Neste período ímpar que a humanidade por si só tem passado muita coisa tem mudado. Mudanças essas que não necessariamente são visíveis ou capazes de mudar radicalmente o modus operandi da nossa sociedade como alguns chegaram a utopicamente vislumbrar no começo da pandemia mas de mudanças mais profundas em outros planos. A visão em relação as relações humanas para muitos também foi afetada, da valorização ao contato mais próximo a libertar-se de hábitos e até mesmo de amores ou amizades que já não estavam bem há algum tempo. Seja por atitudes, desgastes, abusos ou valores, a transformação vem de dentro e de forma reflexiva o Cientista Perdido explicita tudo isso em uma nova canção.
Rodrigo Saminêz é músico e produtor de Brasília (DF) e no primeiro single desde seu último EP, Mangata (2019), “Não Cabe em Você” resolveu refletir mais profundamente sobre as relações humanas ainda no início do isolamento social.
“Não Cabe em Você é um olhar em lupa voluntário para problemas que foram postos em lupa involuntariamente, e a composição foi o momento que tive a liberdade de fazer as perguntas do refrão (Por que eu não conheço o teu amor?/Por que a tua falta me satisfaz?) de uma forma direta e chegar na conclusão que, as vezes, o melhor mesmo é deixar ir e que não adianta mais remediar o que já chegou ao fim”, explica Rodrigo.
Versátil e comandando o processo do começo ao fim, ele usa sua experiência como produtor para além de compor realizar a produção, mixagem e masterização da faixa que abre os caminhos para anunciar um futuro lançamento de estúdio (ainda em fase de produção).
Procurando por novos timbres, ele convidou Lucas Edu (Oxy) para fazer arranjos na guitarra, assim criando uma atmosfera para harmonizar com os timbres do violão.
Sobre o experimento o músico conta que a canção “vem pra desfazer meus laços com o lo-fi e pra mostrar sonoridades que terão um aspecto mais protagonista no EP que está no forno”, conta Rodrigo, O Cientista Perdido
Entre as referências d’O Cientista Perdidos estão Coldplay, Bon Iver, Clube da Esquina, Radiohead e Grizzly Bear.
A imersão sobre o tema é notório em sua reflexão a respeito das origens da composição.
“Da mesma forma que os problemas e as faltas macro do mundo todo ficaram mais evidentes, o micro, nossas relações com quem está perto, com coisas que nos atingem num nível mais individual, também ficou.
As dinâmicas familiares, as amizades que precisam ir embora, o que precisa ser confrontado, tudo isso ficou mais explícito e aguçou as incompatibilidades que talvez antes passariam despercebidas, e tudo isso, em mim, resultou em entender que o sentimento de que o que é “meu”, o que eu ofereço, não necessariamente cabe no outro.”, reflete Rodrigo
“O que antes falava sobre a incompatibilidade do meu afeto em relação aos outros, agora fala sobre mim mesmo num tom de auto-cuidado, questionando até onde é correto ir pra não me desgastar.”, desabafa O Cientista Perdido
Também produzido durante a Quarentena o videoclipe buscou por soluções possíveis. Co-dirigido por Rodrigo e Ana Carolina Domingues, o registro traz imagens de acervo misturadas com outras produzidas ao longo do período de reclusão – e desenvolvimento da faixa.
A natureza, e seus elementos, ganham o plano central da trama, alternando entre a nitidez e a falta de foco. Sobre isso O Cientista Perdido filosofa “a poesia de algo que ou cresce com o passar do tempo, ou morre antes da hora”.
“No clipe, essa ideia foi desenvolvida a partir de imagens orgânicas, priorizando o verde das plantas e árvores retratadas, muitas vezes fora de foco, outras com muita clareza, capturando vários elementos que simbolizam algo que ou cresce com o passar do tempo, ou morre antes da hora.”, analisa Saminêz
This post was published on 15 de setembro de 2020 12:04 am
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