Entrevista: Ernest Green [Washed Out]

 Entrevista: Ernest Green [Washed Out]

Washed Out


Washed Out é Ernest Green, com 32 anos ele tem se destacado no cenário atual de música eletrônica. 

O músico veio ao país recentemente para uma série de shows do projeto ”Converse Rubber Tracks” produzido pela famosa marca dos tênis All Star (01.04 – Rio de Janeiro e 02/04 – São Paulo).

Ernest que tem feito shows nos maiores festivais de música do mundo para divulgar seu último disco ‘‘Paracosm” (2013), bateu um papo bastante descontraído comigo…


[Hits Perdidos] Você teve uma canção sua (”Feel It All Around”) na abertura do seriado ”Portlandia”. Você assiste o seriado?

Ernest Green: Sim, é até engraçado isso porque eu sou um grande fã do Fred Armisen, suas comédias e ele é a grande estrela do show. Ele partipou do Saturday Night Life por um bom tempo e nesse meio tempo ele estava desenvolvendo o seriado, na época da pré produção ele me mandou um e-mail falando se ele podia usar minha música na abertura do seriado e eu meio que entrei em ecstasy. Naquele momento eu fiquei confuso e bastante questionador sobre quão conhecido eu estava ficando e se eu merecia de fato tudo aquilo. Pois bem, sou um grande fã, assisto o show e eu acho que eu não tenho tido muito tempo de acompanhar (risos). Na época que fiz a música eu nem conhecia o projeto direito.

[Hits Perdidos] Esta é a sua primeira vez no Brasil ou na América Latina? E como esta indo?

Ernest Green: Sim, em ambos. Esta sendo legal, hoje por exemplo estamos todos muito cansados. Ontem estivemos no Rio, fizemos um voo durante a madrugada dos EUA para cá na manhã de ontem e quase todo nosso equipamento foi extraviado então (ontem) tivemos que pegar equipamentos emprestados pra fazer o show. Pra algumas bandas como bandas de rock isso não é um ”Big Deal” porque é só você pedir uma guitarra emprestada e tocar…mas nós temos vários sintetizadores diferentes então tivemos muito trabalho pra recompor nosso som, tive que trabalhar com improvisos mas o show correu bem e resultou bastante divertido. Então fazemos o show de hoje e vamos embora amanhã logo é uma viagem muito curta. Eu queria ter mais tempo aqui.

[Hits Perdidos] Então você não pode conhecer a cidade muito bem…

Ernest Green: Não muito…queria realmente chegar uns dias antes pra curtir… como ontem passamos por uma praia e eu pensei ”como seria demais poder passar um tempo aqui” e ir para vários lugares.

[Hits Perdidos] Você conhece algo da música brasileira

Ernest Green: Sim, eu estava contando para outro entrevistador que quando estava viajando estava passando um documentário sobre a tropicália em algum lugar e eu consegui uma fita e levei pra casa coloquei e estava muito empolgado porque eu amei a música mesmo não sabendo muito sobre o gênero. Mas infelizmente o filme estava sem legendas e em português então eu não consegui entender nada além de apreciar a bela música. Foi realmente demais ouvir a música pois ela me remeteu aos clube sujos dos anos 60, a moda e ver tudo isso foi muito legal, logo eu realmente queria entender alguma coisa do que estavam dizendo.

[Hits Perdidos] Quais são as suas influências?

Ernest Green: Uma das minhas maiores influências no começo é o Hip Hop. Quando comecei a escrever músicas eu estava pirando em Hip Hop e estava ouvindo muita música sampleada. Sabe, todo processo de desconstruir uma música…isso sempre me fascinou e eu ainda curto bastante samplear.

Fazer música desse jeito… eu meio que faço tudo por minha conta então Hip Hop é uma influência muito forte. E mais recentemente depois de tocar com bandas como hoje que vou tocar com 5 músicos no palco…isso é uma grande influência. Quando me juntei com eles a gente não tinha noção nenhuma de como tocar essas músicas ao vivo… eu meio que fiz tudo no meu quarto e agora podemos juntar tudo e executar ao vivo e ver isso funcionar então nesse último disco o processo foi um pouco diferente porque já escrevi ele com a banda.

[Hits Perdidos] Você tem alguma banda favorita?

Ernest Green: Eu gosto muito dele e sempre cito: DJ SHADOW. Além dele ser uma das minhas maiores influências, vocês conhecem ele? (SIM). Ele foi realmente grande nos anos 90 e meio que ele criou o Hip Hop psicodélico, é realmente muito legal.

[Hits Perdidos] Quando você começou, você tinha expectativa de sucesso?

Ernest Green: Com certeza não. Eu fiz música por um bom tempo apenas por diversão entre minha vida pessoal como no meu tempo livre da escola ou dos meus empregos temporários. Então eu me senti bastante sortudo quando coloquei algumas músicas online…

[Hits Perdidos] Você se sente parte então da geração Myspace?

Ernest Green: Sim, com certeza. O Myspace foi grande aqui no Brasil? (sim).

Eu colocava músicas no Myspace e se espalhava muito rápido, pessoas escutavam e gostavam bastante. Então se nada disso tivesse acontecido 6 anos atrás provavelmente eu não teria a oportunidade de vir até aqui, fazer shows e isso absolutamente me deixou em ecstasy. Jamais poderia pensar em conhecer o mundo fazendo música, sou muito grato a tecnologia.

[Hits Perdidos] Logo você pensa que a internet realmente te ajudou e é um meio bastante válido na divulgação do seu trabalho?

Ernest Green: Yeah, definitivamente.

[Hits Perdidos] Quais são suas expectativas para o show de hoje? O show está esgotado…

Ernest Green: Sim, isso me deixa muito empolgado sabe? As pessoas sabem quem eu sou, ouvem minha música por aqui e esse ano em especial eu tenho feito muitos shows. Sabe, apenas acabamos de finalizar uma grande tour na Ásia onde tocamos em Hong Kong, Taiwan todos esses lugares muito loucos e foi muito legal porque eu nunca estive lá antes.

[Hits Perdidos] Se você pudesse escolher algum artista para fazer uma parceria, qual seria?

Ernest Green: Ah, essa é difícil. Talvez o Justin Bieber… (Risos). Eu posso fazer o Justin Bieber fazer boa música… eu acho que ele está esgotado e quer se aposentar…logo seria uma excelente desculpa para fazer um disco estranho.

[Hits Perdidos] Acho que esse disco te daria bastante dinheiro…

Ernest Green: Sim (Risos), eu ficaria muito rico. (risos)

[Hits Perdidos] Quais são seus planos para o futuro?

Ernest Green: Estamos numa longa tour ao redor do mundo e no verão tocaremos em vários grandes festivalis; como o Coachella e o Bonnaroo entre outros.

Depois teremos uma pausa lá por agosto-setembro, daí vou pensar em trabalhar em músicas novas. Provavelmente ficarei em casa por uns dois meses, sabe, eu saio de casa e não sei nem quando vou voltar direito…

[Hits Perdidos] Você sente falta de casa?

Ernest Green: Sim, sabe a gente fica tão ocupado viajando, como hoje o episódio do avião. E ir de voo para van, para o hotel, para o show…é desgastante. E nem sempre é o ambiente mais apropriado para o desenvolvimento criativo. Assim me sinto mais relaxado.

[Hits Perdidos] Se você pudesse escolher uma música para retratar como está se sentindo no momento, qual seria?

Ernest Green: Essa é uma boa pergunta! Tenho certeza que você conhece Led Zeppelin. Creio que ”Dazed and Confused” seria a mais apropriada, é meio como eu me sinto no momento. Eu estou cansado, nós só tivemos 3 ou 4 horas para descansar desde ontem a noite então ”Dazed and Confused” traduz.

[Hits Perdidos] Como é lidar com dificuldades de tour como: Jet Lag, estar longe de casa tanto tempo muitas vezes longe da família e dos amigos? Não existe o desejo as vezes de chutar tudo pro alto e ter uma rotina ”normal”?

Ernest Green: É engraçado como as vezes quando estou viajando/voando por todos os lados eu sinto falta de casa e quando estou muito tempo em casa eu sinto vontade de estar viajando. Meio que funciona nas duas situações, logo é um estranho balanço…sabe você está viajando e tudo é muito louco e acelerado. Você está certo é realmente cansativo mas também é muito divertido conhecer muitas pessoas diferentes de diversos lugares. Ao mesmo tempo é muito triste estar longe de casa e da minha vida com a minha mulher. Ela tem um estilo de vida muito mais calmo. Eu e ela não saímos muito, para poder curtir esse curto tempo juntos e muitas vezes isso acaba ficando chato e eu quero sair de casa e fazer tudo isso de novo.

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