[Premiere] A ansiedade e a paranóia servem de combustível para o 1º vídeo da Bocarra

 [Premiere] A ansiedade e a paranóia servem de combustível para o 1º vídeo da Bocarra

“…com o coração calejado de tanta ilusão” assim diz o trecho de “Inspiração, Piração” da banda paulistana Bocarra que hoje lança não somente seu primeiro single, como também seu primeiro videoclipe.

Embora o contexto seja a busca pelo autoconhecimento entre paranóias, auto-sabotagem e insanidade, o trecho também da margem a traçar um paralelo com as experiências que ter certa quilometragem com bandas pode fornecer. Em uma realidade onde muitos sonham em viver de música, porém poucos conseguem de fato.

Eles que tem uma já significativa trajetória dentro do underground de São Paulo. Jotavê foi guitarrista, vocalista e fundador da banda Another Chance. Fernando foi o fundador da banda Fox Hound, tocou baixo no The Tries e atualmente também é baixista na banda Make Make.

Bito iniciou sua carreira na banda Classic e hoje, além da Bocarra, é baixista da Forest Crows. André começou como baixista, ao lado de Fernando, na Fox Hound, e, após passar por Pesadelo Vegan e Danilovers, é, atualmente, também baterista nas bandas The Gap Year e Spidrax.


Bocarra divulga Inspiração Piração
Bocarra lança hoje seu primeiro single, e clipe, com Premiere no Hits Perdidos. – Foto: Reprodução

A banda surgiu de um reencontro de amigos. 20 anos depois de Jotavê e Fernando Hound se conhecerem, eles se reuniram para tomar uma cerveja para relembrar os velhos tempos e…não deu outra: nascia ali a Bocarra.

A ideia era tirar eles da rotina e ter uma válvula de escape para aquelas pequenas frustrações do dia-a-dia. Um ano depois, em 2017, eles completaram a formação. Além da dupla de guitarristas, que também dividem os vocais, estão Bito Fuentes (baixo) e André (bateria).

Como influências eles citam bandas de punk rock (Ramones, Clash, Buzzcocks), Rolling Stones e o revival garageiro resgatado pelos Strokes e Libertines. Eles que estão prestes a lançar seu primeiro EP, que se chamará Ruas da Noite e contará com cinco faixas.

O registro que será lançado ainda este mês, foi gravado no Estúdio Orix, na Freguesia do Ó, zona norte de São Paulo. Como a banda tem a vantagem de Bito trabalhar em um estúdio, ele mesmo assina a produção e mixagem. Já a masterização ficou por conta de Filipe Bressan.

Bocarra “Inspiração, Piração” (18/05/2018)

Como os integrantes ressaltam “as letras apresentam cenários urbanos, perfis sociais e análises psicológicas que fazem parte do cotidiano da metrópole.” Sendo assim, não poderia ser diferente o contexto da faixa que “Inspiração, Piração” permeia.

“O som tem essa pegada de tentar se entender, se conhecer, lidar com as peculiaridades da nossa cabeça e o clipe, mostra a leitura de cada um dessa angústia, dessa jornada. Foi muito engraçado ver como nós nos comportamos interpretando a música durante a gravação, porque fica bem claro que cada um tem sua própria sensação em relação a essa busca”, analisa Fernando Hound. 

O clima de grande cidade, os acordes mais despojados à la Libertines e o lado áspero do Clash: realmente que dão o tom da melodia. Não é a toa que citam como influências diretas. Dá para sentir um pouco de The Jam e de bandas de powerpop. Tudo muito simples, reto e direto.

Sua letra vem em choque com a realidade do descontrole e epifania de entrar no ritmo desenfreado de uma grande metrópole. Entre uma pilha de contas para pagar, esporro do chefe e vontade de querer fugir para bem longe.



O clipe foi feito de maneira totalmente independente, com o auxílio apenas de uma câmera e a iluminação da lanterna de um celular. Além disso eles assinam a produção, captação, gravação e edição.

O vídeo procura mostrar o lado mais insano de nossa “caixa preta”, onde nossos sonhos e maiores medos vivem. Onde quando deitamos com a cabeça no travesseiro milhares de pensamentos acelerados parecem nos corroer por dentro. Pensando em cenários pessimistas, criando paranóias – muitas vezes desnecessárias – e nos colocando num gigante mar sem fim de ansiedade.

O corpo, a iluminação e a sobreposição de movimentos que dão a sensação de estar tudo muito perdido. De um pesadelo ou sonho ruim, onde no final tudo parece desmoronar. Conforme o vídeo vai avançando os integrantes parecem entrar cada vez mais no clima de iminente derrota. Até que o sonho ruim acaba ao nascer de mais um novo dia (onde tudo se repete outra vez).

Entrevista

[Hits Perdidos] Antes de mais nada que honra estar mostrando pela primeira vez o trabalho de vocês que como contam começou a ser rascunhado no melhor lugar possível para formar uma banda: na mesa de um bar (lá em 2016). Queria que contassem mais sobre como surgiu a ideia, quais as afinidades e discordâncias musicais de vocês e o que creem que cada um agregou neste longo processo.

André: “A banda começou a engatinhar em 2016, quando o Fe me convidou pra tocar o projeto com ele, ele já tinha convocado o Jotavê, na guitarra, e o César Passa Mal, no baixo, que entrou já avisando ser temporário por conta das outras bandas dele.

Na época, não tínhamos nome e as músicas eram apenas umas gravações caseiras de ideias que ele tinha. O legal é que a gente nunca se prendeu em um estilo só e, mesmo com as musicas já “esqueletadas” por ele, tivemos total liberdade de botar a nossa pegada.

Nisso, aconteceu que algumas músicas do EP fugiram naturalmente da idéia original. A entrada do Bito, no baixo, contribuiu para que tivéssemos uma visão mais elaborada dos arranjos, e mesmo sendo o mais novo é o único que sabe tocar mais de dois instrumentos.”

Bito: “Começou para mim quando o Fernando me chamou depois de uma trajetória que tivemos em outras bandas, para fazermos um som junto. Conheci o André e o Jotavê nos primeiros ensaios, onde, de cara, já mostramos referências e todos entenderam bem a leitura das músicas que o Fe trouxe. Todo lance do caos urbano ou de todas as coisas da noite de São Paulo me chamou atenção nas letras.”

Fernando: “Em 2016 eu e o Jotavê estávamos sem bandas, mas trabalhando sozinhos com algumas músicas e ideias. Um dia eu abri o Facebook e tinha uma mensagem dele falando que queria montar uma banda. Nos trombamos num bar, falamos do que tínhamos em mente, o que esperávamos de uma banda no momento que estávamos vivendo e como faríamos aquilo.

Começamos a nos encontrar no bar com violão para montar as primeiras músicas, depois disso nos juntamos em estúdio com o André e tivemos por um tempo a ajuda do Passa Mal (Lomba Raivosa, Boring Assholes, A Creche), para começar a moldar as músicas .

No começo de 2017 fechamos a banda com o André na bateria e o Bito no baixo. Com certeza a entrada de cada um deles foi crucial para chegarmos ao que a Bocarra se tornou.

Uma das coisas interessantes é que nós quatro temos influências distintas, mas pontos de congruência muito importantes. Então, o Jotavê traz influências mais melódicas, pops e regionais, que se encontram com o vigor do HC, do André. O Bito tem a criatividade e experimentação de bandas mais atuais, que dialoga com o garage e o punk que me influenciam e esses elementos todos, de certa forma, se encontram e formam uma unidade.

O mais legal da formação da Bocarra é que o momento de cada um casou super bem com as propostas que foram surgindo durante a criação dos sons e da identidade da banda.”

Jotavê: “Bom… o Fê e eu nos conhecemos há pouco mais de duas décadas, éramos amigos, nos distanciamos em trocas de colégios, fizemos nossos projetos ao longo do início dos anos 2000… Nos encontrávamos em shows, falávamos via internet, mas nunca trabalhamos juntos.

Cheguei a gravar um disco solo entre 2010 e 2012 e, já em 2016, quase quatro anos parado, fazendo participações, compondo pra mim mesmo, nos conversamos por alguma rede social, discutimos sobre as expectativas e marcamos um reencontro num boteco na Vila Buarque… Umas cervejas, umas idéias… daí pros próximos passos, foi rápido.

O Fe foi uma espécie de Joao Saldanha no jornalismo esportivo. Enquanto falávamos ele já estava concluindo “a matéria” . Chegamos já com o André na Batera, que já conhecia e tinha tocado com o Fê e que, pra mim, rolou uma química bem rápido… E o Bito, que a cada dia, soma algo mais na banda…”

[Hits Perdidos] Vocês sempre frequentam muitos shows, eu imagino a coceira para tocar deve rolar o tempo inteiro, vendo tantas situações diferentes, quais são as críticas de vocês em relação a “cena” paulistana?

André: “São Paulo é uma cidade muito doida, muita coisa acontece ao mesmo tempo. Tem várias “cenas” dentro da “cena”. Acredito na resistência constante dos artistas independentes, os lugares fecham mas a gente sempre vai caçar lugares novos pra mostrar nosso som. Tem muita (mas muita mesmo) banda boa fazendo trabalho profissional espalhada pelo Brasil.”

Bito: “A minha concepção de cena é algo quem vem mudando conforme o tempo passa. Música poucas vezes definiu a cena pertencente as bandas, e sim as que ouviam. Principalmente hoje em dia, que as bandas lançam misturas de estilos diversos e conceituais dentro de um CD com estéticas lindas nas quais ninguém da valor.

Fãs de apenas uma banda ou estilo musical está cada vez mais extinto. Por isso, pra mim o que importa hoje é fazer o que vem do coração e do momento de cada um, lendo bem as ideias que estão conceituadas na música e se lançar, o que tiver que vir virá.

O meu prazer de tocar vale ainda mais, espero que as pessoas entendam isso e possam curtir junto. O conceito do nosso primeiro EP é do convívio de todos em SP, muita gente ainda vai se identificar.”

Fernando: “Pra mim o principal problema, que eu creio não ser especialmente de São Paulo, é o envelhecimento do público. Ficar velho é um saco, suas responsabilidades aumentam, seu tempo diminuiu e sua energia idem, por consequência você deixa de fazer muitas coisas e isso se reflete, por exemplo, em shows vazios.

E isso vai piorar, daqui a pouco a última grande geração que viveu alguma coisa que pode ser chamada de cena rocker vai bater nos 40 e aí só vai sair de casa pra ver o show dos cinquentões dos Strokes na turnê de 30 anos do Is This It.

Em algum momento entre o fim da primeira década do século e o início da segunda o rock perdeu relevância com os jovens. Na maior parte dos shows de bandas nacionais e autorais que eu colo, o público tem uma média de idade entre 25 e 30 anos. Não é que não tenha mais gente nova curtindo som, as vezes eu vejo uns adolescentes esquisitos nos shows (igual eu era no começo dos 2000) e acho legal pra caralho, mas eles são minoria e trazer essa galera, dialogar com eles, criar interesse neles, é, na minha opinião, o principal desafio pro rock nos próximos anos.”

Jotavê: “Não sei se o ponto é criticar, mas acho que a cena está em um momento de reconstrução… Aliás, de restruturação. Acho que o momento é de repensar a música alternativa, o rock. É um momento de pensar em como começou, o que foi, o que é e o que queremos deixar construído para o futuro.

[Hits Perdidos] Vocês também fazem / fizeram parte de vários projetos, como acreditam que isso fez com que amadurecessem e encarassem os desafios de lidar com uma banda?

André: “O fato da gente já ter tido várias outras bandas faz com que tenhamos uma percepção melhor de como, onde e quando divulgar nosso trabalho. Quando se é novo de banda, a gente acaba passando uns perrengues e entrando em furadas que hoje em dia eu me recuso (por exemplo vender ingressos pra tocar e por ai vai). Com o tempo a gente também acaba sacando quem é quem, quem está no role pra somar e fortalecer e quem só quer aparecer e tirar o seu.”

Bito: “Eu vivo apenas de música, tenho um estúdio, sou produtor fonográfico, broker de bandas, baixista da Bocarra e ainda tenho mais bandas e projetos, tempo é algo muito valioso, mas busco sempre estar inserido no meio da música e fazendo todo dia algo a mais e melhorando no mercado musical. Experiências do passado com banda, creio eu, estamos todos bem calejados.”

Fernando: “A cada banda que você passa, cada treta que você resolve, cada show furado, cada rolê foda, é um aprendizado novo. Como é comum para a maioria das bandas independentes nós, com exceção do Bito, que trampa com isso, não vivemos de música e esse é um dos maiores desafios para superar, principalmente quando se fica mais velho, é casado ou mora sozinho e a vida não é mais tão simples do que era quando você tinha 15 anos e tocar era só diversão. O tempo é muito importante então, tentamos perder o mínimo possível.

Também aprendemos a lidar melhor com as pessoas, saber que cada um tem um jeito, uma velocidade, e organizar todas essas singularidades é bem difícil. Ao mesmo tempo a experiência faz a gente fugir de roubadas, saber de coisas que a gente não quer e não vai se submeter. Essa rodagem quebra vários mitos, apresenta algumas coisas bem podres e te dá uma perspectiva muito mais real do que pode ou não acontecer.”

Jotavê: “Começar com um clichê: Banda é igual casamento… Só que com mais gente e (quase sempre sem sexo) (risos). Acho que a idade e as experiências ajudam a ponderar as coisas… Do posicionamento do outro, da forma que ele se coloca, até suas limitações, falhas, dificuldades… Conseguindo compreender isso com empatia, a banda consegue fortalecer e incentivar os pontos fortes, colaborando com o desenvolvimento de cada singularidade da banda e que, ao fim, só acrescenta ao resultado do dia a dia.”


BOCARRA LOGO QUADRADO


[Hits Perdidos] Queria que adiantassem para a gente um pouco mais de como vai ser esse EP, expectativas e como foi o processo de composição.

André: “Uma coisa que foi importante para o processo de composição foi termos nos isolado em algum final de semana em 2017, numa casa em São Roque (SP) pra compor. Lá definimos o nome Bocarra, fechamos os arranjos e até compomos música nova.

Acredito que tenha sido essencial pro fechamento desse Ep, e se me permite dar algum conselho pra quem tem banda, façam isso! É mais produtivo do que eu posso explicar.”

Bito: “A parte de composição é a parte mais divertida, não tem uma regra pra fazer música, mas normalmente o Fe traz uma ideia de guitarra e voz e e a gente vê pra onde vai. O que ele teve de ideias e vai acrescentando, mas isso nem sempre é uma regra.

Nesse EP mesmo surgiram músicas em momentos que não imaginávamos e simplesmente saiu. O Jotavê comigo fazendo algumas coisas e, logo em seguida, o Fe e o André ouviram e já fizeram a parte deles. Sempre analisando bem as propostas das músicas, a gente contextualiza todas as idéias, assim como foi no EP Ruas da Noite.

Fernando: “O EP terá cinco sons, todos autorais e em português. As músicas falam muito sobre coisas da vida na cidade, as problemáticas implicadas em crescer, a rotina cotidiana e histórias de amor, coisas que todo mundo sofre, pensa, passa ou já viu.

O processo de composição dele foi bem tranquilo, nós começamos a trabalhar em cima de algumas coisas que já estavam feitas e aí cada um foi acrescentando suas influências e sua marca no som. Essa foi a parte mais legal,  ver a evolução desse trabalho até o EP ficar pronto.”

Jotavê: “O Ep fala das Noites cotidianas do mundo urbanizado. Do jovem adulto e do adulto jovem. Da intranquilidade de se desenvolver, independente da idade, em uma realidade, uma sociedade que cresce desenfreada e evolui desgovernadamente. O processo de composição foi democraticamente respeitável. Cada um deixou suas marcas e, por fim, conseguimos deixar uma marca do grupo como um todo.”

[Hits Perdidos] Contem um pouco mais de toda a insanidade da letra de “Inspiração, Piração”, quiseram passar toda a loucura que passa por nossas mentes, inseguranças e paranóias? O que acredita que acabou influenciando na hora de divagar sobre o tema?

André: “A letra fala sobre autoconhecimento, descobrir quem você é perdido nesse mar de paranóias e insanidade. No final a gente respira e segue o baile.”

Bito: “Quando estávamos ouvindo os arranjos meio creeps da “Inspiração, Piração”, eu sempre via a musica como essa loucura. Ela foi trabalhada justamente nessa insanidade mental, ou, pra mim, a genialidade de cada um.”

Fernando: “Esse som surgiu antes da formação da banda, na época que eu estava pensando em produzir umas coisas por conta própria, mas sempre caia no mesmo problema, escrevia letras, fazia uma linha de guitarra, baixo, mas não conseguia pensar em bateria.

Sempre quis, mas não consigo aprender bateria, a mão esquerda atrapalha a direita, que atrapalha os pés. Eu sou canhoto, mas quando era criança fui “forçado” a tocar como destro os instrumentos de corda. Sou meio ambidestro e tem coisas que não consigo fazer com nenhuma mão por exemplo, tocar bateria. Nisso surgiu o refrão, do “cérebro que não sabe se é canhoto ou destro”.

Depois comecei a divagar sobre como nossa cabeça é confusa e como é difícil entender tudo que se passa nela. Os nossos principais sentimentos surgem e se reprimem, sem termos total controle sobre isso e é essa a ideia da letra.

Para completar toda essa atmosfera de loucura, na hora de criar a música, pensamos em ter algo que passasse essa sensação e cada um foi trazendo alguma coisa até chegarmos no resultado final que, ao meu ver, ficou muito bom.”

Jotavê: “Quando o Fê apresentou a idéia inicial eu achei muita piração mesmo (risos). A brincadeira com as palavras, o conteúdo do que se passa na cabeça…

O intrigante é que tudo na música te convida a “flertar” com o que não te é confortável psiquicamente. O resultado é convidar todo mundo, até os “mais normaizinhos”, a adentrarem e conhecerem as mentes mais loucas.”

[Hits Perdidos]  Para fechar gostaria que contassem mais sobre como foi feito o clipe e o que queriam passar com ele.

André: “O clipe foi todo feito por nós mesmo. O Fe chegou com o roteiro já pronto após uma insônia daquelas, já definido onde cada um entraria em qual parte da música. Eu e ele dividimos a câmera no dia da gravação, ele editou tudo e eu só afinei alguns detalhes na pós.”

Bito: “O clipe segue firme os mesmos conceitos da criação do som. Música pode ser absorvida de várias formas diferentes, espero que gostem e tenho certeza que muitos irão se identificar com ela.”

Fernando: “O clipe foi uma brisa que tive durante uma noite de insônia, a cabeça vagando, pensando mil coisas e daí veio essa parada de fazer algo meio sombrio. A ideia é apresentar nós quatro num ambiente que seria nossa mente, nosso íntimo, nossas angústias.

Nós gravamos as cenas no Orix Estúdio, que tem sido nossa casa durante todo o processo de criação, ensaios e gravação do EP. Como a gente não tinha condição de investir grana para fazer o vídeo nos viramos com o que tínhamos.

Eu e o André trabalhamos com comunicação e temos uma noção mínima de câmera, enquadramento, etc. Usamos uma câmera que eu uso para alguns trabalhos, pegamos lente emprestada e iluminamos as cenas com a lanterna do celular. Depois, fizemos a edição a duas mãos, eu montei e o André finalizou.

A parte mais legal foi ver como a letra e a loucura do som tem diversas interpretações e cada um de nós reagiu de uma forma na hora de passar isso no vídeo.”

Jotavê: “Cara, mais um devaneio noturno do Fernando a ideia. Uma ideia consistente com o que a banda foi se tornando: uma ideia de muitas cabeças (sic). Ao mesmo tempo, propõe uma dissociação da psique para quem está assistindo. Uma sensação de que dentro da nossa própria mente tem várias ideias, mentes… Cabeças diferentes. Somos produtos de nossos conflitos internos.”

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