The Underground Youth: A enciclopédia musical aberta para domínio público
Sabe aquelas bandas que parecem mesmo uma enciclopédia musical aberta para domínio público? Pois é, algumas de certa forma conseguem esse objetivo, por mais que não seja sua proposta inicial.
E muito disso talvez seja por culpa de suas origens e a fonte em que se alimentam. Provenientes de Manchester, UK – a capital da revolução musical inglesa – devido a cena de bandas dos anos 80/90 que marcaram época, o berço de selos e de filmes que não deixaram essa época passar batido.
Hoje vamos falar sobre o The Underground Youth, grupo composto por filhos de MAD Chester, altamente influenciados pelas bandas que marcaram essa época prolífera da cena musical inglesa. Mas claro que suas influências não param no contorno da ilha da rainha, afinal de contas estamos no século XXI e muita gente ao redor do mundo se inspirou nessa onda.
Em 2010, o The Underground Youth lançou o álbum Mademoiselle e um amigo internauta de maneira divertida – como se fosse uma receita de bolo – tratou de interpretar a combinação de “Ingredientes” no caldo do grupo.
O projeto começou no quarto de Craig Dyer em Manchester. Sozinho ele se atirou a lançar os primeiros trabalhos, até que isto começou a ficar inviável. Com isso a banda passou por algumas formações, sendo a atual composta por Craig Dyer, Olya Dyer (sua irmã), Frankie e Max. Tendo lançado uma porção de trabalhos menores e 3 discos:
- Mademoiselle (2010)
- The Perfect Enemy For God (2013)
- Haunted (2015)
Seus álbuns tem saído pelo selo Fuzz Club Records gravadora especializada em rock cru experimental. Um fato legal sobre este selo é que ele oferece a seus artistas uma assessoria do trabalho na parte gráfica, ou seja, quebra um baita galho na hora de achar o design perfeito para seu logo, capa de álbum, poster da turnê e afins. Tendo distribuição na Europa e nos EUA. Ou seja se você tem banda dentro desse nicho sonoro: vale a pena tentar enviar material para eles, vai que cola!
O som deles mistura bastante coisas, como o shoegaze do Jesus & The Mary Chain e My Bloody Valentine, o Psychodelic Rock dos Psycodelic Furs e Brian Johnston Massacre e o post-punk carregado quase industrial de bandas obscuras dos anos 80 a bandas pops como o Depeche Mode. Não é difícil sentir um ar de empoeirado ao limpar seus vinis com a ajuda de uma flanelinha.
Uma banda que é comparada ao Beach Fossils ao mesmo tempo que Stone Roses – que nesses dias anunciou que vai lançar o primeiro disco em 22 anos – merece ser ouvida, estudada e aprofundada. Afinal de contas esse resgate todo se confunde com a história da Creation Records.
Ao ouvir o último disco deles, Haunted (2015), conseguimos sentir várias camadas algumas canções mais dançantes alá Depeche Mode, outras mais densas e com elementos como orgãos como o grandioso Screamadelica (1991) do Primal Scream. O post-punk que bandas como Joy Division e Savages exploram com maestria também tem espaço no disco, com melodias hipnotizantes e letras com conteúdo dark denso.
O rock de garagem/psychodelic também tem seu espaço tanto que a influencia de Brian Johnston e até de Velvet Underground se fazem presentes. Como disse logo no começo do texto, a banda é uma enciclopédia musical aberta e é de certa forma prazeroso a cada ouvida descobrir alguma influência que deixamos passar batida anteriormente. Por exemplo, na terceira vez que ouvi o disco consegui identificar referências a bandas como The Birthday Party, Einsturzende Neubaten e Bauhaus. A distorção em “Self Inflicted” te deixa viajando nas músicas mais introspectivas do Sonic Youth. Já a “Drown On Me” tem um Q de Spaceman 3 que vai em encontro com as trevas do post-punk.
Se você se apaixonou pelo Cigarettes After Sex: Do Slowdive ao Youtube e gostou da viagem transcendental da Gomalakka (Com ares dos sintetizadores de Berlin: Gomalakka apresenta seu Dance Punk energético). É com toda certeza uma ótima pedida. Afinal de contas este último trabalho deles te leva para este campo do universo musical.
Já o primeiro trabalho deles, Mademoiselle (2010), tem uma atmosfera diferente, é menos new waver/post punk e bebe de fontes mais de Manchester propriamente dito, algumas faixas me levaram para um passeio em Nova Iorque dos anos 70, aquela mesmo do Vinyl da HBO.
É um disco delicioso de ouvir, uma atmosfera bastante agradável que passa por Velvet Underground e Beat Happening. A música folk também tem espaço, muito disso talvez por influências do próprio músico, visto que até então, ele era One-Man band. Sabe aquelas canções de ninar do Lou Reed que no final estavam mais para um tapa na cara do que qualquer outra coisa? Bem por aí.
Talvez por isso nosso amigo do começo do post citou Brian Johnston Massacre e The Telescopes, outros até ousam a comparar com o trabalho de Syd Barret, eterno guitarrista do Pink Floyd. E talvez a fonte deste primeiro disco seja bem por aí mesmo: o rock psicodélico dos anos 60 e 70. Se vocês pensaram em Beatles, erraram. Algo muito mais para o lado do 13th Floor Elevators com vocais dignos do Brit Pop – já que o som tem elementos como os tambores do Primal Scream – e vozes que para alguns remetem ao Oasis.
De qualquer forma, é uma boa trilha sonora para relaxar, meditar ou colocar no vinil enquanto faz coisas mais interessantes – se é que você me entende.
Para sentir a evolução musical da banda, confira a faixa “Juliette” lançada em 2012.
“Runaway” faixa lançada no ano de 2013 e presente no disco The Perfect Enemy For God (e relançado em 2016).
Já “Naked” integra o Beautiful & Damned EP, lançado no apagar das luzes de 2014.
O disco The Perfect Enemy For God (2013) tem notável influência de Jesus & Mary Chain, principalmente no disco Darklands, segundo álbum dos escoceses.
Ou seja não perca tempo e aperte o play!