Batalhas, perdas e ganhos. Estão são marcas do novo videoclipe do Rapha Moraes. O curitibano filosofa através do recurso da produção audiovisual para dar terreno as pequenas batalhas do dia-a-dia.
Coragem pode ter um sentido tão metafórico que traduzir isso em telas é por si só um ato plástico. Ainda mais envolvendo uma fotografia com qualidade de cinema, atuação e a tão importante dança.
Representando a dança da vida, seus compassos e sua métrica toda quebradiça. Feito um acorde dissonante, feito uma caminhada cheia de pedras. A coragem cria um poder magnético para superar as barreiras que muitas vezes nem nós mesmos acreditamos.
Rapha Moraes por sua vez vai atrás do silêncio e do movimento para guiar sua narrativa em um registro produzido e dirigido por ele mesmo. O músico também é produtor audiovisual.
Profundidade é o sobrenome da música. A coragem por lidar com dores difíceis acaba sendo elemento crucial na jornada representada no curta-metragem que teve co-direção de Gustavo Anitelli; roteiro de Rapha Moraes e Gustavo Anitelli e produção assinada pela O Filme Produções.
O desabafo também cabe muito aos dramas vividos na atual conjuntura do país onde o diferente é tratado com desdém; e a coragem serve como motor para evitar dar fim a vida.
“Essa letra parte de um ponto de vista bem pessoal sobre a necessidade de ter coragem para enfrentar os desafios mais íntimos de perdas e despedidas.
Da necessidade de evoluir, melhorar. E acho que esse discurso se encaixou bem com o momento do país também. A coragem está sendo tão necessária”, reflete Rapha Moraes.
Os medos, aflições, dúvidas e angústias acabam por sua vez sendo elementos para que paremos ao menos 5 minutos para prestar atenção no que realmente importa na vida. Nossa dignidade, força de vontade e ponto de equilíbrio acabam ganhando cenas plásticas por meio de paisagens incríveis.
Gravado em São Luiz do Purunã (PR) e Poços de Caldas (MG), o clipe passa uma atmosfera que expõe a dicotomia entre o calmo da natureza, e takes acelerados, que representam muito bem – a tão humana – ansiedade.
Feito um sopro o vídeo acaba ganhando narrativas que levam o espectador tomar suas próprias conclusões. Feito um sonho, um filme de ficção ou uma utopia.
A performance fica à cargo do ator Luís Melo que com muita leveza maneja uma tormenta com gestos de sabedoria. O jovem Pedro Vinicius, que nasceu com síndrome de down, também impressiona com seus trejeitos delicados que mostram superação e o espaço dos sonhos que temos. As batalhas diárias. Os medos e a incerteza de um amanhã mais seguro. Uma batalha constante mas carregando muita fibra em seu olhar.
A sétima arte vai em encontro com o teatro e a dança nos sutis movimentos da bailarina Andréa Barbour, que delicadamente comanda uma valsa de uma mulher só. Com performance que exorbita o campo teatral e flerta com o circo, a dança e o freestyle. Ela que também integra o grupo Teatro Mágico.
O lado circense também se aflora com a performance – e ousadia – de Tiago Catossi que desafia a gravidade em sua dança com panos. Ele que é especialista em saltos de grandes alturas e que já fez parte de grupos como o Aqualoucos.
Tudo contribui para o equilíbrio entre o peso e a leveza de nossas ações, reações e força de vontade por viver. Plasticidade que se multiplica a cada quadro.
Com quase três anos de preparo, OA tem origens de um livro autobiográfico escrito por Santos Dumont. Em “Meus Balões”, o aviador e inventor contrapõe a noção de que o que voa é mais pesado que o ar com a constatação de que havia feito um navio voar no céu.
Toda essa ideia de energias opostas acaba ganhando significados fortes que tangem os novos caminhos do artista curitibano. Curiosidade: antes chamava O mais leve que o Ar” e passou a ser chamado apenas de O AR; e posteriormente de OA.
Gravado entre 2017 e 2018, o álbum teve o cuidado na produção de Gustavo Schirmer (Marrakesh, Terno Rei, Vivian Kuczynski). A masterização é assinada por Mauricio Gargel e contou com sopros de Lauro Ribeiro.
This post was published on 10 de setembro de 2019 1:39 am
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