A música é uma linguagem universal e todas experiências intangíveis que temos através dela são valiosas. Ela é uma arte mutável, sua intensidade ou delicadeza e a harmonia das notas podem nos provocar as mais diversas sensações. Talvez isso que a faça tão humana, tão versátil e uma manifestação de contracultura.
Por horas matemática ela nos guia para universos paralelos, experiências sensoriais, campos magnéticos e suas distorções tem o poder de equalizar nossas emoções de uma forma ímpar.
Quando ouvimos um disco como Zerânia então, parece que demoramos para voltar desta longa viagem. Seus recortes e lampejos nos guiam para campos gravitacionais distintos que nos permitem que desbravemos este planeta retratado no quinto disco do Chimpanzé Clube Trio.
O disco pretende servir como trilha sonora de Zerânia, um espaço-tempo ficcional surgido após o limite das relações entre os seres humanos e deles com o seu planeta de origem.
Segundo Luiz Miranda (Baixo, Guitarra) a crítica é direta aos nossos tempos:
“Zerânia surgiu no fim das contas, de uma viagem que tivemos a respeito de como as civilizações são perecíveis. Isso regado àquela sensação de falência eminente das relações humanas em geral.”
Além de Luiz o trio conta com Angelo Kanaan (Bateria) e Felipe Crocco (Baixo / Guitarra). Com 15 anos de estrada e um público bastante abrangente que vai de punks a amantes do jazz, eles conseguem se renovar a cada disco que entregam para o mundo.
Carinhosamente chamado de “Chimpa”, o Chimpanzé Clube Trio conta com membros que tocam juntos a quase 25 anos. Tendo antes feito parte da lendária banda Os Abimonistas que surgiu no fim dos anos 90.
Seu som flutua pelas mais distintas ondas e incorpora elementos e referências distintas a cada disco. Algo que só é possível graças ao grande repertório de influências distinto de seus integrantes. E tudo isso é muito orgânico, tendo cada um seu espaço na hora de compor.
O espírito de irmandade e coletividade também faz com que a banda se mantenha na ativa. Um dos projetos super interessantes que eles mantém é a iniciativa da ONDA INSTRUMENTAL.
Criada e administrada por eles que busca justamente abraçar e juntar ainda mais toda a cena instrumental que mesmo contra todas as adversidades, se mantém artisticamente pulsante.
“A Onda Instrumental é uma plataforma aberta que pretende juntar bandas, músicos, produtores, casas de show, jornalistas e quem mais se interesse pela nova música instrumental.
O objetivo é fomentar a cena através de eventos produzidos pelas próprias bandas instrumentais em parceria com casas que tenham interesse neste tipo de música. Essas datas também funcionam como ponto de encontro entre os interessados nesta cena.
Esta página é administrada coletivamente por algumas bandas, artistas, produtores e donos de casas de show que tem liberdade total para divulgar assuntos relacionados com a cena da música instrumental. Você também pode criar seu próprio evento e participar da administração da página. Apareça num dos eventos da Onda e fale com a gente!” – diz a página do Facebook da iniciativa
Para este disco eles foram atrás de buscar referências do krautrock ao rock progressivo, do disco-funk à surf music, mas sempre com raízes no rock setentista. O registro foi gravado nos estúdios da EAEO, local onde será também realizado o grande show de lançamento.
Então já marque a data na agenda, será no dia 24/03 às 20hs no Estúdio de vidro do EAEO em São Paulo. Inclusive será a primeira vez que eles irão tocar ao vivo com metaleira de três instrumentos e teclado.
Para incrementar as possibilidades eles convocaram um time de peso para contribuir no álbum com artistas do calibre de Guizado, Beto Montag, Sidmar Vieira, Henrique Vilas Boas, Guilherme Garbato, Tico d´Godoy, Ricardo Martelli, Roger Brito, Denilson Martins, Vagner Rebouças e Diogo Maia. Alguns destes farão participação especial neste show.
O álbum que conta com 8 canções inéditas – e tem 36 minutos de duração – se inicia com “Gênese de Zerânia”, faixa que busca nos ambientar a este universo cheio de armadilhas em que estamos adentrando.
Com um lado rhythm and blues somado a diversas e interessantes progressões que passeiam pela surf music e o rock mais cabeçudo. Há espaço para experimentação e sobreposição de guitarras dignas dos anos 70. Se você gosta de Man Or Astro-man? vai se deliciar ouvindo esta canção.
“Primeira Era” já chega rasgando com distorção e bebendo do rock progressivo. Tudo isso com muita distorção e bela progressão de acordes, feito uma grande jam. Muitas vezes a guitarra soa como uma cítara e isso permite com que o ouvinte se desloque para outra atmosfera. O sentimento é de catarse e muito improviso que ganha corpo a cada virada e quebra de ritmo. Você fica esperando ela te surpreender a cada instante que passa.
Já “Trabalhando pelo Trabalho” traz o lado Disco Funk à órbita do álbum com linhas envolventes de baixo e trompetes sabiamente bem encaixados a composição que faz um passeio digno na história da música. Com muito groove você entra no embalo e tem por vários momentos vontade de dançar.
O lado country, bluegrass, surf e derretido se faz presente na marcante “Os Aliens Somos Nós”. Ela tem o poder de despertar seu lado guitar hero e deixar a onda bater. Daquelas que poderia entrar facilmente em uma trilha de Ennio Morricone. Tem espaço para western, o oculto e permite a conexão instantânea.
“Estradeira” é trabalhada em camadas e aos poucos vai adicionando ricos elementos em sua composição. Deixando o ouvinte em transe feito uma ópera-rock. E isso nos mostra como os anos 70 são representados em todas as suas formas. Gosto disso de misturar algo que a E-Street Band faria numa panela de pressão recheada com influências do som da motown – e caldas de glam rock.
A calmaria de “Meu Deus do Sol” é intrigante e ela poderia colorir mesmo um fim de tarde, sendo uma boa canção para contemplar o horizonte. Uma boa viagem que carrega metais, devaneios de guitarra e baixo pegado. A solução para finalizar a faixa em fade é um acerto inclusive.
Chegamos assim a “DARPA”, um Kraut Rock magnético que reverencia os pais do estilo mas não esquece dos seus seguidores. Funciona como se estivéssemos à bordo da nave já a caminho de volta a Terra.
A riqueza dos mais minuciosos detalhes que a faz tão vibrante e marcante. No baixo voltamos a ter lampejos de Funk, o que reverbera e deixa tudo ainda mais interessante. Sua parte final soa como um pouso com complicações da nave. Quando percebemos viramos poeira do espaço.
A canção inclusive ganhou um clipe no dia 02/02 que conta com imagens retiradas do youtube mas que passam uma sensação de descontrole e caos geral de máquinas como drones desgovernados e falhas no sistema. O clipe foi dirigido por Felipe Crocco e editado por Luden Viana.
O Chimpanzé Clube Trio optou por encerrar seu disco com muito gingado na contestadora “Quem Vale Nada” que sabiamente experimenta – e compacta – todas as influências do registro em uma só faixa. Ela é para cima e passa uma sensação boa, fechando o trabalho de uma ótima forma.
O quinto álbum de estúdio do Chimpanzé Clube Trio, Zerânia, é uma verdadeira aula e passeio pela história da música produzida na riquíssima década de 70. É apaixonante pois não enxerga amarras ou limites para sua criação. Esse desprendimento mostra só como é possível passar uma rica mensagem em apenas 36 minutos.
Tem espaço para Kraut Rock, Jazz, Rock Progressivo, Surf Music, Disco Funk, Country, Bluegrass e até mesmo para o Glam Rock setentista. Um diferencial e que muda toda a perspectiva é saber que a maioria das canções começou a ser composta no contra-baixo, o que permite muitas soluções criativas que surpreenderam até mesmo a banda. Ouça sem moderação.
[Hits Perdidos] São 15 anos de banda, este é o quinto disco, qual o maior aprendizado que tiveram ao longo dos anos e como observam ao mesmo tempo a evolução do cenário de música instrumental no país?
Luiz Miranda: “Sem pensar 2 vezes, o maior aprendizado foi e tem sido o espiritual. Poder dar vazão aos sentimentos e perpetuar registros musicais que refletem isso com parceiros de vida que eu respeito, que eu quero muito bem e que admiro é um presente sem dúvida. Vale frisar que além dos 15 anos de Chimpanzé Clube Trio, nós já estamos fazendo música juntos e tocando por ai em outros projetos desde 1995.
Quando começamos com o Chimpa lá na virada do milênio a impressão era que estávamos trazendo uma nova postura e uma visão nossa da música instrumental para um novo momento, um novo mercado e um novo público aqui no Brasil. O cenário estava uma zona com a queda das grandes gravadoras, as novas tecnologias e a “independência” artística que surgia aos montes.
Isso por um lado foi libertário e muita música excelente surgiu no cenário mas por outro lado surgiu tanta coisa boa que até hoje parece que essa é uma década que ninguém se mete a besta de falar na mídia (não é como os anos 80 por exemplo que todo DJ se esbalda de falar e dar espaço entende?).
Todos perdem muito com essa falta de conhecimento geral sobre esses artistas e cena dos anos 2000. Dalí em diante a gente pode pautar o cenário musical independente da seguinte forma: Houve muita mobilização entre os artistas e pessoas relacionadas ao segmento (mas ainda é pouca!), muitas bandas instrumentais surgiram, cada uma com uma identidade bem distinta (Isso é demais!!!! Incrível).
Em 2002 o Chimpa parecia ser exceção. Todo mundo tinha vocalista. Logo depois conhecemos o pessoal da Pata de Elefante e depois disso apareceu o Macaco Bong (todos grandes parceiros de muito talento). Muita gente no país descobriu o Chimpa nesse holofote que deram para essas 3 grandes bandas de fora de São Paulo.
Hoje é recorrente alguém vir me falar que montou uma banda instrumental ou não, depois que viu ou ouviu o Chimpanzé Clube Trio. E essa vertente instrumental no Brasil só aumenta e seus músicos estão cada vez mais reconhecidos e admirados pelo seu talento e resiliência.
Estamos felizes com isso e sempre dispostos a ajudar quem esta chegando agora. Criamos e administramos a ONDA INSTRUMENTAL justamente para abraçar e juntar ainda mais essa cena incrível que contra todas as adversidades desse país, se mantém artisticamente à frente. E se a política ajuda um pouco, a coisa anda muito. Se no outro ano ou mandato a cultura vai pra última prioridade, a coisa desacelera mercadologicamente muito também. É resistência e resiliência mesmo ano após ano. Só assim.”
[Hits Perdidos] Gosto muito da característica do som de vocês em não se prender em nenhum gênero musical específico e de parecer “uma grande biblioteca” de referências. Como foi esse processo de amadurecimento do som e como funciona o processo de composição de vocês?
Luiz Miranda: “(risos) Quando começamos a ideia já era essa. Tipo: – Quero tocar Mambo, Samba, Rock Progressivo … mas não quero montar uma banda disso. Somos rockeiros, temos uma pegada típica que não nos deixa dizer o contrário.
Então, desde sempre o lance do Chimpa foi a desconstrução de gêneros para a construção de uma outra coisa com a nossa cara. A gente nunca teve medo de errar nisso. A biblioteca de referências realmente acontece porque temos o canal mental aberto pra isso desde sempre e uma curiosidade que nunca acaba!
Nunca fomos e nem seremos puristas. Já o amadurecimento se dá sempre pelas apostas, os equívocos e acertos. Há de se considerar também que o fato de estarmos tocando juntos há quase 25 anos e mantendo um relacionamento de irmão é uma coisa rara e que dá um determinado resultado artístico.”
[Hits Perdidos] Sinto que o disco tem uma pegada bastante setentista, desde as guitarras, até o contrabaixo que em “trabalhando pelo trabalho” bebe e se delicia no funk, “Primeira Era” já se joga no rock progressivo, “Darpa” já vai pro Kraut Rock mas flerta com outros gêneros, “Gênese de Zerânia” já vai para um lado rhythm and blues com várias progressões, e gostei muito das intervenções de trompete em “Meu Deus do Sol”.
Luiz Miranda: “É uma década musicalmente maravilhosa e diversa aonde timbres, execução e mensagem valiam muito. E você percebeu bem as influências!
O Felipe Crocco foi quem puxou o bonde desse novo disco (eu estava esgotado depois do Coisas passageiras que nunca se esquece). Nós temos gostos bem diferentes e ele foi quem trouxe essas referências de Kraut Rock e de música industrial pro Zerânia.
Eu contribuí mais nesse disco com influências da Disco Funk, Country, Bluegrass, Surf guitar, Country jazz e Glam Rock 70. E pra variar… muuiiita música composta no contrabaixo (Faixas 1, 2, 7 e 8)!
Isso muda tudo. Já a parte de sopro as maiores influências nesse disco foram The Electric Flag, Mothers of Invention, Blood, Sweat and Tears, Beatles, Beach Boys, Philadelphia Sound dos anos 70 e soul music da STAX e da Motown.
Em “Meu Deus do Sol” o resultado do arranjo de trompetes foi uma grata surpresa que sinceramente não prevíamos. Coisas de estúdio que ainda bem que acontecem! (risos).”
[Hits Perdidos] O que acha que influencia vocês a irem tão além ao buscar novos caminhos e se reinventar após tantos álbuns?
Luiz Miranda: “O estado de espírito da banda. O prazer existencial em estar ali. Saber que gerar música na situação que a banda conseguiu construir até hoje com muito esforço, investimento e apoio é uma baita exposição de si mesmo e uma puta responsabilidade.
Não se acomodar, continuar curioso e aberto para a comunicação geral.
Vamos continuar assim. 3 roqueiros desconstruindo tudo o que gostam e cada um trazendo uma coisa diferente pra recombinar. Ainda não cansamos de nada que fizemos e o público só parece aumentar mas tenho certeza que se a gente se cansar, a gente muda mesmo! Aposte nisso!”
[Hits Perdidos] O disco conta com as participações de Guizado, Beto Montag, Sidmar Vieira, Henrique Vilas Boas, Guilherme Garbato dentre outros músicos. Como foi trabalhar com tanta gente talentosa, como aconteceu o contato? O que acredita que cada um deles adicionou ao processo?
Luiz Miranda: “Sorte nossa de termos amigos talentosos! É sempre divertido e sempre bate as expectativas. O Beto já participou de 4 discos, Sidmar 2. O Guilherme além de companheiro nosso de Os Abimonistas (nossa banda do final dos anos 90), gravou junto com o irmão dele Gustavo, 2 discos do Chimpa. O Henrique (maestro) tocou comigo e com o Angelo em outros projetos. Além do Guizado teve também o Tico d´Godoy, Ricardo Martelli, Roger Brito, Denilson Martins, Vagner Rebouças e Diogo Maia. Se você perguntar por ai, vai ver que esses caras tem o respeito e admiração da galera que toca em SP.
Sorte nossa também de estar em um selo que virou casa para nós. O João Noronha e o EAEO abriram o estúdio para a gente ensaiar e gravar. Isso foi uma baita mudança para nós em termos de sonoridade. Antes tínhamos gravado sempre com o Guilherme e o Gustavo Garbato lá no estúdio Casa da Sogra. A gente sempre teve muita sorte com as pessoas que participaram da nossa carreira. Sem dúvida não estaríamos lançando um 5º disco sem elas.
Esse é o tal do “Clube”. Eles e todo mundo que sempre esteve junto com a gente para o Chimpanzé Clube Trio acontecer.”
[Hits Perdidos] Gosto muito dos nomes de algumas músicas como “Os Aliens Somos Nós”, “Meu Deus do Sol” e “¿Quem Vale Nada?”. Como fazem para escolher o nome das canções e de onde extraíram o universo paralelo de Zerânia que dá nome ao disco?
Luiz Miranda: “Zerânia surgiu no fim das contas, de uma viagem que tivemos a respeito de como as civilizações são perecíveis. Isso regado àquela sensação de falência eminente das relações humanas em geral.
Os nomes das músicas para esse disco são na verdade reflexões que a gente propõe para a Zerânia que o ouvinte imaginou. Qual é o seu Deus do Sol? Quem deveria estar na Zerânia que vc imaginou? Quem não deveria? Qual o seu julgamento? Qual é o posicionamento de cada um sobre humanidade ou desumanização nisso tudo? As 2 primeiras faixas do disco são introdutórias ao universo que o ouvinte pode imaginar.”
[Hits Perdidos] Como enxergam que o som de vocês serve de resistência para os tempos sombrios que temos vivido, tanto socialmente como politicamente?
Luiz Miranda: “Acho que a resistência está mais em viver fazendo música do que fazendo merda pelo mundo pra cumprir outra agenda que você não sabe nem de quem é e nem pra quê serve. A gente já faz e vive com muita coisa que não gostaríamos. Para nós um dos jeitos de resistir também é a música.
Não importa qual a música. Não conheço nenhum outro ser que possa fazer ou reproduzir música. A resistência é existencial. Profundo né? Pois é. Os aliens somos nós.”
[Hits Perdidos] Em relação a música independente e a dificuldade de achar lugares propícios com boa estrutura e cachê decente, como veem que é a solução e em quais lugares gostam de tocar?
Luiz Miranda: “Não sabemos a solução porém temos fatos. A tecnologia está ai para você alcançar público e com isso valor de mercado. Hoje temos trocentos modos de não usar as mídias tradicionais.
Você tem que saber também que se o cara trabalha com música independente de alguma forma, essa pessoa está exatamente no mesmo barco do que você. Comunicação entre os artistas e as áreas de produção independente pra que mais eventos e palcos aconteçam no país é essencial. É ali que sai toda ação política social econômica cultural e os questionamentos.
A união faz a força, tá ligado? Políticas públicas como a Ancine poderiam ajudar muito também como ajudaram demais o cinema nacional. Existia a ideia de fazer algo como uma Ancine da música. Isso vinha sendo debatido com vários setores dessa cadeia produtiva. O golpe de 2016 adiou esses debates mas oportunamente isso será retomado.”
A gente gosta de tocar aonde querem que a gente toque basicamente! O Chimpanzé Clube Trio tem uma longa história de shows já. Nosso público é foda demais!”
[Hits Perdidos] O legal do som de vocês é isso de ter um público bastante abrangente de punks a um público mais virtuoso do jazz. Como lidam com essa situação e como se aproveitam no dia das apresentações quando sentem que naquele dia o público vai ter mais uma levada ou outra. Acaba rolando algum improviso ou mudança no set?
Luiz Miranda: “É muito amplo o perfil do nosso público. A gente sempre transitou entre mundos tranquilamente nesse aspecto. E sim, dependendo da percepção que a gente tiver da situação o set list é mais direcionado. Inclusive de repente começando algum improviso. Nosso 3º disco (Tudo veio do nada) por exemplo é só improviso ao vivo. Isso de improvisar também é uma característica do Chimpa ao longo dos anos.”
[Hits Perdidos] Queria que contassem um pouco do conceito da arte da capa e como ela se relaciona com as canções.
Luiz Miranda: “O Felipe Crocco concebeu o desenho. Fez um esboço à lápis com régua num papel e deu pra Mariana Coggiola deixar a coisa bonita. Ficamos na dúvida no início mas quando a Mariana mostrou o desenho finalizado e as opções de cores tivemos certeza de que aquela seria a capa.”
[Hits Perdidos] Como surgiu a necessidade de adicionar elementos que casavam com os sons? Como funciona essa parte?
Luiz Miranda: “Geralmente na hora que eu termino de compor a música eu já sei que atmosfera eu gostaria que ela tivesse. A partir dai e gente começa a recombinar arranjos, linhas, harmonia, timbres e dinâmica. Isso também acontece quando o Felipe apresenta alguma composição dele. A gente conversa sobre o direcionamento da música tão logo é tocada pela primeira vez. Raramente foi diferente. “Trabalhando pelo trabalho” por exemplo é uma composição minha lá do começo da banda e nós já tínhamos tentado toca-la de vários jeitos, estilos, timbres e até mapas diferentes. Uma exceção.
Pra banda uma coisa sempre foi ponto pacífico, toda versão vale. Ai o estúdio vira um instrumento a mais no caso de um álbum como o “Zerânia” ou o “Coisas Passageiras que Nunca se Esquece”. Se for um registro ao vivo; a atmosfera do lugar, seus timbres, o público e o calor da ocasião viram um instrumento a mais também! Caso do “Tudo veio do nada” e muitos outros registros nossos que estão na internet.”
[Hits Perdidos] Como estão as expectativas para o grande show de lançamento. Será a única vez que poderemos ver alguns dos convidados juntos no mesmo palco? Os shows de vocês costumam ser catárticos, planejam outras surpresas?
Luiz Miranda: “A expectativa é grande! É a primeira vez que a banda vai tocar ao vivo com metaleira de três instrumentos e teclado! A gente espera conseguir vender esse show em outros lugares como SESCs, festivais e casas de show mas botar quatro músicos a mais no palco não é nada fácil, precisa ter equipamento e alguma grana pros caras. Apesar de eles serem nossos amigos são pessoas que vivem disso. Não queremos chamá-los pra tocar de graça. Então aproveite pra ir nesse show porque não dá pra saber quando vamos conseguir fazer outro com um time desses nos acompanhando.
Tá bom de surpresa por enquanto… talvez mais alguma outra pra hora do show. Só digo que a ocasião pode ficar mais especial ainda, então venham e confiram! Dia 24/3/18 as 20hs no Estúdio de vidro do EAEO em São Paulo.”
[Hits Perdidos] Atualmente do Brasil, quais artistas mais admiram o trabalho? E o que escutaram no ano passado que vocês falaram: isso é realmente bom!
Luiz Miranda: “Rincon Sapiência, Guilherme Valério, Baobá Stereo Club, Soledad, as músicas em sintetizador que o Arthur Joly tem feito, o Rafael Castro, Kaoll (instrumental), Gustavo Telles & os Escolhidos, 3 Cruzeiros (Instrumental)… vou me esquecer de alguns outros mas esses artistas chamaram atenção em 2017. Todos com um trabalho excelente e que ainda promete muito pro futuro.”
[Hits Perdidos] E a repercussão fora do país, chegaram a participar de festivais ou shows no exterior? Como é a impressão do público estrangeiro?
Luiz Miranda: “Ainda não tivemos a oportunidade de tocar fora do país. A essa altura sabemos que pra fazer isso vamos ter que botar a mão no bolso. Mesmo artistas maiores e com mais público do que a gente acabam investindo na primeira tour internacional na intenção de abrir caminho pra voltar no próximo ano. Isso está nos nossos planos mas ainda temos que dar um jeito de viabilizar o rolê.
Acho que o público vai gostar. A música é uma linguagem universal, sendo instrumental ainda não tem quem não entenda (risos).”
[Hits Perdidos] Além do Festival PIB, quais festivais vocês mais gostaram de tocar por aqui?
Luiz Miranda: “A gente gostou muito de tocar no Bananada e o público tenho certeza que também gostou. Galera dançando rock! Foi demais. Curtimos muito também Festival de Inverno de Garanhuns que é super bem estruturado e bem montado. Coisa fina mesmo, com uma baita programação que acaba atraindo um público atento e exigente. Bem o que a gente precisa.
Temos muita vontade e estamos entrando em contato com todos os grandes festivais do Brasil para apresentar o Zerânia ao vivo. Estamos trabalhando e torcendo pra isso acontecer nos próximos anos.”
This post was published on 15 de março de 2018 11:00 am
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