A guerra fria, a corrida espacial, a tecnologia, a ideologia e seus diversos conflitos marcaram a história para sempre dos países que compõe a União Soviética. O rock nos países comunistas (ou que outrora foram) é também bastante rico e não há como apagar sua importância dentro da história.
Guitarras insanas (conheça alguns modelos aqui), pedais, como os Sovtek Big Muffs, além como as válvulas de amplificadores fazem parte da história dos tempos da cortina de ferro. Estas, por sua vez, conhecidas como “Soviet Tubes” (confira um modelo de 1978).
O rock que chegava por rádios ilegais acabava influenciando as novas gerações a ter interesse pelo estilo, e claro, isso também se apresentava em sua estética. As fotos do punk nos anos 80 deixam isso bastante em evidência (confira aqui). Assim como as artes de posters e os fanzines.
O assunto é tão interessante que no ano passado foi colocado no Kickstarter um e-book chamado What About Tomorrow?: An Oral History of Russian Punk e você pode adquirir aqui.
Mas o comunismo não se resume apenas aos países que integravam a União Soviética. Coréia do Norte, Cuba, China, Laos, Vietnã e Transnístria também tem regimes comunistas. E claro, todos com muitas bandas e cenários poucos conhecidos por parte dos brasileiros. Vamos então com uma lista de verdadeiros achados destes países que contam com o regime que Bolsonaro adora elogiar a cada 5 minutos.
Porno Para Ricardo, isso mesmo que você leu, essa banda com este nome esdrúxulo, é uma banda de punk rock cubana. Eles estão na ativa desde 1998 e criticam fortemente o regime da ilha com letras politizadas e direcionadas aos irmãos Castro. Eles tem em seu currículo diversas turnês internacionais que foram estritamente proibidas pelo governo cubano, além claro, uma ficha criminal.
He Yong pode ser considerado o primeiro astro do punk rock chinês. Nos anos 80 o rock ainda era um fenômeno para poucos na China, e o acesso era praticamente voltado para estudantes e jornalistas. Algo bem diferente das nações do ocidente.
Até por isso o punk por lá, nesta primeira era chinesa, chegou melódico. Por outro lado o espírito libertino do rock já estava presente. Mas até mesmo o primeiro astro do rock de lá, Cui Jian, já tinha esse apelo pop. O rock já nasceu pop na China.
Foi só em 1989 quando de fato que o trabalho de He Yong passou a ser reconhecido nacionalmente. Elementos como pop, folk, o tom de balada e os sinos acabam aparecendo dentro da sonoridade um tanto particular do músico que só teve seu primeiro álbum oficialmente lançado em 1994.
Procurando por bandas do Vietnam surgiu o nome da CÚT LỘN, curiosamente lendo uma matéria soube que recentemente estiveram pela primeira vez na Coréia do Sul. O nome vem de uma comida de rua, ou seja, basicamente como chamar sua banda de “Pamonha”.
Se vestir de Pikachu, embora eles confessem ser desconfortável, acabou por sua vez virando um marketing dos videoclipes da banda que em seu som mistura punk rock com Thrash Metal. No país eles também tem uma forte cena de hardcore e você confere mais neste artigo.
Da Iugoslávia, que compreendia o que é hoje Bósnia e Herzegovina, Croácia, Macedônia, República Federal da Iugoslávia (depois a União Estatal da Sérvia e Montenegro) e a Eslovênia, vem a Idoli. Uma banda new wave / art punk / post punk de Belgrado e dica do Gabriel Thomaz para o post!
Também conhecido como VIS Idoli, o grupo esteve na ativa entre 1980-1984. Mesmo tendo durado pouco a banda é uma dos mais influentes da cena punk local, sendo o conjunto com mais regravações do estilo na região da Sérvia.
Existe inclusive um tributo polonês com diversos artistas homenageando bandas da antiga Iuguslávia, dentre elas a Idoli (Saiba Mais).
De Rijeka, na Croácia, a Paraf foi uma banda que iniciou sua jornada como banda de punk rock / new wave mas acabou indo para o post-punk. Uma das pioneiras do estilo na até então Iuguslávia. Na ativa de 1976-1986, eles ainda voltaram em 1994, 2003 e 2008 para alguns shows.
Também de Rijeka (Croácia), a Termiti também fez parte da New Wave. Cantando em língua local e trazendo para seu som instrumentos como teclados e melodias tão estranhas que fizeram do som do grupo único. Após o fim alguns membros fundaram a bem sucedida Let 3 que continua até hoje na ativa.
De Omsk a Grazhdanskaya Oborona é uma das primeiras bandas de rock psicodélico / punk da Rússia. Entre muitas fases e idas e vindas, a história da banda é problemática e vale a pena deixar registrada.
Em 1982 Yegor Letov montou a Posev ao lado de Konstantin “Kuzya UO” Ryabinov e em 1984 trocou o nome para Grazhdanskaya Oborona. Eles estavam prontos para gravar o álbum mas seu lado anti-autoritário e suas letras extremamente políticas fizeram deles um alvo fácil para a KGB. Para o azar de Letov a mãe do segundo guitarrista da banda era membro do partido e denunciou o grupo da seguinte maneira: “Camaradas, meu filho está envolvido em uma organização anti-soviética”.
Letov acabou sendo levado em 85 para um hospital psiquiátrico por conta de sua conduta contra o estado. Já Ryabinov foi obrigado a servir ao exército mesmo tendo um problema no coração. Em março de 86, Letov foi liberado do hospital e logo começou a escrever e gravar suas músicas.
Ele costumava gravar por conta própria e, embora creditasse outros músicos, seus colaboradores ficaram sob pseudônimos, já que Letov permaneceu de fora do sistema soviético. Já que eles foram forçados a assinar documentos dizendo que ficariam distantes do músico. Uma história muito louca!
Ele lançou de forma independente faixas gravadas em bootleg do estúdio que soavam um tanto quanto estranho. lo-fi, garage punk / post-punk com influências de reggae e estranhices. Já as letras eram um tanto como iracionais e inspiradas na poesia futurista russa.
Fato é que vale a pena ir no wikipedia da banda descobrir mais sobre o desfecho e trajetória deste projeto. Letov é considerado por muitos como o avô do punk russo.
Outra banda polêmica Russa é o Sektor Gaza é considerada uma das mais influentes bandas punks da região. Formado em 1987, o grupo passou por uma vasta gama de estilos ao longo da carreira dentre eles o folk e as cantigas de vilarejo.
Uma banda que acabou se tornando “cult” na Rússia foi a Korol i Shut que além de introduzir o horror punk – e o ska – na sonoridade ainda usava roupas de fábulas e lendas – que claro acompanhavam suas letras místicas. Digamos assim “um horror punk para fãs de metal medieval”.
A Rússia ainda em 2020 possui uma cena de post-punk impressionante e não é da boca para fora. A Lucidvox, uma banda formada por apenas mulheres e explorando texturas do rock de garagem. É algo de outro planeta.
Um site até faz uma comparação com o The Raincoats e a ácidez das linhas de guitarra do Black Flag, do Greg Ginn, mas ali tem muito mais do obscuro dos anos 80. Detalhe que o álbum delas foi gravado dentro de uma igreja ortodoxa, o que deixa a história ainda mais legal.
Para quem gosta de Slowdive, Stereolab, Cocteau Twins, The Jesus and Mary Chain, a Pinkshinyultrablast vai resultar como um verdadeiro hit perdido. Até o momento o grupo de São Petesburgo tem 2 álbuns de estúdio.
O post-punk e new wave vivem na ГШ (Glintshake) que acabou ganhando um certo hype bem longe da mãe Rússia. Se você gosta de Gang Of Four está aqui é para você. Aliás o Gang Of Four tem até o álbum “comunistão”, Entertainment!, não é mesmo?
Se você ainda é apaixonado por Ian Curtis, e o Joy Division, talvez vá gostar do som do grupo de post-punk, Buerak. A banda de Novosibirsk está na ativa desde 2014 .
A Motorama talvez seja uma banda conhecida de alguns. Na ativa desde 2005 eles tem passagens por lugares como a Asia e a América Latina. Com cinco álbuns de estúdio, o grupo faz uma fusão entre post-punk e indie pop. Entre as influências eles citam Joy Division além das bandas russas Kino e Zvuki Mu.
De Novi Sad a Pekinška Patka é considerada a banda que lançou o primeiro álbum punk da história da Sérvia (Plitka poezija | 1980). Tendo posteriormente ido para o post-punk e darkwave em seu segundo disco (Strah od monotonije |1981). Após o fim da banda eles ainda se reuniram algumas vezes tendo até tocado ao lado dos Sex Pistols.
De Ljubljana, na Eslovênia, a Niet foi uma das bandas seminais e mais influentes bandas de punk/hardcore local. Formada em 1983 a banda teve dois comebacks, sendo o último entre 2008–2017.
De Minsk, na Bielorússia, a Lyapis Trubetskoy foi uma banda de ska punk. O grupo ficou na ativa de 1990-2014, tinha apelo até mesmo comercial localmente e chegou a ser popular no leste europeu. Após o fim foram formadas duas outras bandas, Trubetskoy Minsk e Brutto.
Mais uma recomendação do Gabriel Thomaz na lista! A coletânea lançada em vinil Surfbeat Behind the Iron Curtain Vol.1 60s Surf/Instrumental Eastern European Rock reúne uma série de pérolas escondidas atrás da cortina de ferro. Nada como diversas bandas de rock nos países comunistas todas lado a lado!
Como esquecer do duo de pop T.A.T.U.? O duo de Moscou roubou a cena em 1999 com direito a uma série de controvérsias e um fim um tanto quanto melancólico e meteórico. Marcou uma época.
Não seria bem uma banda de rock nos países comunistas mas merecem estar na lista!
Embora tenham começado com um EP punk e terem se tornado famosas pelos protestos – e luta contra o governo Putin, hoje em dia o som foi para o pop e eletrônico. O grupo que é bastante performático recentemente esteve no Brasil.
Um novo sangue no punk russo, foi assim que definem o som do Trud. Eles tem uma estética sonora barulhenta que de certa forma se funde com o post-punk – o que faz do som um tanto quanto melancólico.
Mesmo longe da Rússia diversas bandas acabaram abraçando a ideologia comunista de alguma forma em seu som mundo afora. Muitas em suas letras e filosofias de vida.
Como por exemplo, o Rage Against The Machine, o The Clash, o Gang Of Four, o Dicks, o Refused, o Discharge, Crass, Subhumans, Rudimentary Peny, Wire, Ministry e Youth Brigade. A inspiração chega a até mesmo o nome do Lenine, não é mesmo?
Ou falando mal do regime como Dead Kennedys em Holiday In Cambodia. Alguns até acreditam que a invasão do rock na Rússia funcionou como motor para o fim do comunismo, além de claro, muitas bandas serem vetadas durante o regime por diferentes motivações. Vira e mexe circulam listas na internet.
Com essa corrente de internet fechamos nosso post de Rock nos Países Comunistas!
This post was published on 28 de janeiro de 2020 11:36 am
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Comunista feliz é comunista que Não mora em pais comunista!