre, beba / Leia, vote, não se esqueça / Use, seja, ouça, diga / Tenha, more, gaste e viva” diz a frase da canção “Admirável Chip Novo”, da Pitty. Inspirada no livro Admirável Mundo Novo, do Aldous Huxley (1932), a tecnologia tendo como ponto de partida para escancarar diversos dilemas humanos. Entre eles, as individualidades e caminhos de vida tomados pelas pessoas, seja pelo bloqueio disso, ou pelo sentimento de se sentir massa de manobra de uma estrutura social facilmente aceita – e pré-concebida. Ou seja, o modo como encaramos a vida e a liberdade das nossas escolhas. O assunto, de fato, nunca fica velho, mas vai ganhando diferentes contornos de acordo com o momento em que estão inseridos. Esse é o caso do novo single do músico capixaba Rodrigo Novo.
Uma escolha individual naturalmente afeta todo o nosso o entorno e ter a consciência disso é um bom primeiro passo. Nossos conflitos e relações internas e externas fazem parte do que somos e para onde estamos indo.
“É cultural por aqui pensarmos na vida como uma lista de compras ou uma receita: crescer, estudar, trabalhar, casar, ter filhos, envelhecer e morrer. Acaba que muitas pessoas querem vivenciar outra coisas, enxergar sua individualidade dentro do todo. Num ano como o de 2020, o voto de confiança que a música traz é bem relevante, né? A sociedade mundial foi obrigada a olhar pra dentro e rever algumas questões”, pondera Rodrigo Novo sobre o momento em que estamos vivendo e a temática.
Rodrigo Novo “Cego”
A canção foi composta ainda em 2016 e fará parte de Sítio, sendo o primeiro single a ser divulgado. Como afetamos e somos afetados pelo universo que nos rodeia.
“Para mim ela representa um momento de ressignificação, e de como se entender como pessoa, ou propósito, algo que vi muito em mim, e em pessoas a minha volta, em diferentes idades.”, conta o compositor
Para mostrar essas nuances, Rodrigo Novo experimenta uma estética lo-fi, o que usa da liberdade para discorrer sobre um tema tão abrangente e emancipador. Foi através da sensibilidade e leveza de poder estar exposto ao erro que a atmosfera é criada.
“Ela passa bastante da atmosfera dentro da sonoridade do disco. É convidativa, levemente dançante, acho que ela resume o disco de uma forma bem carismática”, comenta o músico.
Sobre a escolha dos arranjos e timbres ele comenta: “Os timbres escolhidos acho que flertam com uma coisa mais antiga e “vintage” e o moderno”. Entre as referências estéticas ele cita nomes como Norah Jones, Paul McCartney e Mac Demarco.
O registro foi gravado num estúdio colaborativo montado por Rodrigo, além do músico e produtor Henrique Paoli e do engenheiro de som Ricardo Ton no sítio Vale do Sol, em Biriricas (ES).
O conflito se evidencia ainda mais na construção da produção audiovisual. O tempo, as mudanças do interno e externo co-existindo no mesmo universo e uma coisa influenciando na outra. O lado metafórico da coisa toda se explicita ao longo da narrativa da animação feita quadro a quadro e dirigida por Gabriel Roemer.
“Cerca de 2.500 desenhos mostrando o universo que existe dentro e fora da gente. Ou seria os dois juntos?”, comenta o músico sobre a produção.
“Formas de enxergar podem ser infinitas. Para mim se conectam, música e clipe, no sentido de que falam sobre se perceber, entender o que queremos fazer com o tempo que a gente tem agora”, reflete Rodrigo Novo
This post was published on 15 de setembro de 2020 12:36 am
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