O músico Juliano Guerra, de Canguçu (RS) mas que vive atualmente em Pelotas (RS), no dia 22/06 lançou seu terceiro disco, NEURA, através do selo gaúcho Escápula Records.
Um disco que passeia por diversos pensamentos, muitos deles antagônicos, e ele tem a sabedoria em transformar a vida moderna – das redes sociais repletas de ódios e pequenas disputas políticas – em pequenas crônicas do dia-a-dia no melhor estilo Dylesco de ser. Tem psicodelia, tem folk, tem música erudita, tem MPB e ele comanda o registro com um discurso feito um cancioneiro contando a sua prosa. É poético, é forte e tem entrega.
Dentre as composições ele conta com 9 de sua autoria e algumas parcerias com músicos pelotenses. Um dos grandes destaques é a faixa “Fica” que conta com a parceria com a renomada cantora Ná Ozzetti.
Esta que tem uma história interessante. O músico fã declarado do trabalho de artista, escreveu um e-mail sem muitas pretensões e acabou tendo a resposta positiva. Partiu rumo a São Paulo onde gravaram juntos a canção.
Em suas próprias redes sociais – tão criticadas no disco – ele postou um texto contando mais sobre a faixa:
“Dueto romântico que compus de forma bastante fiel aos dogmas do estilo. O diálogo de um casal em crise se descortina ao longo da música sem refrão, que segue uma narrativa única com conflito, clímax e conclusão. Essa canção foi composta, irresponsavelmente, tendo sempre a voz de Ná Ozzetti como referência para a interpretação da segunda personagem. Por um desses felizes desenvolvimentos do destino, tive a honra de contar com a própria intérprete inspiradora gravando a canção para o disco, num dos encontros musicais mais importantes da minha carreira.
O arranjo, inicialmente marcado por um piano guia executado pelo Miro, mais tarde foi refinado com as contribuições de Marcelo Vaz (do grupo Kiai), que fez o piano final da música.
“Fica” marca também meu primeiro arranjo para flauta e cello – instrumentos executados com maestria pelos amigos Raphael Evangelista (Felacroix, Orange Noir, Duo Finlandia) e Otávio Dellevedove. O solo final de flauta, entretanto, não foi escrito por mim, mas sim improvisado pelo Otávio em um único take. Rael Valinhas gravou com o baixo vertical (empréstimo do querido Jaca) e Davi Batuka adicionou as percussões.
As texturas que imitam pássaros, barulho de mar e todos os outros ruídos que se ouve nessa canção foram criados em uma única tarde de gravação pelo garoto Christopher. A última pessoa a gravar foi o Vini Albernaz, que já enquanto mixava o disco foi lá e cravou esse synth que conduz a canção em diversos momentos. Foi do Vini também a ideia de abandonarmos a construção original da canção, conduzida do começo ao fim por dedilhados ao piano, por esse formato mais silencioso que acabou entrando no disco.”, diz Juliano
Assim como o encarte de seu disco que quem acompanha o instagram do Hits Perdidos pode conferir, inclusive siga o @hitsperdidos, a plasticidade e os detalhes não ficam de fora da obra audiovisual. Esta que por sua vez estamos realizando a Premiere hoje.
Se no encarte temos brincadeiras com a cultura dos quadrinhos, a ilusão de ótica, e um universo complexo e bipolar, no clipe ele traz inspirações no campo da arte e da psicanálise. Inclusive a convergência se dá justamente por isso, pois muitas vezes o disco soa como um bom desabafo no Divã.
O vídeo que contou com planejamento em conjunto entre o músico e o diretor, Felipe Yurgel, e conta com Alberto Alda na direção de fotografia, tem inspirações na fase vermelha do pintor Pablo Picasso e nos testes Rorschach utilizados na psicanálise.
Feito uma obra de arte alinhada a complexidade do álbum, a produção audiovisual deixa a interpretação aberta para o espectador.
Segundo os idealizadores o vídeo, gravado na cidade de Pelotas (RS), traz a performance da dançarina Beatriz Kanaan como representação não de uma das personagens, mas sim do próprio conflito entre estas. Algo feito o filme Cisne Negro (2010, Darren Aronofsky) ao meu ver, o que deixa tudo ainda mais dramático.
A sensação que passa é a de desconforto, dualidade, movimento e angústia. Passando por distintas emoções, entre dores e alegrias. Tudo isso sendo demonstrado apenas com o recurso da coreografia, fotografia e força do tom avermelhado de seu vestido.
Seu trecho final mostra justamente o oposto, a claridade da luz branca e o vermelho sob uma nova perspectiva, com uma dança mais focada em véus e trazendo uma paz que contrasta com os seus cinco primeiros minutos da canção.
This post was published on 17 de agosto de 2018 11:00 am
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