A Violet Soda lançou seu primeiro EP em Junho e hoje lança em Premiere no Hits Perdidos seu novo videoclipe. – Foto: Divulgação
Década vai, década vem e o rock de garagem nunca sai de moda. O estilo é mesmo atemporal, seja nos EUA, Japão, Brasil ou Inglaterra sempre iremos ver jovens testando acordes e distorções nos porões mundo afora.
É esse espírito desordeiro que faz com que subgêneros acabem surgindo. Já tivemos o garage punk, o garage rock, proto punk, power pop, college rock, grunge e até mesmo o punk rock. É dessa ânsia por experimentar e testar todo o poder do fuzz que bandas lendárias foram surgindo. O grande culpado, claro o blues. Mas como muitos não eram lá grandes estudiosos da música essas derivações acabavam fazendo mais sentido.
Muitos destes surgem da vontade de transmitir a mensagem de maneira rápida e fugaz. O que viria ser rotulado como grunge nos anos 90 – e se tornar uma febre – tinha como origem uma nova visão trazida por bandas como Sonic Youth, Fugazi, Pixies e tantas outras. É noise, é surf, é garagem, é shoegazer, é experimental – ao mesmo tempo que punk e visceral.
Talvez essa seja a melhor maneira de tentar introduzir para vocês o som da Violet Soda. Que não pretende dialogar com tudo isso mas que traz resquícios desta fase do rock.
Assim como nos anos 90, a banda nasceu de maneira despretenciosa. A vocalista Karen Dió, que é cantora e compositora desde os 14 anos, veio de Santos (SP) para a capital para gravar seu projeto solo. Ela inclusive chegou a lançar o single “Do It” em parceria com Murilo Benites (Corona Kings) em uma formação que só permaneceram os dois.
Acontece que na hora de gravar novas músicas a ideia foi evoluindo para lançá-las no formato banda mesmo. Durante as gravações o baterista André Dea (Sugar Kane, Vespas Mandarinas, Nevilton, Water Rats, Medulla) acabou encaixando tanto que foi convidado para integrar a banda. Após isso eles chamaram o Lucas Ronsani (Cavalo Zebra) para ser o baixista.
Sendo assim o EP, Here We Go Again, foi gravado, produzido, mixado e masterizado por Alexandre “Capilé” Zampieri, no Estúdio Costella, em fevereiro de 2018. O registro que é um lançamento Forever Vacation Records, selo que também conta com bandas do calibre de Water Rats, Deb and The Mentals, Corona Kings, Luke & No Friends e Devilish marca o pontapé inicial do projeto.
O EP começa com “Coffee” que chega com acordes que nos fazem lembrar bandas como The Distillers, Garbage, Veruca Salt, e Hole. É reta e direta, não demora muito para chegar no refrão repleto de sing-a-longs.
Fato que irá agradar fãs dos primeiros discos do Foo Fighters. A canção que segundo a banda fala sobre café e autonomia, ganhou um clipe feito no melhor estilo D.I.Y. no metrô de São Paulo. O tema da faixa me lembrou duas canções do hardcore californiano: “Coffee Mug” dos Descendents e “TV Party” do Black Flag. Já o nome do EP vem diretamente de um trecho da canção.
Na década de 90 tivemos também um trio de bandas que veio para chacoalhar tudo e na MTV Brasil pudemos acompanhar bastante através dos clipes exibidos madrugada adentro: The Donnas, L7 e The Muffs. “Take Me” vai por este caminho explosivo através de um punk rock que traz muita distorção e clima de tensão no ar.
Um detalhe é que a faixa conta com um solo feito pelo guitarrista Ricardo Mastria (Dead Fish, Sugar Kane e Black Mantra) que contribui na faixa. Já a letra fala sobre o relacionamento casual e suas complicações. Tema ao meu ver bastante atual.
Se no início do disco eles aceleram a 300 Km/h, na terceira faixa, “Friends”, a banda coloca o pé no freio. Com uma levada mais de balada que carrega o espírito mais denso de artistas como PJ Harvey, a faixa não perde o espírito jovem de bandas contemporâneas como Skating Polly e The Regrettes. Mais uma vez Mastria contribui com o peso das guitarras no último refrão.
Segundo a banda a música “É sobre amor e relacionamento, mas não necessariamente entre um casal. A letra foi feita na perspectiva de um animal de estimação como interlocutor.”
A música escolhida para fechar Here We Go Again nasceu do improviso como a própria banda conta: “Essa nós entramos no estúdio sem saber exatamente como iria soar. Só
tínhamos o riff inicial e mais algumas partes melódicas, mas ela foi ganhando corpo durante o processo de gravação e hoje é uma das favoritas. Fala sobre uma mente conturbada e assombrada por uma lembrança sempre presente.”
A paranoia que podia muito bem ter saído do filme Efeito Borboleta (Eric Bress, J. Mackye Gruber, 2004) talvez seja a que melhor encaixe no tal do “Garage/Post-Grunge” que a banda crava seu som.
A faixa que conta com a participação especial de Paulo Ratkiewicz, do Devilish, tem lapsos de Placebo e lembra um pouco as melodias mais deprês do Silverchair, mas não perde seu peso na hora de subir para o refrão.
É daquelas canções que se você coloca dentro da programação da 89 FM: passa por despercebido como uma das músicas dos anos 90, ou até mesmo da virada dos 00’s. E talvez por isso divirta e traga certa nostalgia para quem já estiver perto da casa dos 30.
O espírito da garagem e dos anos 90 reverbera nas guitarras e nos riffs marcantes do primeiro registro da Violet Soda, Here We Go Again. Com muita energia e influências de vários estilos que se consolidaram na década, podemos ver um EP que traz várias facetas para mostrar ao que veio. A banda é uma das novas apostas do novíssimo selo Forever Vacation Records e teve a produção de Alexandre Capilé. Irá agradar fãs de Nirvana, L7, Silverchair, Hole, Skating Polly, The Regrettes e Placebo.
[Hits Perdidos] Primeiro queria que contassem mais sobre os primeiros dias da banda. A história ao meu ver é interessante pois parece que foi tudo “meio de repente” e queria que contassem também do porque da escolha do nome?
Murilo: “Há mais ou menos um ano e meio, quando a Karen veio de Santos pra São Paulo, a gente começou a trabalhar em algumas músicas do projeto solo dela, e chegamos a lançar um single, chamado “Do It”, com uma formação da qual só ficamos nós dois.
Na hora de gravar novas músicas pensamos em lançá-las como uma banda mesmo. Aí entrou o André, que gravou as baterias como músico convidado, mas deu tão certo que antes do fim das gravações já fazia parte da banda, e depois o Lucas, que foi o primeiro nome que a gente pensou pro baixo e que topou na hora. Então aconteceu tudo meio de repente mesmo, de maneira bem rápida e natural. Sorte a nossa essa galera ter confiado e acreditado tanto na gente.”
Karen: “Quanto ao nome, Violet veio da palavra Ultraviolet, que foi nossa primeira opção de nome. Só que tem milhares de bandas que se chamam assim. Resolvemos então ficar só com o Violet, e pensar em algo para acompanhar. Foi quando apareceu a palavra Soda pra mim, se não me engano era o nome de algo que eu estava ouvindo no dia… Não lembro muito bem (risos). Mas foi um parto para encontrar um nome.”
[Hits Perdidos] Ouvindo o EP posso ver que tem dois momentos, um mais “pedrada” e outro mais reflexivo, foi algo pensado na hora de escolher a ordem? E quais as influências que vocês vem como mais “significativas” do projeto.
Murilo: “É verdade! A ordem não foi pensada dessa forma, mas no fim das contas acabou funcionando bem, pois cumpre o que ao meu ver é a função de um EP: mostrar as diferentes sonoridades que a banda pode explorar.”
[Hits Perdidos] Here We Go Again também conta com algumas participações especiais. Queria que contasse mais sobre como foram acontecendo e como de fato contribuíram para o resultado final.
Murilo: “O Ricardo Mastria tá sempre no rolê com a gente e, não só pra mim, é um dos melhores guitarristas de rock da atualidade. Ele apavorou no solo de “Take Me” e em algumas guitarras de “Friends”.
O Paulo Ratkiewicz, junto com o Capilé, é praticamente nosso padrinho. Acompanhou e ajudou a gente em todo o processo de pré-produção e gravação do EP, e adicionou algumas guitarras em “Ashes”. Meus parceiros do Corona Kings, Caique Fermentão e Antônio Fermentão, também nos ajudaram bastante no processo de pré-produção.”
[Hits Perdidos] Como irá funcionar o show de lançamento, além das 4 músicas terão outras “inéditas” ou será um show curtinho apenas para celebrar o lançamento?
Karen: “Além das músicas do EP, a gente vai tocar duas inéditas, que vão estar no nosso próximo trabalho, além do single “Do It”, que a gente compôs para o meu projeto solo, e mais algumas surpresas!”
[Hits Perdidos] No mesmo dia do lançamento do EP foi lançado o videoclipe para “Coffee”, super simples mas com uma ideia que eu diria “Mais anos 90 impossível”. Como surgiu a ideia e como foi a execução?
Murilo: “O primeiro esboço era um plano sequência, com a Karen dançando despretensiosamente na Avenida Paulista e interagindo com quem estivesse passando. Tudo bem DIY e sem recurso nenhum.
Nós fomos lapidando a ideia aos poucos, aí filmamos a passagem no metrô, e resolvemos editar tudo com os melhores takes que fizemos, dando esse ar anos 90. Gastamos um total de oito bilhetes únicos pra rodar o clipe em uma manhã.”
O show de lançamento de Here We Go Again, EP de estreia da Violet Soda, acontece neste sábado (16/06) no Estúdio Costella. A noite ainda conta com apresentação da banda goiana Brvnks. A festa que tem ingressos a R$15, começa às 20 horas e vai até às 00h. Você pode adquirir seu ingresso antecipado aqui.
This post was published on 13 de junho de 2018 11:25 am
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A Karen devia estar ouvindo Soda Stereo no dia pra completar o nome haha