Entre sonhos e nostalgia, Renan Rocha lança “Debaixo do Travesseiro”, seu primeiro single solo e em português

 Entre sonhos e nostalgia, Renan Rocha lança “Debaixo do Travesseiro”, seu primeiro single solo e em português

Renan Rocha lança “Debaixo do Travesseiro” – Foto Por: Rodrigo Soares

“Debaixo do Travesseiro” é o primeiro lançamento em português de Renan Rocha

Conhecido por fazer parte do duo Kassel, Renan Rocha está experimentando algumas coisas novas como músico: a de lançar um projeto solo e a de cantar em sua língua materna.

Embora possa parecer que essa segunda parte seja mais fácil, para o músico, não foi.

Ele, que estava acostumado a cantar e compor em inglês, sentia que isso era uma forma de entregar um quebra-cabeça para quem ouvia. Sobre esse processo de mudança, Renan explica:

“Eu nunca fui acostumado a me abrir tanto. Foi uma procura interna minha que durou muito tempo, muita terapia pra me ajudar a esclarecer essa dificuldade em ser objetivo e claro comigo mesmo. É um movimento muito mais pessoal do que musical.

Culmina na música porque é uma forma de expressão, mas foi um processo que tive de me acostumar a escrever e escutar coisas simples e objetivas e tratá-las com normalidade. Escrever “como era fácil você me fazer feliz”, esse simples verso, parece pouco, mas durou anos pra eu me acostumar a lê-lo e ouvi-lo sem problematizar o fato de parecer estar nu. Ser mais vulnerável me custou uns anos de terapia.”, comenta o carioca


Capa de "Debaixo do Travesseiro", o primeiro single de Renan Rocha. - Capa Por: Clara Parker - Foto Por: Rodrigo Soares
Capa de “Debaixo do Travesseiro”, o primeiro single de Renan Rocha. – Capa Por: Clara Parker – Foto Por: Rodrigo Soares

A mudança para compor em português

Mudar algo que se está habituado é bem difícil, mas ele diz que, em termos musicais, hoje tem sido muito tranquilo deixar de compor em inglês e se abrir para o português.

“Me abri tanto pra minha língua que sinceramente hoje tenho dificuldade de escrever em inglês. É até engraçado que o meu psicológico ajuda muito nisso. Eu às vezes me forço a não entender o inglês ou não querer seguir esse caminho. Passei a me questionar muito mais no inglês do que no português.

Coisas como “Eu de fato sei o significado dessa palavra aqui? Eu falo essa palavra no meu dia a dia? Eu me relaciono com essa palavra quando ela sai da minha boca?”. Aí fica mais fácil escrever em português, porque é a língua que eu falo quando acordo de manhã, a língua que eu sonho, que eu uso pra me expressar.

Eu li algo do Fernando Meirelles um dia que mexeu demais comigo e explica exatamente o que eu quero dizer com isso aqui. É o seguinte: “Eu entendo inglês, mas não sinto inglês. Se você diz ‘mango tree’ em inglês, é só uma árvore. Em português, ‘Mangueira’ me lembra minha mãe… é diferente”, reflete

Renan Rocha “Debaixo do Travesseiro”

“Debaixo do Travesseiro” também marca a estreia de Renan como um cantor solo. Ele comenta que no quesito composição e produção, realmente foi algo mais solitário. Porém, se sentiu coberto de apoio e isso fez com que parecesse muito mais o lançamento natural de uma banda.

“Meus amigos próximos trabalharam nessa música. Não só trabalharam, mas foram peça-chave no processo da transição inglês/português.

Só seria um projeto com o meu nome se trouxesse exatamente as pessoas que eu amo pra me ajudarem a contar essa história. Eles são grande parte da minha história.”, comenta Renan Rocha

Acima, Renan cita um trecho da nova música lançada, “Debaixo do Travesseiro”. A faixa, traz um toque intimista, como se você estivesse ouvindo um amigo cantando pra você, apenas a voz e o violão e os pensamentos que ficam sobre “E se… eu fizesse algo diferente do que fiz? Onde eu estaria?”. Às vezes é muito mais fácil a gente focar no que não aconteceu.

Sobre a inspiração da canção, ele diz:

“Acho que é muito fácil a gente se perder em pensamentos do tipo “o que teria acontecido se…”. Tem um filme da Gwyneth Paltrow que conta a história de uma mulher que está voltando pra casa e antes de entrar no metrô as portas se fecham.

Daí ele conta as duas histórias da mesma personagem: Uma é consegue entrar no trem, e a outra é o que teria acontecido se ela não tivesse pegado aquele trem. Eu acho que a minha música não é tanto sobre o “o que teria acontecido”, mas é o reflexo de ter pego o trem e exatamente não ter parado pra pensar nesses múltiplos caminhos possíveis caso eu não tivesse entrado nele.”

Sendo a primeira vez que lança uma música em português, ele conta que tem sido maravilhoso ver as reações das pessoas ao ouvirem a canção pela primeira vez e que, essa é a primeira vez em dez anos que ele está recebendo retornos sobre a letra e o sentimento que ela traz.

“A letra é um componente primordial na canção, e eu decidi fazer um projeto com foco na canção, não em produção, não em timbres, em instrumentos. Mas nas letras. Eu queria mesmo é escrever algo e ser compreendido, depois de tanto tempo me escondendo até pra quem é próximo.”, diz Renan.

E de fato, esse talvez seja o maior diferencial do single de estreia do cantor, que por enquanto é o único. Mas já podemos esperar mais coisas dele nessa mesma pegada. Ele diz que já tem várias músicas escritas em português e, aos poucos, vai contando essa história e que gosta da ideia de um disco. No entanto, ele pondera:

“Eu gosto muito e sempre aderi à ideia de escrever sobre um assunto e fazer algo maior com isso. Por mais que o mercado hoje esteja acostumado a ideias mais efêmeras pra música, eu sinto que sou otimista em relação ao consumo de álbum pelo público.

Não vejo tanto as playlists ditando o gosto de quem realmente consome música, vejo um consumo ativo do público por isso, e uma ideia de que o álbum não morreu nem de longe.

Isso me dá mais vontade ainda de lançar. É nítido por muitos motivos: a alta no consumo do vinil, a estética marcada pra cada álbum de uma banda, as turnês em alta de álbuns emblemáticos na música, tanto aqueles comemorativos quanto os novos. Ficaria falando aqui por horas, mas eu realmente amo a ideia de fazer um álbum não só por causa de público mas pelo que significa pra mim.”


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