Melhores Álbuns da Década: Helder e Jaison Sampedro (RockALT)
No começo de Outubro a Pitchfork disponibilizou uma lista polêmica (confira aqui) comentando os 200 álbuns favoritos da década (2010-2019). Listas são controversas por si só mas acabam gerando uma discussão saudável, além de trazer dicas para sua playlist. Pensando nisso convocaremos até o fim do ano: um time de personagens do mercado da música para comentarem seus prediletos. O segundo post que aparecerá por aqui é com os irmãos Helder e Jaison Sampedro, do RockALT.
O Desafio: RockALT
Desafiamos os irmãos Helder e Jaison Sampedro (RockALT) a listar 10 discos. A princípio eles podia escolher entre os que mais gostou da década, ou então, listar o que mais foram impactantes. Seja emocionalmente ou tecnicamente, nossos entrevistados tem liberdade de escolher seu “conceito” para a seleção.
Tendo a liberdade de escolher álbuns lançando ao longo da década. Alguns optaram por escolher um por ano, outros tiveram mais de uma escolha por período de 365 dias. Mas valia tudo, certo?
O curioso é justamente observar as escolhas e como isso refletiu ou não em seus trabalhos. Menos papo e mais lista, com vocês a seleção do RockALT. Além do podcast, vale lembrar que o RockALT organiza eventos e shows independentes na cidade de São Paulo.
Observação: Não existiu a obrigação de listar de 1 a 10 a importância do disco. Sendo assim, não enumeraremos as listas.
Cloud Nothings: Attack on Memory (2012)
Jaison: “Attack on Memory não foi o primeiro álbum que escutei do Cloud Nothings. Meu contato inicial foi com Here and Nowhere Else de 2014 e gostei bastante. Mas ao ouvir Attack On Memory, tive um colapso!
É álbum visceral, energético e menos pop do que o lançamento seguinte. É daqueles discos que você escuta de cabo a rabo sem pular nenhuma faixa. “Fall in” e “Stay Useless” são daquelas faixas que não saem da cabeça depois de escutar pela primeira vez.”
Minus The Bear: Omni (Maio, 2010)
Helder: “Conheci a banda em meados de 2009 ao assistir o clipe de “Knights” e desde então fiquei da fã banda imediatamente. Com o tempo fui escutando, e amando, todos os EPs e os seis álbuns cheios que lançaram até encerrarem as atividades em 2018.
A banda amadureceu de forma muito bela ao longo dos anos e esse álbum é justamente o ponto entre o math rock e a experimentação do início da carreira e as lindas melodias e tom mais maduro dos músicos na fase derradeira do grupo. Acredito que “Into The Mirror” possa ser uma das músicas que eu mais escutei na vida.
Japandroids: Celebration Rock (2012)
Jaison: “Celebration Rock, da banda canadense Japandroids é apoteótico. Isso fica bem claro logo no começo do disco com “The Nights of Wine and Roses”, que começa com um crescente de fogos de artificio ao fundo, iniciando o álbum de forma entusiasmada.
Seguido da energética “Fire’s Highway” e depois de “Evil’s Sway” com os seus coros uníssonos de “Oh Yeah, Oh Right” que empolgam a cada repetição. Não fui ao show em 2009 porque não conhecia a banda. Mas isso não importa, Celebration Rock é um álbum digno de ser (perdoem o trocadilho) celebrado.”
Two Door Cinema Club: Tourist History (Fevereiro, 2010)
Helder: “No início da década foi impossível escapar da onda “indie rock” que dominou as baladas da Augusta. Pelo menos pra mim, pois como frequentador assíduo da rua aos meus 20 e poucos anos escutei muito Phoenix, Two Door Cinema Club, Foster The People, MGMT, e toda aquela leva que saturou as casas noturnas na virada da década. Esse álbum marcou muito aquela época pra mim e confesso que não o escutava há muitos anos. Porém, mesmo soando excessivamente jovem e alegre pro meu gosto atual, ainda é uma ótima audição.”
Charles Bradley: Victim of Love (2013)
Jaison: “Sem sombra de dúvidas a música de Charles Bradley é uma das mais tocantes e emocionantes que eu já escutei. A capacidade de imprimir emoção em sua voz era inigualável. Em seu segundo álbum lançado, Victim of Love o sr. Bradley trouxe uma emoção por muitas vezes palpável, transformando toda a dor e sofrimento de sua vida em uma melodia rasgada, tocante à flor da pele. Está tudo lá! Minha música favorita é “Strictly Reserved for You”. Que baita declaração de amor! Inquestionavelmente um dos meus álbuns preferidos dessa década.”
The Black Keys: Brothers (Maio, 2010)
Helder: “Se eu fosse escolher uma banda de rock mainstream para ser headliner de um festival atualmente, seria o Black Keys. Certamente é a banda gringa que eu mais tenha curtido acompanhar ao longo dessa década.
Esse álbum tem músicas que tocaram por anos em minhas playlists e até hoje gosto tanto quanto gostava em 2010. Vale mencionar também que os clipes lançados na época são sensacionais, destaque para o clipe de “Tighten Up” e “Next Girl” além do querido Frank, o dinossauro. Foi interessante conhecer o trabalho deles antes de estourarem com El Camino e atingirem um merecido estrelato. E justamente quando eu achava que a banda tinha acabado, fiquei contente de vê-los de volta este ano.”
menores atos: Animalia (2014)
Helder: “Não me parece exagero algum dizer que esse possa ser um dos melhores álbuns lançados no Brasil nessa década. Infelizmente a banda ficou um pouco restrita ao cenário do emo/harcore na epóca pois acredito que muitos em 2014 ainda torciam o nariz para bandas de rock cantando em português, ainda mais com letras tão confessionais como as escritas pelos cariocas do menores atos (escrito assim em letras minúsculas mesmo).
Hoje em dia a banda segue firme com outro álbum irretocável lançado em 2018 além de ter tocado no Rock in Rio 2019 e ser escalada para o Lollapalooza 2020. Escolhi Animalia unicamente por memória afetiva pois conheci esse álbum logo após o término de um relacionamento. É clichê, eu sei, mas não muda o fato de ser um álbum incrível.”
Sheer Mag: EP I (2014)
Jaison: “DIY! Esse é o mote que rege a banda da Filadélfia, Sheer Mag. Desde o início do grupo ficou combinado que eles ditariam seus caminhos. Sem selos, gravadoras ou agentes por trás. Foi conta própria que surgiu o primeiro EP da banda. Na minha opinião uma mistura inusitada de um som “setentista” e punk, tudo no mesmo caldeirão e com um toque especial. A voz de Tina Halladay.
O EP conta com apenas 4 músicas, parece pouco, mas é o suficiente pra ficar absolutamente impressionado com o grupo e ver que o punk ainda tem muita, mas muita lenha pra queimar.”
Mudhill: Expectations (2016)
Helder: “Esta foi a banda que me fez voltar praticamente toda a minha atenção ao cenário independente nacional e essa foi uma das melhores decisões que tomei nessa década, musicalmente falando. Não sou o único no cenário independente a colocar Expectations entre os meus álbuns favoritos da vida.
Esse trabalho era realmente muito esperado e foi um feito e tanto conseguir superar as expectativas do público que já acompanhava a banda. Tanto que o lançamento desse álbum me fez perder interesse em quase tudo que venha da gringa, e não é a toa. A qualidade das letras e melodias desse disco seriam suficientes pra colocar o Mudhill em turnê mundial, uma pena que nosso país não se importa com o que é lançado por aqui.”
Corona Kings: Death Rides a Crazy Horse (2017)
Jaison: “Corona Kings tem um lugar especial no meu coração por duas razões. A primeira é porque eles participaram do primeiro evento realizado pelo RockALT. A segunda razão é que Death Rides a Crazy Horse é o melhor álbum de rock de 2017!
“Boyhood” abre esse belo álbum, que só vai desacelerar na 11º música, “My Place”, e depois volta com gás total para encerrar com “Nowhere Man”.
Não sei qual é o futuro da banda, que entrou em hiato neste ano de 2019. Mas eu gostaria muito de ver qual seria a evolução do grupo depois desse ótimo trabalho. Não custa sonhar, mas eu gostaria de ver esses caras tocando juntos novamente, o rock agradeceria.”
Playlist no Spotify
Claro que você não ia conferir essa lista sem ouvir um pouquinho de cada disco citado! Preparamos uma lista com os sons escolhidos especialmente para esta seleção do RockALT.