“Duas Águas” é o nome da faixa que apresenta e compõe o trabalho solo da compositora, cantora e artista híbride Ju Strassacapa.
Reconhecida integrante da banda Francisco, el Hombre, coletivo artístico com a qual lançou dois discos e alguns EPs. Um dos grandes destaques da banda, a canção “Triste, Louca ou Má”, um importante manifesto feminista em formato de canção, que se tornou hino da luta feminista e anti-opressão patriarcal no universo independente musical, tendo sido reinterpretado por vozes como Maria Gadú, Mariana Aydar, Liniker e por mulheres de toda América Latina.
A artista se apresenta atualmente como artista não-binárie e lançou essa semana em todas as plataformas digitais a faixa “Duas Águas“, uma canção que convida ao mergulho em timbres e texturas vocais pintando a paisagem sonora em sua letra, criando uma linda declaração e canção de amor queer, em que Ju enaltece Bia comparando- a as potências e levezas das águas doces e salgadas.
Com beats, samples, vozes e sons que lembram a natureza com seus arredores de rios a música vai trazendo esse ambiente aquático servindo de portal flutuante para o ouvinte.
Com produção musical da própria autora Ju Strassacapa compartilhada com o produtor musical, baterista e percussionista Guilherme Kastrup, a faixa contou com equipe majoritariamente feminina, tendo também mixagem e masterização das engenheiras de áudio Alejandra Luciani e Florencia Saravia-Akamine.
“O frescor da produção eletrônica unido a levada do som que remonta ao coco nordestino imprime algumas de suas referências como Chancha Via Circuito (ARG), King Coya (ARG), Mateo Kingman (ECU), Jhon Montoya (CO) e Maga Bo (BR).”
Ju canta, compõe, produz, toca percussão e conta histórias com suas expressões artísticas. Seu ativismo tem sido sua existência, ao integrar uma banda majoritariamente masculina e tendo feito sua voz ecoar nas coletividades ou, circulando em espaços de compartilhamento artísticos diversos onde se coloca sempre aliada das mulheres e dos minorizades oprimides pela sociedade e principalmente da causa LGBTQIA+ denunciando e provocando reflexões transformadoras com suas músicas.
Atualmente segue desenvolvendo também este projeto “solo”, onde busca apropriar-se dos meios de produção e ao mesmo tempo aprofundar-se em música-medicina, espiritualidade e temas de gênero e sexualidade ( se identificando como pessoa não-bináriæ, genderqueer e pansexual). Destaca em suas falas sua conexão com a Natureza, seus elementos, reinos e medicinas, inclusive na própria tessitura das canções.
O lançamento aconteceu pela Difusa Fronteira e ONERpm e a faixa “Duas Águas” também ganhou videoclipe especial dirigido por Gabriela Mo já disponível no canal de YouTube de Ju Strassacapa.
Ju Strassacapa: “Siiiim! Acho que quem cria nunca sossega o facho, então já tenho uma música prontinha aguardando videoclipe pra dar sequência e muitas outras na manga, aguardando que eu lhes traga corpo.
A próxima é uma bruxaria que só! Muita cura e conexão com a mãe Terra e com mundos oníricos e espirituais, com produção musical do Kastrup e mesma equipe musical também! Aguardem!”
Ju Strassacapa: “Pois é, fomos pegues de surpresa né? Já estávamos gravando antes da pandemia chegar e tomar conta de tudo. Foi doido continuar esse processo entendendo as necessidades de distanciamento social e restrições, mas mandamos muito bem.
Eu e o Gui (Kastrup) já estávamos flertando artisticamente há algum tempo, e as coisas casaram organicamente. Foi lindo trabalhar com ele, aprender com sua energia yang e estimular sua energia ying, realmente senti que saí sabendo muuuito mais sobre percussão, produção, condução de um processo de composição musical, enfim… As trocas foram lindas em muitos âmbitos, amei trabalhar com o Gui e especialmente nutrir uma amizade mais profunda com ele.”
Você se apresenta atualmente como de gênero não binárie, como isso tem afetado sua obra e seu olhar diante dos trabalhos artísticos?
Ju Strassacapa: “Acho que isso me trouxe mais leveza, especialmente no que concerne minha relação com meu próprio ego, que ainda precisa se identificar com algo ou não se identificar com outro algo. Antes disso, ainda sentia uma certa coerção para me enquadrar no aspecto feminino, como se eu devesse algo ao mundo, fosse beleza feminina, heteronormatividade, apresentar certo padrão corporal ou o que fosse. E romper com esse rótulo me trouxe mais liberdade.
Pude me amar mais, me permitir mais, foi como estilhaçar os moldes e as caixinhas que ainda existiam e condicionavam meu amor-próprio e minha maneira de me colocar no mundo. E tudo o que vier depois dessa transformação interna é inevitavelmente refletido por ela.”
Ju Strassacapa – Vozes, Percussões na água, programação de percussões e flautas
Raissa Fayet – Pifes e Vocalises
Aline Falcão – Synths e Synth Bass
Kastrup – MPC, Synth Bass e Percussões (Pandeirão, Ganza e Hihat)
Produção Musical – Ju Strassacapa e Kastrup
Gravado por Kastrup no estúdio Toca do Tatu
Produção executiva Toca do Tatu: Cris Rangel
Mixado por Alejandra Luciani no estúdio Sugar Kane Áudio
Masterizado por Florencia Saravia no estúdio Saravia-Akamine Equipe Ju Strassacapa
Management e Booking: Difusa Fronteira Editora: Difusa Fronteira
Produção Geral: Felipe França Gonzalez, André Maia e Nina Souza
1Não-binárie: Pessoa cuja identidade de gênero ou expressão de gênero não está limitada às definições de masculino ou feminino. Algumas podem sentir que seu gênero está “em algum lugar entre homem e mulher” ou que é totalmente diferente dos dois pólos.
2Queer: é um termo vago, que muitas vezes foi e ainda é utilizado como termo pejorativo em países de língua inglesa. Significa, basicamente, “estranhe”. Algumas pessoas definem sua orientação como queer, por não quererem/saberem defini- la e ao mesmo tempo não serem hétero; algumas pessoas definem seu gênero como queer, ou como genderqueer (“gênero queer”), por não quererem/saberem defini-lo além de “nem homem, nem mulher”, ou por desafiarem as normas de ser homem ou mulher.
Mas queer também pode ser um termo que abrange qualquer pessoa fora das normas de gênero, sexo e relacionamentos, e muitas pessoas que se consideram da comunidade queer também usam outros rótulos para suas orientações e/ou para sua identidade de gênero. Em algumas ocasiões, genderqueer é um termo citado como parte do G, mas é mais comum que esteja dentro do Q de queer.
This post was published on 6 de agosto de 2020 8:29 pm
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