José Gandour, do site Zona Girante (Colômbia), comenta sobre a cena musical colombiana e indica Lido Pimienta

 José Gandour, do site Zona Girante (Colômbia), comenta sobre a cena musical colombiana e indica Lido Pimienta

Figura presente na cena musical independente de Bogotá, na Colômbia, o cientista político José Gandour ficou mais conhecido por suas inúmeras colaborações para a música independente da Colômbia, por meio do seu site Zonagirante, que foi lançado em 1999 e onde ele relata tudo o que há de mais relevante na música colombiana e de outros países.

Além disso, Gandour também já dirigiu documentários, fez vídeos para bandas, foi manager de artistas e curador de alguns Festivais musicais na Colômbia. Os trabalhos realizados por Gandour no mercado musical independente colombiano são inúmeros e constantes, são 20 anos gerando conteúdos para falar sobre música e explorar as diversas referências possíveis, isso se falarmos somente do que ele faz no Zonagirante.


Jose Lido Pimienta
José Gandour e Lido Pimienta. – Foto: Montagem

A importância de José Gandour para a Música Colombiana

José Gandour é o Diretor do documentário Distrital y Popular (Rock Al Parque no Coração dos Bogotanos). 2019. Ele também criou a Zonagirante.com. Uma página de cultura e música contemporânea especializada em América Latina, da qual é o diretor e fundador, desde 1999 até o presente.

Foi influencer internacional de Groover.co , diretor e produtor de videos musicais. Diretor do programa Sessão de música rebelde na Konradio.co, de Bogotá, na Colômbia (2013 – 2014). Assessor de comunicações do festival Rock al Parque 2013. Listener (jurado) internacional para o festival SXSW 2012, Austin, Texas. Co-diretor do festival musical Cucunubá Pop (2009- 2010).

Também foi diretor do programa Sessão de música rebelde de Zuluradio (República Dominicana). (2011- 2013). Organizador de eventos e concertos de maneira independente e manager de vários grupos musicais desde os anos 90.

Trabalhou com artistas como Tokai (2012- 2017), Silvia O. (2011), Los Telebolitos (2008-2010), Pornomotora. (1999- 2008). Jurado selecionador e assessor do festival Rock Al Parque (Colômbia) (2004). Trabalhou na Super 88.9 f.m. como Co-diretor do programa Zona88 (2001).

Como Jornalista

Escreveu para inúmeros veículos da Colômbia, como: La Prensa (Colômbia): Colunista (1993- 1995); El Espectador (Colômbia): Colunista (1992).; El Tiempo (Colômbia): Correspondente em Buenos Aires (1996). Archivo: Articulo 1 Artículo 2.

Radiodifusora Nacional (atualmente Radiónica) (Colômbia): Diretor do programa «El último round» (1995-1996).; Radio Universidad Nacional (Colômbia): Co-director do programa «Gracias a dios es viernes» (1994).

Publicações e Gravações:

– Livro sobre a história de Rock Al Parque (redator e assessor), publicado pelo Museu de Desenvolvimento Urbano, 2001.

– Livro sobre a história de Rock Al Parque (redator convidado), publicado pela Orquesta Filarmónica de Bogotá, 2009.

– Foi conferencista convidado em distintos eventos em Bogotá e Buenos Aires, incluindo Bafim (Feira Internacional de Música de Buenos Aires) e Rock Al Parque.

– Criador e Curador da Compilação “Náufragos en Casa”, que foi gravada durante a quarentena (pandemia), com artistas de Colombia, Argentina, Chile, Peru, México, Uruguai.


Jose Gandour Rock Al Parque Colombia


“Reunimos uma grande amostra de artistas independentes em crescimento de todo o continente que demonstram mais uma vez como, através de grandes canções, resistimos à devastação dos tempos atuais.”, diz Gandour sobre a compilação  

Entrevista: José Gandour

Confiram a Entrevista que fizemos com José Gandour e saiba mais sobre seus projetos, Zonagirante e a coletânea recém-lançada “Náufragos em Casa”.

José Gandour é uma figura muito conhecida na cena colombiana, especialmente em Bogotá. Como descreveria José Gandour a uma pessoa que não conheça o seu trabalho e tudo o que já fez pelo desenvolvimento da cultura e música colombiana?

José Gandour: “Sou um cientista político que nunca exerceu sua profissão, porque antes de terminar o curso se apoderou de minha alma o espírito do rock and roll.

Colocando em termos menos românticos, sempre me vi atraído pela música, mas só ao finalizar a universidade e voltar a Colômbia, me dei conta que queria trabalhar de algum modo o ambiente artístico. Passei por vários lugares: Fui manager de bandas, cronista de vários jornais locais, curador de festivais, e assessor de comunicações.

Agora completo vinte anos com a minha página Zonagirante.com e sou produtor audiovisual.”

Conte-nos um pouco sobre teu trabalho como diretor de vídeos e manager de artistas, ¿como isso aconteceu? O que destacaria?

José Gandour: “Todo esse trabalho foi feito a partir da curiosidade e do empírico.

Quando comecei a ser manager, fiz meu trabalho mais por desejo do que por conhecimento e é por isso que, naquela época, acreditava mais em justiça, no mérito que os artistas tinham e menos em estratégias.

Então eu percebi que o negócio da música tem muitas oportunidades desiguais e força financeira. Eu tenho boas histórias, mas acho que fui muito ingênuo representando bandas.

Quanto aos vídeos, o trabalho foi mais satisfatório, pois foi proposto com base na estética. Toda vez que encaro uma obra audiovisual, sei que haverá momentos de prazer, principalmente na edição, quando vou descobrindo a última forma que o material final terá. Gosto de fazer videoclipes, porque gosto da matemática que está incluída na montagem e dos desafios de juntar cada peça obtida durante as filmagens.”

Conte-nos um pouco sobre a importância do Zonagirante? Qual é a linha editorial do site? O que mais você procura apresentar?

José Gandour: “Não sei se será importante para os outros, mas para mim significa minha conexão com o planeta. Existem duas atividades que eu gosto ao máximo: ouvir música nova e, por outro lado, escrever.

Zonagirante se concentra no desenvolvimento de novas músicas latino-americanas, especialmente as que provêm de cenas independentes. Sinto que, com o passar dos anos, deste lado do mundo há muito a ser dito e há um talento que o mundo não pode ignorar.”



Você lançou recentemente uma compilação em tempos de pandemia, com artistas de diferentes países. Conte-nos um pouco sobre o processo de seleção e a compilação em si. Deseja fazer outras edições?

José Gandour: “Fizemos a compilação “Náufragos em Casa” com o desejo de contradizer, de alguma forma, a estagnação que poderia resultar da pandemia.

Não queríamos fazer o que todo mundo estava planejando, com suas vidas no Facebook e seus shows no Instagram.

Queríamos algo que permanecesse no tempo, que alguém pudesse ouvir em alguns anos e dizer “essa compilação faz parte da trilha sonora do que era vivido naqueles dias”.

Naquela época, comecei a conversar com alguns amigos de diferentes países e eles fizeram algumas recomendações. Também pude conversar com artistas que já tinham referências da página (Zonagirante).

No total, reunimos quinze artistas do México, Colômbia, Peru, Chile, Argentina e Uruguai, que soam à sua maneira, o mais contemporâneo possível, permitindo-nos alcançar um álbum que se torna uma jornada sonora coerente e deliciosa.

Já temos em mente a segunda e até a terceira edição de “Náufragos em Casa”, mas, até que as coisas sejam especificadas, é melhor não avançar.”

E sobre a importância do Rock Al Parque, o que poderia nos destacar? Durante todos esses anos do festival, como foi sua participação com eles? (Você escreveu alguns livros sobre o festival, sim? Conte-nos um pouco sobre isso)

José Gandour: “Sobre o Rock Al Parque, falo de duas maneiras aparentemente contraditórias. Por um lado, é um evento incrível, um símbolo de paz em um país que sofreu algumas das piores violências.

Um concerto gratuito de três dias, onde centenas de milhares de pessoas de todas as esferas da vida se reúnem, igualmente dispostas a apreciar música. Um festival onde eu vi algumas das melhores apresentações musicais que eu já assisti na minha vida. É um festival que me deu a oportunidade de trabalhar de diferentes frentes, aconselhando trabalhos de comunicação na época, sendo um júri de seleção para chamadas locais, oferecendo bandas estrangeiras e, principalmente, como jornalista independente em cada uma de suas edições.

Por outro lado…

Por outro lado, na minha opinião, o Rock Al Parque, de forma repetitiva, se torna uma oportunidade perdida, através do trabalho e da graça de alguns burocratas culturais e políticos sem vergonha, de fazer o cenário musical de Bogotá (e da Colômbia) crescer de forma confiável e permanente.

Seus gerentes não trabalham para a cultura da cidade, mas para seus egos e a única coisa em que eles estão interessados ​​é em tirar a foto final, onde muitas pessoas se acumulam no final do dia e depois esquecem por um ano como deveriam ser seus compromissos com o cenário musical local.”



Como você vê o futuro da música na América Latina após essa pandemia?

José Gandour: “Interpretar um futurologista é difícil, mas vejo os seguintes sinais:

1. Não veremos grandes eventos em um bom momento, meses, talvez anos. Isso força os grandes empreendedores a reinventar seu trabalho e pensar em outro esquema de negócios. Certamente teremos pequenos shows antes, principalmente fora das principais cidades, áreas em que os COVID-19 afetam menos.

2. Será muito difícil sustentar grandes bandas, grandes projetos musicais. A música será, com exceções, é claro, feita por pequenos grupos ou simplesmente indivíduos.

3. O que vemos hoje como experiências digitais terá que evoluir rapidamente ou morreremos de tédio. Sentar na frente de uma tela para ver um grupo não pode ser o objetivo final e, menos ainda, se os artistas nos oferecerem suas músicas de pijama e mostrando-se na frente de um telefone celular.

4. Estávamos, antes da pandemia, em um momento muito interessante de intercâmbio entre nossos países, em um nível independente, mas isso foi interrompido e teremos que reconstruí-la com paciência nos próximos anos.

5. Haverá muito mais música feita de forma autogerenciada, nas salas dos artistas. Sua obrigação será propor algo para acabar com nosso tédio e desânimo.”

O que você sabe sobre a nossa música brasileira? E quais artistas você poderia citar? Qual você gosta de ouvir mais?

José Gandour: “O Brasil é um país que me domina. O Zonagirante.com não cobre o Brasil em suas notícias porque não temos capacidade, no momento, para cobrir um planeta tão musical.

Um dia, queremos assumir esse trabalho, com certeza. Eu acho que o resto da América Latina sabe muito pouco sobre vocês e, por sua vez, o Brasil sabe pouco sobre todos nós. Espero que possamos superar esse problema em breve.

Meus artistas brasileiros favoritos? Gosto de vários: The Baggios, Thiago Pethit, Autoramas … e dos clássicos, Caetano Veloso, Elis Regina, Gilberto Gil, Antonio Carlos Jobim.”

Quais novos artistas colombianos devemos prestar mais atenção aqui no Brasil? Faça uma lista com 20 artistas da Colômbia que nós deveríamos escutar.

José Gandour: “Da Colômbia, começarei destacando o que mais gosto de ouvir hoje em dia: Lido Pimienta. Ela é uma garota da costa atlântica que vive no Canadá há vários anos e desenvolveu uma fusão de ritmos indígenas com elementos contemporâneos que oferece uma bela evolução do folclore nacional. Seu último álbum, Miss Colombia, é uma obra-prima, que recebeu as melhores críticas da imprensa especializada em todo o mundo, por um bom motivo.

Também recomendo algo óbvio: ouça Bomba Estéreo. Eles nasceram no mundo independente colombiano e estamos orgulhosos de seu crescimento.

Rock Colombiano

No lado do rock, eu recomendaria ouvir os primeiros álbuns de Aterciopelados (especialmente Caribe Atómico, meu favorito), 1280 almas (uma banda com mais de 25 anos de história, com som muito cru e letras diretas), Pornomotora, Mad Tree, Morfonia, Urdaneta, Sismo, Burning Caravan, Los Makenzy e os primeiros discos de Superlitio, em particular Trippin Tropicana.

Hip Hop Colombiano

O hip hop local está ganhando notoriedade e o meu favorito é o TSH Sudaca. Aí também incluiria a Lianna, uma voz soul incrível, e Mabiland, um fenômeno que deve ser prestado muita atenção.

O Pop e o Folk Colombiano

No lado mais pop, eu aconselho você a ouvir Ságan, Brina Quoya, Maiguai, Duina del Mar

Para finalizar, entre os sons inesperados, incluo duas mulheres: LaTenaz, que faz boleros e música suburbana com espírito de rock e La Muchacha, que toca folk enraizada nos ritmos do eixo do café, com emocionantes textos de denúncia social.



Confira também uma lista do Hits Perdidos com 30 artistas e bandas Colombianas

Ouça a Coletânea Náufragos em Casa no Spotify


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