Paulo Novaes em seu 3º disco conecta Brasil e Portugal com direito a feats de Rubel, Anavitória, Tiago Nacarato e Leo Middea
Alguns discos nos emocionam nos mínimos detalhes e esse é o caso de Minha Cabeça. O terceiro disco do músico paulistano Paulo Novaes foi gravado entre o Brasil e Portugal. Espiritualidade, conexões, cura, parcerias e leveza se encontram no registro que traz referências do pop e da música popular brasileira.
Ao mesmo tempo que pode ser visto como um disco solo, o número de colaboradores dos bastidores as canções é vasto. Fruto de um trabalho complexo que envolve música, poesia e audiovisual em completa sinergia.
O projeto conta com canções que contemplam cenários de paz e harmonia, e de certa forma, ajudam com que nos emancipemos por alguns instantes do peso dos nossos tempos. Sua leveza se traduz através de acordes leves, poesia e boa música que agradará certamente a fãs de artistas como Rubel e Cícero.
Gravado ainda em 2019, o álbum conta com 20 faixas e é dividido entre 10 poesias, que ganharam vídeos belíssimos produzidos por Pamela Munhoz para complementar a sinestesia; e 10 músicas que também acompanham clipes que foram lançados em pílulas.
“Mensagem (Gabriela Abreu)”, “Balaio (Pedro Blanco)”, “Contradição (Rita Alterio)”, “Pássaro (Lucas Caram)”, “Longe (Bruna Moraes)”, “Viagem Ao Centro do Eu (Nina Oliveira)”, “O Meu Silêncio (Janeiro)”, “A Voz Que Me Deu Vida (Bruna Caram)”, “Saudade (Beatriz Novaes)” e Essência (Isabela Moraes).
Sua irmã, Marina Novaes, ficou responsável por desenhar uma arte para cada um desses universos e cada faixa terá seu próprio clipe para expandir o universo das canções. Até o momento você pode conferir os vídeos para “Luz da Vida“ (feat Pedro Altério), “Travo“ (feat Anavitória) e “Paz Interior“ (feat Rubel).
O Processo por trás de Minha Cabeça
Paulo Novaes: “O Minha Cabeça é um projeto que foi sendo construído com base nas relações e vivências entre os anos de 2018 e 2020, período em que morei em Lisboa, mas voltei diversas vezes para o Brasil, muitas delas para conseguir conciliar as gravações do disco, com tantas pessoas envolvidas.
Foi um grande desafio, até porque, logisticamente, é um projeto bem difícil de realizar. Justamente por isso, a dedicação e entrega de todos que participaram, foi essencial para que o projeto saísse do papel. Fui percebendo ao longo do processo a força dessas conexões, de dar voz ao outro, sem tentar moldar ou controlar o instinto criativo do artista.”
A Ida de Paulo Novaes a Portugal
Paulo Novaes: “Antes de ir pra Portugal, eu trabalhava no departamento de comunicação do Corinthians, fiquei 5 anos por lá.. entrei como estagiário em 2014, quando cursava a faculdade de Jornalismo na PUC-SP, e fiquei até meados de 2018. Resolvi ir pra Lisboa justamente pra me dedicar inteiramente à música, era uma busca minha de muito tempo.
Sem muita garantia, me joguei pra Portugal e lá pude provar o gosto sagrado a liberdade de ser quem é, começando um novo ciclo do zero, em outro país. Foi muito inspirador, eu estava muito aberto as conexões, e acho que até por isso, nesse período acabei construindo novas parcerias que hoje são as principais na minha vida, como a Anavitória, Rubel, Janeiro, Tiago Nacarato, Leo Middea, entre outros (todos esses eu conheci em Lisboa).”
A Conexão com a Espiritualidade e as Participações Especiais
“Eu sou muito ligado à espiritualidade nas relações e valorizo muito as relações sinceras, que acontecem naturalmente. Por isso, naturalmente, todas as pessoas envolvidas no Minha Cabeça são amigos próximos ou familiares, com quem tenho uma relação bastante profunda.
Isso desde de as participações (Anavitória, Pedro Alterio, Leo Middea, Rubel, Nina Oliveira, Tiago Nacarato, Tomaz Lenz, Simone Carugati, Margarida Piedade – minha avó – , Bruna Moraes e todos os integrantes do 5 a seco), os poetas (Rita Alterio, Rodrigo Carazzo, Barbara Rodrix, Lucas Caram, Bruna Caram e Beatriz Novaes – meus primos -, Janeiro, Isabela Moraes e Pedro Blanco), a animadora dos poemas (Pamela Munhoz), a diretora artística e compositora de todas as artes e da capa (Marina Novaes, minha irmã), além de todos os músicos que participaram e os roteiristas dos clipes que já saíram e que ainda vão sair! As conexões são todas verdadeiras, sinceras e profundas.
Ressalto novamente a autonomia de todos os envolvidos em expressar sua arte de maneira livre. Os feats, assinam a produção da faixa respectiva comigo.. produzimos juntos. Os poetas, tiveram liberdade total de escrever o que quisessem, sem nenhuma orientação. Assim como as artes, animações e clipes. Todas essas colaborações são reais e livres.
O disco se chama Minha Cabeça mas a única ideia exclusiva da minha cabeça (além das composições) foi a de convidar toda essa gente pra fazer junto comigo. A partir daí, virou um projeto de muitas e muitas cabeças.. e só deu certo por conta disso.”
A Transformação Humana de nossos tempos
Paulo Novaes: “Em relação a transformação das relações humanas, acho que esse momento que estamos vivendo, escancarou o motivo principal desse projeto e a força desse propósito, que é a coletividade, a participação e as conexões. Isso se mostrou cada vez mais necessário. Nunca estivemos tão distantes mas ao mesmo tempo tão conectados. Acho que vem a calhar esse incentivo a coletividade, ao dar voz e ouvidos ao outro, de promover conexões e ampliá-las.”
O Processo Criativo de Paulo Novaes
Paulo Novaes: “O processo das composições foi uma seleção muito natural, baseada em várias vertentes da minha própria composição. Aí entra a questão dos ‘universos’ que o disco propõe. A ideia embrionária do disco surgiu quando eu percebi que minhas composições foram variando muito seu estilo com o passar dos anos…percebi que tinham blocos de composições que conversavam entre si, que foram feitas dentro de um período de tempo e que falavam basicamente sobre o mesmo tema, com sonoridade e caminhos harmônicos e melódicos parecidos.
Resolvi então escolher uma música de cada um desses blocos, desses universos, e explorar essa sonoridade, esse tema o espírito que cada um desses mundos. A partir dai a ideia foi se desenvolvendo e eu selecionei os amigos que se encaixavam em cada um desses universos, pra que também fizesse mais sentido cada uma das participações.
“No ‘Minha Cabeça’ tem musicas de diversos momentos diferentes, compostas em momentos totalmente diferentes. Paz Interior, por exemplo, eu compus com 16 anos, em 2009. Já a música Travo foi feita em 2013. Olhar Pra Fora e Casca do Ovo são mais recentes, de 2019 e 2018 respectivamente. Enfim.. são momentos muito diversos.”
Quando sabe que uma canção está pronta?
Paulo Novaes: “A gente sente quando a composição está pronta a partir do nosso critério interno. Cada compositor tem o seu. Se eu sinto que me emociona, que diz aquilo que estava querendo dizer, pra mim tá pronta. Costumo fazer numa tacada só.. mas já passei meses lapidando também..como por exemplo a musica “Casca do Ovo”. A música “Cantar”, que canto com minha avó, por exemplo, eu compus acapella, numa caminhada de uma vez só. Foi um vomito e ela saiu completa.. nunca mexi. Então varia bastante.”
O Poder da Cura através da Música
Paulo Novaes: “Quanto as minhas canções ajudarem as pessoas, acho isso mágico. Isso é a tradução maior da ferramenta poderosa que é a música para o mundo. Frequências invisíveis que tem poder de cura, de aconchego e de reflexão. Me sinto honrado em poder exercer essa profissão e de ter o ofício de compor. Pra mim é um privilégio e uma felicidade imensa a cada feedback que recebo!”