[Premiere] Guto lança session intimista para a inédita “Lioness”

No fim de junho o músico mineiro Guto lançou seu primeiro EP, Duplo. O registro saiu através do selo ACABA, de Belo Horizonte, e tem como marca a dualidade da identidade e das relações humanos, estas mais aprofundadas em clássicos livros como O Homem Duplicado (José Saramago) e O Duplo (Fiódor Dostoiévski).

“A princípio, abordar esse conceito [a dualidade] parecia algo genérico, mas tais obras apresentavam a possibilidade de criar pequenos recortes dessa ideia. Percebi que poderia transmitir impressões leves de uma questão profunda em meio a esses recortes cotidianos, deixando, ao ouvinte, o convite a se reconhecer ‘duplo’ e aceitar essa dualidade”, reflete o músico

O EP foi composto e gravado por Guto, co-produzido por Rafael Dutra, também responsável pela mix e teve a masterização realizada por Joe Lambert (EUA), que já trabalhou com bandas como Clap Your Hands Say Yeah, Bright Eyes, LCD Soundsystem, City And Colour, Deerhunter, Cloud Nothings, Mayer Hawthorne, Hot Chip, The National, Panda Bear e tantos outos.

MPB, rock alternativo, indie pop, lo-fi e feeling. Tudo tem um pouco de espaço no EP que como o próprio artista diz tem referências de Clube da Esquina a Warpaint. Outra referência interessante, que deixa o registro ainda mais contextualizado com o que tem reverberado na mundo da música, é citar Tune-Yards. Talvez uns dos grupos catalogados como Art Pop lo-fi mais interessantes e relevantes da atualidade.


Guto. – Foto: Divulgação

Premiere “Lioness”

Nesta quinta-feira (20/12) ele nos presenteia com a session para a canção “Lioness”. Esta que foi composta após o músico mineiro voltar de um show do Warpaint – uma de suas influências – e já com o approach colaborativo de seus companheiros de banda, visto que ele tem se apresentado no formato quarteto.

A faixa – que não está presente em seu primeiro EP, Duplo – foi sendo amadurecida em seus shows onde foi testando e moldando a composição junto ao público. Ela até então não foi lançada digitalmente e a session será a forma com que os fãs poderão conhecê-la. Quando questionado sobre se ela estará presente em um futuro EP ou disco ele descarta e diz que é apenas algo que deu certo mas não preso a um conceito maior.



Entrevista

[Hits Perdidos] Após o EP de estreia como tem sido? Já sentiu necessidade de lançar material no fim do ano pois tem planos para um novo lançamento no próximo ano?

Guto: “O Duplo foi lançado há poucos meses, temos o vídeo de uma das músicas a ser lançado, uma série de apresentações em torno do EP, então é importante pensar em uma coisa de cada vez, sem perder de vista o que vem vindo lá na frente, é claro. 

‘Lioness’ é uma música que compus paralelamente à gravação do EP e que acabou entrando no show de lançamento a fim de compor o repertório daquela noite. Trabalhamos no arranjo dela às pressas, às vésperas do show, e por fim curtimos o resultado. Foi uma surpresa boa (que contou com uma pequena dose de sorte também!). O Yuri, baterista, chegou a brincar que essa havia ganhado o que ele chamou de ‘troféu revelação’.

Acho interessante essa ideia de trazer uma canção à tona antes de gravá-la definitivamente em estúdio — é uma forma de obter um primeiro feedback, analisar o arranjo à distância e até mesmo repensar certas escolhas. Por conta disso, à essa altura ela é quase um bônus!

Estou planejando o lançamento de um novo EP no próximo ano, mas não acredito que essa canção venha a fazer parte dele, até mesmo em função de certas escolhas estéticas — a ideia é que essa faixa venha como um single separado, lançada entre um disco e outro.”

[Hits Perdidos] Sobre a session para “Lioness”, como foi o processo de gravação, ao vivo tem funcionado em quarteto? Como tem sido isso?

Guto: “O vídeo é um registro do show de lançamento do ‘Duplo’. Ao vivo, ao contrário de como se deu o processo de gravação, estou acompanhado de outros músicos, sendo eles o também compositor Bernardo Bauer, no contrabaixo; Lucas Luis, guitarrista e amigo de longa data; e o excelentíssimo Yuri Vellasco, baterista e percussionista.

Estar com eles tem sido incrível! Não há nada como estar com a banda. É claro que também é interessante trabalhar em formato reduzido durante os processos de gravação/produção — acho que isso inclusive define boa parte da música que proponho fazer — mas, de fato, há uma troca muito significativa que acaba rolando no trabalho em grupo. Acho que o arranjo dessa música é um bom exemplo disso: por mais que eu tenha chegado nos ensaios com uma ideia pré-concebida, no resultado final está impresso um pouco de cada um da banda. Isso é muito positivo!”

[Hits Perdidos] Quais novas referências tem levado para as novas composições?

Guto: ‘Lioness’, especificamente, foi uma canção dessas que surgem de uma vez, em uma só tarde. Eu havia acabado de voltar de São Paulo, de um show do Warpaint que fui com a Júlia, minha companheira. Foi um show que rolou no terraço do MAC, num espaço pequeno, pra cerca de 400 pessoas.

Essa noite me impactou muito! Lembro com certa clareza da visão que me ocorreu durante o show. Logo que voltei pra casa, fiz a música. A letra brotou em inglês, talvez devido à própria natureza da primeira ideia melódica. Depois, cheguei a testar possíveis traduções mas logo saquei que não ia ficar legal, que ela tinha de ser cantada em inglês mesmo. 

Pra além dessa música — que carrega em sua gênese especificidades relacionadas a esse show, a esse momento — há uma variedade muito grande de coisas que ouço e tenho ouvido. Há quem conteste quando digo isso, mas eu ouço de tudo um pouco. Ou ao menos tento! É por isso que na playlist tentei colocar parte das referências que eu estava em contato na época em que compus a canção em questão — não por achar que uma eventual mistureba caótica careceria de coesão como uma playlist, mas talvez pela própria vontade de delimitar em uma dúzia de faixas algumas sonoridades que foram marcantes naquele momento.”

Playlist

Pedi para o Guto montar uma playlist para justificar o que ele chamou de mistureba musical. O resultado é um tanto quanto interessante com artistas que vão de ICEAGE passando por Angel Olsen e Warpaint.

This post was published on 20 de dezembro de 2018 10:10 am

Rafael Chioccarello

Editor-Chefe e Fundador do Hits Perdidos.

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