Jair Naves na mesma intensidade que devora livros, absorve o sentimento do mundo ao seu redor. Suas mudanças, anomalias, extremismos, adversidades, paranoias, dilingências e barbáries. Feito uma meteoro ele colapsa tudo e transforma em melodias.
Sua poesia por sua vez tem a capacidade de te levar do céu ao inferno em questão de segundos. Dramatiza e somatiza de forma própria e carrega consigo sentimentos que estão no ar mas que nem todos tem a capacidade de colocá-los em palavras.
Rente (leia mais), lançado no ano passado, é um disco que deixa esse intervalo de tempo ainda mais doloroso. Assim como viver no Brasil em 2020 é. E aquelas decisões de 2018 a cada dia trazem mais consequências graves. Ele expõe isso de uma forma áspera ao mesmo tempo que discorre sobre outros tipos de transformação.
Também foi um disco rápido, caótico e alinhado com o tempo em que foi imortalizado. Acabou entrando nas principais listas de Melhores do Ano, inclusive estrelando na lista da APCA, de um ano onde a democracia continuou a acumular uma série de derrotas.
Seu próximo disco, ou livro cantado, como preferir chamar pois sua obra extrapola os limites do som, ainda reverberará nossos tempos mas pelo que o novo single mostra sob uma nova perspectiva. O lançamento será no segundo semestre.
O resultado por si só traz consigo um pouco do sufocamento tanto das redes sociais como dos noticiários. A cada Plantão da Globo ou Breaking News da CNN até mesmo o repórter que está cobrindo aquela pauta delicada, e tem que virar a chavinha em segundos, trava.
Somos humanos e o ato de absorver algo e logo entregar uma resposta coerente muitas vezes acaba falhando. Se a dificuldade acontece para quem está imerso, imagine para quem está do outro lado da tela. O bombardeio cria demônios. Entre eles a ansiedade, a insegurança, o pânico, o medo e a apatia.
Se nosso consumo e modus operandi a cada dia é mais doente, como saber para onde estamos indo? Para onde estamos sendo levados? Seriamos bois prontos para o abate do que se tornou o mundo atual?
Tudo isso, entre uma enxurrada de fake news, rasteiras, falta de escrúpulos, tensão, ameaças e falta de empatia.
Afinal temos que agir, temos que fazer, temos que consumir, temos que ser exemplos, temos que cuidar dos nossos. É muito temos e muitos sentimentos que não cabem no peito. Se sobreviver a 2020 é um desafio por si só, tentar vislumbrar um futuro mais tranquilo acaba por meio disso se tornando ainda mais difícil.
As notícias não ajudam, o governo não ajuda, o corporativismo corrói e o cidadão comum se vê entre rifles, cruzes e crediários. É difícil mas Jair Naves consegue expressar tudo isso a sua maneira. Consegue criar esses diálogos imaginários e provocar novas discussões.
Vivemos ou existimos? Nos permitimos sonhar?
Selecionamos os melhores trechos a partir dos diferentes takes. Uma vez definido o arranjo percussivo, todas as linhas de voz foram pensadas e colocadas como respostas ao que ele estava expressando com a bateria.”
“Essa ideia de pequenas declarações que fossem o suficiente para expressar um sentimento também foram aplicadas na composição da letra. Dessa vez eu queria que cada verso se bastasse, trouxesse um raciocínio que não precisasse ser alongado.
Como se para fazer um paralelo com você excesso de informações que consumimos a cada minuto, aquela coisa de ler um milhão de manchetes e raramente se aprofundar no texto que elas acompanham.
Além disso, a coisa toda de muitas vozes se manifestando simultaneamente me pareceu bem adequada para a época atual, em que a gente recebe estímulos constantes, vindos de todos os lados, sem protagonismo nenhum, tudo chegando até nós de uma só vez.
This post was published on 29 de maio de 2020 1:05 am
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