Rod Krieger te convida a expandir horizontes em “A Assembleia Extraordinária”

 Rod Krieger te convida a expandir horizontes em “A Assembleia Extraordinária”

Rod Krieger lança o álbum “A Assembleia Extraordinária” – Foto Por: Daryan Dornelles

A Assembleia Extraordinária foi gravado em uma aldeia em Portugal

Ser artista é se desafiar dia após dia. É tentar, independente dos anos de carreira, sempre aprender algo novo. É procurar desenvolver novas habilidades, é também ter resiliência e entender os fatores externos que influenciam na construção dos seus projetos. Entender o momento e os motivos e cargas que o levaram a desenvolver um novo processo criativo. Compreender que ciclos tem começo, meio e fim… e que um trabalho é justamente o reflexo daquele momento. Ao saber um pouco mais sobre a nova jornada de Rod Krieger em A Assembleia Extraordinária, lançado nesta sexta (4), você entende como os caminhos e escolhas podem, sim, transformar a carreira de um artista que se reinventa por necessidade de se manter fiel a sua essência.

Neste novo trabalho Rod elevou o desafio assinando além da produção, a maioria dos instrumentos, com exceção do piano e a flauta de “Cai o Sol e Sobe a Lua”, respectivamente assinados por João Nogueira e João Mello, do sitar de “Cabelos Longos” e da tampura de “O Fluxo das Coisas”, ambos por Fabio Kidesh, que também está nas vocalizações da introdução, faixa-título do disco.

“Esse foi o primeiro trabalho em que fiz praticamente tudo sozinho, então tive momentos em que eu precisava me acertar comigo mesmo e decidir as coisas para poder ir para a próxima etapa do processo. Foi um aprendizado técnico e pessoal, porque ao mesmo tempo atuei como músico, produtor, compositor e engenheiro de áudio e não ter alguém para decidir as coisas do lado foi uma experiência nova”, reflete o músico gaúcho que vive em Portugal


Rod Krieger A Assembleia Extraordinária por Daryan Dornelles
Rod Krieger lança o álbum “A Assembleia Extraordinária” – Foto Por: Daryan Dornelles

Rod Krieger A Assembleia Extraordinária

O material foi produzido em uma pequena aldeia de Sobral do Parelhão, no interior de Portugal, e também contará com um filme.

Em relação à produção audiovisual, o músico roteirizou, filmou, editou, finalizou o material. As imagens foram captadas pelo fotógrafo Daryan Dornelles em diferentes locações e situações que dialogassem com a proposta. Até o momento foram revelados os vídeos para “Cai o Sol e Sobe a Lua, “Este Comboio Não Para em Arroios, “Cabelos Longos” e “Era” lançado nesta sexta.

O filme ainda não está finalizado, ainda serão captados também registros documentais na turnê do álbum que passará em Portugal e no Brasil, com data em São Paulo marcada para o dia 14/12, no Bar Alto, e no Rio de Janeiro, na Audio Rebel, no dia 11/12.

As Influências

Quando cheguei em Portugal tentei escutar o máximo de música portuguesa possível e achei que a melhor maneira seria vir de trás pra frente. Peguei os primeiros discos dos cantores clássicos como José Cid, Sérgio Godinho, entre outros, e quis entender um pouco da cena musical do país. Um disco, aliás, dois, que me chamaram muito a atenção foram os dois primeiros discos do Jorge Palma, (Como uma Viagem na Palma da Mão e o ‘Te Já).

Acho eles sensacionais e escuto frequentemente, tanto que acabaram entrando para a minha lista de álbuns favoritos da vida e, com certeza, eles tiveram uma atuação forte em mim que acabou influenciando também o A Assembleia Extraordinária, diz o artista

Ele também aponta Aphrodite’s Child, Beto Guedes, Arnaldo Baptista, Bob Dylan, The Pretty Things e Kraftwerk como artistas que de uma forma ou de outra também guiaram as criações do álbum.

Entre as 9 faixas presentes no álbum está uma versão de Alceu Valença.

De vez em quando eu revezava os artistas e ia para os brasileiros e fiz uma imersão no disco Molhado de Suor, do Alceu Valença. Daí, gravei “Cabelos Longos”. Outro disco que mexeu bastante comigo nessa jornada foi o José Cid 10.000 Anos depois entre Venus e Marte., comenta.

A aura do Disco

As influências sempre foram as mesmas, o que muda é o estado de espírito e, no caso da Assembleia Extraordinária, apesar de o corpo e o espírito estarem em solo português, havia uma parcela que ainda tinha uma saudade do Brasil, o que acabou gerando uma fusão de referências entre as minhas duas casas”, completa

A Hora do Play

Em tempos onde a briga pela atenção é uma batalha onde não há muito o que fazer… para quem gosta da experiência de discos que criam uma atmosfera própria para o escapismo, os pouco mais de 24 minutos de duração acabam servindo como um abrigo para quem quer fugir por alguns instantes da rotina.

Rod Krieger ao longo do novo disco experimenta mas também revisita referências de toda uma vida. Dentro da sua carreira solo, sinto que se aproxima mais de referências do mod rock, como Paul Weller e Billy Bragg, outro com carreira extensa. Mas também há espaço para a explorar ambiências, o tempo e o espaço, algo que Kraftwerk, explorou como ninguém, sem deixar de lado as raízes brasileiras. Se no último disco em entrevista para o Hits Perdidos revelou pesquisa em relação a soul music brasileira, como Gerson King Combo, neste novo ele nos entrega uma versão do nosso tão pernambucano Alceu Valença.

A introdução, com sua faixa título toda misteriosa, explorando a sitar, instrumento do oriente, e os ecos das falas, já nos dá o caminho que a experiência é te convidar para ir para uma dimensão a parte da realidade do cotidiano. “Cai o Sol e Sobe a Lua” com suas teclas e ambiências revisita memórias, por meio de fragmentos e toda a espacialidade da existência, feito o despertar de um sonho embriagado em meio a nostalgia.

O olhar para dentro tem sua narrativa expandida em “Era”. Entre a conexão mental, a experiência sensorial e as cores da cidade que ganham narrativas e projeções em meio a um emaranhado de pensamentos em conflito. “Em Qualquer Lugar que Existir” tem um swing diferente, mas sem perder o campo sensitivo do comando, entre viagens astrais e sonhos vociferados, a arte do encontro de almas ganha novas frequências.

A versão de “Cabelos Longos” chega sorrateiramente, mas ajuda a quebrar um pouco a verve roqueira da primeira parte do álbum. Nos leva para as raízes do folk e faz uma releitura espiritualizada. “O Fluxo das Coisas” nos convida a questionar sobre as mudanças que fazemos ao longo da vida, de deixar de fazer o que gosta, de questionar a passagem do tempo e o modo desenfreado do modus operandi da vida moderna. Faz de certa forma o convite a voltar a explorar e viver a própria essência, tudo isso com um humor bastante particular repleto de ironias. Uma canção pop, e acessível, assim como as do Oasis.

“Transmimento” com suas ambiências é praticamente um convite a uma pausa para a meditação. “Este Comboio Não Para em Arroios” foi um dos primeiros singles a ser revelado do material e talvez por sua expansividade e convite a experiência conceitual, o encaixe da sequência de faixas serve como um respiro.

Quem fecha o álbum é “A Loucura do Habitual”, feito uma “Balada do louco”, dos Mutantes, ela chega com seus batuques e se esvai no horizonte fechando a narrativa de forma alucinada.



Ficha Técnica

Todos os Instrumentos foram gravados por Rod Krieger, exceto:

João Nogueira: piano em “Cai o Sol e Sobe a Lua”
João Mello: flauta em “Cai o Sol e Sobe a Lua”
Fabio Kidesh: sitar em “Cabelos Longos” e tampura no “Fluxo das Coisas” e vozes em “A Assembleia Extraordinária”.

Produção por Rod Krieger
Mixagem por Nikolas Gomes
Masterização por Isadora Nocchi Martins
Estúdio – Mate Audio

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