Nos últimos anos temos visto mudanças significativas tanto no consumo de música por parte do público, como na experiência proposta pelos festivais. Isso fez com que a representatividade e os discursos ganhassem ainda mais força e protagonismo. Desde as redes sociais, passando pelas ruas e palcos país afora.
Festivais nos quais eram nichados e com propostas antigas viram o público se interessar e consumir mais estilos e não mais se “fechar” a uma zona de conforto. Para uma nova geração não existe mais um “só vou ouvir punk”, “só vou ouvir metal”.
Os shows se comparados com outros tempos tem se restringido a palcos menores e com público mais velho. Por outro lado vemos bandas produzindo material em escala e melhor qualidade.
O que gera uma discussão muito forte. Teria o rock se encolhido aos poucos e virado nicho? O rock voltou para a garagem? E o espaço nos grandes veículos de comunicação, estariam dominados pela indústria do sertanejo, do pop e do funk carioca?
Se a princípio nos reunimos na coletiva de imprensa para saber mais sobre o line up da 6ª edição do Oxigênio Festival, o encontro também serviu de palco para discussões que acabaram nos últimos anos ganhando corpo dentro do mercado do rock no Brasil.
Marcelo Mancini do Strike, uma das bandas confirmadas, que inclusive nos últimos tempos tem se aventurado em um projeto voltado para o trap, foi bastante enfático quando o assunto foi a diminuição do espaço do rock na mídia tradicional, como o caso das rádios FM e televisão.
Ele ainda questionou a indústria do jabá por trás do sertanejo e como as portas tem sido fechadas para sua geração de bandas. Citou que era super comum antes ouvirmos bandas como Pitty, CPM 22 e Charlie Brown Jr. em FM’s populares e hoje em dia nem passam perto.
Mas estaria o público que consome novas bandas nestes lugares?
Já Rafael Brasil, do Far From Alaska, tem uma visão oposta do cenário atual. Acredita no poder da colaboração entre artistas como peça chave para abrir novos caminhos tanto comerciais como artísticos.
Ele relembrou – e adiantou para os jornalistas presentes – que recentemente Emmily Barreto fez uma participação especial em uma música do Capital Inicial. O músico vê como a necessidade e tentativas de trazer de volta o rock para o mainstream.
Na coletiva de imprensa que teve como casa o Hampton Park Hotel, 34 atrações foram confirmadas.
Destas uma será revelada no início de Agosto. Já as outras serão selecionadas a partir de uma votação de bandas.
O festival acontecerá entre os dias 13 e 15 de setembro no Via Matarazzo, em São Paulo. Ou seja serão três dias seguidos de festa da música independente brasileira.
Integram o time de patrocinadores Vans, Budweiser, Goose Island, Monster Energy e Jack Daniels.
Mais amplo, e com mais lastro, a edição 2019 enriquece com uma gama de gêneros mais diversa e aliando mais discursos.
Se nos seus primeiros dias o foco era 100% hardcore, neste ano teremos punk, hardcore, rock alternativo, indie, metal, rock n roll, pop rock, pop punk, reggae e até mesmo música folk.
Até agora foram confirmadas oficialmente:
CPM 22, Francisco El Hombre, Far From Alaska, Big Up, Supercombo, Strike, Pense, Terra Celta, Dibob, Sugar Kane, Glória, O Bardo e o Banjo, Rivets, Granada, Rumbora, Autoramas, Teco Martins ॐSala Especial,
Esteban, Zumbis do Espaço, Nervosa, Bayside Kings, O Inimigo, Codinome Winchester, Darvin, Cefa, Molho Negro, Charlotte Matou um Cara, Cólera, Violet Soda, Armada, The Mönic e Wiseman.
Confira a programação dividida por dias.
CPM22, Sugar Kane, Bayside Kings, Teco Martins ॐSala Espacial, O Inimigo, Codinome Winchester, Cefa, Karaoke Band, Banda de Abertura (a ser confirmada).
Supercombo, Big Up, Pense, Terra Celta, Gloria, Rivets, O Bardo e o Banjo, Zumbis do Espaço, Rumbora, Nervosa, Molho Negro, The Mönic, Karaoke Band, Banda de Abertura (a ser confirmada).
Francisco el Hombre, Far From Alaska, Strike, Esteban, Dibob, Granada, Autoramas, Cólera, Darvin, Violet Soda, Armada, Charlotte Matou um Cara, Wiseman, Karaoke Band, Banda de Abertura (a ser confirmada).
Uma novidade é o Karaoke Band, em que qualquer pessoa da plateia pode – previamente, por meio de cadastro junto à Gig Music – escolher uma música, agendar horário e subir ao palco para cantar. Esta banda que terá como baterista, André Dea (Sugar Kane, Vespas Mandarinas e tantos outros projetos)
Em relação a última edição do festival, o line up de 2019 contam com bandas compostas tanto apenas por mulheres, como mistas, um avanço significativo que tem acontecido em diversos festivais pelo Brasil como averiguado em pesquisa realizada pela pesquisadora musical Thabata Arruda publicada pelo Selo Sesc.
“Por aqui foram considerados festivais multigêneros, ou seja, que contemplassem pelo menos mais de um gênero musical, e que possuíssem apelo de público e de mídia, os dados a seguir possuem o objetivo de auxiliar na reflexão sobre a presença feminina em festivais brasileiros. Para isso, foram analisadas 1972 bandas e artistas* presentes nas programações de 76 festivais entre os anos de 2016 e 2018.
Observando na amplitude é possível notar que ao longo desses três anos a participação de mulheres (estamos considerando solistas e bandas compostas somente por mulheres) não ultrapassa a margem de 20% em cada um dos anos: 15% em 2016, 15% em 2017 e 20% em 2018.
Se considerarmos as bandas mistas (onde consta pelo menos uma mulher) esses números podem chegar até 30%. Ainda que isso demonstre um crescimento, quando analisamos de maneira isolada os festivais, alguns não saem do 0%.”, averiguou a pesquisadora em sua pesquisa
O line up possui bandas mistas (compostas por homens e mulheres): francisco, el hombre, Far From Alaska, Autoramas, Supercombo e Violet Soda. Já Nervosa, Charlotte Matou Um Cara, The Mönic são bandas com todas integrantes mulheres.
Quando questionados se existiu uma pressão do público sobre a resposta foi negativa. Foi afirmado que banda que toca no festival tem que ser boa, independente da configuração ou formação da banda. Que estão sempre buscando por novas bandas mesmo que não sejam de estilos que apreciam de uma vida toda. Se exercitando como curadores.
Já as integrantes da The Mönic contaram que mesmo antes de rolar o anúncio dentro do festival já houveram contatos para outros eventos realizados pelo produtor Rafael “Piú” (GIG) mas que é a primeira vez que finalmente foi possível a parceria.
Quando questionado sobre música e o papel político do festival Alemão se emocionou e abriu o coração para falar.
“O músico independente que luta pela música é contestador, né? É um cara que estudou mais um pouco porque ele tá mais envolvido com a música, ele tem uma sensibilidade maior sobre os problemas de tudo, né?
Social, humano, eu acho que a música em geral, não é só o rock, humaniza a pessoa e eu acho que isso faz com que a pessoa uma sensibilidade melhor, e mais afinada, sobre todos esses problemas.
As vezes a gente não se envolve muito em problemas porque hoje tá uma guerra, né cara? Hoje você falar “pô eu gosto de preto” “tá mas preto bicho?”, então sempre existe uma contestação. Então a gente prefere trabalhar realmente com a música, a gente sabe da importância disso para a sociedade, né? Para sensibilizar.
Eu gostaria que toda escola tivesse música. Porque eu acho que a gente teria uma sociedade mais humana, mais sensível aos problemas e talvez isso chegasse a Brasília.
Então assim, a gente sempre tem isso, mas assim, a gente trabalha com o próprio festival com algumas entidades. A gente não gosta muito de divulgar porque parece meio piegas, né? Mas a gente trabalha e a gente ajuda com a doação de alimentos e isso é importante para caramba!
Tem um monte de “moleque” e criança que depende de doação. A criança vai ter comida se doar, se não doar não tem. Então a gente faz porque a gente acha importante fazer essa ponte.”
Apesar do impacto nacional do festival, Alemão, do Hangar 110, diz que ainda não tem planos e viabilidade para levar o Oxigênio para outra cidade como Curitiba, por exemplo. Por isto dispor de know how e estrutura local, porém não descarta em algum momento levar a franquia para outras localidades.
Já Rafael Pelegrini (“Piu”) comenta justamente sobre a dificuldade da logística em conseguir marcar datas para o festival. Ainda comentou dos desafios em por exemplo conseguir que bandas como CPM 22 e Strike convergissem as agenda. Nesta edição a matemática foi ainda mais complexa já que serão 37 bandas e muitas que cruzam o país com certa frequência.
Para aquecer os motores confira a Playlist no Spotify Oficial do festival e se prepare pois logo menos a celebração da música tomará conta da cidade.
Garanta seu ingresso agora no site da Pixel Ticket.
Oxigênio Festival 2019
DATA: 13, 14 e 15 de Setembro de 2019
LOCAL: Via Matarazzo
ENDEREÇO: Av. Francisco Matarazzo, 746 – São Paulo
(Estação Barra Funda do metrô linha Vermelha)
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
HORÁRIOS:
Sexta feira: 19h00 abertura / 19h30 início dos shows
Sábado: 13h00 abertura / 13h30 início dos shows
Domingo: 13h00 abertura / 13h30 início dos shows
INGRESSOS
1º Lote – R$70,00 (meia / promo) ou R$140,00 (inteira)
2º Lote – R$80,00 (meia / promo) ou R$160,00 (inteira)
PASSAPORTE – válido para os 3 dias de evento
1º Lote – R$190,00 (meia / promo) ou R$380,00 (inteira)
2º Lote – R$210,00 (meia / promo) ou R$420,00 (inteira)
*ingressos meia e promo válidos somente mediante à apresentação da carteirinha de estudante ou doação de 1kg de alimento não perecível no dia do evento.
**ingressos passaporte e blind ticket são pessoais e intransferíveis.
PONTOS DE VENDA
Locomotiva Discos – R. Barão de Itapetininga, 37 (sem taxa)
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This post was published on 15 de julho de 2019 10:10 am
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