No dia 17/12 de 2016 era lançado o terceiro disco dos gaúchos da Picanha de Chernobill. Foi inclusive em janeiro de 2017 que resenhamos o álbum por aqui. Um ano depois e com a bagagem cheia histórias, vivências e passaporte carimbado, eles chegam para nos apresentar o primeiro videoclipe para O Conto, a Selva e o fim.
O ano de 2017 foi inclusive um dos mais importantes da história do trio formado por Matheus Mendes (Voz e Contra-baixo), Chico Rigo (2ª Voz, Guitarra) e Leonardo Ratão (Bateria e Percussão).
Foram mais de 100 shows adicionados ao currículo, dentre eles apresentações no Rock In Rio, Sescs, Virada Cultural, CCSP e turnê pela Europa. Além de claro os já tradicionais shows de rua. Em locais como a Av. Paulista, Vale do Anhangabaú, Museu da Arte Sacra, praças como a Antônio Prado e até no Mirante 9 de Julho.
As apresentações da Picanha de Chernobill são tão marcantes que muitos aos domingos usam a localização deles como referência na Paulista aberta. Outro dia mesmo um estrangeiro me parou por lá me perguntando se eu sabia onde “o Picanha estava”.
Como acompanho eles pelas redes sociais disse que tinha visto que estavam em turnê pela Europa. Inclusive esta só foi possível graças as apresentações de rua.
Stan Macabeo foi o responsável por viabilizar esta turnê e pôde ter o primeiro contato com o trio durante uma das apresentações. A viagem passou por três países do velho continente: França, Alemanha e Holanda. Eles nos contam em entrevista que a recepção foi excelente e quando falavam que eram brasileiros o público sorria de volta.
Com o mesmo sorriso e parceria, os moradores do Anhangabaú e vizinhos da banda – que vive na região central da capital paulista – compartilham sua alegria, molejo e histórias durante as apresentações do grupo. Com muito respeito, gratidão e carinho eles acabam inspirando a Picanha a escrever seus versos e riffs. Muitas destas estão presentes no terceiro disco.
A que mais se destaca perante o público é a canção “Anhangabablues”. Que além de ser a mais executada nas plataformas de streaming (Ouça no Spotify) é a mais pedida durante as apresentações ao vivo. O que poucos sabem é que ela foi inspirada nestes amigos que tem nas ruas seu lar. Na dureza da rotina e na luta por sobreviver.
Sendo assim na quarta-feira (17/01) foi disponibilizado o videoclipe no youtube e este conta com imagens dos amigos Dentinho’, o Francisco, a Duda, a Rita, o Júlio, o Alexandre, a Elza, o José, entre tantos outros.
O vídeo conta com a direção e edição de Matheus Mendes, produção de Airon Fidler Filmes e teve suas imagens captadas por Edu Felistoque, Willian Prado, Matheus Mendes, Bia Morra, Grupo D4W, Andy Marshall e Samir Raoni. O local escolhido para as gravações não poderia ser outro além do Vale do Anhangabaú.
Conversei com a banda a respeito do clipe, turnê na Europa, recepção do disco após um ano de lançamento entre outros assuntos. Confira o bate-papo!
[Hits Perdidos] Antes de mais nada queria que contassem como tem sido a repercussão do disco (um ano depois do lançamento) mas não por parte da mídia especializada nem nada mas o que tem ouvido dos fãs e transeuntes que os vem pelos shows nas ruas.
Picanha de Chernobill: “Primeiramente, Rafa, gostaríamos de agradecer pelo espaço que você sempre abriu para nós aqui no Hits Perdidos. Temos muitos discos já vendidos nas ruas, durante nossas apresentações. Fomos para a 2ª tiragem em agosto de 2017, pois havia esgotado as outras duas mil da campanha de financiamento coletivo, produzida em fevereiro do mesmo ano.
O público em geral gostou da masterização através de fita de rolo, feita pelo Carlos Freitas, porém, outros acharam que densificou o som. Nós adoramos, pois estamos acostumados a ouvir música sem muito compressor, limiter, etc. Normalmente ele é bem aceitado, principalmente para quem ouve música antiga.”
[Hits Perdidos] Outro dia mesmo estava na Avenida Paulista e um estrangeiro me perguntou “Onde está o Picanha, quero ver eles de novo?” e na época vocês estavam em turnê fora do país. Aliás, contem também sobre esta experiência.
Picanha de Chernobill: “Que bacana que o pessoal na Paulista lembra de nós. Ficamos um mês circulando pela França, Alemanha e Holanda. Isso tudo se tornou realidade graças ao Stan Macabeo, que nos conheceu diretamente em uma das nossas apresentações na rua.
Foram meses de organização, tudo no colaborativo e no amor pela música. Nós tivemos a oportunidade de produzir o LP de ‘O Conto, A Selva e O Fim’ e distribuir em mais de 30 lojas – lá, o CD nunca pegou moda, pois a cultura do vinil não esfriou. Sempre foi uma vontade nossa, mas não sabíamos que sairia tão bonito – produzimos uma edição especial, dupla e remasterizada (na fita, também).
Levamos nosso som para as principais casas de shows e fomos incrivelmente bem recebidos, mesmo cantando em português. Vimos que há muito fomento para a arte em geral, muita curiosidade em ver artistas novos.
Podem ter a certeza que o Brasil é um país muito querido lá fora – a cada vez que dizíamos que éramos brasileiros, sorrisos se abriam. Isso conta muito. Víamos muitas “Brazillian Nights” repletas de samba, chorinho e bossa nova – inclusive um show do Yamandú Costa (que não pudemos ver) ia rolar no New Morning, onde nos apresentamos pela primeira vez em Paris.”
[Hits Perdidos] Falando em shows, tem alguma ideia de quantos fizeram desde o lançamento? Os shows de vocês sempre acabam trazendo várias histórias sejam elas durante as apresentações ou através de um feedback pós de alguém contando alguma passagem? Teve alguma que marcou?
Picanha de Chernobill: “Temos uma idéia de que 2017 foi um ano importantíssimo para a Picanha de Chernobill. Fizemos cerca de 100 shows – Rock in Rio, turnê no exterior, muitos eventos da cidade como MCI e Virada Cultural, além de todos os shows na Avenida Paulista, CCSP e SESCs. E são nesses momentos em que nós percebemos o pertencimento que pessoas que gostam da banda adquiriram nos acompanhando.
Muitos momentos e pessoas marcaram nossa história, sendo nos shows e na vida. Seria difícil escolher. A Picanha de Chernobill não é formada só por três pessoas – são muitas e indispensáveis para a vida da banda. São eles que alegram, cantam, dançam, apoiam e fazem tudo ser possível. E os momentos que trazem são inúmeros.
Lembramos, como exemplo, um show nosso no SESC Dom Pedro II em que o pessoal se reuniu para nos fazer uma surpresa – e quando começou, lá estavam eles: cantando e fazendo “trenzinho”, nos enchendo de amor e sorrisos, cada um com um balão. E em formato de coração.”
[Hits Perdidos] Nos últimos tempos tenho visto nas redes sociais músicos reclamando das novas políticas públicas em relação a tocar na rua. Vocês tem sofrido com isso? Chegaram a tentar tirá-los de algum lugar que estivessem tocando?
Picanha de Chernobill: “Soubemos disso enquanto ainda estávamos na França. Tivemos um certo receio de que a Avenida Paulista, nessa nova gestão, mudasse ao avesso. Já não houve diálogo em outras situações mais críticas em relação à prefeitura – diria em relação ao caso da arte de rua.
Porém, ainda não presenciamos atos desse tipo desde que retornamos. Passamos por poucas e boas tocando na rua e isso é horrível. Esperamos que continue democrático e ambas partes tenham bom senso, pois a Avenida Paulista, desde o Ruas Abertas, se tornou uma opção de lazer e um refúgio repleto de arte ao ar livre.”
[Hits Perdidos] Agora em janeiro vocês lançam o primeiro clipe do disco ‘O Conto, A Selva e O Fim’, como foi a escolha para que fosse “Anhangabablues”? Teremos uma nova edição do Festival Anhangabablues este ano?
Picanha de Chernobill: “Estamos muito felizes com isso. E escolhemos “Anhangabablues” por ela ter muita história para contar em formato audiovisual. As parcerias foram indispensáveis na vida da música e do clipe.
É a música mais reproduzida nas plataformas de streaming, também. E, sobre o festival, é claro! 2016 foi a estréia e 2017 não saiu o segundo. Neste ano, vai acontecer!
Escolhemos a Anhangabablues, pois é uma das músicas mais pedidas do disco e, por sorte, conseguimos com que muitos parceiros ajudassem na produção do clipe. E sim, teremos a segunda edição do festival neste ano!”
[Hits Perdidos] O clipe reúne muitos amigos moradores de rua que vivem nas proximidades de onde vocês vivem. Naquelas faces com certeza tem muitas histórias marcantes, muitas delas bastante tristes e de resistência. Muitos deles são marginalizados e são vistos como “invisíveis” por parte da sociedade. Queria que dessem protagonismo para eles e contassem um pouco da história de quem participou do vídeo.
Picanha de Chernobill: “Esse é o espírito do clipe. O ‘Dentinho’, o Francisco, a Duda, a Rita, o Júlio, o Alexandre, a Elza, o José, entre muitos mais. Eles têm a voz de quem canta. E não são invisíveis, mesmo que alguns olhos finjam não vê-los por aí, em meio ao caos do centro de São Paulo. Existe a resistência pela vida, a busca por humanidade. Esse é o blues do Anhangabaú.”
[Hits Perdidos] E o clipe como foi o processo, do conceito, roteiro a finalização?
Picanha de Chernobill: “O processo foi interessante, pois tivemos uma ideia impressionista da história: máscaras, trancos, vôos, faces e intervenções. Isso fez com que nós nos permitíssemos a criar em torno de uma mensagem distorcida da realidade. Queríamos mostrar um dia na vida de quem dorme no Anhangabaú. Tivemos muita ajuda para produzir o clipe, desde nossos amigos que atuaram, quanto na questão da filmagem. Foi uma grande satisfação para nós ter feito o clipe da Anhangabalues.”
This post was published on 23 de janeiro de 2018 10:04 am
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